Joana Amendoeira - Sétimo fado (2010)

Sétimo fado (2010)

​1. O teu olhar é Portugal / 2. Fado Rosa Maria / 3. Todas as horas são breves / 4. A alma celta do Fado / 5. Há mais Fado que garganta / 6. Fim da saudade / 7. Fado para a minha mãe / 8. Fado de um amor que ficou / 9. As quatro operações / 10. Meu amor é primavera / 11. Palavras minhas / 12. Resposta fácil / 13. Trago o teu Fado guardado / 14. Quando por fim amanhece / 15. Pão das palavras / 16. O nome que tu me davas / 17. Lisboa no coração/  

O teu ohar é Portugal

​Alfama banhada pelo Sol / A tua luz é divina / A tua volta envelhece Lisboa / Mas tu sempre menina / Por ti passam os homens / Mas tu, sempre senhora / Transformas o agora / Num passado futuro / E os teus pátios interiores / Que histórias, que amores / Nos poderiam contar / Como a Ribeira do Porto / Tem com certeza o direito / A ser parte da nossa historia / Já foram tantos desgostos / Já foram tantas as cheias / Que dizem que uma sereia / Que guardava um tesouro / Fugiu das águas do Douro / Tornando-se Padroeira / Da gente daquele lugar / Oiro e a cor das águas do Tejo / Como os barcos que navegam no Douro / Os teus olhos são de azeite mouro / E o teu olhar é Portugal

Tu mirada es Portugal

Alfama bañada por el sol / Tu luz es divina / A tu espalda envejece Lisboa / Pero tú siempre niña / Por ti pasan los hombres / Pero tú, siempre señora / Transformas ahora / En un pasado futuro / Y tus patios interiores / Qué historias, qué amores / Nos podrían contar / Como la Ribeira de Porto / Tienen con seguridad el derecho / De ser parte de nuestra historia / Fueron tantos los disgustos / Fueron tantas las crecidas / Que dicen que una sirena / Que guardaba un tesoro / Huyó de las aguas del Duero / Y convirtiéndose en patrona / De las gentes de aquel lugar / Oro y color de las aguas del Tajo / Como los barcos que navegan en el Duero / Tus ojos son de aceite moro / Y tu mirada es Portugal

Fado Rosa Maria

​Numa noite em que fez frio / Foi cantar ao desafio na Rua do Capelão / Para poder antes do sol chamar ao dia / Mostrar a Rosa Maria quem e que tem coração / Ela chegou com xaile atado na cintura / Tudo parou para escutar o seu lamento / E foi então por vergonha ou por loucura / Senti não estar a altura desse momento / Ela cantou como se faz na Moraria / E eu guardei a minha voz dentro de mim / Porque eu não sou nem vou ser a Rosa Maria / E não sei se saberia cantar assim / Numa noite em que fez frio / Foi cantar ao desafio mas não cheguei a cantar / Porque à guitarra não sei ser o que não sou / E da forma que cantou a Rosa fez me chorar / E vi depois que a Rosa já estava de saida / Sem aceitar os parabens de algum purista / E eu percebi que a Rosa ficara sentida / Porque eu dar-me por vencida foi mais fadista / Pela manhã corri toda a Mouraria / Para te pedir que me perdões por ter falhado / Mas na verdade a minha voz apodrecia / Sempre que a Rosa Maria cantava o fado / Numa noite em que fez frio / Foi cantar ao desafio e voltei de là sem nada / Um de vocês va dizer a Rosa Maria / Que não volto a Moraria para cantar a desgarrada

