ACONTECEU
ACONTECEU (2004)
CD1 - A porta do Fado
1. Por Um Dia / 2. Ao Poeta Perguntei / 3. O Que Foi Que Aconteceu / 4. Ouvi Dizer Que Me Esqueceste / 5. Fado De Pessoa / 6. Amor De Uma Noite / 7. Eu Quero / 8. Bailinho À Portuguesa / 9. Creio / 10. Através Do Teu Coração
CD2 - Dentro de casa
1. Como O Tempo Corre / 2. Hoje Tudo Me Entristece / 3. Passos Na Rua / 4. Mouraria / 5. Fado Menor / 6. Dentro Da Tempestade / 7. Cumplicidade / 8. Ó Meu Amigo João / 9. Venho Falar Dos Meus Medos / 10. Nada Que Devas Saber
Por um dia
Perguntares como é que eu estou não e quanto baste / Quereres saber a quem me dou não é quanto baste / E dizeres para ti morri é um estranho contraste / Nada mais te liga a mim tu nunca me amaste / Telefonas para saber como vai a vida / E mais feres sem querer minha alma ferida / E assim rola a minha dor pássaro ferido / Que não esquece o teu amor estranho e proibido / Deixa-me só por um dia / Deixa-me só por um dia / Minha fria companhia / Minha fria companhia / Dizes ser tão actual ficarmos amigos / No teu jeito natural de enfrentar os perigos / Sem saberes que tanto em mim ainda arde a chama / Que não perde o seu fulgor que ainda te ama / Deixa-me só por um dia / Deixa-me só por um dia / Minha fria companhia / Minha fria companhia / Minha fria companhia
Por un día
Que te preguntes cómo me encuentro no es suficiente / Que quieras saber a quién me doy no es suficiente / Y decir que para ti he muerto es un extraño contraste / Nada más te une a mí, tú nunca me amaste / Telefoneas para saber cómo va la vida / Y hieres más sin saberlo mi alma herida / Y así rueda mi dolor, pájaro herido / Que no olvida tu amor extraño y prohibido / Déjame sólo por un día / Déjame sólo por un día / Mi fría compañía / Mi fría compañía / dices que sería moderno quedar como amigos / En tu modo natural de enfrentar los peligros / Sin que sepas que aún en mí arde la llama / Que no pierde su fulgor y que aún te ama / Déjame sólo por un día / Déjame sólo por un día / Mi fría compañía / Mi fría compañía
Ao poeta preguntei
Ao poeta perguntei / Como é que os versos assim aparecem / Disse-me só, eu cá não sei / São coisas que me acontecem / Sei que nos versos que fiz / Vivem motivos dos mais diversos / E também sei que sendo feliz / Não saberia fazer os versos / Oh! meu amigo / Não penses que a poesia / É só a caligrafia num perfeito alinhamento / As rimas são, assim como o coração / Em que cada pulsação nos recorda sofrimento / E nos meus versos pode não haver medida / Mas o que há sempre, são coisas da própria vida / Fiz versos como faz dia / A luz do sol sempre ao nascer / Eu fiz os versos porque os fazia, / Sem me lembrar dos fazer / Como a expressão e os jeitos / Que para cantar se vão dando à voz / Todos os versos andam já feitos / De brincadeira dentro de nós / Oh! meu amigo / Assim amigo já vez que a poesia / Não é só caligrafia, são coisas do sentimento
Al poeta pregunté
Al poeta le pregunté / Cómo es que los versos aparecen así / Me dijo solamente: yo no lo sé / Son cosas que me suceden / Sé que en los versos que hice / Viven motivos de los más diversos / Pero también sé que siendo feliz / No sabría hacer los versos / Ay, amigo mío, no pienses que la poesía / Es sólo la caligrafía en perfecto alineamiento / Las rimas son así como un corazón / En que cada pulsación nos recuerda un sufrimiento / Y en mis versos puede no haber medida / Pero lo que hay siempre son cosas de la propia vida / Hice versos como hace día / La luz del sol siempre al nacer / Yo hice versos porque los hacía / Si acordarme de hacerlos / Como la expresión y el arte / Que para cantar se va dando a la voz / Todos los versos están ya hechos / Jugando dentro de nosotros / Y así, amigo, ya has visto que la poesía / No es sólo caligrafía... son cosas del sentimiento
