Joana Amendoeira - Joana Amendoeira (2003)

Joana Amendoeira (2003)
1.-Balada de neve / 2.- Acordo agora / 3.- O feitiço dos temores / 4.- Testamento / 5.- Rosa sem espinhos / 6.- Só Deus sabe / 7.- O Fado de ser fadista / 8.- Amor mais perfeito / 9.- Estrelas sem sentido / 10.- Alta noite / 11.- Na mesma rua / 12.- A que trago e o que trazes / 13.- Saudades do futuro
Balada da neve
Batem leve, levemente / Como quem chama por mim / Será chuva? Será
gente? / Gente não é, certamente / E a chuva não bate assim / É talvez a
ventania / Mas há pouco, há poucochinho / Nem uma agulha bulia / Na quieta
melancolia / Dos pinheiros do caminho / Quem bate, assim, levemente / Com tão estranha
leveza / Que mal se ouve, mal se sente? / Não é chuva, nem é gente / Nem é
vento com certeza / Fui ver, a neve caía / Do azul cinzento do céu / Branca e
leve, branca e fria / Há quanto tempo a não via! / E que saudades, Deus meu! /
Olho-a através da vidraça / Pôs tudo da cor do linho / Passa gente e, quando
passa / Os passos imprime e traça / Na brancura do caminho / Fico olhando esses
sinais / Da pobre gente que avança / E noto, por entre os mais / Os traços
miniaturais / Duns pezitos de criança / E descalcinhos, doridos / A neve deixa
inda vê-los / Primeiro, bem definidos / Depois, em sulcos compridos / Porque
não podia erguê-los! / Que quem já é pecador / Sofra tormentos, enfim! / Mas as
crianças, Senhor / Porque lhes dais tanta dor? / Porque padecem assim? / E uma
infinita tristeza / Uma funda turbação / Entra em mim, fica em mim presa / Cai
neve na natureza / E cai no meu coração
Balada de la nieve
Golpean leve, levemente / Como si llamaran por mí / ¿Será lluvia? ¿Será gente? / Gente no es, ciertamente / Y la lluvia no golpea así / Es tal vez el vendaval / Pero hace poco, poquito / Ni una aguja se movía / En la quieta melancolía / De los pinos del camino / ¿Quién golpea así, levemente / Con tan extraña ligereza / Que mal se oye y mal se siente? No es lluvia, ni es gente / Ni es viento, con seguridad / Fui a ver, la nieve caía / Del azul ceniciento del cielo / Blanca y ligera, blanca y fría / ¡Hace cuánto tiempo no la veía! / ¡Y qué saudades, Dios mío! / La miro a través del ventanal / Todo lo puso del color del lino / Pasa la gente, y cuando pasa / Los pasos dejan la huella / En la blancura del camino / Me quedo mirando esas señales / De la pobre gente que avanza / Y noto, entre las demás / Las huellas diminutas / De unos piececitos de niño / Y descalcitos, doloridos / La nieve aún deja verlos / Primero bien definidos / Después en surcos largos / Porque no podía levantarlos / Que quien sea pecador / Sufra pues tormentos / Pero a los niños, Señor / ¿Por qué les das tanto dolor? / ¿Por qué padecen así? / Y una infinita tristeza / Una profunda turbación / Entra en mí, queda en mí presa / Cae la nieve en la naturaleza / Y cae en mi corazón
Acordo agora
Olhos que prendem sobre o mar, uma lembrança / Almas que acendem todo o céu da nossa infãncia / Na claridade francamente embevecida / Veio a saudade dessa esperança desmedida / Acordo agora entre o sonho revelado / Nós os dois p'la vida fora a cumprir o nosso fado / Sinto contigo o amor que eu quero aprender / Num desejo tão antigo que sem ti posso esquecer / Larguei o medo, mais depressa o desespero / Do meu segredo a teimar que não te quero / Hoje caminho sem certeza ou ansiedade / Porque adivinho no amor, a eternidade
Despierto ahora
