Aldina Duarte - Crua (2006)


Crua (2006)


1. A Saudade Anda Descalça / 2. A Estação Das Cerejas / 3. Luas Brancas / 4. Andei A Ver De ti / 5. Dor Feliz / 6. Deste-me Tudo O Que Tinhas / 7. Flor Do Cardo / 8. A Estação Dos Lírios / 9. Xaile Encarnado / 10. Cachecol Do Fadista / 11. À porta Da Vida / 12. Sorriso Das Águas / 

A Saudade Anda Deslaça

A saudade anda descalça / Pra não se fazer ouvir / Atravessa o quarto escuro / Beija-me o rosto inseguro / Quando me apanha a dormir / Tem o dom de me levar / Onde lembra o coração / Dá todo o tempo que tem / É mais do que minha mãe / Mãe da minha condição / A saudade anda descalça / E é descalça que me quer / Faz brilhar o que entristece / E o que morreu, permanece / A saudade é uma mulher

La saudade anda deslaza 

La saudade anda descalza / Para no hacerse oír / Atraviesa el cuarto oscuro / Me besa el rostro inseguro / Cuando me coge durmiendo / Tiene el don de llevarme / Donde el corazón recuerda / Da todo el tiempo que tiene / Es más que mi madre / Madre de mi condición / La saudade anda descalza / Y es descalza como me quiere / Hace brillar lo que entristece / Y lo que murió, permanece / La saudade es una mujer

A Estação Das Cerejas

Eu hei-de ser das cerejas / Da vertigem dos cardumes / Do mistério dos pardais / Hei-de ser o que tu sejas / Aquilo a que te resumes / As orações naturais / Eu hei-de ser vento norte / Rir-me na cara da morte / A dança do colibri / Mas hei-de ser do meu peito / Desta dor com que me deito / Só porque me dói de ti / Eu hei-de ser das cerejas / Do luar na primavera / Labirinto do prazer / Hei-de ser o que desejas / Que por ti sabes que espera / Enquanto a lua quiser / Eu hei-de nascer do nada / Como a papoila encarnada / Que nada fez por nascer / Hei-de nascer tua amada / Sem uma razão nem nada / Mas só porque tem de ser

La estación de las cerezas

Debo ser de las cerezas / Del vértigo de las cerezas / Del misterio de los gorriones / Debo ser lo que tú seas / Aquello a que tu reduces / Las oraciones naturales / Debo ser el viento norte / Reírme en la cara de la muerte / La danza del colibrí / Pero debo ser de mi pecho / De este dolor con que me acuesto / Sólo porque me duele por ti / Debo ser de las cerezas / De luz de luna en primavera / Laberinto del placer / Debo ser lo que deseas / Que por ti sabes que espera / Cuando la luna lo quiera / Yo debo nacer de la nada / Como la amapola encarnada / Que nada hizo por nacer / Debo de nacer tu amada / Sin una razón ni nada / Sólo porque así ha de ser

Luas Brancas

Eram tantas, tantas luas / Que eu despi da tua voz / Todas brancas, todas tuas / Todas por estarmos a sós / Eram aves, eram tantas / Nos dedos da tua mão / Era o eco nas gargantas / Das palavras que não são / Era a dança das marés / O mar bravo e o seu reverso / Eram tudo o que tu és / No pulsar do universo / E depois, era mais nada / E mais nada acontecia / Era quase madrugada / Quando o mundo adormecia

Lunas blancas

Hubo tantas, tantas lunas / Que desnudé de tu voz / Todas blancas, todas tuyas / Todas por estar solos / Hubo aves, hubo tantas / En los dedos de tu mano / Hubo eco en las gargantas / De las palabras que no son / Hubo danza de mareas / El mar bravo y su reverso / Hubo todo lo que tú eres / En el latir del universo / Y después no había nada más / Y nada más sucedía / Era casi madrugada / Cuando el mundo adormecía

Andei A Ver De Ti

Andei a ver de ti em toda a parte / A marca dos teus pés nos areais / Mandei uma andorinha procurar-te / No silêncio azul das catedrais / Chamei pelo teu nome ás estrelas / E todas o teu nome repetiam / Até as margaridas mais singelas / Nasceram porque já te conheciam / Quem dera meu amor, poder cantar-te / Juntar na minha voz o que vivi / Porque em tudo o que vivo tu és parte / E toda a parte é uma ilusão de ti

Intenté ver algo de ti

Intenté ver algo de ti en todas partes / La marca de tus pies en los arenales / Mandé una golondrina a buscarte / En el silencio azul de las catedrales / Llamé por tu nombre a las estrellas / Y todas repetían tu nombre / Hasta las margaritas más singulares / Nacieron porque ya te conocían / Ojalá, mi amor, pudiera cantarte / Juntar en mi voz lo que viví / Porque en todo lo que vivo tú eres parte / Y toda parte es una ilusión de ti

