António Zambujo - Guia (2010)


GUIA (2010)


Guia / Apelo / Nâo me dou longe de ti / A tua frieza gela / Readers digest / Zorro / A deusa da minha rua / Toada alentejana / Quase um fado / Barroco tropical / De mares e Marias / poemas dos olhos de amada / Fado da vida bela / Em quatro luas 

Guia

Atravessei o oceano / Sem o teu amor de guia / Só o tempo no meu bolso / E o vento que me seguia / Venci colinas de lágrimas / Desertos de água fria / Tempestades de lembranças / Mas tu já não me querias mais, mais / Tu já não me querias mais / Procurei a terra firme / Em cada onda que subia / O sol cegava meus olhos / Toda a noite eu te perdia / Lá dentro no pensamento / Virou tudo nostalgia / Água, sal e sofrimento / Porque tu não me querias mais / Tu não me querias mais / Já era Agosto, quando acordei na praia / E vi chegar a primavera, fiz nova cama de flores / Lembrei de todas as cores, cantei baixinho pra elas / Hoje falo em segredo, nessa paixão esquecida / Pra não acordar saudade, pra não despertar o medo, / Pois um amor de verdade, sonha pró resto da vida. / Mas tu já não me querias mais, / Tu já não me querias mais... / Tu já não me querías mais...

Guía

Atravesé el océano / Sin tu amor como guía / Sólo el tiempo en mi bolsillo / Y el viento que me seguía / Vencí colinas de lágrimas / Desiertos de agua fría /Tempestades de recuerdos / Pero tú ya no me querías más, más / Tú ya no me querías más / Busqué la tierra firme / En cada ola que subía / El sol cegaba mis ojos / Toda la noche yo te perdía / Allí dentro del pensamiento /Todo se volvió nostalgia / Agua, sal y sufrimiento / Porque tú no me querías más / Tú no me querías más / Ya era agosto, cuando desperté en la playa / Y vi llegar la primavera, hice nueva cama de flores / Me acordé de todos los colores, canté bajito para ellas / Hoy hablo en secreto, de esa pasión olvidada / Para no levantar saudades, para no despertar el miedo / Pues un amor de verdad, sueña el resto de la vida / Pero tú ya no me querías más / Tú ya no me querías más / Tú ya no me querías más...

Apelo

Ah, meu amor não vás embora / Vê a vida como chora / Como é triste esta canção / Não eu peço não te ausentes / Pois a dor que agora sentes / Só se esquece no perdão / Ah, minha amada perdoa / Pois embora ainda doa / A tristeza que eu causei / Eu peço não destruas / Tantas coisas que são tuas / Por um mal que já paguei / Minha amada, se soubesses / Da tristeza que há nas preces / Que a chorar te faço eu / Se soubesses no momento / Todo o arrependimento / Como tudo entristeceu / Se soubesses como é triste / Eu saber que tu partiste / Sem sequer dizer adeus / Meu amor, tu voltarias / E de novo cairias / A chorar nos braços meus

Apelo

Ay, mi amor no te vayas lejos / Mira la vida como llora / Cómo es de triste esta canción / No pido que no te ausentes / Pues el dolor que ahora sientes / Sólo se olvida en el perdón / Ay, amada mía, perdona / Pues aunque aún duela / La tristeza que causé / Yo te pido que no destruyas / Tantas cosas que son tuyas / Por un mal que ya pagué / Amada mía, si supieses / La tristeza que hay en las súplicas / Que yo te hago llorando / Si supieses en el momento / Todo el arrepentimiento / Y cómo todo entristeció / Si supieses cómo es triste / Que yo sepa que partiste / Sin siquiera decir adiós / Mi amor, tu volverías / Y de nuevo caerías / Llorando en mis brazos 