Ojos que agarran sobre el mar un recuerdo / Almas que encienden todo el cielo de nuestra infancia / En la claridad francamente extasiada / Veo la saudade de esa esperanza desmedida / Despierto ahora entre el sueño revelado / Nosotros dos por la vida cumpliendo nuestro fado / Siento contigo el amor que yo quiero aprender / En un deseo tan antiguo que sin ti puedo olvidar / Eché el miedo, más rápido la desesperación / De mi secreto empeñándose en que no te quiero / Hoy camino sin seguridad o ansiedad / Porque adivino en el amor la eternidad
O feitiço dos temores
Iludiste tantos medos / E o feitiço doutras dores / Fiz um véu dos
meus segredos / Vi de volta os teus amores / No começo da aventura / Atrasaste
a caminhada / Não quis crer na amargura / Nem na vida tão parada / Vi no mar a
minha infância / No vento, a tua passava / Neste sonho de criança / Só a verdade
falava / Alcancei com um sentido / Um desejo a condizer / Nosso amor quase
perdido / Sem ter medo de o perder
El hechizo de los temores
Ilusionaste tantos miedos / Y el hechizo de tantos dolores / Hice un velo de mis secretos / Vi de vuelta tus amores / En el comienzo de la aventura / Retrasaste la ruta / No quise creer en la amargura / Ni en la vida tan parada / Vi en el mar mi infancia / En el viento pasaba la tuya / En este sueño de niña / Sólo la verdad hablaba / Alcancé con un sentido / Un deseo que coincide / Nuestro amor casi perdido / Sin tener miedo de perderlo
Testamento
Á rapariga mais nova / Do bairro mais velho e escuro / Deixo meus
brincos, lavrados / Em cristal límpido e puro / E áquela virgem esquecida /
Sonhando alto uma lenda / Deixo o meu vestido branco / Todo tecido de renda / E
este meu rosário antigo / De contas da côr dos céus / Ofereço-o áquele amigo /
Que não acredita em Deus / E os livros, rosários meus / Das contas doutro
sofrer / São para os homens humildes / Que nunca souberam ler / Quanto aos meus
poemas loucos / Esses que são só de dôr / E aquele que são de esperança / São
para ti, meu amor / P'ra que tu possas, um dia / Com passos feitos de lua /
Oferecê-los ás crianças / Que encontrares em cada rua
Testamento
A la muchacha más joven / Del barrio más viejo y oscuro / Dejo mis pendientes labrados / En cristal limpio y puro / Y a aquella doncella olvidada / Que en alto soñaba una leyenda / Le dejo mi vestido blanco / Todo tejido de encaje / Y este rosario antiguo / De cuentas del color del cielo / Se lo ofrezco a aquel amigo / Que no cree en Dios / Y los libros, mis rosarios / De cuentas de otro sufrir / Son para los hombres humildes / Que nunca supieron leer / En cuanto a mis poemas locos / Esos que son sólo de dolor / Y los que son de esperanza / Son para ti, mi amor / Para que tú puedas un día / Con pasos hechos de luna / Ofrecérselos a los niños / Que encuentres en cada calle
Rosa sem espinhos
Para todos tens carinhos / A ninguém mostras rigor! / Que rosa és
tu sem espinhos? / Ai, que não te entendo, flor! / Se a borboleta vaidosa / A
desdém te vai beijar / O mais que lhe fazes, rosa / Sorrir e é corar / E quando
a sonsa da abelha / Tão modesta em seu zumbir / Te diz: «ó rosa vermelha / Bem
me podes acudir: / Deixa do cálix divino / Uma gota só libar... / Deixa, é
néctar peregrino / Mel que eu não sei fabricar ...» / Tu de lástima rendida /
De maldita compaixão / Tu à súplica atrevida / Sabes tu dizer que não? / Tanta
lástima e carinhos / Tanto dó, nenhum rigor! / Rosa e não tens espinhos! / Ai
!, que não te entendo, flor
Rosa sin espinos
