Ana Moura - Leva-me aos fados (2009)


Leva-me aos fados (2009)

1. Leva-me aos fados / 2. Como uma nuvem no céu / 3. Por minha conta / 4. A penumbra / 5. Caso arrumado / 6. Talvez depois / 7. Rumo ao Sul / 8. Fado das águas / 9. Fado vestido de fado / 10. Crítica da razão pura / 11. De quando em vez / 12. Fado das mágoas / 13. Águas passadas / 14. Que dizer de nós / 15. Não é um fado normal

Leva-me aos fados

Chegaste a horas / Como é costume / Bebe um café / Que eu desabafo o meu queixume / Na minha vida / Nada dá certo / Mais um amor / Que de findar me está tão perto / Leva-me aos fados / Onde eu sossego / As desventuras do amor a que me entrego / Leva-me aos fados / Que eu vou perder-me / Nas velhas quadras / Que parecem conhecer-me / Dá-me um conselho / Que o teu bom senso / É o aconchego de que há tempos não dispenso / Caí de novo, mas quero erguer-me / Olhar-me ao espelho e tentar reconhecer-me

Llévame a los fados

Llegaste a la hora / Como de costumbre / Bebe un café / Que yo alivio mi queja / En mi vida / Nada está seguro / Sólo un amor / Que está tan cerca de acabar / Llévame a los fados / Donde yo calmo / Las desventuras del amor al que me entrego / Llévame a los fados / Que voy a perderme / En las viejas estrofas / Que parecen conocerme / Dame un consejo / Que tu buen juicio / Es el amparo del que hace tiempo no dispongo / Caí de nuevo, pero quiero levantarme / Mirarme al espejo e intentar reconocerme

Como uma nuvem no céu

Dizem as crenças, as leis, as sentenças / Lê-se em anúncios, na palma da mão / Como uma nuvem no céu / O nosso amor não tem solução / Dizem os sábios, os lábios, os olhos / Vem em jornais e revistas que li / Como uma nuvem no céu / O nosso amor já não passa daqui / Mentira, como uma nuvem no céu / Ou como um rio que corre para o mar / Também eu corro para ti / Isso nunca irá mudar / Dizem os livros, os astros, a rádio / Vem nos horóscopos, nos editais / Como uma nuvem no céu / O nosso amor já não dura mais / Dizem as folhas do chá e as notícias / Dizem as fontes bem informadas / Como uma nuvem no céu / O nosso amor tem as horas contadas / Dizem os sonhos, as lendas, a história / Vem num artigo, saiu num decreto / Como uma nuvem no céu / O nosso amor carece de afecto / Dizem os homens, as fadas, os fados / E vem o código da nossa estrada / Como uma nuvem no céu / O nosso amor não vai dar em nada

Como una nube en el cielo

Lo dicen las creencias, las leyes, las sentencias / Se lee en anuncios, en la palma de la mano / Como una nube en el cielo / Nuestro amor no tiene solución / Lo dicen los sabios, los labios, los ojos / Viene en periódicos y revistas que leí / Como una nube en el cielo / Nuestro amor ya no pasa de aquí / Mentira, como una nube en el cielo / O como un río que corre hacia el mar / También yo corro hacia ti / Eso nunca cambiará / Lo dicen los libros, los astros, la radio / Viene en los horóscopos, en los edictos / Como una nube en el cielo / Nuestro amor ya no durará más / Lo dicen las hojas de té y las noticias / Lo dicen fuentes bien informadas / Como una nube en el cielo / Nuestro amor tiene las horas contadas / Lo dicen los sueños, las leyendas, la historia / Viene en un artículo, salió en un decreto / Como una nube en el cielo / Nuestro amor carece de afecto / Lo dicen los hombres, las hadas y los fados / Y viene el código de nuestra carretera / Como una nube en el cielo / Nuestro amor no va a quedar en nada

Por minha conta

Fiquei por minha conta / Mercê dum passo incerto / A culpa em mim se apronta / Ronda-me a alma por perto / Fiquei num olhar fundo / Perdido não sei onde / Só sei ceder-me ao mundo / Onde o meu ser se esconde / A noite é fria / Nebulosa bruma / Que me seguia / A parte nenhuma / Tudo é vazio / Na mão fechada / Cerra-se o frio / Não deu por nada / Fiquei ao fim de tudo / Num tudo sem ter fim / E a voz dum grito mudo / Anseia saber de mim

