Camané - Uma noite de fados (1995)


Uma noite de fados (1995)


01. Acordem as guitarras / 02. Aquela Triste e Leda Madrugada / 03. Esquina da Rua / 04. Uma Vez Que Já Tudo Se Perdeu / 05. O Espaço e o Tempo / 06. Saudades Trago Comigo / 07. Fado da Tristeza / 08. Guitarras de Lisboa / 09. Saudades do Futuro / 10. A Saudade Aconteceu / 11. Fecho os Olhos Para Dar / 12. O Meu Fado / 13. Disse-te Adeus / 14. Fado da Sina / 15. Esta Contínua Saudade

Acordem as guitarras

Acordem os fadistas / Que eu quero ouvir o fado / P'Ias sombras da moirama / P'Ias brumas dessa Alfama / P'Io Bairro Alto amado /Acordem as guitarras / Até que mãos amigas / Com a graça que nos preza / Desfiem numa reza / Rosários de cantigas / Cantigas do fado / Retalhos de vida / Umbrais de um passado / De porta corrida / São ais inocentes / Que embargam a voz / Das almas dos crentes / Que rezam por nós / Acordem as vielas / Aonde o fado mora / E há um cantar de beijos / Em marchas de desejos / Que vão p'la rua fora / Acordem as tabernas / Até que o fado canta / Em doce nostalgia / Aquela melodia / Que tanto nos encanta

Despierten las guitarras

Que se despierten los fadistas / Que yo quiero oír fado / Por las sombras de Mouraria / Por las brumas de esa Alfama / Por el Barrio Alto amado / Que se despierten las guitarras / Hasta que manos amigas / Con la gracia que nos estima / Desafíen en un rezo / Rosarios de cantos / Cantos de fado / Retazos de vida / Umbrales de un pasado / De puerta abierta / Son ayes inocentes / Que embargan la voz / De las almas de los creyentes / Que rezan por nosotros / Que se despierten las callejuelas / Donde el fado mora / Y hay un cantar de besos / En marchas de deseos / Que van por las calles / Que se despierten las tabernas / Hasta que el fado cante / En dulce nostalgia / Aquella melodía / Que tanto nos encanta

Aquela triste e leda madrugada

Aquela triste e leda madrugada / Cheia toda de dor e piedade / Enquanto houver no mundo saudade / Quero que seja sempre celebrada / Ela só quando alegre e marchetada / Saía dando à terra claridade / Viu apartar-se de uma, outra vontade / Que nunca poderá ver-se apartada / Ela só viu as lágrimas em fio / Que de um e de outros olhos derivadas / Juntando-se formaram largo rio / Ela ouviu as palavras magoadas / Que poderam tornar o fogo frio / E dar descanso às almas condenadas.

Aquella triste y alegre madrugada

Aquella triste y alegre madrugada / Toda llena de dolor y de piedad / Mientras que haya en el mundo saudade / Quiero que sea siempre celebrada / Cuando ella sola alegre y adornada / Salía dando claridad a la tierra / Vio apartarse de una, otra voluntad / Que nunca podrá verse apartada / Sólo ella vio las lágrimas en hilera / Que de unos y otros ojos derivadas / Se juntaron formando un largo río / Ella escuchó las palabras heridas / Que pudieron tornar el fuego en frío / Y dar descanso a las almas condenadas.

Esquina de rua

Tinhas o corpo cansado / E a cidade era tão fria / Ninguém dormia a teu lado / Ninguém sabia que amado / O teu corpo se acendia / Andavas devagarinho / P'Ias ruas de Lisboa / Em busca de algum carinho / Que te fosse pão e vinho / E te desse boa noite / Eras triste se sorrias / E mais nova se choravas / As palavras que dizias / Tinham dores e alegrias / E só ternura deixavas / Por ti não houve ninguém / Para quem te desses nua / Podias ter sido mãe / Podias ter sido mãe / Mas foste esquina de rua

