Joana Amendoeira - Aquela Rua (2000)


Aquela rua, 2000  


1. Aquela rua / 2. Fadista louco / 3. É assim que a vida se revela / 4. Dá-me o braço, anda daí / 5. Poeta / 6. Se o fado não tem idade / 7. Havemos de ir a viana / 8. Fado cor do sentimento / 9. Lisboa das mil janelas / 10. Eu fecho os olhos p´ra dar / 11. Fria claridade / 12. Madrugada de Alfama / 13. Amiga / 14. Vou-te amar até ao fim

Aquela rua

Não me fales dessa rua, a rua / Que p'ra mim foi a mais linda, ainda / Sim, prefiro que te cales / Fala-me das horas de hoje, do passado não me fales / Nesse tempo de quimera, eu era / Como simples azucena, pequena / Pura como a luz da lua / Era a menina bonita do princípio ao fim da rua / Bibe azul aos quadradinhos, fitas e laços de ir p'ra escola / Hoje sigo outros caminhos, fiz dos teus braços uma gaiola / Canções alegres que eu tinha / Que eram da moda, só sei cantar / Olha a triste viuvinha / Que anda na roda e anda a chorar / Era irmã daquela fonte defronte / Aprendi a tagarela com ela / Tudo na vida mudou / Porque um dia tu passaste, passaste e a fonte secou / Meu cantarinho de barro bizarro / Fosse lá pelo que fosse, quebrou-se / Passaste a chamar-me tua / Desde então não mais pisei as pedras daquela rua

Aquella calle 

No me hables de aquella calle, la calle / Que para mi fue la más linda, todavía / Sí, prefiero que te calles / Háblame de las horas de hoy, del pasado no me hables / En ese tiempo de quimera, yo era / Como la simple azucena, pequeña / Pura como luz de luna / Era la niña bonita del principio al fin de la calle / Babi azul a cuadraditos, cintas y lazos para ir a la escuela / Hoy sigo otros caminos, hice de tus brazos una jaula / Canciones alegres que tenía / Que estaban de moda, sólo sé cantar / Mira la triste viudita / Que está en la calle llorando / Era hermana de aquella fuente, de enfrente / Aprendí la cantinela, con ella / Todo en la vida cambió / Porque un día tú pasaste, pasaste y la fuente se secó / Mi cantarito de barro garboso / fuese allí por lo que fuese, se rompió / Pasaste a llamarme tuya / Desde entonces no pisé ya más piedras que las de esa calle

Fadista louco

Eu canto, com os olhos bem fechados / Que o maestro dos meus fados / É quem lhes dá o condão / E assim, não olho pr'a outros lados / E canto de olhos fechados / Pr'a olhar pr'ó coração / Meu coração, é fadista de outras eras / Que sonha viver quimeras / Em locura desbrida / Meu coração, se canto quase me mata / Pois cada vez que bata / Rouba um pouco à minha vida / E ele e eu, cá vamos sofrendo os dois / Talvez um dia depois / Dele parar pouco a pouco / Talvez alguém se lembre ainda de nós / E sinta na minha voz / O que sentiu este louco

Fadista loco 

Yo canto, con los ojos bien cerrados / Que el maestro de mis fados / Es quien les da ese don / Y así, no miro para otros lados / Y canto con los ojos cerrados / Para mirar a mí corazón / Mi corazón, es fadista de otras eras / Que sueña vivir quimeras / En locura desatada / Mi corazón, si canto casi me mata / Pues por cada vez que late / Le roba un poco a mi vida / Y él y yo, vamos sufriendo los dos / Tal vez un día después / Le dé por parar poco a poco / Tal vez alguien se acuerde aún de nosotros / Y sienta en mi voz / Lo que sintió este loco

É assim que a vida se revela

As noites de cinzento adormecidas / As águas prateadas, inocentes / O risco de nascer em outras vidas / A frase que se diz só entre dentes / A lua dá-se ao sol e assim se oculta / Cansada de querer ser um sol também / Um menino que cai e se desculpa / Perante o olhar crítico da mãe / É pois assim que a vida se revela / Onde se diz ser justa a dôr do fim / O amor é como a intensa luz da estrela / Pode nublar mas não se apaga assim

Es así como la vida se revela

Las noches de ceniciento adormecidas / Las aguas plateadas, inocentes / Los riesgos de nacer en otras vidas / La frase que se dice sólo entre dientes / La luna se da al sol y así se oculta / Cansada de querer ser un sol también / Un niño que cae y se disculpa / Ante la mirada crítica de la madre / Es así, pues, que la vida se revela / Donde se dice que es justo el dolor del fin / El amor es como la intensa luz de la estrella / Puede nublarse, pero no sé apaga así

Dá-me o braço, anda daí

Dá-me o braço anda daí! / Vem porque eu quero cantar / Cantar encostada a ti / Sentir cair raios de luar... / Cantar encostada a ti / Até a noite acabar! / Vê que esta rosa encarnada / Me faz mais apetitosa / Somos três da vida airada / Ao pé de ti sinto-me vaidosa / Somos três da vida airada / Eu, tu e mais esta rosa! / Quero sentir o prazer / De passarmos lado a lado... / Ao lado dessa mulher / Que tens agora e não canta o fado / Ao lado dessa mulher / Com quem me tens enganado! / Depois bate-se pr'às hortas... / Adoro esta vida airada / Beijar-te fora de portas / E alta noite à hora calada / Beijar-te fora de portas / E amar-te à porta fechada!

