Joana Amendoeira - Olhos garotos (1998)


Olhos garotos (1998)


01. Olhos garotos / 02. Senhora do Monte / 03. Fado do cartaz / 04. Quadras ao Tejo / 05. Fiz para ti este fado / 06. Canção verde / 07. Boa nova / 08. As minhas asa / 09. O mangerico / 10. Os meus olhos cor de sonho / 11. A Tendinha / 12. Entrei na vida a cantar

Olhos garotos

Diz aos teus olhos garotos / Vivos marotos, pretos rasgados / Que não andem pelas esquinas / Feitos traquinas e malcriados / Que não sigam as meninas / Simples ladinas dos olhos meus / De tudo acho capazes / Os maus rapazes dos olhos teus / Teus olhos amendoados / São comparados a dois cachopos / Que quando topam meninas / Pelas esquinas, dizem piropos / É preciso que lhes digas / Que as raparigas, nem todas são / Como as pedras que há nas ruas / Gastas e nuas, sem coração / Diz-lhe tudo sem ralhar / Sem te zangar, tem mil cuidados / Sim, que para entristecê-los / Prefiro vê-los nos seus pecados / Não quero os teus lindos olhos / Correndo abrolhos, livre-nos Deus / Que causassem tais ruínas / Estas meninas dos olhos meus...

Ojos traviesos 

Dile a tus ojos traviesos / Vivos juguetones, negros y rasgados / Que no anden por las esquinas / Tan bulliciosos y malcriados / Que no sigan a las niñas / Sencillas e ingenuas de ms ojos / De todo encuentro capaces / A los malos niños de los ojos tuyos / Tus ojos almendrados / Son comparados a dos peligros / Que cuando encuentran niñas / Por las esquinas, les dicen piropos / Es necesario que les digas / Que las muchachas, no todas son / Como las piedras que hay en las calles / Gastadas y desnudas, sin corazón / Diles todo sin regañarlas / Sin enfadarte, ten mil cuidados / Sí, que para entristecerlos / Prefiero verlos con sus pecados / No quiero tus ojos lindos / Al borde de las lágrimas, líbreme Dios / Que causasen tales ruinas / Estas niñas de mis ojos...

Senhora do Monte

Naquela casa de esquina / Mora a Senhora do Monte / E a providência divina / Mora ali, quase defronte / Por fazer bem á desgraça / Deu-lhe a desgraça também / Aquela divina graça / que Nossa Senhora tem / Senhora tão benfazeja / Que a própria Virgem Maria / Não sei se está na igreja / Se naquela moradia / E o luar da lua cheia / Ao bater-lhe na janela / Reforça a luz da candeia / No alpendre da capela / Vai lá muita pecadora / Que de arrependida, chora / Mas não é Nossa Senhora / Quem naquela casa mora

Señora de Monte 

En aquella casa de la esquina / Vive la Señora del Monte / Y la providencia divina / Vive allí, casi de frente / Por hacer bien a la desgracia / Le dio a la desgracia también / Aquella divina gracia / Que Nuestra Señora tiene / Señora tan bienhechora / Que la propia Virgen María / No sé si vive en la iglesia / Si en aquella morada / Y la luz de la luna llena / Al golpearle en la ventana / Refuerza la luz de la candela / En el porche de la capilla / Va allá tan pecadora / Que de arrepentida llora / Pero no es Nuestra Señora / Quien en aquella casa mora

Fado do cartaz

Numa tasca bem castiça / De paredes de caliça / Um cartaz se destacava / Foi uma grande toirada / Disse, da mesa avinhada / Um campino que ali estava / De manhã o sol nascia / E já ao longe se ouviam / Os foguetes a estalar / Vinha a tarde sorridente / Foi aos toiros toda a gente / Estava a praça a abarrotar / O Simão, alegre e vivo / Cravou seis ferros ao estribo / Num toiro dos de Bandeira / Mascarenhas, de meia praça / Pega com a fina graça / Desse Marquês de Fronteira / Depois, o mestre João / Arrancou grande ovação / Com o seu novo tourerar / E num toiro de Salgueiro / Foi Ricardo o cernelheiro / Jorque Duque a rabejar / Quando o campino acabou / Toda a gente reparou / Que estava quase a chorar / Ficou na tasca castiça / Com paredes de caliça / Um cartaz p'ra recordar

Fado del cartel

En una tasca bien castiza / De paredes de caliza / Un cartel se destacaba / Fue una gran corrida / Dijo desde la mesa vinosa / Un criador de toros que allí estaba / Por la mañana al nacer el sol / Ya se oían de lejos / Los cohetes estallar / Vino la tarde sonriente / Fue a los toros toda la gente / La plaza estaba a rebosar / Simón, alegre y vivo / Clavó seis hierros desde el estribo / En un toro de los de Bandeira / Mascarenhas, en medio de la plaza / Golpea con la fina gracia / De ese Marqués de Fronteira / Después el maestro João / Arrancó una gran ovación / Con su nuevo toreo / Y en un toro de Salgueiro / Fue Ricardo el cernelheiro / Jorque Duque lo agarra por el rabo / Cuando el criador terminó / Toda la gente se dio cuenta / De que estaba a punto de llorar / Quedó en la tasca castiza / Con paredes de cal / Un cartel para recordar

