ANA MOURA - MOURA (2015)


Moura (2015)


1 Moura Encantada / 2 Fado Dançado / 3 Desamparo / 4 Dia De Folga / 5 Ai Eu / 6 Eu Entrego / 7 Agora É Que É / 8 Cantiga De Abrigo / 9 O Meu Amor Foi Para o Brasil / 10 Ninharia / 11 Tens Os Olhos De Deus / 12 Não Quero Nem Saber / 13 Moura

Moura encantada

É lenda, na Mouraria / Que grande riqueza havia / Por uma moura guardada / Um dia alguém perguntou-me / Se a moura que há no meu nome / É essa moura encantada / Não sei, só sei que me dou / E me esqueço de quem sou / Como num sono profundo / E nos sonhos que vou tendo / Eu adivinho e desvendo / Todos os sonhos do mundo / A minha voz, de repente / É a voz de toda a gente / De tudo o que a vida tem / Quando a noite chega ao fim / Vou à procura de mim / E não encontro ninguém / Não sei se é lenda ou se não / Se é encanto ou maldição / Que às vezes me pesa tanto / Sei que livre ou condenada / E sem pensar em mais nada / Eu fecho os olhos e canto / Serei talvez encantada / E sendo assim tudo e nada / Eu fecho os olhos e canto

Mora encantada

Es leyenda en Mouraria / Que una gran riqueza había / Por una mora guardada / Un día alguien me preguntó / Si la mora que hay en mi nombre / Es esa mora encantada / No sé, sólo sé que me entrego / Y me olvido de quién soy / Como en un sueño profundo / Y en los sueños que voy teniendo / Yo adivino y desvelo / Todos los sueños del mundo / Mi voz, de repente / Es la voz de toda la gente / De todo lo que la vida tiene / Cuando la noche llega al fin / Voy en mi búsqueda / Y no encuentro a nadie / No sé si es leyenda o no / Si es encanto o maldición / Que a veces me pesa tanto / Sé que libre o condenada / Y sin pensar en nada más / Yo cierro los ojos y canto / Estando tal vez encantada / Y siendo así todo o nada / Yo cierro los ojos y canto

Fado dançado

Rodo a saia sempre que bem me apetece / Viro o disco se o antigo me aborrece / Bato com o tamanco, mão na anca, e mexe / Diz que o fado não se dança, até parece! / Saio desta roda se bem me apetece / Diz que o vira se não mexe ainda se aborrece / Manca que manca, mão na anca e mexe / Ai não que não dança, até parece / E se alguma lágrima me aparece / O tamanco manda, a cabeça obedece / São dois para lá para cá outro tanto / A ver o pranto não estanca, até parece / Sempre que o meu fado nesse teu tropece / Desenrolo a teia que o destino tece / Viro a minha vida toda do avesso / A ver se o fado não se dança, até parece / A lua foi embora / Olha a aurora a despontar / Se o fado se canta e chora / Também se pode dançar / E se alguma voz se insurge na quermesse / "Fado assim não sei o que é que me parece" / Paro logo e digo alto e para o baile / Até o xaile eu viro se me apetece / Sai da roda e roda a saia, sobe e desce / Vira o disco e diz que vira assim não mexe / Roda o xaile e baila enquanto o baile deixa / E vê se o fado não mexe, ai não não mexe / A culpa foi embora / Saudade bem pode esperar / Se o fado se canta e chora / Também se pode dançar

Fado bailado

Muevo la falda siempre que bien me apetece / Cambio el disco si el antiguo me aburre / Golpeo con el zueco, mano en la cadera, y a moverse / Dice que el fado no se baila, y hasta lo parece / Y si alguna lágrima me aparece / El zueco manda, la cabeza obedece /Son dos para allá, para acá a otro tanto / Al ver que el llanto no se detiene y hasta aparece / Siempre que mi fado / Siempre que mi fado en tuyo tropiece / Desenrollo la tela que el destino teje / Pongo toda mi vida del revés / Al ver si el fado no se baila, hasta lo parece / La luna se fue lejos / Mira despuntar la aurora / Si el fado se canta y llora / También se puede bailar / Y si alguna voz se revela en la fiesta / "Un fado así no sé qué es lo que me parece" / Paro enseguida y digo alto para el baile / Hasta el chal yo muevo si me apetece / Sal de la rueda, mueve la falda, sube y baja / Cambia el disco y dice que un cambio así no mueve / Mueve el chal y baila cuanto el baile permita / Y mira si el fado no mueve, ay, no, no mueve / La culpa se marchó / La saudade puede esperar / Si el fado se canta y llora / También se puede bailar