Esquina de calle

Tenías el cuerpo cansado / Y la ciudad era tan fría / Nadie dormía a tu lado / Nadie sabía que amado / Tu cuerpo se encendía / Andabas despacito / Por las calles de Lisboa / En busca de algún cariño / Que te fuese pan y vino / Y te diese buenas noches / Eras triste si sonreías / Y más joven si llorabas / Las palabras que decías / Tenían dolores y alegrías / Y dejabas sólo ternura / No había nadie para ti / Para quien te entregases desnuda / Podrías haber sido madre / Podrías haber sido madre / Pero fuiste esquina de calle

Uma vez que já tudo se perdeu

Que o medo não te tolha a tua mão / Nenhuma ocasião vale o temor / Ergue a cabeça dignamente irmão / Falo-te em nome seja de quem for / No princípio de tudo o coração / Como o fogo alastrava em redor / Uma nuvem qualquer toldou então / Céus de canção promessa e amor / Mas tudo é apenas o que é / Levanta-te do chão põe-te de pé / Lembro-te apenas o que te esqueceu / Não temas porque tudo recomeça / Nada se perde por mais que aconteça / Uma vez que já tudo se perdeu

Uma vez que ya todo se perdió 

Que el miedo no paralice tu mano / Ninguna ocasión merece el temor / Yergue la cabeza dignamente, hermano / Te hablo en nombre de quien sea / En principio de todo corazón / Como el fuego propagaba alrededor / Una nube cualquiera cubrió entonces / Cielos de canción, promesa y amor / Pero todo es apenas lo que es / Levántate del suelo, ponte de pie / Te recuerdo apenas lo que te olvidó / No temas porque todo recomienza / Nada se pierde por más que suceda / Una vez que ya todo se perdió

O espaço e o tempo

O tempo com que conto e não dispenso / Não limita o espaço do que sou / Por isso aparente contrasenso / De tanto que te roubo e que te dou / No tempo que tenho te convenço / Que mesmo os teus limites ultrapasso / Sobras do tempo em que te pertenço / Mas cabes inteirinha no meu espaço / Não sei qual de nós veio atrasado / Ou qual dessas metades vou roubando / Entraste no meu tempo já fechado / Ganhando o espaço que me vai sobrando / Por isso não me firas com o teu grito / O espaço não dá tempo à solidão / Não queiras todo o tempo que eu habito / O espaço é infinito o tempo não

El espacio y el tiempo

El tiempo con el que no cuento y del que no prescindo / No limita el espacio de lo que soy / Por eso el aparente contrasentido / De tanto que te robé y que te di / En el tiempo que tengo te convenzo / Que hasta tus límites traspaso / Sobras del tiempo en que te pertenezco / Pero cabes enterita en mi espacio / No sé cuál de nosotros llegó atrasado / O cuál de esas mitades voy robando / Entraste en mi tiempo ya cerrado / Ganando el espacio que me va sobrando / Por eso no me hieras con tu grito / El espacio no le da tiempo a la soledad / No quieras todo el tiempo que yo habito / El espacio es infinito, el tiempo no

Saudades trago comigo

Saudades trago comigo / Do teu corpo e nada mais / Pois a lei por que me sigo / Não tem pecados mortais / Talvez tu queiras saber / Porque em vida já estou morto / São apenas podes crer / As saudades do teu corpo / E tu que sentes por mim / Desde essa noite perdida / Sentes esse frio em ti / Que eu sinto na minha vida / Eu sei que o teu corpo / Há-de sentir a falta do meu / Por isso eu tenho a saudade / Que o meu corpo tem do teu

Traigo saudades conmigo

Traigo saudades conmigo / De tu cuerpo y nada más / Pues la ley por la que me guío / No tiene pecados mortales / Tal vez tú quieras saber / Por qué en vida ya estoy muerto / Son, apenas podrás creerlo, / Las saudades de tu cuerpo / Y tú qué sientes por mí / Desde esa noche perdida / Sientes ese frío en ti / Que yo siento en mi vida / Yo sé que tu cuerpo / Ha de sentir la falta del mío / Por eso yo tengo la saudade / Que mi cuerpo tiene del tuyo

