Camané - Sempre de mim (2008)
Sempre de mim (2008)
1.Mar impossível / 2.Tudo isso / 3.Lembra-te sempre de mim / 4.Bicho de conta / 5.Antes do grito / 6.Este silêncio / 7.Sonhar durante o fado / 8.Sei de um rio / 9.Dança de volta / 10.Ciúmes da saudade / 11.Eram morenas tuas mãos / 12.Te juro / 13.Brado / 14.A noite e o dia / 15.Ser aquele / 16.As palavras
Mar impossível
Na neve mais pura escrevo / As saudades do meu mar / Tenho
saudades da areia / Branca de neve ao luar / Tenho saudades do vento / Que
sopra breve, indeciso / Leve como um pensamento / Do céu azul, calmo e liso /
Tenho saudades das ondas / Das conchas e das sereias / Aqui as ondas são poucas
/ E vivem paredes meias / No coração com a saudade / De não ver o mar sem fim /
(Quando não posso cantar / Tenho saudades de mim)
Mar imposible
En la nieve más pura escribo / Las saudades de mi mar / Tengo saudades de la arena / Blanca de nieve a la luz de la luna / Tengo saudades del viento / Que sopla breve, indeciso / Leve como un pensamiento / Del cielo azul, calmo y liso / Tengo saudades de las ondas / De las conchas y de las sirenas / Aquí las olas son pocas / Y viven paredes medias / En el corazón con la saudade / De no ver el mar sin fin / (Cuando no puedo cantar / Tengo saudades de mí)
Tudo isso
Deixei
atrás os erros do que fui / Deixei atrás os erros do que quis / E que não pude
haver porque a hora flui / E ninguém é exacto nem feliz / Tudo isso como o lixo
da viagem / Deixei nas circunstâncias do caminho / No episódio que fui e na
paragem / No desvio que foi cada vizinho / Deixei tudo isso, como quem se tapa
/ Por viajar com uma capa sua / E a certa altura se desfaz da capa / E atira
com a capa para a rua
Todo eso
Dejé detrás los errores de lo que fui / Dejé detrás los errores de lo que quise / Y que no pude tener porque la hora fluye / Y nadie es exacto ni feliz / Todo eso, como los restos del un viaje / Dejé en las circunstancias del camino / En el episodio que fui y en la parada / En el desvío que fue cada vecino / Dejé todo eso, como quien se tapa / Por viajar con una capa suya / Y acierta altura se deshace de la capa / Y tira con la capa hacia la calle
Lembra-te sempre de mim
Se
alguém pedir a teu lado / Que na música de um fado / A noite não tenha fim /
Lembra-te logo de mim! / Se o passado de repente / Mais presente que o presente
/ Te falar também assim / Lembra-te logo de mim! / Se a chuva no teu telhado /
Repetir o mesmo fado / E a noite não tiver fim / Lembra-te sempre de mim! /
Lembra-te sempre de mim! / O dia não tem sentido / Quando estás longe de mim...
/ Se o dia não tem sentido / Que a noite não tenha fim!
Acuérdate siempre de mí
Si alguien pidiese a tu lado / Que en la música de un fado / La noche no tenga fin / ¡Acuérdate luego de mí! / Si el pasado de repente / Más presente que el presente / Te hablase también así / ¡Acuérdate luego de mí! / Si la lluvia en tu tejado / Repitiera el mismo fado / Y la noche no tuviese fin / ¡Acuérdate siempre de mí! / ¡Acuérdate siempre de mí! / El día no tiene sentido / Cuando estás lejos de mí.. / Si el día no tiene sentido / ¡Que la noche no tenga fin!