Por mi parte 

Por mi parte me quedé / A merced de un paso incierto / La culpa en mí se prepara / Me ronda el alma de cerca / Me quedé en una mirada profunda / Perdida no sé dónde / Sólo sé cederme al mundo / Donde mi amor se esconde / La noche es fría / Nebulosa bruma / Que me seguía / A ninguna parte / Todo es vacío / En la mano cerrada / Se cierra el frío / No se enteró de nada / Me quedé en el fin de todo / En un todo que no tiene fin / Y la voz de un grito mudo / Ansía saber de mí

A penumbra

​Uma noite em claro estou, eu não sei rezar / Pensamento inútil vou tentar-me anular / Fiquei triste, triste sou, eu não sei rezar / Vem que a alma se afunda / Nesta imensa penumbra / Que a noite me está morrendo / Que a noite me está morrendo / Minha noite um brilho tem, um sinal plebeu / Não tenho malícia mãe, o discuido é teu / O amor não se nega nem a quem nega o seu / Uma noite em claro estou a saber de mim / À flor da minh'alma sou princípio do fim / Quem me prendeu, quem me amou / Não cuidou de mim

La penumbra 

Paso la noche en blanco, y no sé rezar / Voy a intentar anular un pensamiento inútil / Me quedé triste, triste soy, yo no sé rezar / Ven, que el alma se hunde / En esta inmensa penumbra / Que la noche me está muriendo / Que la noche me está muriendo / Mi noche tiene un brillo, una señal plebeya / No tengo malicia, madre; el descuido es tuyo / El amor no se niega ni a quien niega el suyo / Paso una noche en blanco sin saber de mí / De la flor de mi alma soy principio del fin / Quien me retuvo, quien me amó / No cuidó de mí

Caso arrumado

​Não te via há quase um mês / Chegaste e mais uma vez / Vinhas bem acompanhado / Sentaste-te à minha mesa / Como quem tem a certeza / Que somos caso arrumado / Ela não me queria ouvir / Mas tu pediste a sorrir / O nosso fado preferido / Fiz-te a vontade, cantei / E quando à mesa voltei / Ela já tinha saído / Não é a primeira vez / Que começamos a três / Eu vou cantar e depois / O nosso fado que eu canto / É sempre remédio santo / Acabamos só nós dois / Eu sei que tu vais voltar / P'ra de novo eu te livrar / De um caso sem solução / Vou cantar o nosso fado / Fica o teu caso arrumado / O nosso caso é que não

Caso perdido 

No te veía desde hace casi un mes / Llegaste una vez más / Venías bien acompañado / Te sentaste a mi mesa / Como quien tiene la seguridad / De que somos caso perdido / Ella no me quería oír / Pero tú pediste sonriendo / Nuestro fado preferido / Te di el gusto, lo canté / Y cuando volví a la mesa / Ella ya había salido / No es la primera vez / Que comenzamos a tres / Voy a cantar y después / Nuestro fado que yo canto / Es siempre remedio santo / Acabamos sólo nosotros dos / Yo sé que tú vas a volver / Para librarte de nuevo / De un caso sin solución / Voy a cantar nuestro fado / Queda tu caso perdido / Nuestro caso en cambio no

 Talvez depois

​Deixei de mim as frases que trocámos / Os beijos e o tédio de os não ter / Sem querer nós dois cegámos / Sem querermos ver / As roupas e os livros não os trouxe / Que se envelheçam cobertos de pó / Por querermos que assim fosse / Deixo-te só / Recuso a sombra, triste véu sobre minh'alma / Quero-me longe e sem temores fujo de mim / Esmorece o dia, cai a noite e não se acalma / O querer saber qual a razão de ver-me assim / Não sei ser razoável nem te espero / No tempo que pediste p'ra nós dois / Amar-te assim não quero / Talvez depois / Marcaste em mim a dúvida cinzenta / Do sentimento que te unia a mim / Sabê-lo não me alenta / Melhor o fim / Palavras, só palavras que como alento / Seduzem a minh'alma a querer-te tanto / Atrais-me o pensamento como um quebranto

Tal vez después 

Dejé de mí las frases que cambiamos / Los besos y el tedio de no tenerlos / Sin querer nosotros dos nos cegamos / Sin querer ver / Las ropas y los libros no los traje / Que envejezcan cubiertos de polvo / Porque quisimos que así fuese / Te dejo solo / Reniego de la sombra, triste voz sobre mi alma / Me quiero lejos y sin temores huyo de mí / Agoniza el día, cae la noche y no se serena / El querer saber cuál es la razón de verme así / No sé ser razonable ni te espero / En el tiempo que pediste para nosotros dos / No quiero amarte así / Quizás después / Señalaste en mí la duda cenicienta / Del sentimiento que te unía a mí / Saberlo no me alienta / Mejor el fin / Palabras, sólo palabras que con aliento / Seducen mi alma para que te quiera / Me atraes el pensamiento como un quebranto

