Camané - Na linha da vida (1998)


Na linha da vida, 1998

1. Ah Quanta Melancolia / 2. Fado Penelope / 3. Senhora do Livramento / 4. Ponto de Encontro / 5. O Meu Amor Anda em Fama / 6. Eu Não Me Entendo / 7. Mote / 8. Sopram Ventos Adversos / 9. A Minha Rua / 10. Guitarra, Guitarra / 11. À Mercê de uma Saudade / 12. Maria / 13. Não Sei

Ah quanta melancolia

Ah quanta melancolia / Quanta, quanta solidão / Aquela alma que vazia / Que sinto inútil e fria / Dentro do meu coração / Que angústia desesperada / Que mágoa que sabe a fim / Se a nau foi abandonada / E o cego caiu na estrada / Deixai-os que tudo é assim / Sem sossego, sem sossego / Nenhum momento de meu / Onde for que a alma emprego / Na estrada morreu o cego / A nau desapareceu

Ay, cuánta melancolía 

Ay, cuánta melancolía / Cuanta, cuánta soledad / Aquella alma, qué vacía / Que siento inútil y fría / Dentro de mi corazón / Qué angustia desesperada / Que amargura que sabe a fin / Si la nave fue abandonada / Y el ciego cayó en la calle / Déjalos que todo es así / Sin sosiego, sin sosiego / Ningún momento mío / Donde sea que alma empeño / En la calle murió el ciego / Y la nave desapareció

Fado Penelope

Sagrado é este fado que te canto / Do fundo da minha alma tecedeira / Da noite do meu tempo me levanto / E nasço feito dia à tua beira / Passei por tantas portas já fechadas / Com a dor de me perder pelo caminho / A solidão germina nas mãos dadas / Que dão a liberdade ao passarinho / E enquanto o meu amor anda em viagem / Fazendo a guerra santa ao desespero / Eu encho o meu vazio de coragem / Fazendo e desfazendo o que não quero / A fome de estar vivo é tão intensa / Paixão que se alimenta do perigo / De o chão em que se inscreve a minha crença / Só ter por garantia ser antigo

Fado Penelope 

Sagrado es este fado que te canto / Desde el fondo de mi alma tejedora / Desde la noche de mi tiempo me levanto / Y nazco hecho día a tu vera / Pasé por tantas puertas ya cerradas / Con el dolor de perderme por el camino / La soledad germina en manos dadas / Que dan la libertad al pajarillo / Y como mi amor está de viaje / Haciendo la guerra santa a la desesperación / Yo lleno mi mismo vacío de coraje / Haciendo y deshaciendo lo que no quiero / El hambre de estar vivo es tan intenso / Pasión que se alimenta del peligro / Del suelo en que se inscribe mi creencia / Cuya única garantía es ser antiguo

Senhora do Livramento

Senhora do Livramento / Livrai-me deste tormento / De a não ver há tantos dias / Partiu zangada comigo / Deixou-me um retrato antigo / Que me aquece as noites frias / Senhora que o pensamento / Corre veloz como o vento / Rumando estradas ao céu / Fazei crescer os meus dedos / Para desvendar os segredos / Num céu que não é só meu / Senhora do céu das dores / Infernos, prantos, amores / A castigar tanto norte / Porque é que partiste um dia / Sofrendo a minha agonia / E não me roubaste a morte

Señora de la Liberación 

Señora de la Liberación / Líbrame de este tormento / De tantos días sin verla / Se fue enfadada conmigo / Me dejó un retrato antiguo / Que me calienta en noche frías / Señora que el pensamiento / Corre veloz como el viento / Dirigiendo calles al cielo / haciendo crecer mis dedos / Para desvelar los secretos / En un cielo que no es sólo mío / Señora del cielo de los dolores / Infiernos, llantos, amores / Castigando tanto norte / Por qué partiste un día / Sufriendo mi agonía / Y no me robaste la muerte

Ponto de encontro

A medida em que me meço / Mede a medida de um ponto / De encontro do que conheço / Com aquilo com que não conto / Ponto de encontro da sorte / Com o traçado da corrida / Em que a coragem na morte / Nasce do medo da vida / Veneno, punhal, saída / Porta aberta para o fim / Loucura comprometida / Com o que conheço de mim / É nesse ponto-momento / Que no limite do excesso / Me transformo no que invento / E finalmente apareço

Punto de encuentro 

La medida en que me mido / Mide la medida de un punto / De encuentro de lo que conozco / Como aquello con que no cuento / Punto de encuentro de la suerte / Con el trazado de la carrera / En que el coraje en la muerte / Nace del miedo de la vida / Veneno, puñal, salida / Puerta abierta hacia el fin / Locura comprometida / Con lo que conozco de mí / Es en ese punto-momento / Que en el límite del exceso / Me transformo en lo que invento / Y finalmente aparezco