Bicho de conta
Meu
pobre bicho de conta / Que te enrolaste de vez / Já não vives nos jardins / Já
não sentes, já não vês / Só sei, meu bicho de conta / Que te enrolaste de vez /
Minh'alma, se te matei / Perdoa por esta vez / Fiz-te aspirar tão acima / Que
desceste onde hoje vês / A seres um bicho de conta / Que te enrolaste de vez /
Não deixes o desespero / Ferir-te onde tu não vês / Há mais coisas nesta vida /
Mais prazeres, que não vês / Que essa dor que te atingiu / E que te enrolou de
vez
Bicho bola
Mi pobre bicho bola / Que te enrollaste de una vez / Ya no vives en los jardines / ya no sientes, ya no ves / Sólo sé, mi bicho bola / Que te enrollaste de una vez / Mi alma, si te maté / Perdona por esta vez / Te hice aspirar a lo más alto / Y bajaste donde hoy ves / Que eres un bicho bola / Que te enrollaste de una vez / No dejes la desesperación / herirte donde tú no ves / Hay más cosas en esta vida / Más placeres que no ves / Que ese dolor que te tocó / Es quien te enrolló de una vez
Antes do grito
Foi
a mão sem anéis, antes da luva / Sorriso breve, antes do beijo lento / Foi a
rosa, entreaberta antes da chuva / Foi a brisa, encontrada antes do vento / Foi
a noite, a inocência na demora / Foi a manhã - verde janela aberta / Dois
corpos lisos que se vão embora / Como a acordar a praia, ainda deserta / Foi a
paz, o silêncio antes do grito / Foi a nudez, antes de ser brocado... / E foi, o
cântico interdito / E todo o meu poema recusado!
Antes del grito
Fui la mano si anillos, antes del guante / Sonrisa breve, antes del beso lento / Fui la rosa, entreabierta antes de la lluvia / Fui la brisa, encontrada antes de tiempo / Fui la noche, la inocencia en la demora / Fui la mañana: verde ventana abierta / Dos cuerpos desnudos que se marchan lejos / Como para despertar la playa, aun desierta / Fui la paz, el silencio antes del grito / Fui la desnudez antes de des bordado... / Y fui, el cántico prohibido / ¡Y todo mi poema rechazado!
Este silêncio
Há
um silêncio pesado / Que não sei de onde é que vem / Nem sei se lhe chamam fado
/ Ou que outro nome é que tem / Se canto, não me dói tanto / O coração magoado
/ Mas há em tudo o que canto / Este silêncio pesado / Não é mágoa nem saudade /
Nem é pena de ninguém / O silêncio que me invade / E não sei de onde é que vem
/ Silêncio que anda comigo / E que mesmo sem eu querer / Diz através do que eu
digo / O que eu não posso dizer / Este silêncio pesado / Que me suspende e
sustém / Não sei se lhe chamam fado / Ou que outro nome é que tem / Se com
palavras se veste / A alegria e o pranto / Então que silêncio é este / Que há
em tudo o que eu canto
Este silencio
Hay un silencio pesado / Que no sé de dónde viene / Ni sé si le llaman fado / O qué otro nombre tiene / Si canto, no me duele tanto / El corazón herido / Pero hay en todo lo que canto / Este silencio pesado / No es herida ni saudade / Ni es pena de nadie / El silencio que me invade / Y no sé de dónde viene / Silencio que va conmigo / Y que incluso sin yo quererlo / Dice a través de lo que yo digo / Lo que yo no puedo decir / Este silencio pesado / Que me suspende y sujeta / No sé si le llaman fado / O qué otro nombre tiene / Si con palabras e visten / La alegría y el llanto / Entonces, qué silencio es este / Que hay en todo lo que yo canto
Sonhar durante o fado
Cantar
/ Durante o sono já largado / Depois do amor / Adormecer / Adormecer / Ouvir de
lado / Um sopro apuradíssimo / Um canto antiquíssimo / Ao corpo tão chegado /
Sonhar durante o fado / Sonhar durante o fado / Sonhar durante o fado / O beijo
/ Por amor prematurado / E por ciúme / Retrocedido / Levado ao cume / Depois
lançado / À dúvida dos ventos / Inúteis movimentos / De volta ao paraíso /
Chorar durante o riso / Parar numa lágrima o passado / Sonhar durante o fado /
A peça / Que partiu só se conserta / Se alguém de dentro / Fizer melhor / E na
janela / Ficar aberta / Em todo, a transparência / E o amor, como a ciência / À
vez verificado / Como o destino é o presente do passado / Sonhar durante o fado