Desamparo

Tenho sentido um desamparo / No meio do meu coração / Fica o sentido pouco claro / Ser lhe falta a emoção / Um coração apaziguado / Perde muita tensão / Dei um segundo ao meu amado / P'ra me vir ali buscar / Tenho buscado o meu contrário / Em quem eu me quero dar / Vim dar a um lugar errado / Que me pousa a pensar: / Nem mais um passo / Ficarei onde o breu se desfaça / Como uma névoa que vem / Como uma névoa que passa / Tenho pensado um bom bocado / No tempo que há-de passar / E onde foi no meu passado / Que tive o dom de sonhar / Sonho que corro pelo prado / Até o Sol me queimar / Dei mais um passo para o meu canto / Para os males afastar / Quero o canto em que me fecho / P'ra não mais me fechar / Sonho que fujo pelo Tejo / Até o Mar me abraçar / Que eu mais não faço / Ficarei onde o breu se desfaça / Como uma névoa que vem / Como uma névoa que passa / Como uma névoa que vem / Como uma névoa que passa

Desamparo

He sentido un desamparo / En medio de mi corazón / Deja el sentido poco claro / Si le falta la emoción / Un corazón apaciguado / Pierde mucha tensión / Di un segundo a mi amado / Para que me viniera a buscar allí / He buscado a mi contrario / En quien yo me quiero dar / Vine a parar a un lugar errado / Que me deja pensando / Ni un paso más / Me quedaré donde la brea se deshaga / Como una nieve que viene / Como una nieve que pasa / he pensado bastante rato / En el tiempo que ha de pasar / Y donde fui en mi pasado / Que tuve el don de soñar / Sueño que corro por el prado / Hasta el sol me quema / Di un paso más hacia mi canto / Para alejar los males / Quiero el canto en que me encierro / Para no encerrarme más / Sueño que fluyo por el Tajo / Hasta que el mar me abrace / Que yo no hago más / Me quedaré donde la brea se deshaga / Como una nieve que viene / Como una nieve que pasa / Como una nieve que viene / Como una nieve que pasa

Dia de folga

Manhã na minha ruela, Sol pela janela / O Sr. jeitoso dá tréguas ao berbequim / O galo descansa, ri-se a criança / Hoje não há birras, a tudo diz que sim / O casal em guerra do segundo andar / Fez as pazes, está lá fora a namorar / Cada dia é um bico d'obra / Uma carga de trabalhos, faz-nos falta renovar / Baterias, há razões de sobra / Para celebrarmos hoje com um fado que se empolga / É dia de folga! / Sem pressa de ar invencível, saia, saltos, rímel / Vou descer à rua, pode o trânsito parar / O guarda desfruta, a fiscal não multa / Passo e o turista faz por não atrapalhar / Dona Laura hoje vai ler o jornal / Na cozinha está o esposo de avental / Cada dia é um bico d'obra / Uma carga de trabalhos, faz-nos falta renovar / Baterias, há razões de sobra / Para celebrarmos hoje com um fado que se empolga / É dia de folga! / Folga de ser-se quem se é / E de fazer tudo porque tem que ser / Folga para ao menos uma vez / A vida ser como nos apetecer / Cada dia é um bico d'obra / Uma carga de trabalhos, faz-nos falta renovar / Baterias, há razões de sobra / Para a tristeza ir de folga e o fado celebrar / Cada dia é um bico d'obra / Uma carga de trabalhos, faz-nos falta renovar / Baterias, há razões de sobra / Para celebrarmos hoje com um fado que se empolga / É dia de folga / Este é o fado que se empolga / No dia de folga!