Fado Rosa Maria ​

Una noche en que hacía frío / Fui a cantar al desafío en la Rua do Capelão / Para poder, antes de que el sol llamase al día / Mostrarle a Rosa María quien es quien tiene corazón / Ella llegó con el chal atado a la cintura / Y fue entonces por vergüenza o por locura / Que sentí no estar a la altura de ese momento / Ella cantó como se hace en Mouraria / Y yo guardé mi voz dentro de mí / Porque yo ni soy ni voy a ser Rosa María / Y no sé si sabría cantar así / Una noche en que hacía frío / Fui a cantar al desafío pero no llegué a cantar / Porque al son de la guitarra no sé ser quien no soy / Y de la forma en que cantó Rosa me hizo llorar / Y después vi que Rosa ya estaba saliendo / Sin aceptar las felicitaciones de algún purista / Y me di cuenta de que Rosa se quedaba entristecida / Porque al darme yo por vencida fui más fadista / Por la mañana recorrí toda Moraria / Para pedirte que me perdonaras por haberte fallado / Pero en verdad mi voz se pudría / Siempre que Rosa María cantaba fado / Una noche en que hacía frío / Fui a cantar al desafío y volví de allí sin nada / Uno de ustedes le dirá a Rosa María / Que no vuelvo a Mouraria para cantar a la desgarrada

Todas as horas são breves

Todas as horas são breves / Todos os dias são horas / Todo o amor que me deves / Aumenta quando demoras / Vejo as sombras do desejo / Que tenho por te encontrar / Em cada noite há um beijo / Que nunca te posso dar / Na brisa da tarde calma / Onde nasce a primavera / Nasce a dor na minha alma / P'ra viver á tua espera / Sou do monte, sou da serra / E os teus olhos são do mar / É tão longe a minha terra / Que não te posso alcançar / Quando chegares a sorrir / Não me tragas compaixão / Depois, terás de partir / Partir o meu coração

Todas las horas son breves 

Todas las horas son breves / Todos los días son horas / Todo el amor que me debes / Aumenta cuando te demoras / Veo las sombras del deseo / Que tengo de encontrarte / En cada noche hay un beso / Que nunca te puedo dar / En la brisa de la tarde calma / Donde nace la primavera / Nace el dolor en mi alma / Para vivir a tu espera / Soy del monte, soy de la sierra / Y tus ojos don del mar / Está tan lejos mi tierra / Que no te puedo alcanzar / Cuando llegues sonriendo / No me traigas compasión / Después deberás partir / Partir mi corazón

A alma celta do Fado

Diz que seria da nossa cidade / Sem as festas, sem a tua ternura / Como poderia viver, viver sem ti / A vida toda à tua procura / Sim, sorri assim, sorri para mim / Pássaro azul saído do mar / Toutinegra do meu país a Sul / Nesse voo que prende o meu olhar / Quando naquele dia sonhei / Que chegavam barcos doces e beijos / Na abundância da água provei / O melhor medronho dos teus lábios / Sorri assim, olha assim para mim / Em viagem prolongada sobre o mar / Andorinha da nossa Primavera / Lua nova que apetece cantar / Entreabre as portas do destino / À alma celta do fado antigo / No litoral, no cais do violino / Vertigem da noite passada contigo

El alma celta del Fado 

Dime qué sería de nuestra ciudad sin ti / Sin las fiestas, sin tu ternura / Cómo podría vivir, vivir sin ti / Toda la vida buscándote / Sí, sonríe así, sonríe para mí / Pájaro azul salido del mar / Currita de mi país del sur / En ese vuelo que atrapa mi mirada / Cuando en aquel día soñé / Que llegaban barcos dulces y besos / En la abundancia del agua probé / El mejor madroño de tus labios / Sonríe así, mírame así / En un viaje prolongado sobre el mar / Golondrina de nuestra primavera / Luna nueva a la que apetece cantar / Entreabre las puertas del destino / Al alma celta del fado antiguo / En el litoral, en el puerto del violín / Deseo de la noche pasada contigo

Há mais fado que garganta

Há mais fado que garganta / Como há mais mar que marés / E mais amor que amar / Muitos mais passos que pés / Como há mais luz que velas / Mais energia que força / Mais fogo do que fogueira / E mais lume que lareira / É o fado um bailado a contra-luz / Inventado na figura de uma sombra / Que de espanto e de penumbra a nossa alma sutenta / Estranha luz que alimenta um sopro que nos deslumbra / Nos desfaz e nos encanta, nos revela que há mais fado / Há mais fado que garganta / Há mais fado que garganta / É do fado esse condão / E nós sabemos que sim / Sem perguntar a razão / É uma coisa que acontece / Nos envolve e nos espanta / Há fado p'ra lá do som / Do silêncio, da guitarra