Rumo ao Sul

Estou na estrada p'ra onde eu já não quero ir / No escritório esta tarde foi tudo p'ra me deprimir / A buzina apressada de um carro que me quer passar / Na portagem um rosto indiferente diz-me para pagar / Rumo ao sul, sem amor, devagar / O meu sonho faz-se ao mar / Seu amor rumo ao sul / O meu céu perdeu o azul / Volto as costas às luzes brilhantes da cidade mãe / Sou sombra impiedosa do apego a quem já não se tem / Sei que ao fim desta estrada há uma casa que suponho ter / E a vontade indomável que teima em me querer perder

Rumbo al sur 

Estoy en el camino por donde ya no quiero ir / En la oficina esta tarde todo fue deprimente / La bocina apresurada de un coche que me quiere adelantar / En el peaje un rostro indiferente me dice que pague / Rumbo al sur, sin amor, despacio / Mi sueño se hace al mar / Su amor rumbo al sur / Mi cielo perdió el azul / Vuelvo la espalda a las luces de la metrópoli / Soy sombra cruel del apego a quien ya no se tiene / Sé que al final de este camino hay una casa que supongo tener / Y el deseo indomable que se empeña en querer perderse

Fado das águas

​Dentro do rio que corre / No leito da minha voz / Há uma saudade que morre / Dentro do rio que corre / Em lágrimas até á foz / Dentro do mar mais profundo / Reflectido em meu olhar / Não pára o pranto um segundo / Dentro do mar mais profundo / No meu rosto a desmaiar / Dentro das águas nascentes / Das fontes que a alma encanta / Num crescendo de correntes / Dentro das águas nascentes / Correm mágoas p'la garganta / Dentro da chuva caída / Como franjas do meu fado / Eu encharco a minha vida / Dentro da chuva caída / Meu canto é d'aguas lavado / Eu encharco a minha vida / Dentro da chuva caída / Como franjas do meu fado

Fado de las aguas 

Dentro del río que corre / En el lecho de mi voz / Hay una saudade que muere / Dentro del río que corre / En lágrimas hasta la desembocadura / Dentro del mar más profundo / Reflejado en mi mirada / No para el llanto un segundo / Dentro del mar más profundo / En mi rostro que desmaya / Dentro de las aguas que nacen / De las fuentes que el alma encanta / En un crecer de corrientes / Dentro de las aguas que nacen / Corren dolores por la garganta / Dentro de la lluvia caída / Como franjas de mi fado / Yo encharco mi vida / Dentro de la lluvia caída / Mi canto está lavado por aguas / Yo encharco mi vida / Dentro de la lluvia caída / Como franjas de mi fado

Fado vestido de fado

Se fado é miséria e dor / Se é ciúme, se é pecado / Que serás tu, meu amor / Todo vestido de fado / Talvez sejas o quebranto / Meu pranto, em horas tardias / Rosário de avé-marias / Que rezo quanto te canto / Pois fico neste entretanto / Dum acorde desenhado / Porque te chamo num fado / Te canto com tal fervor / Se fado é tristeza e dor / Se é ciúme se é pecado / Os meus sentidos dispersos / Não me conseguem dizer / Razões da minh'alma ser / Refúgio de tantos versos / Mistério dos universos / Pra onde foi atirado / Este desejo, rogado / Na minha voz em clamor / Que serás tu, meu amor / Todo vestido de fado

Fado vestido de fado 

Si el fado es miseria y dolor / Si es celos, si es pecado / Que serás tú, mi amor / Todo vestido de fado / Tal vez seas el quebranto / Mi llanto en horas tardías / Rosario de avemarías / Que rezo cuando te canto / Me quedo en este entretanto / De un acorde dibujado / Porque te llamo en un fado / Te canto con tal fervor / Si el fado es tristeza y dolor / Si es celos, si es pecado / Mis sentidos dispersos / No me consiguen decir / Las razones de que mi alma sea / Refugio de tantos versos / Misterio de los universos / Hacia donde fui arrojado / Este deseo rogado / Por mi voz en un clamor / Qué serás tú, mi amor / Todo vestido de fado