Dor Feliz

Toma conta de mim / e dá-me a mão na rua / ensina-me a viver / ao pé das andorinhas / Eu sei que dizes sim / se eu te pedir a lua / e quando eu crescer / tu baixas-me as baínhas / Desenha uma casinha / à porta mariposas / com lápis de pintar / assento uma lareira / Aquela janelinha / a imitar as rosas / aberta p'ra sonhar / durante a vida inteira / Toda a gente me diz / que eu tenho o teu olhar / nos lábios os teus traços / canteiro do teu jardim / Mas duma dor feliz / a dor de me criar / de volta aos teus braços

Dolor feliz

Hazme caso / Y dame la mano en la calle / Enséñame a vivir / Junto a las golondrinas / Yo sé que dices sí / Si te pido la luna / Y cuando crezca / Alargarás mis bajos / Dibuja una casita / En la puerta mariposas / con lápiz de color / apoyo una chimenea / Aquella ventanita / Imitando a las rosas / abierta para soñar / Durante la vida entera / Toda la gente me dice que tengo tu mirada / En los labios tus trazos / Arriate de tu jardín / Pero de un dolor feliz / El dolor de criarme / De vuelta a tus brazos

Deste-me Tudo O Que Tinhas

Deste-me tudo o que tinhas / Nos meus lençóis de cetim / Mais a raiva quando vinhas / Desencontrado de mim / O meu corpo dependente / Bebia da tua mão / Aquela mistura quente / De desejo e perdição / Jurei que um dia mudava / Que de tudo era capaz / Já nem o sangue me lava / E tu nem raiva me dás / Parti os saltos na rua / Dei a vida pela vida / Mas agora, olho a lua / E não me sinto perdida / Esqueci a tua morada / E tu nem raiva me dás / Agora que não me dás nada / Deste-me um pouco de paz

Me diste todo lo que tenías 

Me diste todo lo que tenías / En mis sábanas de seda / Además de la rabia cuando venías / Desencontrado de mí / Mi cuerpo dependiente / Bebía de tu mano / Aquella mezcla caliente / De deseo y perdición / Juré que un día cambiaría / Que de todo era capaz / Ya ni la sangre me limpia / Y tú ni rabia me das / Me partí los tacones en la calle / Di la vida por la vida / pero ahora, miro la luna / Y no me siento perdida / Olvide tu casa / Y tú ni rabia me das / Ahora que no me das nada / Me diste un poco de paz

Flor Do Cardo

Dói-me ser a flor do cardo / Não ter a mão de ninguém / Tenho a estranha natureza / De florir com a tristeza / E com ela me dar bem / Dói-me o Tejo, dói-me a lua / Dói-me a luz dessa aguarela / Tudo o que foi criação / Se transforma em solidão / Visto da minha janela / O tempo não me diz nada / Já nada em mim se consome / Não sou princípio nem fim / Já nada chama por mim / Até me dói o meu nome / Dói-me ser a flor do cardo / Não ter a mão de ninguém / Hei-de ser cravo encarnado / Que vive em pé separado / E acaba na mão de alguém

Flor de cardo

Me duele ser flor de cardo / No tener la mano de nadie / Tengo la extraña naturaleza / De florecer con la tristeza / Y con ella llevarme bien / Me duele el Tajo, me duele la luna / Me duele la luz de esa acuarela / Todo lo que fue creación / Se transforma en soledad / Visto desde mi ventana / El tiempo no me dice nada / Ya nada en mí se consume / No soy principio y fin / Ya nada me llama / Hasta me duele mi nombre / Me duele ser flor de cardo / No tener la mano de nadie / Debo ser clavel encarnado / Que vive de pie, separado / Y acaba en la mano de alguien

A Estação Dos Lírios

Quem me espera toda a vida? / Desde o dia em que nascida / A vida é só uma passagem / É um fado que começa / É um rio que se atravessa / Sem se ver a outra margem / O lírio sabe que parte / E por isso tem a arte / De espalhar lírios ao vento / Não há mais luz nem tristeza / Que os saberes da natureza / E que não são pensamento / Quem me espera toda a vida? / Aquela estrela escondida / Que sempre chamou por mim / Será que há outro lugar / Além da poeira estrelar? / Ás vezes penso que sim... / Não me deixes nesta hora / Em que a estrela não demora / E o lírio tem a estação / A fé que há no futuro / E este medo do escuro / Que ao menos façam razão

La estación de los lirios

¿Quién me espera toda la vida ? / Desde el día en que nací / La vida es sólo un paso / Es un fado que comienza / Es un río que se atraviesa / Sin que se vea la otra orilla / El lirio sabe que parte / Y por eso tiene el arte / De esparcir lirios al viento / No hay más luz ni tristeza / Que los saberes de la naturaleza / Y que no son pensamiento / ¿Quién me espera toda la vida? / Aquella estrella escondida / Que siempre me llamó / ¿Será que hay otro lugar / Más allá del polvo estelar? / A veces pienso que sí / No me dejes en esta hora / En que la estrella no se demora / Y el lirio tiene la estación / La fe que hay en el futuro / Y este miedo de lo oscuro / Que al menos tengan razón

