António Zambujo - Até pensei que fosse minha
Futuros Amantes
Futuros Amantes
No te agobies / Que nada es para ya / El amor no tiene prisa / Él puede esperar en silencio / En el fondo de un armario / En el buzón de correos / Milenios, milenios / En el aire / Y quién sabe, entonces / Río será / Una ciudad sumergida / Los buceadores vendrán / A explorar tu casa / Tu cuarto, tus cosas / Tu alma, desvanes / Sabios en vano / Intentarán descifrar / El eco de antiguas palabras / Fragmentos de cartas, poemas / Mentiras, retratos / Restos de una extraña civilización / No te agobies / Que nada es para ya / Los amores siempre serán amables / Futuros amantes, quizás / Se amarán sin saberlo / Con el amor que un día / Dejé para ti
Injuriado
Se eu só lhe fizesse o bem / Talvez fosse um vício a mais / Você me teria desprezo por fim / Porém não fui tão imprudente / E agora não há francamente / Motivo pra você me injuriar assim / Dinheiro não lhe emprestei / Favores nunca lhe fiz / Não alimentei o seu gênio ruim / Você nada está me devendo / Por isso, meu bem, não entendo / Porque anda agora falando de mim
Injuriado
Si yo sólo te hiciese el bien / Quizás fuese un vicio añadido / Tú me despreciarías por fin / Pero no fui tan imprudente / Y ahora no hay, francamente / Un motivo para que me injuries así / No te presté dinero / Favores nunca te hice / No alimenté tu genio ruin / Tú nada me debes / Por eso, mi bien, no entiendo / Porque andas ahora hablando de mí
Cecília
Quantos artistas / Entoam baladas / Para suas amadas / Com grandes orquestras / Como os invejo / Como os admiro / Eu, que te vejo / E nem quase respiro / Quantos poetas / Românticos, prosas / Exaltam suas musas / Com todas as letras / Eu te murmuro / Eu te suspiro / Eu, que soletro / Teu nome no escuro / Me escutas, Cecília? / Mas eu te chamava em silêncio / Na tua presença / Palavras são brutas / Pode ser que, entreabertos / Meus lábios de leve / Tremessem por ti / Mas nem as sutis melodias / Merecem, Cecília, teu nome / Espalhar por aí / Como tantos poetas / Tantos cantores / Tantas Cecílias / Com mil refletores / Eu, que não digo / Mas ardo de desejo / Te olho / Te guardo / Te sigo / Te vejo dormir
Cecília
Cuántos artistas / Entonan baladas / Para sus amadas / Con grandes orquestas / Cómo los envidio / Cómo los admiro / Yo, que te veo / Y casi ni respiro / Cuántos poetas / Románticos, prosas / Exaltan sus musas / Con todas las letras / Yo te murmuro / Yo te suspiro / Yo, que silabeo / Tu nombre en la oscuridad / ¿Me escuchas, Cecília? / Pero yo te llamaba en silencio / En tu presencia / Las palabras son toscas / Puede ser que, entreabiertos / Mis labios levemente / Temblasen por ti / Pero ni las sutiles melodías / Merecen, Cecília, tu nombre / Esparcir por ahí / Como tantos poetas / Tantos cantores / Tantas Cecílias / Con mil reflejos / Yo, que no lo digo / Pero ardo en deseos / Te miro / Te guardo / Te sigo / Te veo dormir
Geni E
O Zepelim
De tudo que é nego torto / Do mangue e do cais do porto / Ela já foi namorada / O seu corpo é dos errantes / Dos cegos, dos retirantes / É de quem não tem mais nada / Dá-se assim desde menina / Na garagem, na cantina / Atrás do tanque, no mato / É a rainha dos detentos / Das loucas, dos lazarentos / Dos moleques do internato / E também vai amiúde / Com os velhinhos sem saúde / E as viúvas sem porvir / Ela é um poço de bondade / E é por isso que a cidade / Vive sempre a repetir / Joga pedra na Geni! / Joga pedra na Geni! / Ela é feita pra apanhar! / Ela é boa de cuspir! / Ela dá pra qualquer um! / Maldita Geni! / Um dia surgiu, brilhante / Entre as nuvens, flutuante / Um enorme zepelim / Pairou sobre os edifícios / Abriu dois mil orifícios / Com dois mil canhões assim / A cidade apavorada / Se quedou paralisada / Pronta pra virar geleia / Mas do zepelim gigante / Desceu o seu comandante / Dizendo: "Mudei de ideia!" / Quando vi nesta cidade / Tanto horror e iniquidade / Resolvi tudo explodir / Mas posso evitar o drama / Se aquela formosa dama / Esta noite