Não me dou longe de ti

Não me dou longe de ti / Nem em sonhos eu consigo / Ter alguém no meio de nós / Só Deus sabe o que pedi / Para tu ficares comigo / E ouvires a sua voz / Só eu sei o que sofri / Quando sonhava contigo / E abria os olhos a sós / Sabes da minha fraqueza / Onde a faca tem dois gumes / Onde me mato por ti / É da tua natureza / Cortar-me o peito em ciúmes / E eu finjo que não morri / Mas é da minha tristeza / Esconder no fado os queixumes / E a cantar entristeci / À noite voltas de chita / Com duas flores no regaço / E tudo o que a Deus pedi / És tão minha, tão bonita / És a primeira que abraço / Aquela em que me perdi / Nem a minha alma acredita / Que me perco no teu passo / Não me dou longe de ti / Assim te quero guardar / Como se mais nada houvesse / Nem futuro, nem passado / De tanto, tanto te amar / Pedi a Deus que trouxesse / O teu corpo no meu fado

No existo lejos de ti

No existo lejos de ti / Ni en sueños yo consigo / Tener a alguien en medio de nosotros / Sólo Dios sabe lo que pedí / Para que te quedases conmigo / Y escuchases su voz / Sólo yo sé lo que sufrí / Cuando soñaba contigo / Y abría los ojos a solas / Sabes de mi franqueza / Donde el cuchillo tiene dos filos / Donde me mato por ti / Está en tu naturaleza / Cortarme el pecho en celos / Y que yo finja que no morí / Pero es propio de mi tristeza / Esconder en el fado las quejas / Y al cantarlo entristecí / De noche vueltas de algodón / Con dos flores en el regazo / Es todo lo que a Dios pedí / Eres tan mía, tan bella / Eres la primera a la que abrazo / Aquella en que me perdí / Ni mi alma puede creer / Que me pierdo en tu paso / No existo lejos de ti / Así te quiero guardar / Como si no hubiese nada más / Ni futuro ni pasado / De tanto, tanto amarte / Le pedí a Dios que trajese / Tu cuerpo en mi fado

A tua frieza gela

Queria ser teu namorado/ Morar dentro dos teus olhos / Perder-me nos muitos folhos / Do teu vestido encarnado / Mas tu ficas à janela / Sem ver sequer quando eu passo / E a tua frieza gela / O calor do meu abraço / Queria pegar-te na mão / Deixar-me levar às cegas / Perder-me nas muitas pregas / Do teu vestido de Verão / Mas tu nem olhas para mim / Não sabes que te desejo / Deixas um gosto ruim / Na doçura do meu beijo

Tu frialdad hiela

Quería ser tu enamorado / Vivir dentro de tus ojos / Perderme entre los muchos volantes / De tu vestido encarnado / Pero tú te quedas a la ventana / Sin ver siquiera cuando paso / Y tu frialdad hiela / El calor de mi abrazo / Quería pegarme a tu mano / Dejarme llevar a ciegas / Perderme entre los muchos pliegues / De tu vestido de verano / Pero tú ni miras hacia mí / No sabes que te deseo / Dejas un gusto ruin / En la dulzura de ni beso 

Readers digest

Quero a vida pacata que acata o destino sem desatino / Sem birra nem mossa, que só coça quando lhe dá comichão / À frente uma estrada, não muito encurvada atrás a carroça / Grande e grossa que eu possa arrastar sem fazer pó no chão / E já agora a gravata, com o nó que me ata bem o pescoço / Para que o alvoroço, o tremoço e o almoço demorem a entrar / Quero ter um sofá e no peito um crachá quero ser funcionário / Com cargo honorário e carga de horário e um ponto a picar / Vou dizer que sim, ser assim assim, assinar a readers digest / Haja este sonho que desde rebento acalento em mim / Ter mulher fiel, filhos, fado, anel, e lua de mel em França / Abrandando a dança, descansado até ao fim / Quero ter um t1, ter um cão e um gato e um fato escuro / Barbear o rosto, pagar o imposto, disposto a tanto / Quem sabe amiúde brindar à saúde com um copo de vinho / Saudar o vizinho, acender uma vela ao santo / Quero vida pacata, pataca, gravata, sapato barato / Basta na boca uma sopa com pão, com cupão de desconto / Emprego, sossego, renego o chamego e faço de conta / Fato janota, quota na conta e a nota de conto / Vou dizer que sim ser assim assim assinar a readers digest / Haja este sonho que desde rebento acalento em mim / Ter mulher fiel, filhos, fado, anel, e lua de mel em França / Abrandando a dança, descansado até ao fim

