Guarda-me a vida na mão (2003)


GUARDA-ME A VIDA NA MÃO (2003)


1. Guarda-me a vida na mão / 2. Desculpa / 3. Nasci p'ra ser ignorante / 4. Sou do fado, sou fadista / 5. Vou dar de beber à dor / 6. Preso entre o sono e o sonho / 7. Não hesitava um segundo / 8. Porque teimas nesta dor / 9. Meu triste, triste amor / 10. Endeixa / 11. Quem vai ao fado / 12. Flor de lua / 13. Guitarra / 14. Às vezes / 15. Lavara no rio lavava

Guarda-me a vida na mão

Guarda-me a vida na mão / Guarda-me os olhos nos teus / Dentro desta solidão / Nem há presença de Deus / Como a queda de um sorriso / Pelo canto triste da boca / Neste vazio impreciso / Só a loucura me toca / Esperei por ti todas as horas / Frágil sombra olhando o cais / Mas mais triste que as demoras / É saber que não vens mais.

Guárdame la vida en la mano

Guárdame la vida en la mano / Guárdame los ojos en los tuyos / Dentro de esta soledad / No hay ni presencia de Dios / Como la caída triste de una sonrisa / Por la comisura triste de la boca / En este vacío impreciso / Sólo la locura me toca / Esperé por ti todas las horas / Frágil sombra mirando al puerto / Pero más triste que las demoras / Es saber que no vienes más.

Desculpa

Desculpa de não ser como tu queres / De ser o lado errado entre nós / Aperta-me em teus braços de mulher / Disseste-o num soluço quase voz / Desculpa não ser mais para te oferecer / No tudo que te dou e que é tão pouco / Repousa-me em teus braços de mulher / Disseste tu num tom velado e rouco / Desculpa a pequenez que me apequena / Aos teus olhos adultos penetrantes / Acolhe com piedade a alma enferma / Disseste à flor de uns lábios delirantes / Desculpa por te olhar aquém do pranto / Que dos meus olhos corre ao estarmos sós / Desculpa por ainda te amar tanto / Disseste-o num soluço quase voz

Disculpa 

Disculpa por no ser como tú quieres / Por ser el lado equivocado de nosotros / Estréchame en tus brazos de mujer / Dijiste en un susurro, casi voz / Disculpa no ser más para ofrecerte / En todo lo que te doy y que es tan poco / Repósame en tus brazos de mujer / Dijiste tú en un tono velado y ronco / Disculpa la pequeñez que me empequeñece / A tus ojos adultos y penetrantes / Acoje con piedad el alma enferma / Dijiste a la flor de unos labios delirantes / Disculpa por mirarte más acá del llanto / Que de mis ojos corre cuando estamos solos / Disculpa por amarte aún tanto / Dijiste en un susurro, casi voz

Nasci p'ra ser ignorante

Nasci p'ra ser ignorante / Mas os parentes teimaram / E dali não arrancaram / Em fazer de mim estudante / Que remédio obedeci / Há já 3 lustros que estudo / Aprender aprendi tudo / Mas tudo desaprendi / Perdi o nome às estrelas / Aos nossos rios e aos de fora / Confundo fauna com flora / Atrapalham-me as parcelas / Mas passo dias inteiros / A ver o rio a passar / Com aves e ondas do mar / Tenho amores verdadeiros / Rebrilha sempre uma estrela / Por sobre o meu parapeito / Pois não sou eu que me deito / Sem ter falado com ela / Conheço mais de mil flores / Elas conhecem-me a mim / Só não sei como em latim / As crismaram os doutores / Nasci p'ra ser ignorante / Mas os parentes teimaram / E dali não arrancaram / Em fazer de mim estudante / Que remédio obedeci / Há já 3 lustros que estudo / Aprender aprendi tudo / Mas tudo desaprendi / Enquanto as águas correrem / Não sentirei calafrios / Que flores aves e rios / Ignorante é que me querem / Que flores aves e rios / Ignorante é que me querem