Día de fiesta

Mañana en mi calle, sol por la ventana / El Sr. dispuesto le da tregua a su taladro / El gallo descansa, el niño se ríe / Hoy no ha desavenencias, se dice a todo que sí / La pareja en guerra del segundo piso / Hace las paces y está ahí fuera enamorada / Cada día hay que hacer chapuzas / Una carga de trabajos, nos hace falta recargar / Baterías, y hay razones de sobra / Para que celebremos el hoy con un fado que se nos quede / ¡Es día de fiesta! / Sin la prisa de un aire inmutable, falda, tacones, rímel / Voy a bajar a la calle, el tráfico puede parar / El guardia disfruta, el policía no multa / Paso y el turista se esfuerza en no atropellarme / Doña Laura hoy va a leer el periódico / Cada día hay que hacer chapuzas / Una carga de trabajos, nos hace falta recargar / Baterías, y hay razones de sobra / Para que celebremos el hoy con un fado que se nos quede / ¡Es día de fiesta! / Fiesta por ser quien se es / Y de hacerlo todo porque tiene que ser / Fiesta para que al menos una vez / La vida sea como nos apetezca / Cada día hay que hacer chapuzas / Una carga de trabajos, nos hace falta recargar / Baterías, y hay razones de sobra / Para que celebremos el hoy con un fado que se nos quede / ¡Es día de fiesta! / Este es el fado que se queda / ¡En día de fiesta!

Ai eu 

Ai eu, ai eu / De tanto chorar / Já dei a volta, e agora rio / Rio do rio, rio do mar / E até me rio deste meu riso / E assim a rir eu tento voltar / Ao choro triste, ao dia frio / Ai eu, ai eu / De tanto esperar / Já dei a volta e agora quero / Eu quero muito e não vou ficar / À espera de tudo quando nada peço / Só peço ter forma de voltar / Apenas a crer o que já não espero / Óai, para teu bem / Começa onde eu terminei / Aqui onde, eu não sei / E aqui onde, eu nem sei / Volta sempre / Ai eu, ai eu / De tanto calar / Já dei a volta e agora canto / E tanto canto para espantar / A voz que em mim, me causa espanto / E canto assim para voltar / Ao canto mudo, ao triste pranto / Ai eu, ai eu / De tanto voltar / Já dei a volta e agora vou / Para lá dos ais a querer ficar / Um pouco mais aonde não estou / E neste passo posso afirmar / Longe de mim por fim eu sou / Óai, para teu bem / Começa onde eu terminei / Aqui onde, eu não sei / E aqui onde, eu nem sei / Volta sempre / Óai, para teu bem / Começa onde eu terminei / Aqui onde, eu não sei / E aqui onde, eu nem sei / Fica sempre

Ay, yo 

Ay, yo; ay, yo / De tanto llorar / Ya di la vuelta, y ahora río / Río del río, río del mar / Y hasta me río de esta risa mía / Y así al reírme intento volver / Al llanto triste, al día frío / Ay, yo; ay, yo / De tanto esperar / Ya di la vuelta y ahora quiero / Yo quiero mucho y no me voy a quedar / A la espera de todo cuando nada pido / Sólo pido tener la manera de volver / Creer apenas lo que ya no espero / Para tu bien / Comienza donde yo terminé / Aquí donde, yo no sé / Y aquí donde, yo ni sé / Vuelve siempre / Ay, yo; ay, yo / De tanto callar, ya di la vuelta y ahora canto / Y canto tanto para espantar / La voz que en mí me causa espanto / Y canto así para volver / Al canto mudo, al triste llanto / Ay, yo; ay, yo / De tanto volver / Ya di la vuelta y ahora voy / Más allá de los ayes queriendo quedarme / Un poco más donde no estoy / Y en este paso puedo afirmar / Estoy por fin lejos de mí / Para tu bien / Comienza donde yo terminé / Aquí donde, yo no sé / Y aquí donde, yo ni sé / Quédate siempre

Eu entrego

Ao entregar me prendi / Na liberdade dos braços / Teus passos eu perdi / E tão perto quanto agora / Dói-me ver-te ir embora / O que outrora permiti / Disso já me arrependi / De deixar o tempo lasso / Já espaçado calculei / Quis saltar o inatingível / Assaltei o intransponível / Me prendi, e te soltei / Vai agora, minha flora / Quem te quer, ao longe também te adora / Não me chego, mas não nego / Que o que tenho de teu, não entrego / Que o que tenho de teu, eu entrego

