Aldina Duarte - Mulheres ao espelho (2008)

Mulheres Ao Espelho (2008)
1 No Fim / 2 Princesa Prometida / 3 Não Vou, Não Vou / 4 Uma Amante / 5 Uma Noiva / 6 A Rua Mais Lisboeta / 7 Quadras De Amor Errante / 8 Paraiso Anunciado / 9 O Amor Não Se Desata / 10 Bairro Divino / 11 Mãe
No Fim
Procurei-te pela praia / Entre as flores da minha saia / A
gritar com as marés / Molhei os olhos cansados / Toquei de braços cruzados /
Cada marca dos meus pés / Procurei-te junto ao rio / Com a vida por um fio /
Porque queria guardar-te / No meu colo arrefecido / Trouxe o meu anel partido /
Pela noite a procurar-te / Encontrei-te junto a nada / No começo duma escada /
Mesmo à beira dum jardim / Não há céu sem despedida / Nem regresso sem partida
En el fin
Te busqué por la playa / Entre las flores de mi falda / Gritando con las mareas / Mojé los ojos cansados / Toqué con los brazos cruzados / Cada marca de mis pies / Te busqué junto al río / Con la vida pendiente de un hilo / Porque quería guardarte / En mi regazo frío / Traje mi anillo partido / Por la noche al buscarte / Te encontré junto a la nada / Al pie de una escalera / En el borde de un jardín / No hay cielo sin despedida / Ni regreso sin partida
Princesa Prometida
Há um véu no meu olhar / Que a brilhar dá que pensar / Nos
mistérios da beleza / Espelho meu que aconteceu / Do que é teu e do que é meu /
Já não temos a certeza / A moldura deste espelho / Espelho feito de oiro velho
/ Tem os traços de uma flor / Muitas vezes foi partido / Prometido e proibido /
Aos encantos do amor / Espelho meu diz a verdade / Da idade da saudade / À
mulher envelhecida / Segue em frente na memória / Mata a glória dessa história
/ Da princesa prometida
Princesa prometida
Hay un velo en mi mirada / Que al mirar da qué pensar / En los misterios de la belleza / Espejo mío que sucedió / De lo que es tuyo y de lo que es mío / Ya no tenemos la certeza / El marco de este espejo / Espejo hecho de oro viejo / Tiene los trazos de una flor / Muchas veces fue roto / Prometido y prohibido / A los encantos del amor / Mi espejo dice la verdad / De la edad y la saudade / A la mujer envejecida / Sigue en frente en la memoria / Mata la gloria de esa historia / De la princesa prometida
Não Vou, Não Vou
Eu tinha as chaves da vida e não abri / As portas onde
morava a felicidade / Eu tinha as chaves da vida e não vivi / A minha vida foi
toda uma saudade / E tanta ilusão que tive e foi perdida / E tanta esperança no
amor foi destroçada / Não sei porque me queixo desta vida / Se não quero outra
vida para nada / Se foi para isto que nasci / Se foi para isto que hoje sou /
Se foi só isto que mereci / Não vou, não vou / Podem passar bocas pedindo /
Olhos em fogo tudo acabou / Pode passar o amor mais lindo / Não vou, não vou /
Eu tinha as chaves da vida e fui roubada / Mataram dentro de mim toda a poesia
/ Deixaram só tristeza sem mais nada / E a fonte dos meus olhos que eu não
queria
No voy, no voy
Yo tenía las llaves de la vida y no abrí / Las puertas donde moraba la felicidad / Yo tenía las llaves de la vida y no viví / Mi vida fue toda una saudade / Y tanta ilusión que tuve y fe perdida/ Y tanta esperanza en el amor fue destrozada / No sé por qué me quejo de esta vida / Si no quiero otra vida para nada / Si fue para esto que nací / Si fue para esto que hoy soy / Si fue sólo esto lo que merecí / No voy, no voy / Pueden pasar bocas pidiendo / Ojos en fuego todo acabó / Puede pasar el amor más bello / No voy, no voy / Yo tenía las llaves de la vida y fui robada / Mataron dentro de mí toda la poesía / Dejaron sólo la tristeza sin nada más / Y la fuente de mis ojos que yo no quería
Uma Amante
Pesa o tempo condenado / Contra as leis do meu destino /
Pouco pode ser mudado / Neste mundo pequenino / Se de meu não tenho nada / Para