Crítica da razão pura

​Porque quiseste dar nome / Ao gesto que não se diz / Ao jeito de ser feliz / Porque quiseste dar nome? / De que te vale saber / De que é feita uma paixão / As estradas de um coração / De que te vale saber? / Porque quiseste pensar / Aquilo que apenas se sente / O que a alma luz e gente / Porque quiseste pensar? / Diz onde está a razão? / Daquilo que não tem juízo / Que junta o choro e o riso / Diz onde está a razão / Porque quiseste entender / O fogo que fomos nós? / Meu amor, se estamos sós / Foi porque quiseste entender

Crítica de la razón pura

¿Por qué quisiste dar nombre / Al gesto que no se dice / Al hecho de ser feliz / Por qué quisiste dar nombre? / ¿De qué te vale saber / De qué está hecha una pasión / Las sendas del corazón / De qué te vale saber? / ¿Por qué quisiste pensar / Aquello que apenas se siente / Lo que es alma, luz y gente / Por qué quisiste pensar? / Di, ¿dónde está la razón / De aquello que no tiene juicio / Que une la risa y el llanto? / Di, ¿dónde está la razón? / ¿Por qué quisiste entender / El fuego que nosotros fuimos? / Mi amor, si estamos solos / Fue porque quisiste entender

De quando em vez

De quando em vez lá te entregas / Nesse sim, em que te negas / Ou se não, que me é tanto / Não te pergunto os porquês / Deste amar, de quando em vez / Ou talvez de vez em quando / Quase sempre de fugida / Como criança escondida / Nosso amor brinca com o fogo / Se queremos dizer adeus / Porque dizemos meu Deus / Simplesmente um até logo / E o enleio continua / À mercê de qualquer lua / Que nos comanda os sentidos / E a paixão que não tem siso / Deixa-nos sem pré-aviso / De corpo e alma despidos / Por teimosia, ou loucura / Algemamos a ventura / Do amor, em nós, reencarnando / Prefiro, como tu não vês / Amar-te de quando em vez / Ou talvez de vez em quando

De cuando en vez 

De cuando en vez te entregas / En ese sí en que te niegas / O si no, que me es tanto / No te pregunto los porqués / De este amar, de cuando en vez / O tal vez de vez en cuando / Casi siempre de huida / Como criatura escondida / Nuestro amor juega con fuego / Si queremos decir adiós / Por qué decimos, mi Dios / Simplemente un hasta luego / Y el enredo continúa / A merced de cualquier luna / Que nos domina los sentidos / Y la pasión que no tiene juicio / Nos dejar sin previo aviso / De cuerpo y alma desnudos / Por obstinación, o locura / Esposados por ventura / Del amor, en nosotros reencarnado / Prefiero, como tú no ves / Amarte de cuando en vez / O tal vez de vez en cuando

Fado das mágoas

​As mágoas não me doem, não são mágoas / No plano da minh'alma já não moram / Se as águas se evaporam, não são águas / São etéreas lembranças do que foram / O pranto que então frágil não contive / Do cimo dos meus olhos se lançou / Que de tanto chorar não mais o tive / Nem a última das lágrimas me ficou / Não deitei fora as dores, mas hoje trago-as / À beira do meu ser de ti deserto / O que vês nos meus olhos não são mágoas / São apenas dum amor que não deu certo

Fado de las amarguras

Las amarguras no me duelen, no son amarguras / En el plano de mi alma ya no moran / Si las aguas se evaporan, no son aguas / Son etéreos recuerdos de lo que fueron / El llanto que entonces frágil no contuve / Del extremo de mis ojos se lanzó / Que de tanto llorar no lo tuve más / Ni la última de las lágrimas me quedó / No dejé fuera los dolores, hoy los traigo / En el extremo de mi ser desierto de ti / Lo que ves en mis ojos no son amarguras / Apenas son de un amor que no se entregó

Águas passadas

Sei que os dias hão-de dar-me a paz que eu quero / Sei que as horas hão-de ser menos pesadas / E que as noites em secreto desespero / Hão-de ser recordações, águas passadas / Sei que tudo tem um fim, e o fim de tudo / É o tudo que me resta por viver / E o teu olhar inquieto, onde me iludo / É o desvio da minh'alma a se perder / Sei que sempre que te sei em outros braços / Há um punhal a atravessar todo o meu ser / Os meus olhos a alongarem-se num traço / São o espelho da minh'alma a não querer ver / Sei no entanto, que há uma luz no horizonte / Que antevejo, entre lágrimas resignadas / Que esta história, seja a história onde se conte / O que um dia em mim serão águas passadas