me servir / Essa dama era Geni! / Mas não pode ser Geni! / Ela é feita pra apanhar / Ela é boa de cuspir / Ela dá pra qualquer um / Maldita Geni! / Mas de fato, logo ela / Tão coitada e tão singela / Cativara o forasteiro / O guerreiro tão vistoso / Tão temido e poderoso / Era dela, prisioneiro / Acontece que a donzela / (E isso era segredo dela) / Também tinha seus caprichos / E ao deitar com homem tão nobre / Tão cheirando a brilho e a cobre / Preferia amar com os bichos / Ao ouvir tal heresia / A cidade em romaria / Foi beijar a sua mão / O prefeito de joelhos / O bispo de olhos vermelhos / E o banqueiro com um milhão / Vai com ele, vai, Geni! / Vai com ele, vai, Geni! / Você pode nos salvar / Você vai nos redimir / Você dá pra qualquer um / Bendita Geni! / Foram tantos os pedidos / Tão sinceros, tão sentidos / Que ela dominou seu asco / Nessa noite lancinante / Entregou-se a tal amante / Como quem dá-se ao carrasco / Ele fez tanta sujeira / Lambuzou-se a noite inteira / Até ficar saciado / E nem bem amanhecia / Partiu numa nuvem fria / Com seu zepelim prateado / Num suspiro aliviado / Ela se virou de lado / E tentou até sorrir / Mas logo raiou o dia / E a cidade em cantoria / Não deixou ela dormir / Joga pedra na Geni! / Joga bosta na Geni! / Ela é feita pra apanhar! / Ela é boa de cuspir! / Ela dá pra qualquer um! / Maldita Geni! / Joga pedra na Geni! / Joga bosta na Geni! / Ela é feita pra apanhar! / Ela é boa de cuspir! / Ela dá pra qualquer um! / Maldita Geni!
Geni y el zepelín
De los rengos y los tuertos / Del bajo fondo del puerto / Ella anduvo enamorada / Su cuerpo es de los errantes / De los ciego y emigrantes / De los que no tienen nada / Se entrega así desde niña / En el garaje, en la cantina / Tras la pileta, en el monte / Es la reina de los prisioneros / De las locas, los pordioseros / Los mestizos del internado / Y también va con frecuencia / Con viejitos sin salud / Y viudas sin porvenir / Es un pozo de bondad / Por eso es que la ciudad / Vive repitiendo siempre / Tírenle piedras a Geni / Tírenle piedras a Geni / Hecha está para aguantar / Hecha está para escupir / Se entrega a cualquiera / Maldita Geni / Un día surgió brillante / Entre las nubes, fluctuante / Un enorme zepelín / Se paró sobre los edificios / Abrió dos mil orificios / Con dos mil cañones así / La ciudad aterrada / Se quedó paralizada / Casi se volvió jalea / Mas del zepelín gigante / Descendió su comandante / Diciendo: cambié de idea / Cuando vi en esta ciudad / Tanto horror e iniquidad / Resolví hacerla explotar / Mas puedo evitar el drama / Si aquella hermosa dama / Esta noche se entrega a mí / Esa dama era Geni / Mas no puede ser Geni / Hecha está para aguantar / Hecha está para escupir / Se entrega no importa a quién / Maldita Geni / Pero de hecho, enseguida / De tan ingenua y sincera / Cautivó al forastero / El guerrero tan vistoso / Tan temido y poderoso / Era de ella prisionero / Ocurre que la doncella / (Y eso era secreto de ella) / Tenía también sus caprichos / Y al acostarse con hombre tan noble / Tan oliendo a brillo y cobre / Prefería amar los bichos / Al oír tal herejía / La ciudad en romería / Su mano vino a besar / El prefecto de rodillas / El obispo con ojos rojos / El banquero con un millón / Anda con él, ve Geni / Anda con él, ve Geni / Tú puedes salvarnos / Tú nos vas a redimir / Tú te entregas a cualquiera / Bendita Geni / Fueron tantos los pedidos / Tan sinceros, tan sentidos / Que ella dominó su asco / Esa noche lancinante / Se entregó a tal amante / Como quién se da al verdugo / Tanta suciedad él hizo / Relamiéndose toda la noche / Hasta quedarse saciado / Y no bien amanecía / Partió en una nube fría / Con su zepelín plateado / En un suspiro aliviado / Ella se acostó de lado / Y trató hasta de sonreír / Mas luego al rayar el día / La ciudad en gritería / Ya no la dejó dormir / Tírenle piedras a Geni / Tírenle piedras a Geni / Hecha está para aguantar / Hecha está para escupir / Se entrega no importa a quién / ¡Maldita Geni!