Yo entrego

Al entregarme me prendí / En la libertad de tus brazos / Perdí tus pasos / Tan cerca como ahora / Me duele verte marchar / Lo que entonces permití / De eso ya me arrepentí / De dejar el tiempo descuidado / Ya espaciado lo calculé / Quise saltar lo intangible / Asalté lo invencible / Me agarré y te solté / Vete ahora, mi flor / Quien te quiere, de lejos también te adora / No me acerco, pero no niego / Que lo que tengo de lo tuyo, no lo entrego / Que lo que tengo de lo tuyo, yo lo entrego

Agora é que é

Faltam palavras / P'ra loucura do momento / Alguém mentiu no juramento / Alguém nos trouxe este pesar / Salvem as pratas / Pela porta do jumento / Já não temos muito tempo / E ainda havemos de dançar / Não houve balas / Nem vontade de atirá-las / Não faltam bate-palas / A quem nos traz tanto penar / Houve promessas / E agora faltam peças / Levam louças e sanefas / Cuidado, querem voltar! / Agora é que é / Agora é que é! / Ou fazemos malas / Ou fazemos marcha à ré / Agora é que é / Agora é que é! / Ide lá buscá-las / E quem caiu ponha-se em pé! / Houve canasta / E uma gente muito casta / Um ar sisudo é quanto basta / P'ra cair nas graças da vizinha / Vinham de fato / Engomado na gravata / À mesa com quatro facas / E uns alarves na cozinha / E houve festa / De gente que se detesta / Eu não tenho um T na testa / Que bem os via na vidinha / Foi-se a saúde / Com os galãs de Hollywood / Maracas e alaúde / E agora toca a dançar! / Agora é que é / Agora é que é! / Ou fazemos malas / Ou fazemos marcha à ré / Agora é que é / Agora é que é! / Ide lá buscá-las / E quem caiu ponha-se em pé! / Já não me lembro / Se foi num dia de Setembro / Já nem sei se era membro / Ou se lá estava por azar! / Abram as comportas / Que frio vem dessa porta / Tanta gente a dar a volta / E o Baile vai começar! / Agora é que é / Agora é que é! / Ou fazemos malas / Ou fazemos marcha à ré / Agora é que é / Agora é que é! / Ide lá buscá-las / E quem caiu ponha-se em pé! / Veio a Justiça / Chegou à cavalariça / Ao cavalo ninguém atiça / Não vá o chão empinar / Fizeram frete / De apreender o canivete / Com o sabre ninguém se mete / Há tanta história p'ra contar / Chegou a fome / De tirar a quem não come / De vender até o nome / Por tuta e meia e um jantar / Virar faisões / Comprar porta-aviões / Vou ali contar tostões / Ai que vontade de mandar! / Agora é que é / Agora é que é! / Ou fazemos malas / Ou fazemos marcha à ré / Agora é que é / Agora é que é! / Ide lá buscá-las / E quem caiu ponha-se em pé!