Readers digest

Quiero la vida corriente que acata el destino sin desatino / Sin obstinación ni conmoción, que sólo rasque si le da picazón / Al frente una calle, no muy curvada tras la carreta / Y ya ahora con la corbata que me ata bien el pescuezo / Para que el alborozo, el altramuz y el almuerzo tarden en entrar / Quiero tener un sofá y en el pecho una medalla, quiero ser funcionario / Con cargo honorario y carga de horario y donde fichar / Voy a decir que sí, así, así y suscribirme al readers digest / Que se cumpla este sueño que desde niño lo maduro en mí / Tener mujer fiel, hijos, fado, anillo y luna de miel en Francia / Bajando el ritmo y descansando hasta el fin / Quiero tener un apartamento, tener un perro y un gato y un traje oscuro / Afeitarme la cara, pagar el impuesto, dispuesto a tanto / Frecuentar el brindis por la salud con un vaso de vino / Saludar al vecino, encenderle una vela al santo / Quiero vida corriente, pasta, corbata y zapatos baratos / Basta e la boca una sopa con pan, con cupón de descuento / Empleo, sosiego, reniego de la excitación y hago cuentas / Traje elegante , saldo en la cuenta y factura / Voy a decir que sí, así, así y suscribirme al readers digest / Que se cumpla este sueño que desde niño lo maduro en mí / Tener mujer fiel, hijos, fado, anillo y luna de miel en Francia / Bajando el ritmo y descansando hasta el fin

Zorro

Eu quero marcar um Z dentro do teu decote / Ser o teu Zorro de espada e capote / P'ra te salvar à beirinha do fim / Depois, num volte face vestir os calções / Acreditar de novo nos papões / E adormecer contigo ao pé de mim / Eu quero ser para ti o camisola dez / Ter o Benfica todo nos meus pés / Marcar um ponto na tua atenção / Se assim faltar a festa na tua bancada / Eu faço a minha ultima jogada / E marco um golo com a minha mão / Eu quero passar contigo de braço dado / E a rua toda de olho arregalado / A perguntar como é que conseguiu / Eu puxo da humildade da minha pessoa / Digo da forma que menos magoa / «Foi fácil. Ela é que pediu!»

Zorro

Yo quiero marcar una Z dentro de tu escote / Ser tu zorro de capa y espada / Para salvarte casi ya en el fin / Después, arrepentido ponerme el pantalón / Creer de nuevo en los ogros / Y dormirme contigo junto a mí / Yo quiero ser para ti el de la camiseta diez / Tener todo el Benfica en mis pies / Marcar un tanto en tu honor / Si aún así falta la fiesta en tu bancada / Yo hago mi última jugada / Y marco un gol con mi mano / Yo quiero pasear contigo agarrado del brazo / Y toda la calle envidiosa / Preguntándose cómo lo conseguí / Y reclamo a la humildad de mi persona / Digo de la forma que menos hiere / «Fue fácil. Ella es quien me lo pidió!»

A deusa da minha rua 

A deusa da minha rua / Tem os olhos onde a lua / Costuma se embriagar / Nos seus olhos eu suponho / Que o sol, num dourado sonho / Vai claridade buscar / Minha rua não tem graça / Mas quando por ela passa / Seu vulto que me seduz / A ruazinha modesta / É uma paisagem de festa / É uma cascata de luz / Na rua uma poça d´água / Espelho da minha mágoa / Transporta o céu para o chão / Tal qual o chão de minha vida / Minh´alma comovida / E o meu pobre coração / Espelho da minha mágoa / Meus olhos são poças d´água / Sonhando com seu olhar / Ela é tão rica e eu tão pobre/ Eu sou plebeu / E ela é nobre / Não vale a pena sonhar ...