Aguas pasadas

Sé que los días me darán la paz que espero / Sé que las horas serán menos pesadas / Y que por las noches en secreto me desespero / Serán recuerdos, aguas pasadas / Sé que todo tiene un fin, el fin de todo / Es el todo que me queda por vivir / Y tu mirara inquieta, donde me ilusiono / es el desvío de mi alma para perderse / Sé que siempre que te sé en otros brazos / Hay un puñal que atraviesa todo mi ser / Mis ojos que se alargan en un trazo / Son el espejo de mi alma que no quiere ver / Sé, sin embargo, que hay una luz en el horizonte / Que preveo entre lágrimas resignadas / Que esta historia sea la historia en que se cuente / Lo que un día en mí serán aguas pasadas

Que dizer de nós

A sombra ensombra-me os dias / Num divagar lento / As mãos dobradas vazias / Por sobre o próprio lamento / Que dizer de nós amor? / Sentam-se as horas / Rodopiam os segundos / Na perseguição de nós / Como abismo escuro e fundo / Que atrai-me assim o ser e a voz / Não é mais do que um perdido / Lamento atroz / Perdidos olhos agueiam / Olham sem ver, cegos / Redondas frases anseiam / Fazer-se voz eu nego / Que dizer de nós amor? / Tudo se oculta / Tudo é estreito e estreita em nós / A margem da culpa / Como a sombra a que me dei / Que atrai-me assim o ser e a voz / Não é mais do que um pedido / Lamento atroz

Qué decir de nosotros

La sombra ensombrece mis días / En un divagar lento / Las manos dobladas y vacías / Sobre su propio lamento / ¿Qué decir de nosotros, amor? / Se sientan las horas / Ruedan los segundos / En nuestra persecución / Como abismo oscuro y profundo / Que me atrae el ser y la voz / No es más que un perdido / Lamento atroz / Perdidos ojos inundan / Miran sin ver, ciegos / redondas frases ansían / Hacerse voz que niego / ¿Qué decir de nosotros, amor? Todo se oculta / Todo es estrecho y se estrecha en nosotros / Al margen de la culpa / Como la sombra a la que me entregué / Que me atrae así el ser y la voz / No es más que un perdido / Lamento atroz

Não é um fado normal

Olhas p'ra mim com esse ar reservado / A estoirar pelas costuras / Nem sei se estou em Lisboa / Será que é Tóquio ou Berlin? / Tu não me olhes assim! / Porque o teu olhar tem ópio / Tem quebras nos equinócios / Pitadas de gergelim / Mas se isto é fado / Ponho o gergelim de lado / Vou buscar o alecrim / E tu sempre a olhar p'ra mim / Como se alecrim aos molhos / Atraíssem os meus olhos / Não tenho nada com isso / Alguém que quebre este enguiço / Que eu não respondo por mim / E já estou, quase a trocar o mal pelo bem e o bem pelo mal / Se isto é fado, não é um fado normal / A trocar, o mal pelo bem e o bem pelo mal / Não é um fado normal / Vou por lugares nunca dantes visitados / E há que ter alguns cuidados / Porque bússola não há / E baralham-se os sentidos / Se andamos ao Deus-dará / Sem sentinelas nos olhos / Vou confiar no ouvido / E nada vai estar perdido / Mas se isto é fado / Vou entristecer o quadro / P'ra tom de cinza acordado / Que eu não quero exagerar / No meio do nevoeiro / Teimo em ver o teu olhar / Que sei não ser derradeiro / Alguma coisa se solta / Que talvez não tenha volta

No es un fado normal 

Me miras con ese aire reservado / Que revienta por las costuras / Ni sé si estoy en Lisboa / ¿Será que es Tokio o Berlín? / ¡No me mires así! / Que tu mirada tiene opio / Tiene restos de equinoccios / Semillas de ajonjolí / Pero si esto es fado / Pongo el ajonjolí de lado / Y voy a buscar romero / Y tú mirarás siempre hacia mí / Como si el romero en ramos / Atrajesen mis ojos / Con eso no tengo nada / Alguien que rompa este mal augurio / Que yo no respondo por mí / Y ya estoy, casi cambiando el mal por bien y el bien por mal / Si esto es fado, no es un fado normal / Que yo no respondo por mí / Cambiando el mal por bien y el bien por mal / No es un fado normal / Voy por lugares nunca visitados antes / Y hay que tener algunos cuidados / Porque no hay guía / Y los sentidos se embarullan / Si andamos a la buena de Dios / Sin centinelas en los ojos / Voy a confiar en el oído / Y nada va a perderse / Pero si esto es fado / Voy a entristecer el cuadro / Con el color de ceniza acordado / Que no quiero exagerar / En medio de la nevada / Me empeño en ver tu mirada / Que sé no será la última / Alguna cosa se suelta / Que tal vez no tenga vuelta

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