Ahora es el momento

Faltan palabras / Para la locura del momento / Alguien mintió en el juramento / Alguien nos trajo este pesar / Salven la plata / Por la puerta de atrás / Ya no tenemos mucho tiempo / Y aún tenemos que bailar / No tenía balas / Ni ganas de disparar / No faltarán bofetadas / Para quien nos trajo tanto penar / Hubo promesas / Y ahora faltan piezas / Llevan la loza y las cenefas / Cuidado, ¡quieren volver! / Ahora es el momento / Ahora es el momento / O hacemos las maletas / O lo dejamos para después / Ahora es el momento / Ahora es el momento / Id a buscarlas / Y quien se haya caído que se ponga en pie / Hubo juego de canasta / Y una gente muy casta / Con aire sesudo basta / para caer en gracia a las vecinas / Vengan de traje / La corbata planchada / A la mesa con cuatro cuchillos / Y un glotón en la cocina / Y hubo fiesta / De gente que se detesta / No tengo una T en la frente / Qué bien os venía la vidita / Se fue la saudade / Con los galanes de Hollywood / Maracas y laúd / ¡Y ahora toca bailar! / Ahora es el momento / Ahora es el momento / O hacemos las maletas / O lo dejamos para después / Ahora es el momento / Ahora es el momento / Id a buscarlas / Y quien se haya caído que se ponga en pie / ya no recuerdo si fue un día de septiembre / Ya no sé si formaba parte / O estaba allí por azar / Abran las compuertas / Que el frío viene de esa puerta / Tanta gente dando vueltas / El baile va a comenzar / Ahora es el momento / Ahora es el momento / O hacemos las maletas / O lo dejamos para después / Ahora es el momento / Ahora es el momento / Id a buscarlas / Y quien se haya caído que se ponga en pie / Vino la Justicia / Llegó la caballería / Nadie atiza al caballo / El suelo no se va a empinar / Hicieron la faena / De coger la navaja / Con el sable nadie se mete / Hay tanta historia por contar / Llegó el hambre / Y a tirar a quien no come / Y de vender hasta el nombre / Por poca cosa se da una cena / Girar faisanes / Comprar porta-aviones / Voy allí a contar billetes / ¡Ay, qué ganas de mandar! / Ahora es el momento / Ahora es el momento / O hacemos las maletas / O lo dejamos para después / Ahora es el momento / Ahora es el momento / Id a buscarlas / Y quien se haya caído que se ponga en pie 

Cantiga de abrigo

Vou esperar contigo / E, se quiser tardar, o tempo foi meu amigo / Prendo os ponteiros / Que o teu instante é meigo / Vou mudar contigo / E se puder escapar, teu corpo é meu abrigo / Prendo-me ao peito / E em ti me desarraigo / Repreendo a própria vida / Cada dia em que, iludida / Me extingui a sós comigo / Sem guarida / Mas sigo / Que em teu refúgio há fogo / Se me chamares, meu nome seja aconchego / Prendo-te aos braços e o nó que dou é cego

Cantiga de abrigo

Voy a esperar contigo / Y, si quisiera tardar, el tiempo fue mi amigo / Atrapo las agujas del reloj / Que tu instante es suave / Voy a escapar contigo / Y si pudiese escapar, tu cuerpo es mi abrigo / Me agarro al pecho / En ti me desarraigo / reprendo a la propia vida / Cada día en que, ilusionada / Me extinguí a solas contigo / Sin guarida / Pero sigo / Que en tu refugio hay fuego / Se me llamaras, que sea mi nombre amparo / Me agarro a tus brazos y el nudo que hago es ciego

O meu amor foi para o Brasil 

O meu amor foi para o Brasil nesse vapor / Gravou a fumo o seu adeus no azul do céu / Quando chegou ao Rio de Janeiro / Nem uma linha escreveu / Já passou um ano inteiro / Deixou promessa de carta de chamada / Nesta barriga deixou uma semente / A flor nasceu e ficou espigada / Quer saber do pai ausente / E eu não lhe sei dizer nada / Anda perdido no meio das caboclas / Mulheres que não sabem o que é pecado / Os santos delas são mais fortes do que os meus / Que fazem orelhas moucas / No peditório dos céus / Já deve estar por lá amarrado / Num rosário de búzios / Que o deixou enfeitiçado / O meu amor foi seringueiro no Pará / Foi recoveiro nos sertões do Piauí / Foi funileiro em terras do Maranhão / Alguém me disse que o viu / Num domingo a fazer pão / O meu amor já tem jeitinho brasileiro / Meteu açúcar com canela nas vogais / Já dança o fórró e arrisca no pandeiro / Quem sabe um dia vai / Arriscar outros carnavais / Anda perdido no meio das mulatas / Já deve estar noutros braços derretido / Já sei que os santos delas são milagreiros / Dançam com alegria / No batuque dos terreiros / Mas tenho esperança / Que um dia a saudade / Bata e ele volte para os meus braços caseiros / Está em São Paulo e trabalha em telecom / Já deve ter Doutor escrito num cartão / À noite samba no Ó-de-Boro-gódó / Esqueceu o solidó / E já não chora a ouvir fado / Não sei que diga ele era tão desengonçado / Se o vir já não o quero / Deve estar um enjoado