Nací para ser ignorante

Nací para ser ignorante / Pero mis padres se empeñaron / Y ni aún así consiguieron / Hacer de mí una estudiante / Qué remedio, obedecí / Ya hace tres lustros que estudio /Aprender, lo aprendí todo / Pero todo lo desaprendí / Perdí el nombre de las estrellas / De nuestros ríos y los de fuera / Confundo la fauna con la flora / Se me confunden las cifras / Pero paso días enteros viendo los ríos correr / Con aves y olas del mar / Tengo amores verdaderos / Refulge siempre una estrella / Sobre mi parapeto / Pues no soy yo quien me acuesto / Sin haber hablado con ella / Conozco más de mil flores / Ellas me conocen a mí / Pero no sé como en latín / Las llamaron los doctores / Nací para ser ignorante / Pero mis padres se empeñaron / Y ni aún así consiguieron / Hacer de mí una estudiante / Qué remedio, obedecí / Ya hace tres lustros que estudio /Aprender, lo aprendí todo / Pero todo lo desaprendí / Pero cuando las aguas corran / No sentiré escalofríos / Porque aves, flores y ríos / Ignorante es como me quieren / Porque aves, flores y ríos / Ignorante es como me quieren

Sou do fado, eu sou fadista

Sei que a alma se ajeitou / Tomou a voz nas mãos / Rodopiou no peito / E fez-se ouvir no ar / E eu fechei meus olhos / Tristes só por querer / Cantar, cantar / E uma voz me canta assim baixinho / E uma voz me encanta assim baixinho / Sou do fado / Sou do fado / Eu sou fadista / Sei que o ser se dá assim / Às margens onde o canto / Recolhe em seu regaço / As almas num só fado / E eu prendi-me a voz / Como a guitarra ao seu / Trinado, trinado / E uma voz me canta assim baixinho / E uma voz me encanta assim baixinho / Sou do fado / Sou do fado / Eu sou fadista  

Soy del fado, yo soy fadista

Sé que el alma se acomodó / Tomó la voz en las manos / Rodó en el pecho / Y se hizo oír en el aire / Y yo cerré mis ojos / Tristes sólo por querer / Cantar, cantar / Y una voz me canta así bajito / Y una voz me encanta así bajito / Soy del fado / Soy del fado / Yo soy fadista / Sé que el ser se entrega así / En las márgenes donde el canto / Recoge en su regazo / Las almas en un solo fado / Y yo me agarré a la voz / Como la guitarra a su / Trino, trino / Y una voz me canta así bajito / Y una voz me encanta así bajito / Soy del fado / Soy del fado / Yo soy fadista / 

Vou dar de beber à dor

Foi no Domingo passado que passei / À casa onde vivia a Mariquinhas / Mas está tudo tão mudado / Que não vi em nenhum lado / As tais janelas que tinham tabuinhas / Do rés-do-chão ao telhado / Não vi nada, nada, nada / Que pudesse recordar-me a Mariquinhas / E há um vidro pegado e azulado / Onde via as tabuinhas / Entrei e onde era a sala agora está / A secretária e um sujeito que é lingrinhas / Mas não vi colchas com barra / Nem viola nem guitarra / Nem espreitadelas furtivas das vizinhas / O tempo cravou a garra / Na alma daquela casa / Onde às vezes petiscávamos sardinhas / Quando em noites de guitarra e de farra / Estava alegre a Mariquinhas / As janelas tão garridas que ficavam / Com cortinados de chita às pintinhas / Perderam de todo a graça porque é hoje uma vidraça / Com cercaduras de lata às voltinhas / E lá pra dentro quem passa / Hoje é pra ir aos penhores / Entregar o usurário, umas coisinhas / Pois chega a esta desgraça toda a graça / Da casa da Mariquinhas / Pra terem feito da casa o que fizeram / Melhor fora que a mandassem prás alminhas / Pois ser casa de penhor / O que foi viveiro de amor / É ideia que não cabe cá nas minhas / Recordações de calor / E das saudades o gosto eu vou procurar esquecer / Numas ginjinhas / Pois dar de beber à dor é o melhor / Já dizia a Mariquinhas