Hay más fado que garganta 

Hay más fado que garganta / Como hay más mar que mareas / Y más amor que amar / Muchos más pasos que pies / Como hay más luz que velas / Más energía que fuerza / Más fuego que hoguera / Y más lumbre que chimenea / Es el fado un bailado a contraluz / Inventado en la figura de una sombra / Que de espanto y de penumbra nuestra alma sustenta / Extraña luz que alimenta un soplo que nos deslumbra / Nos deshace y nos encanta, nos revela que hay más fado / Hay más fado que garganta / Hay más fado que garganta / Es del fado ese poder / Y nosotros sabemos que sí / Sin preguntar la razón / Es una cosa que sucede / Nos envuelve y nos extraña / Hay fado más allá del sonido / Del silencio, de la guitarra

Fim da saudade

​Parecendo o vento mais frio / Na margem esquerda do rio / Onde a saudade é só minha / Quem me dera, quem me dera / Que chegasse a Primavera / Mas que viesse sozinha / Queimando as horas do dia / Desperdiçando a alegria / Inventei outra afeição / Uma história por contar / Que adormece o meu olhar / Numa ânsia de perdão / Se a Primavera viesse / E em segredo me dissesse / Que te perdes na cidade / Voltaria por canoa / Cantar ao céu de Lisboa / O fim da minha saudade

Fin de la saudade 

Apareciendo el viento más frío / En la margen izquierda del río / Donde la saudade es sólo mía / Ojalá, ojalá / Llegase la primavera / Aunque viniese sola / Quemando las horas del día / Desperdiciando la alegría / Inventé otro afecto / Una historia por contar / Que adormece mi mirada / En un ansia de perdón / Si la primavera viniese / Y en secreto me dijese / Que te pierdes en la ciudad / Volvería en canoa / A cantarle al cielo de Lisboa / El final de mi saudade

​Fado para a minha mãe

Escondida no meu rosto / Menina da claridade / O tempo levou-te para longe / No teu lugar apenas saudade / Aqui, onde canta esta voz / Aqui, onde o tempo não manda / És hoje aquilo que foste / Menina, coração feito de brilho, menina / Coração a transbordar de liberdade / Este ar que respiro por ti / Esta vida que levo só emprestada / É tua de novo, menina / Aqui, serás sempre cantada / Aqui, onde canta esta voz / Aqui, neste tempo secreto / Serás sempre aquilo que foste / Mãe, meu segredo de luz, minha menina / Instante incandescente de eternidade

Fado para mi madre 

Escondida en mi rostro / Niña de claridad / El tiempo te llevó lejos / Y en tu lugar apenas hay saudade / Aquí, donde canta esta voz / Aquí, donde el tiempo no manda / Eres hoy aquello que fuiste / Niña, corazón hecho de brillo, niña / Corazón que desborda libertad / Este aire que respiro por ti / Esta vida que llevo y es prestada / Es tuya de nuevo, niña / Aquí serás siempre cantada / Aquí, donde canta esta voz / Aquí, en este tiempo secreto / Serás siempre aquello que fuiste / Madre, mi secreto de luz, mi niña / Instante incandescente de eternidad

Fado de um amor que ficou

Bem sei que tinha os olhos no mar / Quando te via chegar / Com a camisa engomada / Bem sei que procuravas o jeito / Que eu tenho de abrir o peito / Quando não querias mais nada / Trazias uma flor na lapela / E eu espreitava à janela / Quando te ouvia chamar / Trazias a lua no teu sorriso / Trazias aquilo que era preciso / Para te deixar entrar / Quem sabe as juras que nós fizemos / A estrela que prometemos / Um ao outro noite fora / Quem sabe porque cegou essa estrela / Se não voltámos a vê-la / Quem sabe de nós agora / Eu guardo no fundo do coração / Que o amor é só perdão / E um sonho em duas metades / Eu guardo tudo o que deixaste em mim / Desde sempre até ao fim / E às vezes guardo saudades