Fado da tristeza

Não cantes alegrias a fingir / Se alguma dor existir / A roer dentro da toca / Deixa a tristeza sair / Pois só se aprende a sorrir / Com a verdade na boca / Quem canta uma alegria que não tem / Não conta nada a ninguém / Fala verdade a mentir / Cada alegria que inventas / Mata a verdade que tentas / Porque é tentar a fingir / Não cantes alegrias de encomenda / Que a vida não se remenda / Com morte que não morreu / Canta da cabeça aos pés / Canta com aquilo que és / Só podes dar o que é teu

Fado da tristeza

No cantes alegrías fingidas / Si algún dolor existe / Desgastando dentro de la guarida / Deja la tristeza salir / Pues sólo se aprende a sonreír / Con la verdad en la boca / Quien canta una alegría que no tiene / No le cuenta nada a nadie / Di la verdad al mentir / Cada alegría que inventas / Mata la verdad que intentas / Porque se intenta fingir / No cantes alegrías de encargo / Que la vida no se imita / Con muerte que no murió / Canta desde la cabeza a los pies / Canta con aquello que es / Sólo puedes dar lo que es tuyo

Guitarras de Lisboa

Guitarras atenção cantai comigo / Calai o vosso pranto trinai / Como lhes digo trinai / Guitarras desta vez sem ar magoado / Trinai este meu canto / Que é vosso este meu fado / Guitarras de Lisboa noite e dia / Trinando nas vielas do passado / Guitarras que dão voz à Mouraria / E vão falar a sós com a saudade / Guitarras de Lisboa são meninas / Brincando nas esquinas do passado / Dentro de vós ressoa a voz do próprio fado / Guitarras de Lisboa obrigado / Guitarras são iguais / Nossos reveses iguais / Nossos tormentos são ais / Nossos lamentos são ais / Guitarras mas também quando é preciso / Sabemos muitas vezes que a dor pode ser riso.

Guitarras de Lisboa 

Guitarras, atención, cantad conmigo / Callad vuestro llanto, trinad / Como les digo, trinad / Guitarras esta vez sin aire herido / Trinad este canto mío / Que es vuestro este fado mío / Guitarras de Lisboa noche y día / Trinando en las callejuelas del pasado / Guitarras que dan voz a Mouraria / Y van a hablar a solas con la saudade / Guitarras de Lisboa son niñas / Jugando en las esquinas del pasado / Dentro de vosotras resuena la voz del propio fado / Guitarras de Lisboa, gracias / Guitarras son iguales / Nuestros reveses iguales / Nuestros tormentos son ayes / Nuestros lamentos son ayes / Guitarras, más también cuando es preciso / Sabemos muchas veces que el dolor puede ser risa.

Saudades do futuro

Daqui desta Lisboa que é tão minha / Como de ti que a amas como eu / Mando-te um beijo naquela andorinha / Que em Março me entregou um beijo teu / Aqui neste jardim à tua espera / Como se não tivesses embarcado / Digo ao Outono que ainda é Primavera / E encho de buganvílias este fado / Num tempo que de amor é tão vazio / Há coisas que não sei mas adivinho / Um rio ali à beira de outro rio / Só um depois da curva do caminho / Tenho tantas saudades do futuro / De um tempo que contigo hei-de viver / Não há mar não há fronteira não há muro / Que possam meu amor o amor deter

Saudades del futuro 

Desde aquí, de esta Lisboa que es tan mía / Como de ti que la amas como yo / Te mando un beso en aquella golondrina / Que en marzo me entregó un beso tuyo / Aquí en este jardín a tu espera / Como si no hubieses embarcado / Digo al otoño que siempre es primavera / Y lleno de buganvillas este fado / En un tiempo que de amor está tan vacío / Hay cosas que no sé, pero adivino / Un río allí a orillas de otro río / Sólo un después de la curva del camino / Tengo tantas saudades del futuro / De un tiempo que contigo he de vivir / No hay mar, no hay fronteras, no hay murallas / Que puedan, mi amor, el amor detener