Voy a dar de beber al dolor 

Fue el domingo pasado cuando pasé / Por la casa donde vivía Mariquinhas / Pero estaba todo tan cambiado / Que no vi en ningún lado / Las ventanas que tenía persianas / Desde el suelo hasta el tejado / No vi nada, nada, nada / Que pusiese recordarme a Mariquinhas / Y hay un cristal pegado y azulado / Donde se veían persianas / Entré y donde estaba la sala ahora está / La secretaria y un sujeto que está en los huesos / Pero no vi cortinas con barra / Ni viola ni guitarra / Ni miradas furtivas de las vecinas / El tiempo clavó su garra / En el alma de aquella casa / Donde a veces comíamos sardinas / Cuando en noches de guitarra y de farra / Estaba alegre Mariquinhas / Las ventas que eran tan elegantes / Con cortinas de algodón a lunares / Perdieron de todo la gracia porque hoy son ventanales / Con marco de hierro torneado / Y quien pasa por allí dentro / Hoy es para ir a empeñar / Para que el usuario entregue una cosita / Pues ha llegado a esta desgracia toda la gracia / De la casa de Mariquinhas / Para hacer de la casa lo que hicieron / Era mejor que la hubieran mandado al otro barrio / Pues ser una casa de empeños / Lo que fue un vivero de amores / Es una idea que no cabe en mi cabeza / Recuerdos de calor / Y de saudades, lo que ahora voy a intentar es olvidarlo / En unas ginginhas / Pues dar de beber al dolor es lo mejor / Ya lo decía Mariquinhas

Preso entre o sono e o sonho

Uma flor não te dá nome / Não há jardim que te cresça / Vou saciar minha fome / Quando em ti meu olhar desça / Um silêncio que te chama / E os olhos num longo traço / Fecham-se á luz que derrama / Sobre a cama que eu desfaço / Um livro espera tristonho / Entreaberto, a meu lado / Preso entre o sono e o sonho / Nem aberto, nem fechado / Não há caminho que tome / Não há voz que em mim conheça / Que chegue p'ra te dar nome / Não há flor que te pareça

Preso entre sueños

Una flor no te da nombre / No hay jardín que te crezca / Voy a saciar mi hambre / Cuando baje a ti mis ojos / Un silencio que te llama / Y los ojos en un largo trazo / Se cierran a la luz que derrama / Sobre la cama que deshago / Un libro espera entristecido / Entreabierto, a mi lado / Preso entre el sueño y los sueños / Ni abierto, ni cerrado / No hay camino que tome / No hay voz que en mi conozca / Que llegue a darte nombre / No hay flor que se te parezca

Não hestitava um segundo

Entre os teus olhos azuis / E um quadro azul de Picasso / Entre o som da tua voz / E o som de qualquer compasso / Entre o teu anel de prata / E todo o ouro do mundo / Escolheria o que é teu / Não hesitava um segundo / Quantas ondas há no mar / Quantas estrelas no céu / Tantas quantas nos meus sonhos / Eu fui tua e foste meu / Entre o teu anel de prata / E todo o ouro do mundo / Escolheria o que é teu / Não hesitava um segundo / Entre o céu da tua boca / E a luz do céu de Lisboa / Entre uma palavra tua / E um poema de Pessoa / Entre a cor do teu sorriso / E todo o brilho do mundo / Escolheria o que é teu / Não hesitava um segundo / Entre o teu anel de prata / E todo o ouro do mundo / Escolheria o que é teu / Não hesitava um segundo

No lo dudaba un segundo

Entre tus ojos azules / Y un cuadro azul de Picasso / Entre el sonido de tu voz / Y el sonido de cualquier compás / Entre tu anillo de plata / Y todo el oro del mundo / Escogería lo que es tuyo / No lo dudaba un segundo / Cuántas olas hay en el mar / Cuántas estrellas en el cielo / Tantas como en mis sueños / Yo fui tuya y fuiste mío / Entre tu anillo de plata / Y todo el oro del mundo / Escogería lo que es tuyo /No lo dudaba un segundo / Entre el cielo de tu boca / Y la luz del cielo de Lisboa / Entre una palabra tuya / Y un poema de Pessoa / Entre el color de tu sonrisa / Y todo el brillo del mundo / Escogería lo que es tuyo /No lo dudaba un segundo / Entre tu anillo de plata / Y todo el oro del mundo / Escogería lo que es tuyo /No lo dudaba un segundo