O meu amor anda em fama

O meu amor anda em fama / Mesmo assim lhe quero bem / Os olhos do meu amor / Não os vejo em mais ninguém / Eu nunca pensei na vida / Vir um dia a encontrar / A minha vida escondida / Dentro do teu olhar / Eu bem sei que me desdenhas / Mas gosto que seja assim / Que o desdém que por mim tenhas / Sempre é pensares em mim / Se algum dia me deixares / Meu amor por caridade / Entre as coisas que levares / Leva também a saudade

Mi amor está de boca en boca 

Mi amor está de boca en boca / Aún así lo quiero bien / Los ojos de mi amor / No los veo en nadie más / Yo nunca pensé en la vida / venir un día a encontrar / Mi vida escondida / Dentro de tu mirar / Yo sé bien que me desdeñas / pero me gusta que sea así / Que el desdén que por mí sientas / Es siempre pensar en mí / Si algún día me dejaras / Mi amor, por caridad / Entre las cosas que te lleves / Llévate también la saudade

Eu não me entendo

Entrego a minha voz ao coração do vento / E quanto mais água dos meus olhos corre / Mais fogo acendo / Eu não me entendo / Eu não me entendo / E por ti já gastei o pensamento / Ai amor, ai amor, se o tempo / Já gastou, já gastou o nosso tempo / Eu não me entendo / Eu não me entendo / A primavera do meu tempo / Já gastei a primavera do meu tempo / Já fiz da boca jardins de vento / E não me entendo / E não me entendo / Eu não me entendo

Yo no me entiendo 

Entrego mi voz al corazón del viento / Y cuanta más agua corre de mis ojos / Más fuego enciendo / Yo no me entiendo / Yo no me entiendo / Y por ti ya gasté el pensamiento / Ay, amor; ay, amor; si el tiempo / Ya se gastó, ya se gastó nuestro tiempo / Yo no me entiendo / Yo no me entiendo / La primavera de mi tiempo / Ya gasté la primavera de mi tiempo / Ya hice de la boca jardines de viento / Y no me entiendo / Y no me entiendo / Yo no me entiendo

Mote

Quando a dor me amargurar / Quando sentir penas duras / Só me podem consolar / Teus olhos, contas escuras / Deles só brotam amores / Não há sombra d'ironias / Teus olhos sedutores / São duas ave-marias / Quando a vida os vem turvar / Fazem-me sofrer torturas / E as contas todas rezar / Do rosário d amarguras / Ou se os alaga a aflição / Peço para ti alegrias / Numa fervente oração / Que rezo todos os dias / Teus olhos, contas escuras / São duas ave-marias / No rosário d' amarguras / Que rezo todos os dias

Lema

Cuando el dolor me amarga / Cuando siento penas duras / Sólo me pueden consolar / Tus ojos, cuentas oscuras / De ellos sólo brotan amores / No hay sombra de ironías / Tus ojos seductores / Son dos avemarías / Cuando la vida viene a turbarlos / Me hacen sufrir torturas / Y rezar todas las cuentas / Del rosario de amarguras / O si los inunda la aflicción / Pido para ti alegrías / En una ferviente oración / Que rezo todos los días / Tus ojos, cuentas oscuras / Son dos avemarías / En un rosario de amarguras / Que rezo todos los días

Sopram ventos adversos

Sopram ventos adversos / Junto à praia que se quis / E há sentimentos dispersos / Que são barcos submersos / No mar do que se não diz / Nos mastros que vão quebrar / Soltas velas de cambraia / E é cada remo a tentar / Menos um barco no mar / Mais um cadáver na praia / O dia nunca alcançado / Morre em todas as marés / E é sempre dia acabado / Junto ao sargaço espalhado / De tudo o que se não fez

Soplan vientos adversos 

Soplan vientos adversos / Junto a la playa que se quiso / Y hay sentimientos dispersos / Que son barcos sumergidos / En el mar de lo que no se dice / En los mástiles que van a quebrarse / Velas sueltas de tul / Y está cada remo intentándolo / un barco menos en el mar / Un cadáver más en la playa / El día nunca alcanzado / Muere en todas las mareas / Y es siempre día acabado / Junto al sargazo desgranado / De todo lo que no se hizo

A minha rua

Mudou muito a minha rua / Quando o outono chegou / Deixou de se ver a lua / Todo o trânsito parou / Muitas portas estão fechadas / Já ninguém entra por elas / Não há roupas penduradas / Nem há cravos nas janelas / Não há marujos na esquina / De manhã não há mercado / Nunca mais vi a varina / A namorar com o soldado / O padeiro foi-se embora / Foi-se embora o professor / Na rua só passa agora / O abade e o doutor / O homem do realejo / Nunca mais por lá passou / O Tejo já não o vejo / Um grande prédio o tapou / O relógio da estação / Marca as horas em atraso / E o menino do pião / Anda a brincar ao acaso / A livraria fechou / A tasca tem outro dono / A minha rua mudou / Quando chegou o outono / Há quem diga ainda bem / Está muito mais sossegada / Não se vê quase ninguém / E não se ouve quase nada / Eu vou-lhes dando razão / Que lhes faça bom proveito / E só espero pelo verão / P`ra pôr a rua a meu jeito