O que foi que aconteceu
Aconteceu / Eu não estava à tua espera / E tu não me procuravas / Nem sabias quem eu era / Eu estava ali só porque tinha que estar / E tu chegaste porque tinhas que chegar / Olhei para ti / O mundo inteiro parou / Nesse instante a minha vida / A minha vida mudou / Tudo era para ser eterno / E tu para sempre meu / Onde foi que nos perdemos? / O que foi que aconteceu? / Tudo era para ser eterno / E tu para sempre meu / Onde foi que nos perdemos, meu amor? / O que foi que aconteceu? / Aconteceu / Chama-lhe sorte ou azar / Eu não estava à tua espera / E tu voltaste a passar / Nunca senti bater o meu coração / Como senti ao sentir a tua mão / Na tua boca o tempo voltou atrás / E se fui louca / Essa loucura / Essa loucura foi paz / Tudo era para ser eterno / E tu para sempre meu / Onde foi que nos perdemos? / O que foi que aconteceu? / Tudo era para ser eterno / E tu para sempre meu / Onde foi que nos perdemos, meu amor? / O que foi que aconteceu?
Qué fue lo que sucedió
Sucedió / Yo no estaba esperándote / Y tú no me buscabas / Ni sabías quién era yo / Yo estaba allí sólo porque tenía que estar / Y tú llegaste porque tenías que llegar / Miré hacia ti / El mundo entero paró / En ese instante mi vida / Mi vida cambió / Todo debería haber sido eterno / Y tú para siempre mío / ¿Dónde fue que nos perdimos? / ¿Qué fue lo que sucedió? / Todo debería haber sido eterno / Y tú para siempre mío / ¿Dónde fue que nos perdimos, mi amor? / ¿Qué fue lo que sucedió? / Sucedió / Llámale suerte o azar / Yo no estaba esperándote / Y tú volviste a pasar / Nunca sentí latir mi corazón / Como lo sentí al sentir tu mano / En tu boca el tiempo se fue hacia atrás / Y si estuve loca / Esa locura fue paz / Todo debería haber sido eterno / Y tú para siempre mío / ¿Dónde fue que nos perdimos? / ¿Qué fue lo que sucedió? / Todo debería haber sido eterno / Y tú para siempre mío / ¿Dónde fue que nos perdimos, mi amor? / ¿Qué fue lo que sucedió?
Ouvi dizer que me esqueceste
Guitarra triste, ouvi dizer que me esqueceste / no teu gemido tão magoado / Guitarra triste, perdi a vez e tu perdeste / o céu oculto aonde anoitece e nasce o fado / O meu peito se apequena como se a alma atormentada / entre as cordas vibrando se quisesse esconder / Fecho os olhos e triste sigo a voz desesperada / que como eu esta gritando toda a dor de viver / Guitarra triste, ouvi dizer que me esqueceste / no teu gemido tão magoado / Guitarra triste, perdi a vez e tu perdeste / o céu oculto aonde anoitece e nasce o fado / Não vou crer de partir com mais ninguém a solidão / escondida de mim no teu triste trinado / o meu traído amor calou minha dor dessa traição / foi por isso que enfim nunca mais cantei fado / Guitarra triste, ouvi dizer que me esqueceste / no teu gemido tão magoado / Guitarra triste, perdi a vez e tu perdeste / o céu oculto aonde anoitece e nasce o fado / Guitarra triste, perdi a vez e tu perdeste / o céu oculto aonde anoitece e nasce o fado
Oí decir que me olvidaste