além da primavera / Trago a vida ameaçada / No meu corpo à tua espera / Tenho
um amor inventado / Num segredo muito antigo / E um vestido alinhavado / Que
envelhece só comigo / Se a medida do meu tempo / É esperar-te até ao fim /
Quero ser a voz do vento / Quando estás longe de mim
Una amante
Pesa el tiempo condenado / Contra las leyes de mi destino / Poco puede ser cambiado / En este mundo pequeñito / Si de mío no tengo nada / Aparte de la primavera / Traigo la vida amenazada / En mi cuerpo a tu espera / Tengo un amor inventado / En un secreto muy antiguo / Y un vestido hilvanado / Que envejece sólo conmigo / Si la medida de mi cuerpo / Es esperarte hasta el fin / Quiero ser la voz del viento / Cuando estás lejos de mí
Uma Noiva
Faz de conta que já sei / Desmentir a felicidade / Faz de
conta que encontrei / Um caminho sem verdade / Faz de conta, eu descobri / No
desdém uma atenção / Faz de conta que aprendi / Pra meu bem uma lição / Faz de
conta que sabemos / Dar a mão à palmatória / Faz de conta que vivemos / Da
saudade e da memória / Faz de conta e vem comigo / Ver de frente o que é a dor
/ Faz de conta que eu não digo / Que acabou o nosso amor
Una novia
Finge que ya sé / Desmentir la felicidad / Finge que encontré / Un camino sin verdad / Finge, yo descubrí / En el desdén una atención / Finge que aprendí / Para mi bien una lección / Finge que sabemos / Confesar el error / Finge que vivimos / De la saudade y la memoria / Finge y ven conmigo / A ver de frente qué es el dolor / Finge que yo no digo / Que acabó nuestro amor
A Rua Mais Lisboeta
Cá p'ra mim a minha rua / É um risonho canteiro / Tem gatos
miando à lua / Nos telhados em Janeiro / Tudo ali é português / Tudo ali vive
contente / Vive o pobre e o burguês / É pequenina talvez / Mas cabe lá toda a
gente / Melhor eu nunca vi / Do que a rua onde nasci / Ai, rua pobrezinha / Mas
tem uma graça infinda / É humilde qual aldeia / Embora digam que é feia / Cá
p'ra mim é a mais linda / Não há ódios nem maldade / Tudo ali é singeleza / Não
pode haver na cidade / Rua assim mais portuguesa / Nada há que seja novo /
Nessa rua da gentalha / Para aqui canto e me comovo / Pois é rua do povo / Que
labuta e que trabalha
La calle más lisboeta
Para mí mi calle / Son unas flores sonriendo / Tiene gatos
mirando la luna / En los tejados en enero / Todo allí es portugués / Todo allí
vive contento / Vive el pobre y el burgués / Es pequeñita tal vez / Pero allí
cabe toda la gente / Nunca la vi mejor / Que la calle en que nací / Ay, calle
pobrecita / Pero tiene una gracia infinita / Es humilde como una aldea / Aunque
digan que es fea / Para mí es la más linda / No hay odios ni maldad / Todo allí
es sencillez / No puede haber en la ciudad / Calle más portuguesa que esta /
Nada hay que sea nuevo / En esa calle popular / Aquí canto y me conmuevo / Pues
es calle del pueblo / Que se esfuerza y que trabaja
Quadras De Amor Errante
Queria ser a tua estrela / E a amarra na outra margem /
Levar-te à praia mais bela / E ser o fim da viagem / Nas histórias que me
contas / Do alto da tua voz / As estrelas só têm pontas / E os laços nunca dão
nós / Queria ser o teu caminho / E a casa quando chegasses / Tecer os lençóis
de linho / Da cama em que te deitasses / Mas faltou-me um golpe de asa / Para
voar no teu céu / O nome da tua casa / Ainda ninguém o escreveu
Cuartetos del amor errante
Quería ser tu estrella / Y la amarra en la otra orilla / Llevarte a la playa más bella / Y ser el fin del viaje / En las historias que me cuentas / Desde lo alto de tu voz / Las estrellas sólo tienen puntas / Y los lazos nunca dan nudos / Quería ser tu camino / Y la casa cuando llegases / Tejer las sábanas de lino / De la cama en que te acostases / Pero me faltó un golpe de ala / Para volar en tu cielo / El nombre de tu casa /Aún nadie lo escribió
Paraiso Anunciado