Mi amor se fue a Brasil 

Mi amor se fue a Brasil en ese vapor / Gravó con humo su adiós en el azul del cielo / Cuando llegó a Rio de Janeiro / Ni una línea escribió / ya ha pasado un año entero / Dejó promesa de carta o de llamada / En esta barriga dejó una simiente / La flor nació y creció / Quiere saber del padre ausente / Y yo no sé decirle nada / Está perdido en medio de las mestizas / Mujeres que no saben lo que es el pecado / Sus santos son más fuertes que los mío / Que hacen oídos sordos / A mis peticiones al cielo / Ya debe estar amarrado por allá / En un rosario de caracolas / Que lo dejó hechizado / Mi amor trabajó de gomero en Pará / Fue carretero en los campos de Piauí / Fue hojalatero en tierras de Maranhao / Alguien me dijo que lo vio / Un domingo haciendo pan / Mi amor ya tiene acento brasileño / Le puso azúcar y canela a las vocales / Ya baila el fórró y se atreve con el pandero / Quien sabe si un día se va / A atrever con otros carnavales / Esta perdido entre las mulatas / Ya debe estar en otros brazos derretido / ya sé que los santos de ellas son milagreros / Bailan con alegría / Al toque de los terreros / No tengo esperanza / De que un día la saudade / Le golpee y él vuelva a mis brazos hogareños / Está en São Paulo y trabaja en Telecom / Ya le deben haber escrito Doctor en una tarjeta / Por la noche samba en el Ó-de-Boro-gódó / Se olvidó de la soledad / Y ya no llora al oír dados / No sé si decir que él era tan despegado / Si ahora lo viera ya no le querría / Debe ser un engreído

Ninharia

Foi nessa noite maldita / Que abri a porta à desdita / De que só eu sou culpada / Precipitada, incontida / Expulsei-te da minha vida / Por uma coisa de nada / Quando ela vinha a passar / Cismei ver no teu olhar / Um brilho que me ofendia / E logo rompi os laços / Atirei-te p'rós seus braços / Só por essa ninharia / O que fiz não tem remédio / Tudo é solidão e tédio / Não mereço ser feliz / Porque não fui eu capaz / De logo voltar atrás / E desfazer o que fiz? / Agora, quando te vejo / Suspiro pelo teu beijo / Mas nem pergunto aonde vais / Chamo baixinho o teu nome / Na culpa que me consome / Mas sei que é tarde demais

Niñería

Fue en esa noche maldita / Que abrí la puerta a la desdicha / de la que sólo yo soy culpable / Precipitada, sin contención / Te expulsé de mi vida / Por una cosa de nada / Cuando ella estaba pasando / Me empeñé en ver en tu mirada / Un brillo que me ofendía / Y después rompí los lazos / Te arrojé a sus brazos / Sólo por esa niñería / Lo que hice no tiene remedio / Todo es soledad y tedio / No merezco ser feliz / ¿Por qué yo no fui capaz / De volver después atrás / Y deshacer lo que hice? / Ahora, cuando te veo / Suspiro por tu beso / Pero ni pregunto dónde vas / Digo bajito tu nombre / En la culpa que me consume / Pero sé que es demasiado tarde

Tens os olhos de Deus 

Tens os olhos de Deus / E os teus lábios nos meus / São duas pétalas vivas / E os abraços que dás / São rasgos de luz e de paz / Num céu de asas feridas / E eu preciso de mais / Preciso de mais / Dos teus olhos de Deus / Num perpétuo adeus / Azuis de sol e de lágrimas / Dizes: 'Fica comigo / És o meu porto de abrigo / E a despedida uma lâmina!' / Já não preciso de mais / Não preciso de mais / Embarca em mim / Que o tempo é curto / Lá vem a noite / Faz-te mais perto / Amarra assim / O vento ao corpo / Embarca em mim / Que o tempo é curto / Embarca em mim / Tens os olhos de Deus / E cada qual com os seus / Vê a lonjura que quer / E quando me tocas por dentro / De ti recolho o alento / Que cada beijo trouxer / E eu preciso de mais / Preciso de mais / Nos teus olhos de Deus / Habitam astros e céus / Foguetes rosa e carmim / Rodas na festa da aldeia / Palpitam sinos na veia / Cantam ao longe que 'sim!' / Não preciso de mais / Não preciso de mais / Embarca em mim / Que o tempo é curto / Lá vem a noite / Faz-te mais perto / Amarra assim / O vento ao corpo / Embarca em mim / Que o tempo é curto / Embarca em mim