Sem Fantasia
Sin fantasía
Ven, mi niño de la calle / Ven sin mentirte / Ven, pero ven sin fantasía / Que de la noche al día / No vas a crecer / Ven, por favor no evites / Amor mío mis invitaciones / Mi dolor, mis llamadas/ Te voy a envolver en cabellos / Ven a perderte en mis brazos / Por el amor de Dios / Ven que yo te quiero débil / Ven que yo te quiero bobo / Ven que yo te quiero todo mío / Ay, yo te quiero decir / Que el instante de verte / Me costó sufrir mucho / No me voy a arrepentir / Sólo vine a convencerte / Que vine para no morir / De tanto esperarte / Yo quiero contarte / De las lluvias que aguanté / De las noches que vagué / Buscándote en la oscuridad / Yo te quiero mostrar / Las señales que gané / En las luchas contra el rey / En las discusiones con Dios / Y ahora que he llegado / Yo quiero la recompensa / Yo quiero la prenda inmensa / De tus cariños
Folhetim
Se acaso me quiseres / Sou dessas mulheres / Que só dizem sim / Por uma coisa à toa / Uma noitada boa / Um cinema, um botequim / E, se tiveres renda / Aceito uma prenda / Qualquer coisa assim / Como uma pedra falsa / Um sonho de valsa / Ou um corte de cetim / E eu te farei as vontades / Direi meias verdades / Sempre à meia luz / E te farei, vaidoso, supor / Que és o maior e que me possuis / Mas na manhã seguinte / Não conta até vinte / Te afasta de mim / Pois já não vales nada / És página virada / Descartada do meu folhetim
Folletín
Si acaso me quisieras / Soy de esas mujeres / Que sólo dicen sí / Por una aventura a tope / Una buena noche / Un cine, un café / Y, si tuvieras rentas / Acepto un regalo / O algo así / Como una piedra falsa / Un sueño de vals / O un corte de satén / Y yo cumpliré tus deseos / Diré medias verdades / Siempre a media luz / Y te haré, vanidoso, suponer / Que eres el más grande y me posees / Pero a la mañana siguiente / Antes de contar hasta veinte / Te alejas de mí / Pues ya no vales nada / Eres página torcida / Descartada de mi folletín
Cálice
Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice / De vinho tinto de sangue / Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice / De vinho tinto de sangue / Como beber dessa bebida amarga / Tragar a dor, engolir a labuta / Mesmo calada a boca, resta o peito / Silêncio na cidade não se escuta / De que me vale ser filho da santa / Melhor seria ser filho da outra / Outra realidade menos morta / Tanta mentira, tanta força bruta / Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice / De vinho tinto de sangue / Como é difícil acordar calado / Se na calada da noite eu me dano / Quero lançar um grito desumano / Que é uma maneira de ser escutado / Esse silêncio todo me atordoa / Atordoado eu permaneço atento / Na arquibancada pra a qualquer momento / Ver emergir o monstro da lagoa / Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice / De vinho tinto de sangue / De muito gorda a porca já não anda / De muito usada a faca já não corta / Como é difícil, pai, abrir a porta / Essa palavra presa na garganta / Esse pileque homérico no mundo / De que adianta ter boa vontade / Mesmo calado o peito, resta a cuca / Dos bêbados do centro da cidade / Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice / Pai, afasta de mim esse cálice / De vinho tinto de sangue / Talvez o mundo não seja pequeno / Nem seja a vida um fato consumado / Quero inventar o meu próprio pecado / Quero morrer do meu próprio veneno / Quero perder de vez tua cabeça / Minha cabeça perder teu juízo / Quero cheirar fumaça de óleo diesel / Me embriagar até que alguém me esqueça