Guitarra triste, oí decir que me olvidaste / en tu gemir tan dolorido / Guitarra triste, perdí mi vez y tu perdiste / el cielo oculto donde anochece y nace el fado / Mi pecho se empequeñece como si el alma atormentada / entre las cuerdas que vibran se quisiese esconder / Cierro los ojos y sigo triste la voz desesperada / que como yo está gritando todo el dolor de vivir / Guitarra triste, oí decir que me olvidaste / en tu gemir tan dolorido / Guitarra triste, perdí mi vez y tu perdiste / el cielo oculto donde anochece y nace el fado / No creo poder compartir con nadie más la soledad / escondiéndose de mí en tu triste trino / mi traicionado amor calló mi dolor de esa traición / fue por eso en definitiva por lo que nunca más canté fado / Guitarra triste, oí decir que me olvidaste / en tu gemir tan dolorido / Guitarra triste, perdí mi vez y tu perdiste / el cielo oculto donde anochece y nace el fado / Guitarra triste, oí decir que me olvidaste / en tu gemir tan dolorido / Guitarra triste, perdí mi vez y tu perdiste / el cielo oculto donde anochece y nace el fado
Fado de Pessoa
Um fado pessoano / Num bairro de Lisboa / Um poema lusitano / No dizer de Camões / Uma gaivota em terra / Um sujeito predicado / Um porto esquecido / Um barco ancorado / Leva-as o vento / Meras palavras / Guarda no peito / A ingenuidade / Figura de estilo / Tua voz na proa / De um verso já gasto / No olhar de Pessoa / Uma frase perfeita / E um beijo prolongado / Uma porta aberta / Traz odor a pecado / Uma guitarra com garra / Ouvida entre os umbrais / Numa cidade garrida com vista para o cais / Leva-as o vento / Meras palavras / Guarda no peito / A ingenuidade / Figura de estilo / Tua voz na proa / De um verso já gasto / No olhar de Pessoa / Leva-as o vento...
Fado de Pessoa
Un fado pesoano / En un barrio de Lisboa / Un poema lusitano / Un dicho de Camões / Una gaviota en tierra / Un sujeto predicado / Un puerto olvidado / Un barco anclado / Llévalas al viento / Meras palabras / Guardo en el pecho / La ingenuidad / Figura de estilo / Tu voz en la proa / De un verso ya gastado / En la mirada de Pessoa / Una frase perfecta / Y un beso prolongado / Una puerta abierta / Trae olor a pecado / Una guitarra con garra / Escuchada entre los umbrales / Una ciudad alegre con vistas al puerto / Llévalas al viento / Meras palabras / Guardo en el pecho / La ingenuidad / Figura de estilo / Tu voz en la proa / De un verso ya gastado / En la mirada de Pessoa / Llévalas al viento
Amor de uma noite
Meu amor de uma noite / Que poderás fazer de mim agora / Se o meu pecado é açoite / A açoitar-me noite fora / Amor meu de quem sou eu agora / Meu amor que sou.... / Este amor que é feito por amor / Perfeito e emancipado / Quando alcançamos a dor / Dispersa no mar de quem faz amor / Ressuscito nos teus braços / Se me dizes foi tão bom / Alimenta-me o desejo / Meu amor como é bom / Não há tempo nem há espaço quando a dois tudo é bom / E ate mesmo próprio eu não existe quando é bom / Meu amor realizado / Nascido da flor entre dois seres aflitos / Pedaços despedaçados / Que resolvemos convictos / Senhora bendita mãe dos aflitos / Ressuscito nos teus braços se me dizes foi tão bom / Alimenta-me o desejo meu amor como é bom / Não há tempo nem há espaço quando a dois tudo é bom / E ate mesmo o próprio eu não existe quando é bom / Meu amor de uma noite / Meu amor de uma noite
Amor de una noche
Mi amor de una noche / Que podrás hacer de mí ahora / Si mi pecado es un azote / Que me azota e las noches / Amor mío, de quién soy ahora / Mi amor qué soy... / Este amor que está hecho por amor / Perfecto y emancipado / Cuando alcanzamos el dolor / Disperso en el mar de quien hace el amor / Resucito en tus brazos / Si me dices que fue tan bueno / Alimenta mi deseo / Mi amor es bueno / No hay tiempo ni espacio cuando entre los dos todo es bueno / Y hasta el mismo propio yo no existe cuando es bueno / Mi amor realizado / Nacido de la flor entre dos seres afligidos / Pedazos despedazados / Que resolvemos convencidos / Señora bendita, madre de los afligidos / Resucito en tus brazos si me dices que fue tan bueno / Alimenta mi deseo, mi amor es bueno / No hay tiempo ni espacio cuando entre los dos todo es bueno / Y hasta el mismo propio yo no existe cuando es bueno / Mi amor de una noche / Mi amor de una noche