Fado de un amor que se quedó 

Sé bien que tenía los ojos en el mar / Cuando te veía llegar / Con la camisa planchada / Bien sé que buscabas el encanto / Que tengo yo de abrir el pecho / Cuando no quieras nada más / Traías una flor en la solapa / Y yo esperaba en la ventana / Cuando oía que te llamaban / Traía la luna en tu sonrisa / Traías aquello que era preciso / Para que te dejara entrar / Quién sabe qué juramentos nos hicimos / La estrella que prometimos / Uno a otro en noche cerrada / Quién sabe por qué se cegó esta estrella / Si no volvemos a verla / Quién sabe de nosotros ahora / Yo guardo en el fondo del corazón / Que el amor es sólo perdón / Y un sueño en dos mitades / Yo guardo todo lo que dejaste en mí / Desde siempre hasta el fin / Y a veces guardo saudades

As quatro operações

Fui deitar contas à vida / Fiz as quatro operações / Num instante e de seguida / Tirei certas conclusões / Comecei pela adição / Porque te amei mais e mais / Se fiz essa soma á mão / Fiz também contas mentais / Aprendi a tabuada / E vi que multiplicar / Era a forma acelarada / De o meu amor aumentar / Depois vi que subtraia / A tua deslealdade / E o total se reduzia / Para menos de metade / Essa foi a consequência / Da mentira repetida / E assim a minha existência / Acabava dividida / E agora não me comove / Dar-te uma prova provada / Fiz sempre a prova dos nove / E deu noves fora nada / Enfim... não leves a mal / Que eu te diga em voz serena / Não tiro a prova real / Porque já não vale a pena

Las cuatro operaciones

Fui a rendirle cuentas a la vida / Hice las cuatro operaciones / En un instante y a continuación / Llegué a ciertas conclusiones / Comencé por la suma / Porque te amé más y más / Si hice esa suma mano / Hice también cuentas mentales / Aprendí la tabla / Y vi que multiplicar / Era la forma acelerada / De mi amor aumentar / Después vi que restaba / Tu propia deslealtad / Y el total se reducía / A menos de la mitad / Esa fue la consecuencia / De la mentira repetida / Y así mi existencia / Acababa dividida / Y ahora no me conmueve / darte una prueba probada / Siempre hice la prueba del nueve / Y dio nueves que no eran nada / En fin... no tomes a mal / Que yo te diga en voz serena / No haré una prueba real / Porque ya no vale la pena

Meu amor é primavera

Bem sei que o nosso amor é como uma andorinha / Que vai e volta e era e já não era / Setembro trouxe a chuva miúdinha / Partiste e eu fiquei à tua espera / Mas já há rosas de Abril no meu jardim / Regressa meu amor, é Primavera / Agora espero por ti / Por fim, mais uma vez, seremos dois / A casa até parece que sorri / O céu guardou a chuva p'ra depois / Agora espero por ti / Até o verde mar tem outra cor / O teu lugar, bem sabes, é aqui / Se não vieres eu morro, meu amor / Bem sei que o nosso amor é como a tempestade / Que o vento é trovoada e furacão / Às vezes somos feitos de saudade / Às vezes somos feitos de paixão / Mas já há sementes de oiro abrindo ao sol / Regressa meu amor, é quase Verão

Mi amor, es primavera 

Bien sé que nuestro amor es como una golondrina / Que va y vuelve y estaba y ya no estaba / Septiembre trajo la lluvia pequeñita / Partiste y yo me quedé a tu espera / pero ya hay rosas en abril en mi jardín / Regresa, mi amor, es primavera / Ahora espero por ti / Por fin, una vez más, seremos dos / La casa hasta parece que sonríe / El cielo guardó la lluvia para después / Ahora espero por ti / Hasta el verde mar tiene otro color / Tu lugar, bien lo sabes, está aquí / Si no vinieses me muero, mi amor / Bien sé que nuestro amor es como una tempestad / Que el viento es tormenta y huracán / A veces estamos hechos de saudade / A veces estamos hechos de pasión / Pero ya hay semillas de oro abriéndose al sol / Regresa, mi amor, es casi verano