Cáliz
Padre, aleja de mí ese cáliz / Padre, aleja de mí ese cáliz / Padre, aleja de mí ese cáliz / De vino tinto de sangre / Padre, aleja de mí ese cáliz / Padre, aleja de mí ese cáliz / Padre, aleja de mí ese cáliz / De vino tinto de sangre / Como beber de esa bebida amarga / Tragar el dolor, engullir lo más arduo / Aunque esté callada la boca, queda el pecho / No se escucha silencio en la ciudad / De qué me vale ser hijo de santa / Sería mejor ser hijo de otra / Otra realidad menos muerta / Tanta mentira, tanta fuerza bruta / Padre, aleja de mí ese cáliz / Padre, aleja de mí ese cáliz / Padre, aleja de mí ese cáliz / De vino tinto de sangre / Qué difícil es despertarse callado / Si en la callada de la noche yo me daño / Quiero lanzar un grito inhumano / Que es la manera de ser escuchado / Ese silencio todo me turba / Turbado permanezco atento / En las gradas para en cualquier momento / Ver surgir el monstruo del lago / Padre, aleja de mí ese cáliz / Padre, aleja de mí ese cáliz / Padre, aleja de mí ese cáliz / De vino tinto de sangre / De tan gorda la puerca ya ni anda / De tan usada la navaja ya ni corta / Qué difícil es, padre, abrir la puerta / Esa palabra presa en la garganta / Esa embriaguez homérica en el mundo / De quien anticipa tener buena voluntad / Incluso callado el pecho, queda la cabeza / De los borrachos del centro de la ciudad / Padre, aleja de mí ese cáliz / Padre, aleja de mí ese cáliz / Padre, aleja de mí ese cáliz / De vino tinto de sangre / Tal vez el mundo no sea pequeño / Ni sea la vida un acto consumado / Quiero inventar mi propio pecado / Quiero morir de mi propio veneno / Quiero perder de una vez tu cabeza / Mi cabeza perder tu juicio / Quiero fumar humareda de diesel / Emborracharme hasta que alguien me olvide
Joana Francesa
Tu ris, tu mens trop / Tu pleures, tu meurs trop / Tu as le tropique / Dans le sang et sur la peau / Geme de loucura e de torpor / Já é madrugada / Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda / Mata-me de rir / Fala-me de amor / Songes et mensonges / Sei de longe e sei de cor / Geme de prazer e de pavor / Já é madrugada / Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda / Vem molhar meu colo / Vou te consolar / Vem, mulato mole / Dançar dans mes bras / Vem, moleque me dizer / Onde é que está / Ton soleil, ta braise / Quem me enfeitiçou / O mar, marée, bateau / Tu as le parfum / De la cachaça e de suor / Geme de preguiça e de calor / Já é madrugada / Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda, acorda / Ton soleil, ta braise / Quem me enfeitiçou / O mar, marée, bateau / Tu as le parfum / De la cachaça e de suor / Geme de preguiça e de calor / Já é madrugada / Acorda, acorda, acorda, acorda, acord' accord / D'accord, d'accord, d'accord, d'accord, d'accord, d'accord, d'accord / Acorda, acorda, acorda, acorda, acord' accord
Joana Francesa
Tu ris, tu mens trop / Tu pleures, tu meurs trop / Tu as le tropique / Dans le sang et sur la peau / Je me dit loucura e de torpor / Ya es de madrugada / Accord d'accord d'accord d'accord / Mátame de risa / Háblame de amor / Songes et mensonges / Me sé de lejos y de memoria / Je me dit prazer e de pavor / Ya es de madrugada / Accord d'accord d'accord d'accord / Ven a mojar mi cuello / Te voy a consolar / Ven, tierno mulato / Dançar dans mes bras / Ven, negrito a decirme / Dónde está / Ton soleil, ta braise / Quién me hechizó / O mar, marée, bateau / Tu as le parfum / De la cachaza y el sudor / J'aime du preguiça e de calor / Ya es de madrugada / D'accord d'accord d'accord d'accord / Ton soleil, ta braise / Quién me hechizó / O mar, marée, bateau / Tu as le parfum / De la cachaza y el sudor / J'aime du preguiça e de calor / Ya es de madrugada / D'accord d'accord d'accord d'accord