Eu quero
Eu quero, eu sei o que quero / A vida pra mim é assim / Eu quero, eu sei onde vou, eu quero / Mas não quero nem tolero / Que possas julgar de mim / Tudo aquilo que não sou, não quero / Quero seguir o caminho da verdade / Deus queira, que este amor seja sincero / Se for caminho errado / Será mais um pecado / E amor por caridade, não quero / Escuta, medita, tem calma / Eu quero chamar-te à razão / Não quero desdém nem ciúme, não quero / O fogo que tens na alma / Faz queimar meu coração / Quero apagar esse lume, eu quero / Quero seguir o caminho da verdade / Deus queira, que este amor seja sincero / Se for caminho errado / Será mais um pecado / E amor por caridade, não quero
Eu quero
Yo quiero, yo sé lo que quiero / La vida para mí es así / Yo quiero, yo sé dónde voy, yo quiero / Pero no quiero ni tolero / Que puedas juzgar de mí / Todo aquello que no soy, no quiero / Quiero seguir el camino de la verdad / Dios quiera que este amor sea sincero / Si fuese camino errado / Será otro pecado / Y amor por caridad, no quiero / Escucha, medita, ten calma / Quiero llamarte a la razón / No quiero desdén ni celos, no quiero / El fuego que tienes en el alma / Hace quemar mi corazón / Quiero apagar esa lumbre, yo quiero / Quiero seguir el camino de la verdad / Dios quiera que este amor sea sincero / Si fuese camino errado / Será otro pecado / Y amor por caridad, no quiero
Bailinho à portuguesa
Num bailinho á portuguesa / Com o harmónio, o zambuba, mais os pratos / Tem de se ter a certeza, de ter atado os sapatos / Se o mestre manda virar / Todo o rancho num só pé logo girou / E sem dizer nada ao par / Quando um vira, outro virou / Vai de roda agora / Cada qual com o seu par / Ai que vai pela porta fora / Ai quem vier p'ra namorar / Cada um com a sua / Que ninguém me troque o passo / Ai que vai para o olho da rua / Quem falta aqui ao compasso / Há alegria e respeito / No bailinho cá das nossas romarias / Parte-se a cara ao sujeito / Por pensar em avarias / Às vezes o mestre apita / Para chamar a atenção cá dos rapazes / E há um tipo a quem grita: / Ó Chico... olha o que
Baile a la portuguesa
En un baile a la portuguesa / Con acordeón, bombo y con platos / Se debe tener la certeza, de haberse atado los zapatos / Si el maestro manda girar / Todo el mundo en un solo pie gira / Y sin decir nada a la pareja / Cuando uno da la vuelta, el otro la da / Y en la rueda ahora / Cada uno con su pareja / Hay quien se marcha / Hay quien vino a enamorar / Cada uno a lo suyo / Que nadie me cambie el paso / Hay quien sale de su casa / Y a quien le falta el compás / Hay alegría y respeto / En el baile de nuestras romerías / Se parte la cara un sujeto / Por pensar en averías / A veces el maestro pita / Para llamar la atención a dos chavales / Y hay un tipo a quien grita: eh, Chico, mira lo que haces /
Creio
Creio nos anjos que andam pelo mundo / Creio na deusa com olhos de diamante / Creio em amores lunares com piano ao fundo / Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes / Creio num engenho que falta mais fecundo / De harmonizar as partes dissonantes / Creio que tudo é eterno num segundo / Creio num céu futuro que houve dantes / Creio nos deuses de um astral mais puro / Na flor humilde que se encosta no muro / Creio na carne que enfeitiça o além / Creio no incrível, nas coisas assombrosas / Na ocupação do mundo pelas rosas / Creio que o amor tem asas de ouro. Amén