A saudade aconteceu

Há pouco quando ficaram / Teus olhos presos nos meus / Quantos segredos contaram / Quantas coisas revelaram / Nessa confissão meu Deus / No silêncio desse adeus / Há pouco quando teimosas / Duas lágrimas rolaram / Trementes silenciosas / Deslizaram caprichosas / E nos teus lábios pararam / E nosso beijo selaram / Há pouco quando partiste / Todo o céu enegreceu / Ainda bem que tu não viste / Formou-se uma nuvem triste / Chorou o céu e chorei eu / E a saudade aconteceu

La saudade sucedió

Hace poco cuando se encontraban / Tus ojos presos en los míos / Cuantos secretos contaron / Cuantas cosas revelaron / En esa confesión, Dios mío / En el silencio de ese adiós / Hace poco, cuando obstinadas / Dos lágrimas rodaron / Temblando silenciosas / Se deslizaron caprichosas / Y en tus labios pararon / Y nuestro beso sellaron / Hace poco, cuando partiste / Todo el cielo se ennegreció / Aunque tú no la viste / Se formó una nube triste / lloró el cielo y lloré yo / Y la saudade sucedió

Fecho os olhos para dar

Trago nos olhos segredos / Que todos julgam saber / São rosários, são enredos / Que ganham razão de ser / O olhar que traz verdade / Também luz outros anseios / Incertezas e saudade / Que em mim desfazem enleios / Revelar não é partir / Não querer ver é despedida / Cinco sentidos pra sentir / E dar um sentido à vida / A cegueira faz pensar / Nos segredos confundidos / Eu fecho os olhos pra dar / A imensidão dos sentidos

Cierro los ojos para dar

Traigo en los ojos secretos / Que todos creen saber / Son rosarios, son enredos / Que ganan la razón de ser / La mirada que trae verdad / También luz y otras ansias / Incertezas y saudade / Que en mí deshacen marañas / Revelar no es partir / No querer ver es despedida / Cinco sentidos para sentir / Y dar sentido a la vida / La ceguera hace pensar / En secretos confundidos / Yo cierro los ojos para dar / La inmensidad de los sentidos

O meu fado

Fado tão longe e tão perto / Fado tão meu, tão alheio / Momento nítido, incerto / Com esta voz pelo meio / Noites passadas em branco / Em cada fado que eu cante / Há uma vida que arranco / À morte de cada instante / Grito no peito rasgado / E na garganta contido / Que faz de um pequeno fado / Um grande instante vivido / O fado que vou vivendo / No canto e no gesto mudo / É tudo o que não entendo / Que me faz entender tudo

Mi fado 

Fado tan lejano y tan cercano / Fado tan mío, tan ajeno / Momento nítido, incierto / Con esta voz por en medio / Noches pasadas en blanco / En cada fado que canté / Hay una voz que arranco / A la muerte en cada instante / Grito rasgado en el pecho / Y en la garganta contenido / Que hace de un pequeño fado / Un gran instante vivido / El fado que voy viviendo / En un canto y un gesto mudo / Es todo lo que no entiendo / Que me hace entenderlo todo


Disse-te adeus

Disse-te adeus não me lembro / Em que dia de Setembro / Só sei que era madrugada; / A rua estava deserta / E até a lua discreta / Fingiu que não deu por nada / Sorrimos à despedida / Como quem sabe que a vida / É nome que a morte tem / Nunca mais nos encontrámos / E nunca mais perguntámos / Um p'lo outro a ninguém / Que memória ou que saudade / Contará toda a verdade / Do que não fomos capazes / Por saudade ou por memória / Eu só sei contar a história / Da falta que tu me fazes

Te dije adiós

Te dije adiós, no recuerdo / En que día de septiembre / Sólo sé que era de madrugada; / La calle estaba desierta / Y hasta la luna discreta / Fingió que no veía nada / Sonreímos en la despedida / Como quien sabe que la vida / Es nombre que la muerte tiene / Nunca más nos encontramos / Y nunca más preguntamos / El uno por el otro a nadie/ Qué memoria o qué saudade / Contará toda la verdad / De que no fuimos capaces / Por saudade o por memoria / Sólo sé contar la historia / De cuánta falta me haces