Até pensei
Junto à minha rua havia um bosque / Que um muro alto proibia / Lá todo balão caia, toda maçã nascia / E o dono do bosque nem via / Do lado de lá tanta aventura / E eu a espreitar na noite escura / A dedilhar essa modinha / A felicidade morava tão vizinha / Que, de tolo, até pensei que fosse minha / Junto a mim morava a minha amada / Com olhos claros como o dia / Lá o meu olhar vivia / De sonho e fantasia / E a dona dos olhos nem via / Do lado de lá tanta ventura / E eu a esperar pela ternura / Que a enganar nunca me vinha / Eu andava pobre, tão pobre de carinho / Que, de tolo, até pensei que fosses minha / Toda a dor da vida me ensinou essa modinha
Hasta pensé
Junto a mi calle había un bosque / Que un muro alto prohibía / Allí todos los balones caían y todas las manzanas nacían / Y el deño del bosque ni veía / Del lado de allá tanta aventura / Y yo atisbaba en la noche oscura / Tocando esa balada / La felicidad vivía tan cercana / Que, por tonto, hasta pensé que era mía / Junto a mí vivía mi amada / Con los ojos claros como el día / Allí vivía mi mirada / De sueño y fantasía / Y la dueña de los ojos no veía / De al lado de allá tanta ventura / y yo esperando por la ternura / Que aun engañándome nunca me venía / Yo andaba pobre, tan pobre de cariño / Que, tan torpe, hasta creí que fuese mía / Todo el dolor de la vida me enseñó aquella balada
Januária
Toda gente homenageia / Januária na janela / Até o mar faz maré cheia / Pra chegar mais perto dela / O pessoal desce na areia / E batuca por aquela / Que malvada se penteia / E não escuta quem apela / Quem madruga sempre encontra / Januária na janela / Mesmo o sol quando desponta / Logo aponta os lados dela / Ela faz que não dá conta / De sua graça tão singela / O pessoal se desaponta / Vai pro mar, levanta vela
Januária
Toda la gente festeja / A Januária en la ventana / Hasta el mar sube marea / Para llegar más cerca de ella / La gente baja a la arena / Y toca el tambor por ella / Que malvada se peina / Y no escucha quien la llama / Quien madruga siempre encuentra / A Januária en la ventana / Incluso el sol cuando despunta / Apunta después a los lados de ella / Y hace que no se da cuenta / Su gracia tan única / La gente se desilusiona / Va hacia el mar, iza la vela
João E Maria
Agora eu era o herói / E o meu cavalo só falava inglês / A noiva do cowboy / Era você além das outras três / Eu enfrentava os batalhões / Os alemães e seus canhões / Guardava o meu bodoque / E ensaiava o rock para as matinês / Agora eu era o rei / Era o bedel e era também juiz / E pela minha lei / A gente era obrigado a ser feliz / E você era a princesa que eu fiz coroar / E era tão linda de se admirar / Que andava nua pelo meu país / Não, não fuja não / Finja que agora eu era o seu brinquedo / Eu era o seu pião / O seu bicho preferido / Vem, me dê a mão / A gente agora já não tinha medo / No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido / Agora era fatal / Que o faz-de-conta terminasse assim / Pra lá deste quintal / Era uma noite que não tem mais fim / Pois você sumiu no mundo sem me avisar / E agora eu era um louco a perguntar / O que é que a vida vai fazer de mim?