Tienes los ojos de Dios 

Tienes los ojos de Dios / Y tus labios en los míos / Son dos pétalos vivos / Y los abrazos que das / Son rasgos de luz y de paz / En un cielo de alas heridas / Y yo necesito más / Necesito más / De tus ojos de Dios / En un perpetuo adiós / Azules de sol y de lágrimas / Dices: ¡Quédate conmigo! / ¡Eres mi puerto de abrigo / Y la despedida es un filo de cuchillo! / Ya no necesito más / No necesito más / Embarca en mí / Que el tiempo es corto / Viene la noche / Sé más cercano / Amarra así / El viento al cuerpo / Embarca en mí / Que el tiempo es corto / Embarca en mí / Tienes los ojos de Dios / Y cada cual con los suyos / ve la lejanía que quiere / Y cuando me tocas por dentro / De ti recojo el aliento / Que cada beso trae / Y yo necesito más / Necesito más / En tus ojos de Dios / Habitan astros y cielos / Fuegos artificiales rosa y carmín / bailes en la fiesta de la aldea / Palpitan campanas en la vena / Cantan a lo lejos que "sí" / No necesito más / No necesito más / Embarca en mí / Que el tiempo es corto / Viene la noche / Sé más cercano / Amarra así / El viento al cuerpo / Embarca en mí / Que el tiempo es corto / Embarca en mí

Não quero nem saber

Dizem que o amor se revela / Já no fim / E até queimar essa vela / Estou aqui pra ti / Não levo nenhum livro / Nem os retratos que tiramos / Não quero esse cheiro / Nem um centavo teu / Agora eu só quero / A tua melhor mentira / Aquela capaz de levar / Nações à guerra / Há muito que esse amor / Saiu para o mar / Cigarro aceso na vela / E nunca mais voltou / Então se não levo nada / Não quero nem saber / Se tu foste feliz / Ou se te fiz sofrer / Agora eu só quero / A tua melhor mentira / Aquela capaz de levar / Nações à guerra

No quiero ni saber 

Dicen que el amor se revela / ya en el fin / Y hasta quemar esa vela / Estoy aquí para ti / No llevo ningún libro / Ni los retratos que nos hicimos / No quiero ese olor / Ni un céntimo tuyo / Ahora yo sólo quiero / Tu mejor mentira / Aquella capaz de llevar / Naciones a la guerra / Hace mucho que ese amor / Salió para el mar / Cigarro encendido en la vela / Y nunca más volvió / Entonces, si no llevo nada / No quiero ni saber / Si tú fuiste feliz / O si te hice sufrir / Ahora sólo quiero / Tu mejor mentira / Aquella capaz de llevar / Naciones a la guerra

Moura 

Sou moura, o sol me doura a pele / Ao céu do deserto eu chamo meu / No ar aberto ardo: chama e mel / Onde se solta o vento, eu solto o véu / Só desejo o que passa, o breve instante / Asas, navios, a água dos rios / Sou viajante, caminho sempre adiante / Dos frios invernos e dos secos estios / Sou moura, conheço os génios do vento / Sei desatar os nós dum mau enredo / Por vezes choro, porém logo invento / Um riso novo para afastar o medo / Só desejo o que não pode ser / Miragens e mitos, e se canto e grito / É pra impedir o céu de escurecer / Como largar fogo ao infinito

Mora 

Soy mora, el sol me dora la piel / Al cielo del desierto yo lo llamo mío / En el aire abierto ardo: llama y miel / Donde se suelta el viento, yo suelto el velo / Sólo deseo lo que pasa, el breve instante / Alas, navío, al agua de los ríos / Soy viajante, camino siempre adelante / de los fríos inviernos y de los secos estíos / Soy mora, conozco los geniso del viento / Sé desatar los nudos de un mal enredo / A veces lloro, pero luego invento / Una risa nueva para alejar el miedo / Sólo deseo lo que no puede ser / Espejismos y mitos, y si canto y grito / Es para impedir que el cielo oscurezca / Como dejando fuego al infinito

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