Dame el brazo, anda dame 

¡Dame el brazo, anda dame! / Ven porque yo quiero cantar / Cantar arrimada a ti / Sentir caer rayos de luz de luna... / Cantar apoyada a ti / ¡Hasta que la noche se acabe! / Mira que esta rosa encarnada me hace más apetitosa / Somos tres con vida callejera / Junto a ti me siento vanidosa / Somos tres con vida callejera / ¡Yo, tú y además esta rosa! / Quiero sentir el placer / De pasar a tu lado / Tú al lado de esa mujer / Que tienes ahora y no canta fado /Al lado de esa mujer con la que me has engañado / Después se coincide en las huertas / Adoro esta vida errante / Besarte de puertas afuera / Y a altas horas de la noche silenciosa / Besarte de puertas afuera / ¡Y amarte a puerta cerrada!

Poeta

Poeta, onde tu foste morar / Não vão meus olhos chegar apenas o pensamento / Poeta, estrela morena perdida / Longe, tão longe da vida / Quem sabe, onde nasce o vento / Manhã, podia vê-lo, discreto em seu passito / Buscando a natureza desejada / E á noite, na cidade, muralhas de granito / Cercavam-lhe a vontade entusiasmada / Ao peito um amuleto, que a sorte era precisa / A sorte aos lusitanos é madrasta / Escrevia nos seus versos o que a boca indecisa / Escondia entre a murtalha suja e gasta

Poeta 

Poeta, ¿dónde fuiste a vivir? / Mis ojos no llegarán apenas al pensamiento / Poeta, estrella morena perdida / Lejos, tan lejos de la vida / Quién sabe dónde nace el viento / Por la mañana, podía verlo, discreto en su camino / Buscando la naturaleza deseada / Y por la noche, en la ciudad, murallas de granito / Le cercaban el deseo entusiasmado / Al pecho un amuleto, porque la suerte era necesaria / La suerte para los lusitanos es madrastra / Escribía en sus versos lo que la boca indecisa / Escondía entre la mortaja sucia y gastada

Se o fado não tem idade

Se o fado não tem idade / Todos sabem se é verdade / Sem saber qual o porquê / Cada qual canta o que sente / Pois se a alma nunca mente / Não se esconde nem se vê / É loucra querer contar / Quantas ondas tem o mar / E julgar que vou esquecer / Eu queria parar o tempo / Ser feliz nesse momento / Não ter nada que entender / Só quem chora sabe bem / A mágoa que o fado tem / A alegria de o saber / Por saber, trago incerteza / Por pensar, trago tristeza / Sem sentir, não sei viver

Si el fado no tiene edad 

Si el fado no tiene edad / Todos saben que es verdad / Sin saber cómo o porqué / Cada cual canta lo que siente / Pues si el alma nunca miente / No se esconde ni se ve / es locura querer contar / Cuántas olas tiene el mar / Y creer que voy a olvidar / Yo quería parar el tiempo / Ser feliz en ese momento / No tener que entender nada / Sólo quien llorar sabe bien / La margura que tiene el fado / La alegría de saberlo / Por saber traigo incerteza / Por pensar traigo tristeza / Sin sentir no sé vivir

Havemos de ir a Viana

Entre sombras misteriosas / Em rompendo ao longe estrelas / Trocaremos nossas rosas / Para depois esquecê-las / Se o meu sangue não me engana, como engana a fantasia / Havemos de ir a Viana, ó meu amor de algum dia / Ó meu amor de algum dia, havemos de ir a Viana / Se o meu sangue não me engana, havemos de ir a Viana / Partamos de flor ao peito / Que o amor é como o vento / Quem parte, perde-lhe o jeito / E morre a todo o momento / Ciganos, verdes ciganos / Deixai-me com esta crença / Os pecados têm vinte anos / Os remorsos têm oitenta

Tenemos que ir a Viana 

Entre sombras misteriosas / Cuando brillen a lo lejos las estrellas / Cambiaremos nuestras rosas / Para después olvidarlas / Si mi sangre no me engaña, como engaña la fantasía / Tenemos que ir a Viana, ay, mi amor de algún día / Ay, mi amor de algún día, tenemos que ir a Viana / Partamos con una flor en el pecho / Que el amor es como el viento / Quien se va, le pierde el gusto / Y muere a cada momento / Gitanos, verdes gitanos / Dejadme con esta creencia / Los pecados tienen veinte años / Los arrepentimientos ochenta