Para todos tienes cariños / ¡A nadie muestras rigor! / ¿Qué rosa sin espinos eres tú? / ¡Ay, que o te entiendo, flor! / Si la mariposa vanidosa / Con desdén te va a besar / Lo máximo que le haces, rosa / Es sonreír y colorear / Y cuando la disimulada abeja / Tan modesta en su zumbido / Te dice: «Oh, rosa roja /Bien me puedes ayudar / Deja del cáliz divino / Que libe sólo una gota... / Deja, es néctar peregrino / Miel que yo no sé fabricar» / Tú, rendida de lástima / De maldita compasión / Tú, a la súplica atrevida / ¿Tú sabes decir que no? / Tanta lástima y cariños / ¡Tanto dolor, ningún rigor! / Eres rosa sin espinas / Ay, que no te entiendo, flor
Só Deus sabe
Há um rio no meu olhar / Que no fundo é menos frio / E mais claro
quando desce / Oiro e luz a naufragar / Cobrem cascos de um navio / Sobre o
corpo que arrefece / Devagar percorro a estrada / Entre sonhos que se acendem /
E me cegam loucamente / Se o que vejo é quase nada / Os desejos que me prendem
/ Estão em tudo á minha frente / Estranhamente a solidão / Pouco a pouco se
deforma / Numa esperança sem medida / Só Deus sabe qual a razão / Porque a vida
se transforma / E nos pede outra saída
Sólo Dios sabe
Hay un río en mi mirada / Que en el fondo es menos frío / Y más claro cuando baja / Oro y luz que naufragan / Lo cubren cascos de un navío / Sobre el cuerpo que se enfría / lentamente recorro el camino / Entre sueños que se encienden / Y me ciegan locamente / Si lo que veo es casi nada / Los deseos que me retienen / Están todos frente a mí / Extrañamente la soledad / Poco a poco se deforma / En una esperanza sin medida / Sólo Dios sabe cual es razón / Porque la vida se transforma / Y nos pide otra salida
O fado de ser fadista
Fado é destino marcado / Fado é perdão ou castigo / A própria vida é um fado / Que o coração traz consigo / Seja canção fatalista / Ou prece de quem sofreu / O fado de ser Fadista é sina que Deus me deu / Fado é ternura / Fado é dor / Fado é tristeza / Fado é como que uma reza / De quem sofre ou é feliz / Fado é loucura / É saudade, é incerteza / E é a bem mais Portuguesa das canções do meu País / Fado é tudo o que acontece / Quando se ri ou se chora / Quando se lembra ou se esquece / Quando se odeia ou se adora / É ter um jeito de artista / P'ra moldar ao fado a voz / E o fado de ser Fadista a morar dentro de nós / Fado é ternura / Fado é dor / Fado é tristeza / Fado é como que uma reza / De quem sofre ou é feliz / Fado é loucura / É saudade, é incerteza / E é a bem mais Portuguesa das canções do meu País / Fado é loucura / É saudade, é incerteza / E é a bem mais Portuguesa das canções do meu País
El fado de ser fadista
Fado es destino marcado / Fado es perdón o castigo / La propia vida es un fado /Que el corazón trae consigo / Sea canción fatalista / O súplica de quien sufrió / El fado de ser fadista es destino que Dios me dio / Fado es ternura / Fado es dolor / Fado es tristeza / Fado es como una oración / De quien sufre o es feliz / Fado es locura / Es saudade, es incertidumbre / Y es el bien más portugués de las canciones de mi país / Fado es todo lo que sucede / Cuando se ríe o se llora / Cuando se recuerda o se olvida / Cuando se odia o se adora / Es tener alma de artista / Para amoldar al fado la voz / Y el fado de ser fadista que vive dentro de nosotros / Fado es ternura / Fado es dolor / Fado es tristeza / Fado es como una oración / De quien sufre o es feliz / Fado es locura / Es saudade, es incertidumbre / Y es el bien más portugués de las canciones de mi país / Fado es locura / Es saudade, es incertidumbre / Y es el bien más portugués de las canciones de mi país