Onde as flores se tornam pão / E os amores são água pura /
Sempre aberto o coração / Ilumina a noite escura / Paraíso anunciado / P'la
memória d'alegria / Tantas vezes revelado / Numa noite até ser dia / Como se um
fruto tombasse / Sobre os ramos amparado / Como se a terra deixasse / O sol
sempre a nosso lado / Por amor pedi ao céu / Que me desse outro caminho / Há o
destino que é meu / E um que nasce sozinho
Paraíso anunciado
Donde las flores se vuelven pan / Y los amores son agua pura / Siempre abierto el corazón / Ilumina la noche oscura / Paraíso anunciado / Por la memoria de la alegría / Tantas veces revelado / En una noche hasta ser día / Como si un fruto cayese / Amparado sobre las ramas / Como si la tierra dejase / El sol siempre a nuestro lado / Por amor le pedí al cielo / Que me diese otro camino / Hay un destino que es mío / Y uno que nace solo
O Amor Não Se Desata
Enquanto, perverso, rias / Tu fizeste o que podias / Para eu
deixar de te amar / Tornaste as noites vazias / E, não fosse eu querer esperar
/ Anoiteceste os meus dias / Inventaste mil pecados / Que eu não tinha cometido
/ Mil mentiras sem sentido / Desmanchaste os meus bordados / E retalhaste o
vestido / Com que eu me tinha casado / Como bem sabes agora / E hás-de sentir
vida fora / Tanto mal era escusado / Se te querias ir embora / Não ganhaste com
a demora / Senão partires mais culpado / Não nego que em doeu / Mas juro que
até à data / A dor de nada valeu / O amor não se desata / E a tua paixão morreu
/ Mas a minha não se mata
El amor no se desata
Mientras, perverso, reías / Tú hiciste lo que podías / Para que yo dejara de amarte / Hiciste las noches vacías / Y, sin yo querer esperar / Anocheciste mis días / Inventaste mil pecados / Que yo no había cometido / Mil mentiras sin sentido / Deshiciste mis bordados / Hiciste trizas el vestido / Con que me había casado / Como bien sabes ahora / Y has de sentir toda la vida / Tanto mal era innecesario / Si querías marcharte / No ganaste con la demora / Si no que partiste más culpable / No niego que me dolió / Pero juro que hasta la fecha / El dolor de nada valió / El amor no se desata / Y tu pasión murió / Pero la mía no se mata
Barro Divino
Mesmo nas horas felizes, se as há / Alguma coisa é proibida
/ Posse impossível, distante, que dá / Sentido diferente à vida / O insaciável
que existe na gente / Domina a nossa vontade / Triste final duma crença
diferente / Diferente da felicidade / E sem saber até onde, o destino / É ou
não o que se quer / Somos a lama, o barro divino / Que cada um julga ser / Na
minha voz a cantar, corre o pranto / Dum ser que não se entendeu / E assim
procuro encontrar o encanto / Que a vida p'ra mim perdeu / A revoltante maldade
duns poucos / Espalha o ódio à sua volta / E faz da terra um inferno de loucos
/ Onde a razão se revolta / Pois quer se acredite ou não no destino / Todos
seremos sem querer / Simples poeira de barro divino / Que cada um julga ser
Barro divino
Incluso en las horas felices, si las hay / Alguna cosa está prohibida / Posesión imposible, distante, que da / Sentido diferente a la vida / Lo insaciable que existe en la gente / Domina nuestro deseo / Triste final de una creencia diferente / Diferente de la felicidad / Y sin saber has dónde, el destino / Es o no lo que se quiere / Somos el limo de un barro divino / Que cada uno juzga ser / En mi voz cuando canto corre el llanto / De un ser que no se entendió / Y así procuro encontrar el encanto / Que la vida para mí perdió / La indignante maldad de unos pocos / Esparce odio a su paso / Y hace de la tierra un infierno de locos / Donde la razón se rebela / Pues se crea o no en el destino / Todos seremos sin quererlo / Simple polvareda de un barro divino / Que cada uno juzga ser
Mãe
Poema de Maria do Rosário Pedreira recitado en el disco por
Aldina Duarte.