Fado cor do sentimento

O fado não se ensina, não se aprende / É uma espécie de duende / Que domina a nossa alma / Que invade a nossa calma / E que vem mesmo esquecido / Vive num canto escondido / À espera de sua hora / O fado é a cor do sentimento / Pode ser dor e lamento / Mas também é a alegria / É a paixão e fantasia / É aquilo que nós somos / Nossas vidas, nossos sonhos / O que eu fui e o que fizermos / Quem vê o fado como coisa do passado / Não entende que este fado / É o agora do futuro / E até o traz na alma quem não quer! / Não se manda no querer / Nem se é dono da paixão!

Fado color del sentimento 

El fado no se enseña, no se aprende / Es una especia de duende / Que domina nuestra alma / Que invade nuestra calma / Y que viene incluso olvidado / Vive en un canto escondido / A la espera de su hora / El fado es del color del sentimiento / Puede ser dolor y lamento / Pero también es alegría / es pasión, es fantasía / Es aquello que no somos / Nuestras vidas, nuestros sueños / Lo que yo fui y lo que hicimos / Quien ve el fado como cosa del pasado / No entiende que este fado / Es el ahora del futuro / Y hasta lo trae en el alma quien no quiere / No se manda en el querer / Ni se es dueño de la pasión

Lisboa das mil janelas

Lisboa tem mil janelas / Mil histórias de caravelas / Mil guitarras a trinar / Eu não tenho quase nada / Tenho a minha madrugada / E um pouco do teu olhar / Lisboa tem arvoredos / Um castelo já sem medos / E um rio da côr do mar / Eu tenho a minha alegria pintada de fantasia / E um pouco do teu olhar / Lisboa tem cacilheiros / Que tentam ser os primeiros / A ver Lisboa acordar / Eu tenho um barco no Tejo / Que há muito tempo não vejo / E um pouco do teu olhar / Lisboa tem maresia / Em noites de calmaria / Onde se canta a sonhar / Eu tenho o fado no peito / Tenho a voz e tenho o jeito / E um pouco do teu olhar

Lisboa de las mil ventanas 

Lisboa tiene mil ventanas / Mil historias de carabelas / Mil guitarras que trinan / Yo no tengo casi nada / Tengo mi madrugada / Y un poco de tu mirada / Lisboa tiene arboledas / Un castillo ya sin miedos / Y un río del color del mar / Yo tengo mi alegría pintada de fantasía / Y un poco de tu mirada / Lisboa tiene cacilheros / Que intentan ser los primeros / En ver a Lisboa despertar / Yo tengo un barco en el Tajo / Que hace mucho que no veo / Y un poco de tu mirada / Lisboa tiene marejadas / En noches de calma / Donde se canta soñando / Yo tengo el fado en el pecho / Tengo la voz y el embrujo / Y un poco de tu mirada

Eu fecho os olhos p'ra dar

Trago nos olhos segredos / Que todos julgam saber / São rosários, são enredos / Que ganham razão de ser / O olhar que traz verdade, também luz outros anseios / Incertazas e saudade / Que em mim desfazem enleios / Revelar, não é partir / Não querer ver, é despedida / Cinco sentidos, sentir / É dar um sentido á vida / A cegueira faz pensar / Nos segredos confundidos / E eu fecho os olhos p'ra dar imensidão aos sentidos

Yo cierro los ojos para dar 

Traigo en los ojos secretos / Que todos creen saber / Son rosarios, son enredos / Que ganan razón de ser / La mirada que trae verdad, también luz a otros deseos / Incertezas y saudade / Que en mí deshacen enredos / Revelar no es partir / No querer ver es despedida / Cinco sentidos, sentir / Y dar un sentido a la vida / La ceguera hace pensar / En los secretos confundidos / Y yo cierro los ojos para dar inmensidad a los sentidos

Fria claridade

No meio da claridade / Daquele tão triste dia / Grande, grande era a cidade / E ninguém me conhecia / Então passaram por mim / Dois olhos lindos, depois / Julguei sonhar, vendo enfim / Dois olhos, como há só dois / Em todos os meus sentidos / Tive presságios de Deus / E aqueles olhos tão lindos / Afastaram-se dos meus / Acordei, a claridade / Fez-se maior e mais fria / Grande, grande era a cidade / E ninguém me conhecia!