Quadras ao Tejo

Por ali é que passa o Tejo / E eu a vê-lo passar / Pelo Tejo, o Ribatejo / Manda saudades ao mar / O barrete dos campinos / Feito de pano ordinário / Fazem-me lembrar os sinos / Como o badalo ao contrário / Eu vi um lenço enramado / Airoso, roubar um beijo / Ao teu calção de montado / Pela feira do Ribatejo / Vi tanta coisa de estalo / Que ao fim da tarde, acredita / Vi sorrir o meu cavalo / P'rá mula do Zé da Guita.

Cuartetos al Tajo 

Por allí pasa el Tajo / Y yo al verlo pasar / Por el Tajo, el Ribatejo / Manda saudades al mar / La gorra de los campesinos / Hecha de paño ordinario / Me hacen recordar las campanas / Como el badajo al revés / Yo vi un pañuelo anudado / Airoso, que roba un beso / A tu pantalón de jinete / Por la feria de Ribatejo / Vi tantas cosas de repente / Que al final de la tarde, creéme / Vi sonreír a mi caballo / A la mula de de Zé da Guita.

Fiz para ti este fado

Palminho de cara linda / Carinha de lindo jeito / Que linda medalha davas / P'ra gente trazer ao peito / Nos teus olhos, meu amor / Vive o meu amor, ainda / Neles descobri a côr / Palminho de cara linda / Fiz para ti este fado / Por não te encontrar defeito / Quero-te sempre a meu lado / Carinha de lindo jeito / Naquela noite, sem querer / Nos versos que tu cantavas / Descobri logo ao te ver / Que linda medalha davas / Hei-de guardar toda a vida / E sempre do mesmo jeito / Essa medalha tão linda / P'ra gente trazer ao peito.

Hice para ti este fado 

Palmero de cara linda / Carita de lindo gesto / Qué linda medalla harías / Para que la gente la llevase en el pecho / En tus ojos, mi amor / Vive mi amor todavía / En ellos descubrí el color / Palmero de cara linda / Hice para ti este fado / Por no encontrarte defecto / Te quiero siempre a mi lado / Carita de lindo gesto / Aquella noche sin querer / En los versos que tú cantabas / Descubrí después de verte / Qué linda medalla harías / He de guardarla toda la vida / Siempre con el mismo gesto / Esa medalla tan linda / Para que la gente la lleve en el pecho.

Canção verde

A minha canção é verde / A minha canção é verde / Sempre de verde cantei / De verde cantei ao povo / E fui de verde, de verde / Cantar á mesa do rei / Tive um amor, triste sina / Tive um amor, triste sina / Amar é perder alguém / Desde então ficou mais verde / Tudo em mim, a voz, o olhar / E o meu coração também / Deu-me a vida além de luto / Deu-me a vida além de luto / Amor á margem da lei / Amigos são inimigos / Pára, me disseram todos / Só eu de verde fiquei / A minha canção é verde / A minha canção é verde / Canção á margem da lei / A minha canção é verde / Verde como este poema / Que por meu mal te cantei / A minha canção é verde / Verde, verde, verde, verde / Mas porque é verde não sei

Canción verde 

Mi canción es verde / Mi canción es verde / Siempre de verde canté / De verde canté al pueblo / Y fui de verde, de verde / A cantar a la mesa del rey / Tuve un amor, triste destino / Tuve un amor, triste destino / Amar es perder a alguien / Desde entonces estoy más verde / Todo en mí, la voz, la mirada / Y mi corazón también / La vida me dio además del luto / La vida me dio además del luto / Amor al margen de la ley / Los amigos son enemigos / Para, me dijeron todos / Sólo yo de verde me quedé / Mi canción es verde / Mi canción es verde / Canción al margen de la ley / Mi canción es verde / Verde como este poema / Que por mi mal te canté / Mi canción es verde / Verde, verde, verde, verde / Pero porque es verde no lo sé

Boa Nova

No pombal a pomba mansa da bonança / Está, coitada, triste, prisioneira / Ansiosa da virada ao caminho / E trazer-nos um raminho de oliveira / E com ela a boa nova que nos traz / Uma trova, anunciar a paz / Voa pomba mansa traz a boa nova / A suave esperança do risonho amor / Boa nova que traz em flor / A mais linda trova / De um divino amor! / No olhar das raparigas há cantigas / Que se escondem cheias de saudade / Trovas mil que muito em breve à luz da lua / Hão de vir trazer pra rua a suavidade / Essa nova melodia que nos traz / A alegria da canção da paz