Por que teimas nesta dor

Por que teimas nesta dor / Por que não lhe queres dar fim / Tu sabes que o nosso amor / Não morre dentro de mim / Não te dou beijos fingidos / Que a boca sabe a verdade / Os teus lábios proibidos / Prende a minha alma à saudade / Mesmo que ao beijar não sintas / O que a tua boca diz / Meu amor por mais que mintas / Nos teus beijos sou feliz / Meu amor na tua boca, / Há um silêncio que é nosso / Um travo de coisa pouca / E amar-te mais eu não posso

Por qué insistes en este dolor

Por qué insistes en este dolor / Por qué no le quieres dar fin / Tú sabes que nuestro amor / No muere dentro de mí / No te doy besos fingidos / Que la boca sabe la verdad / Tus labios prohibidos / Atan mi alma a la saudade / Aunque al besar no sientas / Lo que tu boca dice / Mi amor, por más que mientas / En tus besos soy feliz / Mi amor, en tu boca, / Hay un silencio que es nuestro / Un amargor pequeño / Y no puedo amarte más

Meu triste, triste amor

Meu triste, triste amor / Das noites inocentes / Que o amor ao possuir-me / Inocentiza-me o ser / Por sobre a minha pele / As tuas mãos reluzentes / Afadigam-se no corpo / P'ra melhor o conhecer / Meu triste, triste amor / De anseios prematuros / De ventos circundantes / Incentivados por nós / O amor se faz ouvir / Por entre beijos seguros / Num sussurro insolente / Que não nos chega a ser voz / Meu triste, triste amor / De inuzitada memória / De incontadas promessas / Em tímido pudor / Somente a nossa voz / Poderá contar a história / Do quanto nos amámos / Meu triste, triste amor

·          

Mi triste, triste amor 

Mi triste, triste amor / De las noches inocentes / En que el amor al poseerme / Hace inocente mi ser / Sobre mi piel / Tus manos relucientes / Se fatigan en el cuerpo / Para conocerlo mejor / Mi triste, triste amor / De ansias prematuras / de vientos circundantes / Incentivados por nosotros / El amor se hace oír / Por entre besos seguros / En un susurro insolente / Que no nos llega a ser voz / Mi triste, triste amor / De inusitada memoria / De incontables promesas / En tímido pudor / Solamente nuestra voz / Podrá contar la historia / De cuánto nos amamos / Mi triste, triste amor

Endeixa

Pois meus olhos não deixam de chorar / Tristezas que não cansam de cansar-me / Pois não abranda o fogo em que abrasar-me / Pode quem eu jamais pude abrandar / Não canse o cego amor de me guiar / A parte donde não saiba tornar-me / Nem deixe o mundo todo de escutar-me / Enquanto me a voz fraca não deixar / E se em montes, em rios, ou em vales / Piedade mora ou dentro mora amor / Em feras, aves, plantas, pedras, águas / Ouçam a longa história de meus males / E curem sua dor com minha dor / Que grandes mágoas podem curar mágoas

Endecha 

Puesto que mis ojos no dejan de llorar / Tristezas que no se cansan de cansarme / Puesto que no se ablanda el fuego en que me abrasa / Puede quien yo jamás pude ablandar / Que no se canse el ciego amor de guiarme / A la parte donde no sabía guiarme / Ni deje el mundo todo de escucharme / Mientras que no me deje la voz débil / Y si en montes, en río o en valles / La piedad mora o dentro mora el amor / En fieras, aves, plantas, piedras, aguas / Escuchen la larga historia de mis males / Y curen su dolor con mi dolor / Que grandes tristezas pueden curar tristezas

Quem vai ao fado

Quem vai ao fado meu amor / Quem vai ao fado / Leva no peito algo de estranho a latejar / Quem vai ao fado meu amor / Quem vai ao fado / Sente que a alma ganha asas quer voar / Sempre que entristeço e a nostalgia cai em mim / Ouço de tão longe estranha voz por mim chamar / È um canto doce mavioso ou coisa assim / Logo a minha alma faz-se voz e quer cantar / Bálsamo bendito a esta terra quis Deus dar / Mais vale cantar do que chorar / Quem vai ao fado meu amor / Quem vai ao fado / Leva no peito algo de estranho a latejar / Quem vai ao fado meu amor / Quem vai ao fado / Sente que a alma ganha asas quer voar / Sempre que radioso o coração se agita em mim / Num impulso alegre a felicidade vem morar / Abandono a voz no Mouraria porque assim / Sei que o coração quer à guitarra forma dar / Bálsamo bendito a esta terra quis Deus dar / Mais vale cantar do que chorar / Quem vai ao fado meu amor / Quem vai ao fado / Leva no peito algo de estranho a latejar / Quem vai ao fado meu amor / Quem vai ao fado / Sente que a alma ganha asas quer voar