Fría claridad 

En medio de la claridad / De aquel día tan triste / Grande, grande era la ciudad / Y nadie me conocía / Entonces pasaron por mí / Dos ojos lindos después / Creí soñar viendo, en fin / Dos ojos como sólo hay dos / En todos mis sentidos / Tuve presagios de Dios / Y aquellos ojos tan lindos / Se alejaron de los míos / Me desperté, la claridad / Se hizo más grande y más fría / Grande, grande era la ciudad / ¡Y nadie me conocía!

Madrugada de Alfama

Mora num beco de Alfama / e chamam-lhe a madrugada, / mas ela, de tão estouvada / nem sabe como se chama. / Mora numa água-furtada / que é a mais alta de Alfama / e que o sol primeiro inflama / quando acorda à madrugada. / Mora numa água-furtada / que é a mais alta de Alfama. / Nem mesmo na Madragoa / ninguém compete com ela, / que do alto da janela / tão cedo beija Lisboa. / E a sua colcha amarela / faz inveja à Madragoa: / Madragoa não perdoa / que madruguem mais do que ela. / E a sua colcha amarela / faz inveja à Madragoa. / Mora num beco de Alfama / e chamam-lhe a madrugada; / são mastros de luz doirada / os ferros da sua cama. / E a sua colcha amarela / a brilhar sobre Lisboa, / é como a estatua de proa / que anuncia a caravela, / a sua colcha amarela / a brilhar sobre Lisboa.

Madrugada de Alfama 

Vive en un callejón de Alfama / ya la llama la madrugada, / pero ella, es tan olvidadiza / que ni sabe cómo se llama. / Vive en una buhardilla / que es la más alta de Alfama / la que el sol primero inflama / cuando despierta a la madrugada. / Vive en una buhardilla / que es la más alta de Alfama. / Ni siquiera Madragoa / puede competir con ella, / que desde lo alto de la ventana / tan pronto besa a Lisboa. / Y su colcha amarilla / es la envidia de Madragoa: / Madragoa no perdona / que madrugue más que ella. / Y su colcha amarilla / es la envidia de Madragoa. / Vive en un callejón de Alfama / ya la llama la madrugada / son mástiles de luz dorada / los hierros de su cama. / Y su colcha amarilla / brillando sobre Lisboa, / es como un mascarón de proa / que anuncia la carabela / su colcha amarilla / brillando sobre Lisboa.

Amiga

Deixa-me ser a tua amiga, amor / A tua amiga só, já que não queres / Que pelo teu amor seja a melhor / A mais triste de todas as mulheres / Que só, de ti, me venha mágoa e dor / O que me importa a mim, o que quiseres / É sempre um sonho bom! seja o que for / Bendito sejas tu por mo dizeres! / Beija-me as mãos, amor, devagarinho... / Como se os dois nascessemos irmãos / Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho... / Beija-mas bem!... que fantasia louca / Guardar assim, fechados, nestas mãos / Os beijos que sonhei prà minha boca!... / Guardar assim, fechados, nestas mãos / Os beijos que sonhei prà minha boca!... / Os beijos que sonhei prà minha boca!...

Amiga 

Déjame ser tu amiga, amor / Tu amiga sólo, ya que no quieres / Que por tu amor sea la mejor / La más triste de todas las mujeres / Que sólo de ti me vengan la amargura y el dolor / Lo que me importa a mí, lo que quisieras / Y siempre un sueño bueno, sea el que sea / Bendito seas tú por decírmelo / Bésame las manos, amor, despacito / Como si los dos naciésemos hermanos / Aves cantando al sol en el mismo nido / ¡Bésame bien...! qué fantasía loca / Guardar así, cerrados, en estas manos / Los besos que soñé para mi boca / Guardar así, cerrados, en estas manos / Los besos que soñé para mi boca / ¡Los besos que soñé para mi boca!

Vou-te amar até ao fim

Eu abro a minha janela / E respiro o ar da madrugada / E sinto a cidade parada, sem fulgor / No sono dos adormecidos / Assim ao estar mais sózinha / Tento inventar mais um pedaço de caminho / Só os meus anjos e tu / Viajo no meu quarto a tais distãncias / Que a mente não consegue calcular / Eu quero viajar / E ser a terra e o mar... em mim / Contigo ao meu lado eu sou o mundo / Ajuda-me que eu quero ajudar / Eu sei que vou-te amar / Eu sei que vou amar-te até ao fim

Voy a amarte hasta el fin

Yo abro mi ventana / Y respiro el aire de la madrugada / Y siento la ciudad detenida, sin fulgor / En el sueño de los adormecidos / Así, al estar más sola / Intento inventar un pedazo de camino / Sólo mis ángeles y tú / Viajo en mi cuarto a tales distancias / Que la mente no consigue calcular / Yo quiero viajar / Y ser la tierra y el mar... en mí / Contigo a mi lado yo soy el mundo / Ayúdame que yo quiero ayudar / Yo sé que te voy a amar / Yo sé que te voy a amar hasta el final

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