/ Sonhar durante o fado / O amor / Tem por um fio a marioneta / Ou manipula /
Ou então respeita / Ou congratula / Ou passa ao lado / Que fazes com a alma /
Quando ela se enlaçar / Com o corpo, lado a lado? / Se o pecado é filho do
desejo / Vais dizer ao desejo o que é pecado? / Sonhar durante o fado / Sonhar
durante o fado
Soñar durante el fado
Cantar / Durante el sueño ya huido / Después del amor / Adormecer / Adormecer / Escuchar de lado / Un soplo apuradísimo / Un canto antiquísimo / Al cuerpo tan pegado / Soñar durante el fado / Soñar durante el fado / Soñar durante el fado / El beso / Por amor adelantado / Y por celos / Retrocedido / Llevado a la cima / Después lanzado / A la duda de los vientos / Inútiles movimientos / De vuelta al paraíso / Llorar durante la risa / Detener en una lágrima el pasado / Soñar durante el fado / La parte / Que partió sólo se repara / Si alguien de dentro / Lo hace mejor / Y en la ventana / Queda abierta / En todo, la transparencia / Y el amor, como la ciencia / A la vez verificado / Como el destino es el presente del pasado / Soñar durante el fado / Soñar durante el fado / El amor / Tiene por un hilo a la marioneta / O manipula / O acaso respeta / O felicita / O pasa al lado / ¿Qué haces con el alma / Cuando ella se enlaza / Como el cuerpo, un lado a otro lado? / Si el pecado es hijo del deseo / ¿Vas a decirle al deseo lo que es pecado? / Soñar durante el fado / Soñar durante el fado
Sei de um rio
Sei
de um rio... / Sei de um rio / Em que as únicas estrelas / Nele, sempre
debruçadas / São as luzes da cidade / Sei de um rio... / Sei de um rio / Rio onde
a própria mentira / Tem o sabor da verdade / Sei de um rio / Meu amor, dá-me os
teus lábios! / Dá-me os lábios desse rio / Que nasceu na minha sede! / Mas o
sonho continua... / E a minha boca (até quando?) / Ao separar-se da tua / Vai
repetindo e lembrando / "Sei de um rio... / Sei de um rio..." / Sei de um rio... /
Ai! / Até quando?
Sé de un río
Sé de un río... / Sé de un río / en que las únicas estrellas / en él siempre asomadas / Son las luces de la ciudad / Sé de un río... / Sé de un río / Río donde la propia mentira / Tiene el sabor de la verdad / Sé de un río / ¡Amor mío, dame tus labios! / Dame los labios de ese río / ¿Qué nació de mi sed! / Pero el sueño continua... / Y mi boca (¿hasta cuándo?) / Al separarse de la tuya / Va repitiendo y recordando / "Sé de un río... / Sé de un río..." / Sé de un río... / ¡Ay! / ¿Hasta cuándo?
Dança de volta
Entrei
na dança de roda / Mas não cheguei a dançar / Enganei todas as voltas / - Não
me deixaram ficar / Desci por não ter mais forças / As águas verdes sem fundo /
Mesmo que voltem as forças / Não quero voltar ao mundo / Entrei na dança e pedi
/ Alguém que fosse meu par / Não falei senão de ti / - Não me deixaram ficar /
Desci por não ter mais forças / As águas verdes do lago / Mesmo que voltem as forças
/ Não voltarei a ser escravo / Entrei na dança contente / De poder enfim dançar
/ Quando viram quem eu era / - Não me deixaram ficar / Desci por não ter mais
forças / As águas verdes sem fim / Mesmo que voltem as forças / Não me separo
de mim
Danza de vuelta
Entré en la pista de baile / Pero no llegué a bailar / Engañé todas las vueltas: / No me dejaron quedarme / Bajé porque no tenía más fuerzas / A las aguas verdes sin fondo / Y aunque regresen las fuerzas / No quiero volver al mundo / Entré en el baile y pedí / A alguien que fuese mi pareja / No hablé más que de ti / No me dejaron quedarme / Bajé porque no tenía más fuerzas / A las aguas verdes del lago / Y aunque regresen las fuerzas / No volveré a ser esclavo / Entré en la danza contento / De poder al fin danzar / Cuando vieron quien era yo / No me dejaron quedarme / Bajé porque no tenía más fuerzas / A las aguas verdes sin fin / Y aunque regresen las fuerzas / No me separo de mí
Ciúmes da saudade
Se
não matas a saudade / Quando morres de vontade / De pôr à saudade fim / É
talvez porque preferes / Ter da saudade o que queres / E não me pedes a mim / A