Amor mais perfeito
Amor que invento / À esquina do meu tempo /
Desassossego na alma feito voz / Amor instante / Que abraça este momento /
Pássaro aflito / Voando em céu veloz / Com asas d'infinito / Muito pr'além de
nós / Amor nascente / Pedaço de ternura / Meu rio d'água pura / Correndo até à
foz / Amor desperto / Da noite à madrugada / Beijo de fogo nas rosas do meu
peito / Amor tão perto / É já essa alvorada / E um rouxinol, amor / Num canto
contrafeito / Nos anuncia o sol / Que espreita o nosso leito / Que a luz do
sol, amor / Acenda num sorriso / Manhãs de paraíso / Meu amor mais perfecto
Amor más perfecto
Amor que invento / A la esquina de mi tiempo / Desasosiego en el alma hecho voz / Amor instante / Que abraza este momento / Pájaro afligido / Volando en cielo veloz / Con alas de infinito / Mucho más allá de nosotros / Amor naciente / Pedazo de ternura / Mi río de agua pura / Corriendo hasta la hoz / Amor despierto / De la noche a la madrugada / Beso de fuego en las rosas de mi pecho / Amor tan cercano / Ya es ese amanecer / Y un ruiseñor, amor / En un canto contrahecho / Nos anuncia el sol / Que espía nuestro lecho / Que la luz del sol, amor / Encienda en una sonrisa / Mañanas de paraíso / Mi amor más perfecto
Estrelas sem sentido
Estrelas brilham sobre o mar / No sorriso da paixão / Nos olhares
compreendidos / Quem quiser delas cuidar / Tem mais luz no coração / E na vida,
outros sentidos / A coragem duma estrela / Atravessa a noite escura / A brilhar
p'la madrugada / Os que dormem sonham vê-la / Deslizar na chuva pura / Entre as
ondas, recortada / Quando a estrela cai no mar / Ao céu não pode voltar /
Faz-se negra á luz do dia / Condenada á eternidade / Ela chora de saudade / A
gritar por compahia
Estrellas sin sentido
Brillan estrellas sobre el mar / En la sonrisa de la pasión / En las miradas comprendidas / Quien de ellas quiera cuidar / Tiene más luz en el corazón / Y en la vida, otros sentidos / El coraje de una estrellas / Atraviesa la noche oscura / Brillando de madrugada / Los que duermen sueñan verla / Deslizarse en la lluvia pura / Entre las olas, recortada / Cuando la estrella cae en el mar / No puede volver al cielo / Se hace negra la luz del día / Condenada a la eternidad / Ella llora de saudade / Buscando compañía
Alta noite
Alta noite, quando canto / Meus olhos mais longe vão / Haja neles tristeza ou pranto / Tudo se esvai por encanto / No som da minha canção / Meus olhos que tristemente / Longe te veêm tão perto / Veêm de um modo diferente / Porque cantando, somente / Os abro mais e me liberto / Meu amor, vou-te cantando / A canção que canto ao céu / Meus dedos vão-se moldando / Meus versos vão-te tornando / Mais perfeito e menos meu / Certas noites, ao cantar / Caminho num mundo estranho / Mais branco fica o luar / Mais perto perece estar / Tudo o que quero e não tenho
Alta noche
Alta noche, cuando canto / Mis ojos van más lejos / Haya en ellos tristeza o llanto / Todo se desvanece por encanto / En el son de mi canción / Mis ojos que tristemente / De lejos te ven tan cerca / Ven de un modo diferente / Porque cantando solamente / Los abro más y me libero / Mi amor, te voy cantando / La canción que canto al cielo / Mis dedos se van moldeando / Mis versos se van tornando / Más perfecto y menos mío / Ciertas noches, al cantar / Camino en un mundo extraño / Más blanca queda la luz de la luna / Más cerca parece estar / Todo lo que quiero y no tengo