La diosa de mi calle 

La diosa de mi calle / Tiene los ojos donde la luna / Acostumbra a emborracharse / En sus ojos yo supongo / Que el sol, en un dorado sueño / Va a buscar la claridad / Mi calle no tiene gracia / Pero cuando por ella pasa / Su imagen que me seduce / La callecita modesta / Es un paisaje de fiesta / Es una cascada de luz / En la calle un charco de agua / Espejo de mi amargura / Transporta el cielo al suelo / Tal como el suelo de mi vida / Mi alma conmovida / Y mi pobre corazón / Espejo de mi vida / Mis ojos son charcos de agua / Soñando con su mirar / Ella es tan rica y yo tan pobre / Yo soy plebeyo / Ella es noble / No merece la pena soñar...

Quase um fado

Trago no peito segredos, amores confessos, ocultos desejos / O tempo apressado, o beijo partido / Inteiro aos pedaços da vida, eu duvido / Trago no peito um segredo dos mares que desafio / Trago no peito meu mundo, fagulha, centelha, amor vagabundo / Que bate calado o seu bate-fundo / E sempre navega pró mesmo lugar / Trago no peito o segredo dos mares por navegar

Casi un fado

Traigo en el pecho secretos, amores confesados, ocultos deseos / El tiempo apresurado, el beso partido / Entero a pedazos de la vida, yo dudo / Traigo en el pecho un secreto de los mares que desafío / Traigo en el pecho mi mundo, chispa, centella, amor vagabundo / Que golpea callado su quilla / Y siempre navega hacia el mismo lugar / Traigo en el pecho el secreto de los mares por navegar

Barroco tropical

O amor é inútil: luz das estrelas / A ninguém aquece ou ilumina / E se nos chama, a chama delas / Logo no céu lasso declina / O amor é sem préstimo: clarão / Na tempestade, depressa se apaga / E é maior depois a escuridão / Noite sem fim, vaga após vaga / O amor a ninguém serve, e todavia / A ele regressamos, dia após dia / Cegos por seu fulgor, tontos de sede / Nos damos sem pudor em sua rede / O amor é uma estação perigosa / Rosa ocultando o espinho / Espinho disfarçado de rosa / A enganosa euforia do vinho

Barroco tropical 

El amor es inútil: luz de las estrellas / A nadie calienta o ilumina / Y si nos llama, su llama / Luego en el cielo cansado declina / El amor no es beneficio: es fulgor / En la tempestad, se apaga deprisa / Y es mayor después la oscuridad / Noche sin fin, ola tras ola / El amor no sirve a nadie, y todavía / A él regresamos, día tras día / Ciegos por su fulgor, tontos de sed / Nos entregamos sin pudor a su red / El amor es una estación peligrosa / Rosa ocultando el espino / Espino disfrazado de rosa / La engañosa euforia del vino

 De mares y Marías

Pode ser / Que a tarde pare pra ver mais uma vez / O sol perder-se no mar / Tu e eu / Pode ser / Que a noite queira dizer tanta coisa / Mais de uma vez / Eu sei, eu sei / Pode o amor passar / Ninguém saber

De mares y Marías 

Puede ser / Que la tarde se detenga para ver una vez más / El sol perderse en el mar / Tú y yo / Puede ser / Que la noche quiera decir tantas cosas / Más de una vez / Yo sé, yo sé / Puede el amor pasar / Sin nadie saberlo