Quien va al fado

Quien va al fado, mi amor / Quien va al fado / Lleva en el pecho algo que palpita / Quien va al fado, mi amor / Quien va al fado / Siente que el alma recobra alas para volar / Siempre que me entristezco y la nostalgia cae en mí / Oigo de muy lejos una extraña voz que me llama / Es un canto dulce, tierno o algo parecido / Luego mi alma se hace voz y quiere cantar / Bálsamo bendito a esta tierra quiso Dios darle / Más vale cantar que llorar / Quien va al fado, mi amor / Quien va al fado / Lleva en el pecho algo que palpita / Quien va al fado, mi amor / Quien va al fado / Siente que el alma recobra alas para volar / Siempre que el corazón radiante se agita en mí / En un impulso alegre la felicidad viene a morar / Abandono la voz en Mouraria porque así / Sé que el corazón quiere darle forma a la guitarra / Bálsamo bendito a esta tierra quiso Dios darle / Más vale cantar que llorar / Quien va al fado, mi amor / Quien va al fado / Lleva en el pecho algo que palpita / Quien va al fado, mi amor / Quien va al fado / Siente que el alma recobra alas para volar

Flor de lua

Solidão, campo aberto / Campo chão, tão deserto / Meu verão, ansiedade / Meu irmão, de saudade / Campo sol, girassol, branco lírio, / Ilusão, solidão, meu martírio / Torna a flor, minha flor, campo chão, / Torna a dor, minha dor, solidão / Vai no vento, a passar / Um lamento, a gritar / Dó ré mi, mi fá sol / Dó ré mi, girassol / Velho cardo, esguio nardo, flor de lua / Mi fá sol, girassol, eu sou tua / Torna a dor, minha flor, campo chão / Torna a dor, minha flor, solidão / Grita o mar, geme o vento / Teu olhar, meu tormento / Chora a lua, flor dourada / Madressilva, madrugada / Canta a lua, seminua, flor mimosa / Sargaçal, roseiral, minha rosa / Chora a fonte, reza o monte, branca asa / Canta a flor, chora a flor, campa rasa

Flor de lua

Soledad, campo abierto / Campo llano, tan desierto / Mi verano, ansiedad / Mi hermano, de saudade / Campo sol, girasol, blanco lirio, / Ilusión, soledad, mi martirio / Vuelve la flor, mi flor, campo llano, / Vuelve el dolor, mi dolor, soledad / Va en el viento, al pasar / Un lamento, gritando / Do re mi, mi fa sol / Do re mi, girasol / Viejo cardo, nardo herido, flor de luna / Mi fa sol, girasol, yo soy tuya / Vuelve el dolor, mi flor, campo llano / Vuelve el dolor, mi dolor, soledad / Grita el mar, gime el viento / Tu mirada, mi tormento / llora la luna, flor dorada / Madreselva, madrigada / Canta la luna, semidesnuda, flor mimosa / Campo de espinos, rosaleda, mi rosa / Llora la fuente, reza el monte, ala blanca / Canta la flor, llora la flor, losa plana.