Xaile Encarnado

Eu tenho um xale encarnado / É uma lembrança tua / Tem um segredo bordado / Que ás vezes eu trago á rua / Tem as marcas de uma vida / Que a vida marca no rosto / Mas ganha uma nova vida / Nas noites que o trago posto / Já foi lençol e bandeira / Vela de barco, também / Tem marcas da vida inteira / Mas dizem que me cai bem / Se pensas que me perdi / Nalgum destino traçado / Pr'a veres que não esqueci / Eu ponho o xaile encarnado

Chal encarnado

Yo tengo un chal encarnado / Es un recuerdo tuyo / Tiene un secreto bordado / Que a veces llevo a la calle / Tiene las marcas de una vida / Que la vida marca en el rostro / Pero cobra una nueva vida / Las noches que lo traigo puesto / Ya fue sábana y bandera / Vela de barco también / Tiene marcas de la vida entera / Pero dicen que me queda bien / Si piensas que me perdí / En algún destino trazado / Para que veas que no me olvidé / Me pongo el chal encarnado

Cachecol Do Fadista

Peguei o arco-íris pelas pontas / E dei-lhe as duas voltas de um cachecol / A ver se assim das nuvens tu me contas / Porque és agora chuva, agora sol / Porque é que o teu olhar carmim-celeste / Tem do azul toda a melancolia / E o beijo cor da lua, que me deste / Á beira da maçã que em mim floria / Porque há lilases brancos no teu sonho / Promessas cor de fogo no sorriso / Talvez sejam as cores que eu componho / Talvez sejam as cores que eu preciso / Nas verdes madrugadas dos amores / Em todas elas eu me sinto tua / Talvez o arco-íris tenha as cores / Que eu só consigo ver á luz do dia  

Bufanda de fadista

Pegué el arco iris por las puntas / Y le di las dos vueltas de una bufanda / A ver si así de las nubes tú me cuentas / Porque eres ahora lluvia, ahora sol / Por qué es que tu mirada carmín y celeste / tiene del azul toda la melancolía / Y el beso color de luna que me diste / Al lado de la manzana que en mí florecía / Por qué hay violetas blancos en tu sueño / Promesas de color de fuego en tu sonrisa / Tal vez sean los colores que yo compongo / Tal vez sean los colores que necesito / En las verdes madrugadas de los amores / En todas ellas yo me siento tuya / Tal vez el arco iris sólo tenga los colores / Que yo consigo ver a la luz del día

Á Porta Da Vida

Bati á porta da vida / Rasguei os ossos da mão / Fugi de cães a ladrar / Fui muitas vezes vencida / Deixei um rasto no chão / Mas não deixei de cantar / Bati á porta da vida / Sequei a cara nas mangas / Virei os olhos ao céu / Dei-me ao fado assim vestida / De amor, ciúmes e zangas / Porque este fado sou eu / Nenhuma faca me corta / Perdi o medo do mar / Levei o mar de vencida / Encontrei a minha porta / Nunca deixei de cantar / E moro á porta da vida

A la puerta de la vida 

Llamé a la puerta de la vida / Me rompí los huesos de la mano / Hui de perros que ladraban / Fui muchas veces vencida / Deje huellas en el suelo / Pero no dejé de cantar / Llamé a la puerta de la vida / Me sequé la cara en las mangas / Giré los ojos a los cielos / Me entregué al fado así vestida / De amor, celos y conflictos / Porque este fado soy yo / Ningún cuchillo me corta / Perdí el miedo al mar / Arrastré el mar de vencida / Encontré mi puerta / Nunca dejé de cantar / Y vivo a la puerta de la vida

O Sorriso Das Águas

Já não tenho um lenço branco / Nem pranto de despedida / Tanto barco me deixou / Até o Tejo secou / Dentro de mim toda a vida / Eu já mordi a saudade / Para salvar o coração / O amor que me morreu / De certeza renasceu / Com uma outra pulsação / Atirei pedras ao Tejo / Com raiva das minhas mágoas / Eram ciúme e vingança / Mas as pedras de criança / São o sorriso das águas / As rosas nascem na terra / E morrem direito ao céu / Tudo é luz e é nascente / Tudo é luto e é poente / E tudo isto sou eu

La sonrisa de las aguas

Ya no tengo un pañuelo blanco / Ni llanto de despedida / Tanto barco me dejó / Hasta el Tajo se secó / Dentro de mí toda la vida / Yo ya mordí la saudade / Para salvar el corazón / El amor que se me murió / Con seguridad renació / Con algún latido / Tiré piedras al Tajo / Con la rabia de mis amarguras / Eran celos y venganza / Pero las piedras de un niño / Son la sonrisa del agua / Las rosas nacen en la tierra / Y mueren cerca del cielo / Todo es luz y es naciente / Todo es luto y es poniente / Y todo esto soy yo

¡Crea tu página web gratis! Esta página web fue creada con Webnode. Crea tu propia web gratis hoy mismo! Comenzar