Buena Nueva

En el palomar la paloma mansa del sosiego / está, pobrecita, triste y prisionera / Ansiosa por regresar al camino / E traernos un ramito de olivo / Y con ella la buena nueva que nos trae / Una Trova que anuncia la paz / Vuela paloma mansa y trae la buena nueva / La suave esperanza de un amor sonriente / Buena nueva que trae en flor / La más linda trova / De un divino amor / En la mirada de las muchachas hay cantigas / Que se esconden llenas de saudade / Mil trovas porque en breve hay luz de luna / Han de venir para traer al la calle suavidad / Esa nueva melodía que nos trae / La alegría de la canción de la paz

As minhas asas

Eu tinha umas asas brancas / Asas que um anjo me deu / Quem cansando da terra / Batia-as, voava ao céu / Veio a cobiça da terra / Vinha para me tentar / Por seus montes de tesouros / Minhas asas não quis dar / Deixei descaír os olhos / Do céu alto e das estrelas / E entre a névoa da terra / Outra luz maior do que elas / E as minhas asas brancas / Asas que um anjo me deu / Pena a pena me caíram / Nunca mais voei ao céu

Mis alas 

Yo tenía unas alas blancas / Alas que un ángel me dio / Que cansado de la tierra / Las batía y volaba al cielo / Vino a la ambición de la tierra / Venía para tentarme / Por sus montones de tesoros / Mis alas no le quise dar / Dejé declinar mis ojos / Del cielo alto y las estrellas / Y entre la nieve de la tierra / Otra luz mayor que ellas / Y mis alas blancas / Alas que un ángel me dio / Pena a pena se me cayeron / Nunca más volé al cielo

O mangerico

O meu bem anda zangado / Já não vai ao bailarico / Mandei-lhe um beijo embrulhado / Na folha dum manjerico / Ou por troça ou por pirraça / O que já acho engraçado / Sempre que há festa na praça / O meu bem anda zangado / Vou para as marchas da rua / Em casa também não fico / Sei que quando ele se amua / Já não vai ao bailarico / Já tenho um cravo, um balão / Um grande cravo encarnado / Ou pelo sim, pelo não / Mandei-lhe um beijo embrulhado / Podendo a noite chuvosa / Manchá-lo com algum salpico / Embrulhei-o, carinhosa / Na folha dum manjerico

Albahaca 

Mi amor está enfadado / Ya no va al baile / Le mandé un beso embrujado / En una hoja de albahaca / Por escarnio o por fastidio / Lo que ya encuentro gracioso / Siempre que hay fiesta en la plaza / Mi amor está enfadado / Voy a las marchas de la calle / No me quedo en casa / Sé que cuando él se amohína / Ya no va al baile / Ya tengo un clavel, un miriñaque / Un gran clavel encarnado / Y porque sí o porque no / Le mandé un beso embrujado / Pudiendo la noche lluviosa / Mancharlo con alguna salpicadura / Lo embrujé, cariñosa / En la hoja de la albahaca

Os meus olhos cor de sonho

Nos meus olhos de criança / Nestes olhos cor de sonho / Trago promessas de esperança / E trago um mundo risonho / Trago nos olhos a vida / Sem saber o que vai dar / A minha vida vivda / Em cores de céu e de mar / Vivida em nuvens de fumo / Á margem da realidade / Numa corrida sem rumo / Em busca de novidade / Olhos verdes que não sabem / Quanto têm de profundo / Olhos meus aonde cabem / Todos os sonhos do mundo

Mis ojos color de sueño

En mis ojos de criatura / En estos ojos color de sueño / Traigo promesas de esperanza / Y traigo un mundo sonriente / Traigo en los ojos la vida / Sin saber lo que va a dar / Mi vida vivida / En colores de cielo y mar / Vivida en nubes de humo / Al margen de la realidad / En una carrera sin rumbo / En busca de novedad / Ojos verdes que no saben / Cuánto tienen de profundo / Ojos míos donde caben / Todos los sueños del mundo

Velha tendinha

Junto ao arco de Bandeira / Há uma loja tendinha / De aspecto rasca e banal / Na história da bebedeira / Ai, aquela casa velhinha / É um padrão imortal / Velha taberna / Nesta Lisboa moderna / É da tasca humilde eterna / Que mantém a tradição / Velha tendinha / És o templo da pinguinha / Dois dois brancos, da ginginha / Da boêmia e do pimpão / Noutros tempos, os fadistas / Vinham, já grossos das hortas / Pra o teu balcão returrar / E inspirados, os artistas / Iam pra aí, horas mortas / Ouvir o fado e cantar

Vieja tiendecita

Junto al arco de Bandeira / Hay una tiendecita / De aspecto corriente y banal / En la historia del beber / Ay, aquella casa viejita / Es un patrón inmortal / Vieja taberna / En esta Lisboa moderna / Es la tasca humilde y eterna / Que mantiene la tradición / Vieja tiendita / Es el templo de los vinitos / Algunos blancos, y de la ginginha / De la bohemia y de loa fanfarronería / En otros tiempos, los fadistas / Iban, ya borrachos de las huertas / Para en tu barra apoyarse / E inspirados, los artistas / Estaban allí horas muertas / A oír cantar fado

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