Guitarra

Ó guitarra guitarra, por favor / Abres-me o peito com chave de dor / Guitarra emudece / O som que me entristece / Vertendo sobre mim a nostalgia / Ò guitarra, guitarra, vais ter dó / Não rasgues o silêncio ao veres-me só / Guitarra o teu gemer / Mais dor me vem fazer / Como o vento a afagar a noite fria / Guitarra emudece, o som que me entristece / Pois se te ouço chorar, eu também choro / Maior do que a madeira em que te talham / Guitarra é o teu mundo onde moro / Ò guitarra guitarra, por favor / Abres-me o peito com chave de dor / Ò guitarra guitarra fica muda / Sem ti, talvez minh'alma inda se iluda / Vais ter que responder / Se em mim tudo morrer / Ao peso desta enorme nostalgia

Guitarra 

Ay, guitarra, guitarra, por favor / Me abres el pecho con la llama del dolor / Guitarra, enmudece / El sonido que me entristece / Vertiendo sobre mí la nostalgia / Ay, guitarra, guitarra, ten compasión / No rasgues el silencio al verme solo / Guitarra, tu gemir / Viene a darme más dolor / Como el viento al acariciar la noche fría / Guitarra, enmudece el sonido que me entristece / Pues si te oigo llorar, yo también lloro / Mayor que la madera en que te talla / Guitarra, es tu mundo donde vivo / Ay, guitarra, guitarra, por favor / Me abres el pecho con la llave del dolor / Ay, guitarra, guitarra, queda muda / Sin ti, tal vez, mi alma aún se ilusione / Tendrás que responder / Si en mí todo muere / Al peso de esta enorme nostalgia

Às vezes

Às vezes / Quando te peço / Essas coisas que enfim / Eu não mereço / Fico a olhar para ti / E agradeço / Ter o que te pedi / Sempre que peço / E olha / Às vezes penso / Penso que tu me queres / Que eu te pertenço / Distraída de mim / Nada mais peço / Tenho do teu amor / Tudo que eu quero / Aceita este pensar / Desperta tudo o que eu sou / Regresso ao teu amor / Depressa, a certeza chegou / Adoras / Amamos / Demoras / Enganos / E ainda vou ser feliz / Nos braços do meu amor

A veces

A veces / Cuando te pido / Esas cosas que, en fin / Yo no merezco / Pongo mis ojos en ti / Y agradezco / Tener lo que te pedí / Siempre que pido / Y mira / A veces pienso / Pienso que tú me quieres / Que yo te pertenezco / Distraída de mí / Nada más pido / Tengo de tu amor / Todo lo que quiero / Acepta ese pensar / Despierta todo lo que soy / Regreso a tu amor / Deprisa llegó la certeza / Adoras / Amamos / Demoras / Engaños / Y todavía voy a ser feliz / En los brazos de mi amor

Lavava, no rio, lavava

Lavava no rio, lavava / Gelava-me o frio, gelava / Quando ia ao rio lavar; / Passava fome, passava / Chorava, também chorava / Ao ver minha mãe chorar / Cantava, também cantava / Sonhava, também sonhava / E na minha fantasia / Tais coisas fantasiava / Que esquecia que chorava / Que esquecia que sofria / Já não vou ao rio lavar / Mas continuo a sonhar / Já não sonho o que sonhava / Se já não lavo no rio / Porque me gela este frio / Mais do que então me gelava / Ai minha mãe, minha mãe / Que saudades desse bem / E do mal que então conhecia / Dessa fome que eu passava / Do frio que me gelava / E da minha fantasia / Já não temos fome, mãe / Mas já não temos também / O desejo de a não ter / Já não sabemos sonhar /Já andamos a enganar / O desejo de morrer

Lavaba en el río, lavaba

Lavaba en el río, lavaba / Me helaba el frío, me helaba / Cuando iba al río a lavar, / Pasaba hambre, pasaba / Lloraba, también lloraba / Al ver a mi madre llorar / Cantaba, también cantaba / Soñaba, también soñaba / Y en mi fantasía / Tales cosas fantaseaba / Que olvidaba que lloraba / Que olvidaba que sufría / Ya no voy al río a lavar / Pero sigo soñando / Ya no sueño lo que soñaba / Si ya no lavo en el río / Por qué me hiela este frío / Más de lo que entonces me helaba / Ay, madre mía, madre mía / Qué saudades de aquel bien / Y del mal que entonces conocía / De aquel hambre que pasaba / Del frío que me helaba / Y de mi fantasía / Ya no tenemos hambre, madre / Pero tampoco tenemos / El deseo de no tenerla / Ya no sabemos soñar / Ya estamos sólo engañando / Al deseo de morir

¡Crea tu página web gratis! Esta página web fue creada con Webnode. Crea tu propia web gratis hoy mismo! Comenzar