Creio
Creo en los ángeles que andan por el mundo / Creo en la diosa con ojos de diamante / Creo en amores lunares con piano al fondo / Creo en leyendas, en hadas, en atlantes / Creo en un talento que engaña más fecundo / Al armonizar las partes disonantes / Creo que todo es eterno en un segundo / Creo en un cielo futuro que ya hubo antes / Creo en los doses de unos astros más puros / En la flor humilde que se apoya en el muro / Creo en la carne que encanta de lejos / creo en lo increíble, en las cosas asombrosas / En la ocupación del mundo por las rosas / Creo que el amor tiene alas de oro. Amen
Através do teu coração
Através do teu coração / passou um barco / Que não pára de seguir sem / ti o seu caminho
Através do teu coração
A través de tu corazón / pasó un barco / Que no para de seguir sin / ti su camino
Como o tempo corre
No céu de estrelas lavado / Pelo luar que beija o chão / Nasce um cinzento azulado / Que me aquece o coração / Como o tempo seca o pranto / Adormece a própria dor / E vejo com desencanto / Passar o tempo do amor / No seu correr tudo leva / Na fúria da tempestade / Se parte nunca mais chega / Chega em seu lugar saudade / Meu Deus como o tempo corre / No tempo do meu viver / Parece que o tempo morre / Mesmo antes de nascer
Cómo corre el tempo
En el cielo de estrellas lavado / Por la luz de la luna que besa el suelo / Nace un ceniciento azulado / Que me calienta el corazón / Como el tiempo seca el llanto / Adormece el propio dolor / Y veo con desencanto / Pasar el tiempo del amor / En su correr todo se lo lleva / En la furia de la tempestad / Parte pero nunca llega / Llega en su lugar la saudade / Dios mío, como corre el tiempo / En el tiempo de mi vivir / Parece que el tiempo muere / Incluso antes de nacer
Hoje tudo me entristece
Hoje tudo é triste em mim / Como se toda a
tristeza / Emanasse do meu peito / Breve presságio do fim / Que me sustenta a
certeza / Do coração já desfeito / Hoje tudo me entristece / Tudo ensombra o
meu olhar / Mais que ansioso do teu / Mas se em sorte me coubesse / O coração
resgatar / Que em teus olhos se perdeu / Hoje a tristeza não deixa / De afundar
seus longos traços / No meu rosto descuidado / Pois sem uma simples queixa / Eu
vou voltar aos teus braços / Para se cumprir nosso fado
Hoy todo me entristece
Hoy todo me entristece / Como si toda la tristeza / Emanase desde mi pecho / Breve presagio del fin / Que sustenta mi certeza / Del corazón ya deshecho / Hoy todo me entristece / Todo ensombrece mi mirada / Más que ansiosa de la tuya / Pero si en suerte me tocara / Rescatar el corazón / Que en tus ojos se perdió / Hoy la tristeza no deja / De hundir sus largos trazos / En mi rostro descuidado / Pues sin una simple queja / Yo voy a volver a tus brazos / Para que se cumpla nuestro fado
Passos na rua
Passos na rua, quem passa / Quem passa traz o passado / Talvez seja uma ameaça / Ou o silêncio de fado / Passos na rua quem é / É um sonho magoado / É a ira da maré / É a morte dum pecado / Passos na rua ilusão / De quem quer ouvir tais passos / Talvez seja um coração / A gritar os seus cansaços / Passos na rua sentença / Dum fado por inventar / Passos na rua descrença / Deixai os passos passar
Pasos en la calle
Pasos en la calle, quien pasa / Quien pasa trae el pasado / Tal vez sea una amenaza / O el silencio del fado / Pasos es en la calle, ¿quién es? / Es un sueño herido / Es la ira de la marea / Es la muerte de un pecado / Pasos en la calle, ilusión / De quien quiere oír tales pasos / Tal vez sea un corazón / Gritando sus cansancios / Pasos en la calle, sentencia / De un fado por inventar / Pasos en la calle, desconfianza / Dejad los pasos pasar