saudade em que me deixas / É penhor das tuas queixas / Por não dizeres a
verdade / Bastava que me pedisses / De cada vez que me visses / O que pedes à
saudade / O que dás, se me não vês / Não consigo que me dês / Por timidez ou
vaidade / E a saudade que vais tendo / Com ela vives, morrendo / P'ra me
matares de saudade / Talvez seja o que tu queres / E é por isso que preferes /
A saudade em vez de mim / Morrendo os dois de saudade / Temos toda a eternidade
/ P'ra pôr à saudade fim
Celos de la saudade
Si no matas la saudade / Cuando mueres de deseo / De poner a la saudade fin / Es tal vez porque prefieres / Tener de la saudade lo que quieres / Y no me pides a mí / La saudade en que me dejas / Es la señal de tus quejas / Porque no dices la verdad / bastaba que me pidieses / cada vez que me vieses / Lo que le pides a la saudade / Lo que das, si no me ves / No consigo que me des / Por timidez o vanidad / Y la saudade que vas teniendo / Con ella vives, muriendo / Para matarme de saudade / Tal vez sea lo que tú quieres / Y es por eso que prefieres / A la saudade en vez de a mí / Muriendo los dos de saudade / Tenemos toda la eternidad / De poner a la saudade fin
Eram morenas as tuas mãos
Eram
morenas tuas mãos tão frias / Verde-esmeralda o teu olhar de gelo / Por que
deixaste minhas mãos vazias? / Porquê não vir, meu sonho ou pesadelo? / Eram
morenas tuas mãos fingidas / Verde-esmeralda o teu olhar incerto / Sem ti, meu
sonho a que não sei dar vida / Não tem futuro o coração deserto / Eram morenas
tuas mãos... mordi-as / Verde-esmeralda o teu olhar... beijei-o / (Tudo a
sonhar...) / Eu, triste, passo os dias / À espera dum fantasma que não veio
Eran morenas tus manos
Eran morenas tus manos frías / Verde esmeralda tu mirada de hielo / ¿Por qué dejaste mis manos vacías? / ¿Por qué no vienes, mi sueño o pesadilla? / Eran morenas tus manos fingidas / Verde esmeralda tu mirar incierto / Sin ti, mi sueño al que no sé dar vida / No tiene futuro el corazón desierto / Eran morenas tus manos... las mordí / Verde esmeralda tu mirada... la besé / (Todo soñando) / Yo, triste, paso los días / A la espera de un fantasma que no veo
Te juro
Meus
olhos eram mesmo água - Te juro / Lustro de brilho vidrado - Te juro / Meus
olhos eram mesmo água / Verde claro / Verde escuro / Três barquinhos de
brinquedo - Te juro / Fui botando todos eles - Te juro / Naquele rio tão puro /
Naquele rio tão puro / Veio vindo a ventania - Te juro / As águas mudam seu
brilho / Quando o tempo é inseguro / Quando o tempo é inseguro - Te juro /
Quando as águas escurecem / Todos os barcos se perdem / Entre o passado e o
futuro / Entre o passado e o futuro / São dois rios os meus olhos - Te juro /
Noite e dia correm, correm - Te juro / Mas não acho o que procuro / Mas não
acho o que procuro
Te juro
Mis ojos eran ciertamente agua: te juro / Lustre de brillo vidriado: te juro / Mis ojos eran ciertamente agua: te juro / Verde claro / Verde oscuro / Tres barquitos de juguete: te juro / Fui botándolos todos: te juro / En aquel río tan puro / En aquel río tan puro / Fue llegando el vendaval: te juro / Las aguas cambian su brillo / Cuando el tiempo es inseguro / Cuando el tiempo es inseguro: te juro / Cuando las aguas se oscurecen / Todos los barcos se pierden / Entre el pasado y el futuro / Entre el pasado y el futuro / Mis ojos son dos ríos: te juro / Noche y día corren, corren: te juro / Pero no encuentro lo que busco / Pero no encuentro lo que busco
Brado
Fosse
por horas contado / O vento que nos afasta / Seria o mais longo fardo / Com
essa força de um brado / Que a garganta nos desgasta / Fosse por dias contado /
Todo o mar que nos separa / Seriam dias a nado / Sem nada mais que o brado / De
quem nas vagas naufraga / Fosse por meses contado / O céu que não nos agarra /
Seria um céu desdobrado / Multiplicado no brado / De cem milhões de guitarras /
Só de outros modos contado / Pode ser o que nos mata / Só por gritos de
afogados / Só por séculos de fado / Só por milénios de nada