Na mesma rua
Solta a areia, conta o tempo / Num punhado saberás / Tanta quanta
água ao vento / Num minuto se desfaz / Dança de roda quebrada / Por mãos
molhadas de choro / Pode mesmo não ser nada / Não saberes aonde eu moro /
Quanta estrada por pisar / Que anda daqui para ali / Não a posso atravessar /
Por não estares ao pé de mim / Podes crer, eu vou guardar / O segredo de ser
tua / Se algum dia me encontrar / Contigo, na mesma rua
En la misma calle
Suelta la arena, contra el tiempo / En un puñado sabrás / Tanta cuanta agua al viento / En un minuto se deshace / Danza en corro quebrada / Por manos mojadas de llanto / Puede incluso no ser nada / No sabrás donde vivo / Cuánto camino por pisar / Que va de acá para allá / No lo puedo atravesar / Porque nos estás a mi lado / Puedes creer, yo voy a guardar / El secreto de ser tuya / Si algún día me encontrara / Contigo en la misma calle
A que trago e o que trazes
Trago um gesto no olhar quando te vejo / E ternura no calor dos
meus sentidos / O amor é como um beijo de sobejo / E as paixões são como sonhos
proíbidos / Trago toda a primavera em minha voz / E a saudade que há-de vir, eu
adivinho / A fogueira de paixão que existe em nós / Queima todas as tristezas
do caminho / São meus versos, os teus versos quando canto / São meus sonhos os
teus sonhos, nosso fado / Não há fumo, não há névoa, não há pranto / Nem
tristezas para morrer no passado / O que trazes já não sei, não adivinho / Pode
ser o mar inteiro, a tempestade / Podes ser uma saudade ou um caminho / Pode
ser o grande amor da nossa idade
Lo que traigo y lo que traes
Traigo un gesto en la mirada cuando te veo / La ternura en el calor de mis sentidos / El amor es como un beso de sobra / Y las pasiones son como sueños prohibidos / Traigo toda la primavera en mi voz / Y la saudade que vendrá yo la adivino / La hoguera de la pasión que existe en nosotros / Quema todas las tristezas del camino / Son mis versos versos tuyos cuando canto / Son mis sueños sueños tuyos, nuestro fado / No hay humo, no hay nieve, no hay llanto / Ni tristezas para morir en el pasado / Lo que traes no lo sé, no lo adivino / Puede ser lo más completo, la tempestad / Puede ser una saudade o un camino / Puede ser el gran amor de nuestra edad
Saudades do futuro
Daqui desta Lisboa que é tão minha / Como de ti que a amas, como
eu / Mando-te um beijo, naquela andorinha / Que em Março me entregou um beijo
teu / Aqui neste jardim á tua espera / Como se não tivesses embarcado / Digo ao
outono, que ainda é primavera / E encho de boganvílias este fado / Num tempo
que de amar é tão vazio / Há coisas que não sei, mas adivinho / Um rio ali á
beira doutro rio / Só um, depois da curva do caminho / Tenho tantas saudades do
futuro / Dum tempo que contigo hei-de viver / Não há mar, nem fronteiras, não
há muro / Que possam, meu amor, o amor deter
Saudades del futuro
Desde aquí, de esta Lisboa que es tan mía / Como de ti, que la amas como yo / Te mando un beso con aquella golondrina / Que en marzo me entregó un beso tuyo / Aquí, en este jardín a tu espera / Como si no hubieses embarcado / Digo al otoño que aún es primavera / Y lleno de buganvillas este fado / En un tiempo que de amar está tan vacío / Hay cosas que no sé, pero adivino / Un río allí, a la orilla de otro río / Sólo uno después de la curva del camino / Tengo tantas saudades del futuro / De un tiempo que contigo he de vivir / No hay mar, ni fronteras, no hay muro / Que puedan, mi amor, el amor detener