Mi calle

Cambió mucho mi calle / Cuando el otoño llegó / Se dejó de ver la luna / Todo el tráfico paró / Muchas puertas están cerradas / Ya nadie entra por ellas / No hay ropas tendidas / Ni claveles en las ventanas / No hay marinos en la esquina / Por la mañana no hay mercado / Nunca más vi a la pescadera / Enamorando al soldado / El panadero se marchó / Se marcho el profesor / Por la calle sólo pasan ahora / El abad y el doctor / El hombre del organillo / Nunca más pasó por allí / El Tajo ya no lo veo / Un gran edificio lo tapó / El reloj de las estación / Marca las horas con retraso / Y el niño del piano / Esta jugando a todas horas / La librería cerró / La tasca tiene otro dueño / Mi callé cambió / Cuando llegó el otoño / Habrá quien diga que muy bien / Que está mucho más tranquila / No se ve casi a nadie / Y no se oye casi nada / Y yo les doy la razón / Que les aproveche / Y sólo espero al verano / Para poner la calle a mi gusto

A mercê de uma saudade

O amor anda à mercê duma saudade / Com ele anda sempre a ilusão / O nosso amor não tem a mesma idade / Mas tem a mesma lei no coração / Sabemos qual a ânsia da chegada / E nunca recordamos a partida / Trazemos na memória renegada / A dor de uma distância sem saída / Existem entre nós sonhos calados / Que a vida não permite acontecer / Por vezes sigo os teus olhos parados / E sinto que é por ti que vou viver / Recuso lamentar a minha entrega / Teus braços são a minha liberdade / O amor é fantasia que nos cega / É força que transforma a realidade

A merced de una saudade 

El amor está a merced de una saudade / Con él va siempre la ilusión / Nuestro amor no tiene la misma edad / Pero tienen la misma ley en el corazón / Sabemos cómo es el ansia de la llegada / Y nunca recordamos la partida / Traemos en la memoria renegada / El dolor de una distancia sin salida / Existen entre nosotros sueños callados / Que la vida no permite realizar / A veces sigo tus ojos parados / Y siento que es por ti que viviré / Me niego a lamentar mi entrega / Tus brazos son mi libertad / El amor es fantasía que nos ciega / Es fuerza que transforma la realidad

Maria

Tenho cantado esperanças... / Tenho falado de amores... / Das saudades e dos sonhos / Com que embalo as minhas dores... / E eu cuidei que era poesia / Todo esse louco sonhar... / Cuidei saber o que é vida / Só porque sei delirar... / Eram fantasmas que a noite / Trouxe, e o dia levou... / À luz da estranha alvorada / Hoje minha alma acordou! / Esquece aqueles cantos... / Só agora sei falar! / Perdoa-me esses delírios... / Só agora soube amar

Maria

He cantado esperanzas / He hablado de amores... / De saudades y de sueños / Con que envolví mis dolores... / Y creí que era poesía / Todo ese loco soñar... / Creí saber lo que es la vida / Sólo porque sé delirar... Eran fantasmas que la noche / Trajo, y que el día se llevó... / A la luz de extraña alborada / Hoy mi alma despertó / Olvida aquellos cantos... / ¡Sólo ahora sé hablar! / Perdóname esos delirios / Sólo ahora supe amar

Não sei

Não sei que rio é este em que me banho / Que destrói todas as margens que escolhi / Que leva para o mar tudo o que tenho / E me traz da nascente o que perdi / Não sei que vento é este de repente / Que tudo o que eu desfiz ele refaz / Que me empurra com força para a frente / Quando caio desamparado para trás / Não sei que tempo é este em que carrego / Com a memória das coisas que não guardo / Que me obriga a partir sempre que chego / E a chegar cedo demais sempre que tardo / Não sei que sol é este que me abrasa / Quanto mais tapo os olhos e me abrigo / Que abre a tudo o que é estranho a minha casa / Quanto mais eu me fecho só comigo / Que não-saber é este que não quer / Saber do não-saber que lhe ensinei / E que faz com que eu aprenda sem querer / A saber cada vez mais o que não sei

No sé 

No sé qué río es este en que me baño / Que destruye todas las orillas que escogí / Que se lleva al mar todo lo que tengo / Y me trae desde el manantial lo que perdí / No sé qué viento es este de repente / Que todo lo que hice lo rehace / Que me empuja con fuerza hacia el frente / Cuando caigo desamparado hacia atrás / No sé qué tiempo es este en el que cargo / Con la memoria de las cosas que no guardo / Que me obliga a partir siempre que llego / Y a llegar demasiado pronto siempre que tardo / No sé qué sol es este que me abrasa / Cuanto más me tapo los ojos y me resguardo / Que abre a todo lo que es ajeno a mi casa / Cuanto más me cierro yo sólo conmigo / Qué no saber es este que no quiere / Saber del no saber que le enseñé / Y que hace que aprenda sin querer / A saber cada vez más lo que no sé 

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