Fado da sina

Reza-te a sina / Nas linhas traçadas na palma da mão / Que duas vidas / Se encontram cruzadas / No teu coração / Sinal de amargura / De dor e tortura / De esperança perdida / Indício marcado / De amor destroçado / Na linha da vida / E mais te reza / Na linha do amor / Que terás de sofrer / O desencanto ou leve dispor / De uma outra mulher / Já que a má sorte assim quis / A tua sina te diz / Que até morrer terás de ser / Sempre infeliz / Não podes fugir / Ao negro fado brutal / Ao teu destino fatal / Que uma má estrela domina / Tu podes mentir às leis do teu coração / Mas ai quer queiras quer não / Tens de cumprir a tua sina / Cruzando a estrada da linha da vida / Traçada na mão / Tens uma cruz a afeição mal contida / Que foi uma ilusão / Amor que em segredo / Nasceu quase a medo / Para teu sofrimento / E foi essa imagem a grata miragem / Do teu pensamento / E mais ainda te reza o destino / Que tens de amargar / Que a tua estrela de brilho divino / Deixou de brilhar / Estrela que Deus te marcou / Mas que bem pouco brilhou / E cuja luz aos pés da cruz / Já se apagou

Fado del destino 

Reza tu destino / En las líneas marcadas en la palma de la mano / Que dos vidas / Se encuentran cruzadas / En tu corazón / Señal de amargura / De dolor y tortura / De esperanza perdida / Indicio marcado / De amor destrozado / En la línea de la vida / Y reza aún más / En la línea del amor / Que tendrás que sufrir / El desencanto o la leve disposición / De otra mujer / Ya que la mala suerte así lo quiso / Tu destino te dice / Que hasta tu muerte habrás de ser / Siempre infeliz / No puedes huir / Al negro fado brutal / A tu destino fatal / Que una mala estrella domina / Tú puedes mentir a las leyes de tu corazón / Pero lo quieras o no / Debes cumplir tu destino / Cruzando la calle de la línea de la vida / Trazada en la mano / Tienes una cruz de amor mal contenido / Que fue una ilusión / Amor que en secreto / Nació casi con miedo / Para tu sufrimiento / Y fue esa imagen el grato espejismo / De tu pensamiento / Y aún más dice tu destino / Que sentirás amargura / Que tu estrella de brillo divino / Dejó de brillar / estrella que Dios te marcó / Pero que bien poco brilló / Y cuya luz a los pies de la cruz / Ya se apagó

Esta contínua saudade

Esta contínua saudade / Que me afasta do que digo / E me deserta do amor / Tem uma voz e uma idade / Contra as quais eu não consigo / Mais força que a minha dor / Esta contínua e perigosa / Saudade que prende a mágoa / E enfraquece o entendimento / É uma fonte rigorosa / Onde eu bebo a angústia da água / Que me assombra o pensamento/ Mas para um tempo tão puro / Como é o de esperar / O sonho no olhar que trazes / É que eu no vento procuro / Todo o bem que posso dar / Em todo o mal que me fazes

Esta continua saudade 

Esta continua saudade / Que me desvía de lo que digo / Y me aleja del amor / Tiene una voz y una edad / Contra las que no consigo / Más fuerza que mi dolor / Esta continua y peligrosa / Saudade que prende la amargura / Y debilita el entendimiento / Es una fuente cruel / De donde bebo la angustia del agua / Que ensombrece mi pensamiento / Pero para un tiempo tan puro / Como es el de esperar / El sueño en la mirada que traes / Es el que busco en el viento / Todo el bien que puedo dar / En todo el mal que me haces

¡Crea tu página web gratis! Esta página web fue creada con Webnode. Crea tu propia web gratis hoy mismo! Comenzar