Queja
Si fuese por horas contado / El viento que nos aleja / Sería el más largo fardo / Con esa fuerza de una queja / Que la garganta no nos desgasta / Si fuese por días contado / Todo el mar que nos separa / Serían días nadando / Sin nada más que la queja / De quien naufraga en las olas / Si fuese por meses contado / El cielo que no nos atrapa / Sería un cielo desbordado / Multiplicado en la queja / De cien millones de guitarras / Sólo de otros modos contado / Puede ser lo que nos mata / Sólo por gritos de ahogados / Sólo por siglos de fado / Sólo por milenios de nada
A noite e o dia
Ai
foi o dia que invadiu a noite / Ou foi a noite que invadiu o dia / A chuva
contra o vidro, leve açoite / Quase saudade ou triste alegria / Minha alma
quieta em desassossego / Já madrugada ou ainda manhã / Nenhuma sombra sobre o
mundo cego / E, no entanto, a escuridão que há / O tempo fraco ou o tempo forte
/ Luz do que foi, dor do que há-de vir / Simples vazio ou amor de morte /
Verdade a chuva e os céus a fingir / Ai foi o dia que invadiu a noite / Ou foi
a noite que invadiu o dia / Chove no meu destino, duro açoite / Clara saudade
ou negra alegria
La noche y el día
Ahí estuvo el día que invadió la noche / O estuvo la noche que invadió el día / La lluvia contra el vidrio, leve azote / Casi saudade o triste alegría / Mi alma quieta en desasosiego / Ya madrugada o aún mañana / Ninguna sombra sobre el mundo ciego / Y, mientras tanto, la oscuridad que hay / El tiempo débil o el tiempo fuerte / Luz de lo que fue, dolor de lo que ha de venir / Simple vacío o amor de muerte / Verdad para la lluvia y los cielos que fingen / Ahí estuvo el día que invadió la noche / O estuvo la noche que invadió el día / llueve en mi destino, duro azote / Clara saudade o negra alegría
Ser aquele
Se
estou só, quero não estar / Se não estou, quero estar só / Enfim, quero sempre
estar / Da maneira que não estou / Ser feliz é ser aquele / E aquele não é
feliz / Porque pensa dentro dele / E não dentro do que eu quis / A gente faz o
que quer / Daquilo que não é nada / Mas falha se o não fizer / Fica perdido na
estrada
Ser aquel
Si estoy solo, no quiero estarlo / Si no lo estoy, quiero estar solo / En fin, quiero siempre estar / De la manera en que no estoy / Ser feliz es ser aquel / Y aquel no es feliz / Porque piensa dentro de él / Y no dentro de lo que yo quise / La gente hace lo que quiere / De aquello que no es nada / Pero falla si el no hacer / Se queda perdido en el camino
As palavras
São
as palavras que eu digo / Meu abismo e meu abrigo / Partilha de pão e espanto /
Lucidez que desatina / Chão sagrado onde germina / A semente do meu canto /
Palavras a que eu entrego / Prazer e desassossego / Tormento e consolação / A
quem pergunto e respondo / Quando me exponho e me escondo / Entre a crença e a razão
/ Palavras que reinvento / Meu desafio e sustento / Pedras de luz e de lodo /
Companheiras do caminho / Maneiras de eu estar sozinho / Abraçando o mundo todo
/ Palavras que só mereço / Se em troca do que lhes peço / Der tudo o que posso
dar / Se um dia as não merecer / Que as não consiga dizer / E que eu deixe de
cantar / Um dia, se as não merecer / Que as não consiga dizer / E que eu deixe
de cantar
Las palabras
Son las palabras que digo / Mi abismo y mi abrigo / División de pan y espanto / Lucidez que desatina / Suelo sagrado en que germina / La simiente de mi canto / Palabras a las que entrego / Placer y desasosiego / Tormento y consolación / A quien pregunto y respondo / Cuando me expongo y me escondo / Entre la creencia y la razón / Palabras que reinvento / Mi desafío y sustento / Piedras de luz y de lodo / Compañeras del camino / Maneras de que esté solo / Abrazando el mundo entero / Palabras que sólo merezco / Si a cambio de lo que les pido / Diera todo lo que puedo dar / Si un día no las mereciera / Por que no consigo decirlas / Es porque de dejé de cantar / Un día, si no las merezco / Porque no consigo decirlas / Es porque dejé de cantar