Mouraria
Porque será que não canto / Como canta a cotovia / O meu cantar nem é pranto / É gemer duma agonia / Chora assim meu coração / Tens razão para o fazer / Matou a vida a ilusão / Que não tornas a viver / Sofrer fez-me diferente / Dizes tu e tens razão / Pois não é imponentemente / Que se tem um coração / Ando a cumprir uma pena / Mas crime não cometi / Só sei que ela me condena / A viver longe de ti
Mouraria
Por qué será que no canto / Como canta la alondra / Mi cantar ni es llanto / Es el gemido de una agonía / llora así, mi corazón / Tienes razón para hacerlo / Mató la vida una ilusión / Que no vuelves a vivir / Sufrir me hace diferente / Dices tú y tienes razón / Pues no es impunemente / Que se tiene un corazón / Estoy cumpliendo un castigo / Pero no cometí crimen / Sólo sé que ella me condena / A vivir lejos de ti
Fado menor
Os meus olhos são dois círios / Dando luz triste
ao meu rosto / Marcado pelos martírios / Da saudade e do desgosto. / Quando
oiço bater trindades / E a tarde já vai no fim / Eu peço às tuas saudades / Um
padre nosso por mim. / Mas não sabes fazer preces / Não tens saudades nem
pranto / Por que é que tu me aborreces / Por que é que eu te quero tanto? / És
para meu desespero / Como as nuvens que andam altas / Todos os dias te espero /
Todos os dias me faltas.
Fado menor
Mis ojos son dos cirios / Dando luz triste a mi rostros / Marcado por los martirios / De saudade y de disgusto / Cuando escucho repicar las campanas / Y la tarde ya toca a su fin / Yo le pido a tus saudades / Un padrenuestro por mí / Pero no sabes rezar / No tienes saudades ni llanto / ¿Por qué tú me aborreces? / ¿Por qué yo te quiero tanto? / Para mi desesperación / Como las nubes que están altas / Todos los días te espero / Todos los días me faltas
Dentro da tempestade
Fico presa na tempestade /
Onde não durmo comigo / Há restos de verdade / A que a dor tirou sentido /
Caída entre os espaços / Do meu corpo destruído / Já não há restos de verdade /
E a dor perdeu sentido / Deixei armas dos meus braços / Larguei roupas que
vesti / Deixei ruas onde as pedras / Tatuaram os meus passos / No mar de mãos
turvas / Nadavas transparente / Encontramo-nos num gesto / Inteiro e
indiferente / Choramos como quem nasce / Escorrendo a saudade / Vens no Sol de
madrugada / Como a mão na tempestade
Dentro de la tempestad
Estoy presa en la tempestad / Donde no duermo conmigo / Hay restos de verdad / A la que el dolor quitó el sentido / Caída entre los espacios / De mi cuerpo destruido / Ya no hay restos de verdad / Y el dolor perdió el sentido / Dejé las armas de mis brazos / Tiré las ropas que vestí / Dejé las calles donde las piedras / Tatuaron mis pasos / E el mar de manos turbias / Nadabas transparente / Nos encontramos en un gesto / Entero y diferente / Lloramos como quien nace / Huyendo de la saudade / Vienes en el sol de madrugada / Como la mano en la tempestad
Complicidade
Quando chamo por ti mais ninguém ouve / A mais ninguém é dado me entender / És o amor em mim que se dissolve / Na água da minha alma a envelhecer / Sei que o meu pensamento tem uma voz / Que dentro do teu ser se faz ouvir / Assim quando te penso somos nós / Na cumplicidade amante de existir / Então d'olhos fechados num momento / Desfaço esta lonjura entre nós / Por ti mil vezes chamo em pensamento / Em ti mil vezes ouves minha voz
Complicidade
Cuando te llamo pero nadie me oye / Y nadie está dispuesto a entenderme / Eres el amor que en mí se disuelve / En el agua de mi alma para envejecer / Sé que mi pensamiento tiene una voz / Que dentro de tu ser se hace oír / Así cuando te pienso somos nosotros / En la complicidad amante de existir / Entonces, con los ojos cerrados, en un momento / Deshago esta lejanía entre nosotros / Te llamo mil veces en mi pensamiento / En ti mil veces oyes mi voz