Palavras minhas

​Palavras que disseste e já não dizes / Palavras como um sol que me queimava / Olhar louco de um vento que soprava / Em olhos que eram meus e mais felizes / Palavras que dizias sem sentido / Sem as quereres, só porque eram elas / Que traziam a calma das estrelas / À noite que assomava ao meu ouvido / Palavras que disseste e que diziam / Segredos que eram lentas madrugadas / Promessas imperfeitas, murmuradas / Enquanto os nossos beijos permitiam / Palavras que não dizes, nem são tuas / Que morreram, que em ti já não existem / Que são minhas, só minhas, pois persistem / Na memória que arrasto pelas ruas

Palabras mías 

Palabras que dijiste y ya no dices / Palabras como un sol que me quemaba / Mirada loca de un viento que soplaba / En ojos que eran míos y más felices / Palabras que decías sin sentido / Sin quererlas, pero sólo porque eran ellas / Las que traían la calma de las estrellas / A la noche que se asomaba a mi oído / palabras que dijiste y que decían / Secretos que eran lentas madrugadas / Promesas imperfectas, murmuradas / Siempre que nuestros besos lo permitían / Palabras que no dices ni son tuyas / Que murieron, que en ti ya no existen / Que son mías, sólo mías, pues persisten / En la memoria que arrastro por las calles

Resposta fácil

Perguntas-me o que significa / Saudade, vou-te dizer / Saudade é tudo o que fica / Depois de tudo morrer / Tu que jamais conheceste / A dor que as almas tortura / Que só conheces ventura / E por amor não sofreste / Tu, que uma saudade agreste / Nunca te fez padecer / Nem cravou no teu viver / Um espinho que mortifica / Perguntas-me o que significa / Saudade, vou-te dizer / Saudade é um bem ruím / Que tortura o coração / É o princípio do fim / De um sonho sonhado em vão / Saudade é doce ilusão / De um amor que não nos quer / Que a gente teima em esquecer / E a própria dor glorifica / Saudade é tudo o que fica / Depois de tudo morrer

Respuesta fácil

Me preguntas qué significa / Saudade, te lo voy a decir / Saudade es todo lo que queda / Después de de que todo muera / Tú que jamás conociste / El dolor que a las almas tortura / Que sólo conoces ventura / Y por amor no sufriste / Tú, a quien una saudade salvaje / Nunca hizo padecer / Ni clavó en tu vivir / Un espino que mortifica / Me preguntas qué significa / Saudade, te lo voy a decir / La saudade es un bien ruin / Que tortura el corazón / Es el principio del fin / De un sueño soñado en vano / Saudade es la dulce ilusión / De un amor que no nos quiere / Que la gente se empeña en olvidar / Y el propio dolor glorifica / Saudade es todo lo que queda / Después de de que todo muera

Trago o teu fado guardado

Trago o teu fado guardado / Dentro do meu coração / Hei-de cantá-lo de noite / E na hora mais sombria / Trago o teu fado guardado / Dentro do meu coração / Hei-de cantá-lo ao vento / Como se este meu lamento / Fosse a voz da solidão / Trago o teu fado marcado / Nas profundezas da alma / Hei-de chorá-lo sozinho / Cantando pelo caminho / A toda a gente que passa / Trago o teu fado escrito / No brilho do meu olhar / Hei-de cantá-lo p'ra sempre / Mesmo sabendo-te ausente / Porque nasci p'ra te amar

Traigo tu fado guardado 

Traigo tu fado guardado / Dentro de mi corazón / He de cantarlo de noche / Y en la hora más sombría / Traigo tu fado guardado / Dentro de mi corazón / He de cantárselo al viento / Como si este lamento mío / Fuese la voz de la soledad / Traigo tu fado marcado / En las profundidades del alma / He de llorarlo a solas / Cantando por el camino / A toda la gente que pasa / Traigo tu fado escrito / En el brillo de mi mirada / He de cantarlo por siempre / Aunque te sepa ausente / Porque nací para amarte