João y Maria
Ahora yo era el rey / Y mi caballo sólo hablaba inglés / La novia del cowboy / Eras tú además de las otras tres / Yo me enfrentaba a los batallones / A los alemanes y sus cañones / Guardaba mi bodoque / Y ensayaba rock para las matinés / Ahora yo era el rey / Era el bedel y era también juez / Y por mi ley / La gente estaba obligada a ser feliz / Y tú eras la princesa que yo hice coronar / Y eras tan bella admirándote / Que andabas desnuda por mi país / No, no huyas, no / Finge que ahora yo era tu juguete / Yo era tu peón / Tu bicho preferido / Ven, dame la mano / La gente ahora ya no tiene miedo / En el tiempo de la maldad creo que la gente ni había nacido / Ahora está mal / Que el fingimiento acabe así / Más allá de este jardín / Hay una noche que no tiene más fin / Pues te perdiste en el mundo sin avisarme / Y ahora yo era un loco preguntándome / Qué es lo que la vida va a hacer de mí
O Meu Amor
O meu amor tem um jeito manso que é só seu / E que me deixa louca quando me beija a boca / A minha pele toda fica arrepiada / E me beija com calma e fundo / Até minh'alma se sentir beijada / O meu amor tem um jeito manso que é só seu / Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos / Com tantos segredos lindos e indecentes / Depois brinca comigo, ri do meu umbigo / E me crava os dentes / Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz / Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz / O meu amor tem um jeito manso que é só seu / Que me deixa maluca, quando me roça a nuca / E quase me machuca com a barba mal feita / E de pousar as coxas entre as minhas coxas / Quando ele se deita / O meu amor tem um jeito manso que é só seu / De me fazer rodeios, de me beijar os seios / Me beijar o ventre e me deixar em brasa / Desfruta do meu corpo como se o meu corpo / Fosse a sua casa / Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz / Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz
Mi amor
Mi amor tiene un gesto manso que es sólo suyo / Y que me deja loca cuando me besa la boca / Toda mi piel queda erizada / Y me besa con calma y hondura / Hasta que mi alma se siente besada / Mi amor tiene un gesto manso que es sólo suyo / Que roba mis sentidos, viola mis oídos / Con tantos secretos lindos e indecentes / Después juega conmigo, se ríe de mi ombligo / Y me clava los dientes / Yo soy su niña ¿has visto? Y él es mi muchacho / Mi cuerpo es testigo del bien que me hace / Mi amor tiene un gesto manso que es sólo suyo / Que me deja loca, cuando me roza la nuca / Y casi me machaca con la barba mal afeitada / Y pone sus muslos entre mis muslos / Cuando él se acuesta / Mi amor tiene un gesto manso que es sólo suyo / De hacerme dar vueltas, de besarme los pechos / De besarme el vientre y convertirme en brasa / Disfruta de mi cuerpo como si mi cuerpo / Fuese su casa / Yo soy su niña ¿has visto? Y él es mi muchacho / Mi cuerpo es testimonio del bien que me hace
Morena Dos Olhos D'Água
Morena, dos olhos d'água / Tira os seus olhos do mar / Vem ver que a vida ainda vale / O sorriso que eu tenho / Pra lhe dar / Descansa um meu pobre peito / Que jamais enfrenta o mar / Mas que tem abraço estreito, morena / Com jeito de lhe agradar / Vem ouvir lindas histórias / Que por seu amor sonhei / Vem saber quantas vitórias, morena / Por mares que só eu sei / Morena, dos olhos d'água / Tira os seus olhos do mar / Vem ver que a vida ainda vale / O sorriso que eu tenho / Pra lhe dar / Seu homem foi-se embora / Prometendo voltar já / Mas as ondas não tem hora, morena / De partir ou de voltar / Passa a vela e vai-se embora / Passa o tempo e vai também / Mas meu canto 'inda lhe implora, morena / Agora, morena, vem / Morena, dos olhos d'água / Tira os seus olhos do mar / Vem ver que a vida ainda vale / O sorriso que eu tenho / Pra lhe dar
Morena de los ojos de agua
Morena de los ojos de agua / Retira tus ojos del mar / Ven a ver que la vida aún vale / La sonrisa que tengo / Para darte / Descansa en mi pobre pecho / Que jamás se enfrenta al mar / Pero que tiene abrazo estrecho, morena / Con forma de agradarte / Ven a oír lindas historias / Que por tu amor soñé / Ven a saber cuántas historias, morena / Por mares que sólo yo sé / Morena de los ojos de gua / Retira tus ojos del mar / Ven a ver que la vida aún vale / La sonrisa que tengo / Para darte / Tu hombre se ha ido lejos / Prometiendo volver ya / pero las olas no tienen hora, morena / De partir o de volver / Pasa la vela y se marcha / Pasa el tiempo y se va también / Pero mi canto aún te implora, morena / Ahora, morena, ven / Morena de los ojos de gua / Retira tus ojos del mar / Ven a ver que la vida aún vale / La sonrisa que tengo / Para darte
Nina
Nina diz que tem a pele cor de neve / E dois olhos negros como o breu / Nina diz que, embora nova / Por amores já chorou que nem viúva / Mas acabou, esqueceu / Nina adora viajar, mas não se atreve / Num país distante como o meu / Nina diz que fez meu mapa / E no céu o meu destino rapta / O seu / Nina diz que se quiser eu posso ver na tela / A cidade, o bairro, a chaminé da casa dela / Posso imaginar por dentro a casa / A roupa que ela usa, as mechas, a tiara / Posso até adivinhar a cara que ela faz / Quando me escreve / Nina anseia por me conhecer em breve / Me levar para a noite de Moscou / Sempre que esta valsa toca / Fecho os olhos, bebo alguma vodca / E vou...