Poema dos olhos da minha amada

Oh, minha amada / Que olhos os teus: / São cais nocturnos / Cheios de adeus / São docas mansas / Trilhando luzes / Que brilham longe / Longe nos breus / Oh, minha amada / Que olhos os teus! / Quanto mistério / Nos olhos teus; / Quantos saveiros / Quantos navios / Quantos naufrágios / Nos olhos teus / Oh, minha amada / Que olhos os teus! / Se Deus houvera / Fizera-os Deus / Pois, não os fizera / Quem não soubera / Que há muitas eras / Nos olhos teus / Ah, minha amada / De olhos ateus: / Cria a esperança / Nos olhos meus / De verem um dia / O olhar mendigo / Da poesia / Nos olhos teus

Poema de los ojos de mi amada

Oh, mi amada / ¡Qué ojos los tuyos! / Son puertos nocturnos / Llenos de adiós / Son astilleros mansos / trillando luces / Que brillan lejos / Lejos en la pez / Oh, mi amada / ¡Qué ojos los tuyos! / Cuánto misterio / En tus ojos / Cuántas canoas / Cuántos navíos / Cuántos naufragios / En tus ojos / Oh, mi amada / ¡Qué ojos los tuyos! / Si hubiera un Dios / Dios los hiciera / Pues no los hiciera / Quien no supiera / Que hay muchas eras / En tus ojos / Ay, amada mía / De ojos ateos / Crea la esperanza / En mis ojos / De ver un día La mirada mendiga / De la poesía / En tus ojos

Fado da vida bela

És musa de beleza sem limites / Permites que o poeta em mim não cesse / Consentes ao oculto aparecer / No tudo que ofereces quando existes / Beleza assim de musa tal qual trazes / Arrebata o tonto olhar de quem avista / E arrisca ter a vida / Por um fio / Mas perco-me num assobio / Porque a vida é bela / És musa de beleza sem limites / Permites que o poeta em mim não cesse / Consentes ao oculto aparecer / No tudo que ofereces quando insistes / Em me inspirar / Aquilo que o teu silêncio explica / O destino traz para mim em labaredas / Veredas / Onde somes da visão / Descompassam o coração / Mas a vida é bela

Fado de la vida bella

Eres musa de belleza sin límites / Permites que el poeta en mí no cese / Consientes el oculto aparecer / En todo lo que ofreces cuando existes / Belleza así, de musa tal cual, traes / Arrebata el tonto mirar de quien la mira / Y arriesga teniendo la vida / Pendiente de un hilo / Pero me pierdo en un suspiro / Porque la vida es bella / Eres musa de belleza sin límites / Permites que el poeta en mí no cese / Consientes el oculto aparecer / En todo lo que ofreces cuando insistes / En mi inspirar / Aquello que tu silencio explica / El destino trae para mí en llamaradas / Veredas / Donde desapareces de mi visión / Descompasan el corazón / Pero la vida es bella 

Em quatro luas

À janela corre o tempo / Na memória o esquecimento / E a vontade de ficar / Em teus braços distraídos / Entreabertos nos sentidos / Do teu corpo a meditar / O desejo que esqueci / Dorme agora ao pé de ti / No teu sonho a murmurar / Guardo a luz da tua pele / Duas rosas, vinho e mel / Quatro luas sobre o mar / Volto atrás nesta viagem / À procura da coragem / Que renasce de te ver / No regresso da saudade / Eu encontro a felicidade / Que por ti vou aprender

En cuatro lunas

A la ventana corre el tiempo / En la memoria el olvido / Y el deseo de quedarse / En tus brazos distraídos / Entreabiertos en los sentidos / De tu cuerpo meditando / El deseo que olvidé / Duerme ahora junto a ti / En tu sueño que murmura / Guardo la luz de tu piel / Dos rosas, vino y miel / Cuatro lunas sobre el mar / Vuelvo detrás en este viaje / Buscando el coraje / Que al verte renace / En el regreso de la saudade / Yo encuentro la felicidad / Que por ti voy a aprender

¡Crea tu página web gratis! Esta página web fue creada con Webnode. Crea tu propia web gratis hoy mismo! Comenzar