Quando por fim amanhece

Quando por fim amanhece / E Lisboa se desperta / É que os teus olhos perfeitos / Batem às janelas dos meus / Os dedos finos ainda não voltaram / E como o fado está à minha espera / Uso as metáforas do povo / E deixo a ternura rimar / Permaneço por isso distante / Longe de ti, longe dos maus / Bem perto do coração do vento / De toda a alegria da minha canção / Sim, porque no Tejo de todos / E nos lábios dos amantes / Navega um barco do pensamento / Feito em fogo, desfeito em luz

Cuando por fin amanece 

Cuando por fin amanece / Y Lisboa se despierta / Es cuando tus ojos perfectos / Golpean las ventanas de los míos / Los dedos finos aún no volvieron / Y como el fado está a mi espera / Uso las metáforas del pueblo / Y dejo que la ternura rime / Por eso permanezco distante / Lejos de ti, lejos de los malos / Bien cerca del corazón del viento / De toda la alegría de mi canción / Sí, porque en el Tajo de todos / Y en los labios de los amantes / Navega un barco de pensamiento / Hecho en fuego, deshecho en luz

Pão das palavras

Vem meu amor, vem até mim / Traz-me manhãs claras no pão das palavras / E os afluentes da musica nas açucenas dos lábios / Vem meu amor, vem até mim / Traz-me tardes de sol nas janelas dos dedos / E as cinzas mornas do fogo no forno das carícias / Vem meu amor, vem até mim / Traz-me noites secretas no teu sorriso de cetim / Lareira da minha alegria, da nossa canção sem fim / Vem meu amor / Vem comigo... vem por mim

Pan de palabras

Ven mi amor, ven hasta mí / Tráeme mañanas claras en el pan de las palabras / Y los afluentes de la música en las azucenas de los labios / Ven mi amor, ven hasta mí / Tráeme tardes de sol en las ventanas de los dedos / Y las cenizas tibias del fuego en el horno de las caricias / Ven mi amor, ven hasta mí / Tráeme noches secretas en tu sonrisa de satén / Hogar de mi alegría, de nuestra canción sin fin / Ven mi amor /Ven conmigo... ven a por mí

O nome que tu me davas

O nome que tu me davas / Quando à noite me chamavas / Tinha o dom de uma oração / Não tinha som nem palavras / Mas quando tu me chamavas / Nunca te disse que não / Já o vi escrito na lua / Nas pedras da minha rua / E nas candeias do céu / O nome que tu me davas / Quando em silêncio cantavas / Era mais teu do que meu / Não era dor nem bondade / Amor, fado ou saudade / Nem a lágrima perdida / O nome que tu me davas / Quando á noite me chamavas / Era toda a minha vida

El nombre que tú me dabas 

El nombre que tú me dabas / Cuando por la noche me llamabas / Tenía el don de una oración / No tenía son ni palabras / Pero cuando tú me llamabas / Nunca te dije que no / Ya lo vi escrito en la luna / En las piedras de mi calle / Y en las candelas del cielo / El nombre que tú me dabas / Cuando en silencio cantabas / Era más tuyo que mío / No era dolor ni bondad / Amor, fado o saudade / Ni la lágrima perdida / El nombre que tú me dabas / Cuando por la noche me llamabas / Era toda mi vida

Lisboa no coração

Gosto da tua ternura / Da maneira de abraçar / Do teu jogo de cintura / Nem vale a pena falar / Gosto de ti como és / Feita para regressar / A fingir que não vês / Despida até aos pés / Deitada á beira mar / Garota do Bairro da Bica / Morena da Madragoa / De perna ao léu em Benfica / Mulata de Lisboa / Menina das avenidas / Garina do Conde Barão / Mulher de muitas vidas / Lisboa no meu coração

Lisboa en el corazón

Me gusta tu ternura / Tu manera de abrazar / De tu juego de cintura / No vale la pena hablar / Me gustas como eres / Hecha para regresar / Fingiendo que no ves / Desnuda hasta los pies / Echada a orillas del mar / Muchacha del Barrio da Bica / Morena de Madragoa / Ociosa en Benfica / Mulata de Lisboa / Niña de las avenidas / Moza de Conde Barão / Mujer de muchas vidas / Lisboa en mi corazón

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