Nina
Nina dice que tiene la piel color de nieve / Y dos ojos negros como la brea / Nina dice que, aunque es joven / Ya lloró por amores como una viuda / Pero se acabó, olvidó / Nina adora viajar, pero no se atreve / En un país distante como el mío / Nina dice que hizo mi mapa / Y en el cielo mi destino rapta / El suyo / Nina dice que si yo quisiera podría ver en la tela / La ciudad, el barrio, la chimenea de su casa / Puedo imaginar la casa por dentro / La ropa que ella usa, los mechones, la diadema / Puedo adivinar hasta la cara que pone / Cuando me escribe / Nina ansía conocerme en breve / Llevarme a la noche de Moscú / Siempre que toca este vals / Cierro los ojos, bebo algún vodka / Y voy...
Tanto Mar
Sei que está em festa, pá / Fico contente / E enquanto estou ausente / Guarda um cravo para mim / Eu queria estar na festa, pá / Com a tua gente / E colher pessoalmente / Uma flor no teu jardim / Sei que há léguas a nos separar / Tanto mar, tanto mar / Sei, também, que é preciso, pá / Navegar, navegar / Lá faz primavera, pá / Cá estou doente / Manda urgentemente / Algum cheirinho de alecrim
Tanto mar
Sé que estás en fiestas, niña / Y estoy contento / Y aunque esté ausente / Guarda un clavel para mí / Yo quería estar en la fiesta, niña / Con tu gente / Y coger personalmente / Una flor en tu jardín / Sé que hay leguas que nos separan / Tanto mar, tanto mar / Sé, también, que es necesario, niña / Navegar, navegar / Allí ya hay primavera, niña / Aquí estoy doliente / Manda urgentemente / Algún olorcito de romero
Valsinha
Um dia ele chegou tão diferente / Do seu jeito de sempre chegar / Olhou-a de um jeito muito mais quente / Do que sempre costumava olhar / E não maldisse a vida tanto / Quanto era seu jeito de sempre falar / E nem deixou-a só num canto / Pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar / E então ela se fez bonita / Como há muito tempo não queria ousar / Com seu vestido decotado / Cheirando a guardado de tanto esperar / Depois os dois deram-se os braços / Como há muito tempo não se usava dar / E cheios de ternura e graça / Foram para a praça e começaram a se abraçar / E ali dançaram tanta dança / Que a vizinhança toda despertou / E foi tanta felicidade / Que toda cidade se iluminou / E foram tantos beijos loucos / Tantos gritos roucos como não se ouvia mais / Que o mundo compreendeu / E o dia amanheceu em paz
Valsecito
Un día él llegó tan diferente / Del modo en que siempre llegaba / Y la miró de un modo más ardiente / Del que siempre acostumbraba a mirar / Y no maldijo a la vida tanto / Como era su manera de hablar / Y no la dejó sola en un canto / Parta su gran sorpresa, la invitó a ir a caminar / Entonces ella se puso bonita / Como hacía mucho tiempo no se atrevía / Con su vestido escotado / Que olía a guardado de tanto esperar / Después ellos se dieron el brazo / Como hacía tiempo no se usaba dar / Y llenos de ternura y gracia / Fueron a la plaza y comenzaron a abrazarse / Y allí bailaron tanta danza / Que el vecindario todo despertó / Y fue tanta la felicidad / Que toda la ciudad se iluminó / Y fueron tantos besos locos / Tantos gritos roncos de esos que no se oían ya / Que el mundo comprendió / Y el día amaneció en paz