Ó meu amigo João
Ó meu amigo João / Em que terras te perdeste / Se por nada lá morreste / Meu amigo, meu irmão / De nascença duvidosa / Proíbiram a tua infãncia / Transformaram-te em distãncia / Como braços de alcançar / Foste folha a flutuar / Arrastada p'la corrente / E o teu sangue foi semente / Dos cifrões doutro lugar / Gostavas de ouvir cantar / As modas da nossa terra / E a verdade que ela encerra / No seu jeito popular / Teu corpo de tudo dar / Corre nas veias do mundo / Imenso, fértil, fecundo / Com força de terra e mar / Ponho em ti o recordar / Na agrura da tua morte / Por sobre o sangue a gritar / Que não foi azar nem sorte / E a força do vento norte / Levou teu grito na mão / Meu amigo, meu irmão / Quem forçou a tua sorte
Ay mi amigo João
Ay, mi amigo João / En qué tierras te perdiste / Si por nada allá moriste / Mi amigo, mi hermano / De nacimiento dudoso / Prohibieron tu infancia / Te transformaron en distancia / Como brazos para tocar / Fuiste hoja que flotaba / Arrastrada por la corriente / Y tu sangre fue simiente / Del dinero de otro lugar / Te gustaba oír cantar / Los sones de nuestra tierra / Y la verdad que ella encierra / En su encanto popular / Tu cuerpo que todo daba / Corre por las venas del mundo / Inmenso, fértil, fecundo / Como fuerza de tierra y mar / Pongo en ti el recuerdo / En la aspereza de tu muerte / Sobre la sangre que grita / Que no fue azar ni suerte / Y la fuerza del viento norte / Llevó tu grito en la mano / Mi amigo, mi hermano / ¿Quién forzó tu suerte?
Venho falar dos meus medos
Senhora eu tenho fé, de encontrar a minha luz / Nessa imensa escuridão / Venho falar dos meus medos / São vossos os meus segredos, que eu partilho em confissão / Senhora há tanto tempo / Que me assaltam tantas dúvidas / Não posso viver assim / Um turbilhão de incertezas, parecem velas acesas / A queimar dentro de mim / Será senhora o destino / Que me estava reservado desde o meu primeiro dia / Que faço ao meu coração / Sofrendo de solidão, na dor que não me alivia
Vengo a hablar de mis miedos
Señora, yo tengo fe de encontrar mi luz / En esa inmensa oscuridad / Vengo a hablar de mis miedos / Son vuestros mis secretos que comparto en confesión / Señora, hace tanto tiempo / Que me asaltan tantas dudas / No puedo vivir así / Un torbellino de incertezas, parecen velas encendidas / Que arden dentro de mí / Será, Señora, el destino / Que me estaba reservado desde mi primer día / ¿Qué le hago a mi corazón / Que sufre de soledad en el dolor que no me alivia?
Nada que devas saber
Vou usar o teu silêncio / Não o vais querer ouvir / A desfazer-me os sonhos / Vou devolver-to e partir / Porque me esgotas num jogo / Naquele que dá as cartas / Não colori a avalanche / A negro e sombra, cores gastas / Se eu morro na tua escolha / Como me deixas fugir / Amarro sonhos e vou / Para onde nunca quis ir / Amar-te assim, querendo tanto / Que fosse igual o teu querer / Faço de conta, por ti / Já nada que devas saber
Nada que debas saber
Voy a usar tu silencio / No vas a querer oírlo / Deshaciendo mis sueños / Voy a devolvértelo y partir / Porque me agotas en un juego / En aquel que da las cartas / No coloreé la avalancha / De negro y sombra, colores gastados / Si yo muero por elegirte / Como me dejas huir / Ammaro sueños y me voy / Para donde nunca quise ir / Amarte así, queriendo tanto / Que fuese igual tu querer / Disimulo por ti / Que nada debes saber