Kátia Guerreiro - Fado (2008)


Fado (2008)

1. Fado dos olhos / 2. Pranto de amor ausente / 3. A voz da poesia / 4. Ponham flores na mesa / 5. Estranha paixão / 6. Casa da colina / 7. A cidade saudade / 8. A nossa gente, o nosso fado / 9. Renasce / 10. Lírio roxo / 11. Poema da malta das naus / 12. Mundo / 13. Lisboa / 14. Eu queria cantar-te um fado

Fado dos olhos 

Os olhos são indiscretos / Revelam tudo o que sentem / Podem mentir os teus lábios / Os olhos, sses, não mentem / Desabafa no meu peito / Essa amargura tão louca / Que é tortura nos teus olhos / E riso na tua boca / Eu quis cantar o teu olhar que me encantou / E nele achei como não sei inspiração / Foi o calor de um olhar teu que me prendeu e desde então / O teu olhar é a razão desta paixão / Eu sei que me tens amor / Bem leio em teu olhar / O amor quando é sentido, não se pode disfarçar / Enquanto os teus lábios cantam canções feitas do luar / Soluça, cheio de mágoa, o teu misterioso olhar / Eu quis cantar o teu olhar que me encantou / E nele achei como não sei inspiração / Foi o calor de um teu olhar teu que prendeu e desde então / O teu olhar é a razão desta paixão

Fado de los ojos 

Los ojos son indiscretos / Revelan todo lo que sienten / Pueden mentir tus labios / Los ojos, esos, no mienten / Descubre en mi pecho / esa amargura tan loca / Que es tortura en tus ojos / Y risa en tu boca / Yo quise cantar a tu mirada que me encantó / Y en ella me encontré como no sé la inspiración / Fue el calor de una mirada tuya lo que me prendió y desde entonces / Tu mirada es la razón de esta pasión / Yo sé que me tienes amor / Bien leo en tu mirar / El amor cuando es sentido, no se puede disfrazar / Cuando tus labios cantan canciones hechas de luz de luna / Susurra, lleno de dolor, tu misterioso mirar / Yo quise cantar a tu mirada que me encantó / Y en ella me encontré como no sé la inspiración / Fue el calor de una mirada tuya lo que me prendió y desde entonces / Tu mirada es la razón de esta pasión

Pranto do amor ausente

​Eu quero morrer de amores / Como os rios morrem no mar / Campos inteiros de flores / Não chegam para me deitar / Eu quero morrer de amores / Como os rios morrem no mar / Eu quero o pranto das rosas / Nas bocas que desfolhei / Perdi todas as demoras / Perdi e não me encontrei / Eu quero o pranto das rosas / Nas bocas que desfolhei / Meu grande amor, meu sorriso de amargura / Nasce a luz na noite escura / Quando vens p'ra me abraçar / Ó meu amor, rasga esta dor e sorri / Eu não sei viver sem ti / E vivo só p'ra te amar / Eu quero mais que ninguém / O silêncio, a solidão / Eu queria ser mais além / Sabor amargo a limão / Eu quero mais que ninguém / O silêncio, a solidão / Mas não serei o navio / Que se verga à tempestade / Nas margens dum novo rio / Cantarei a liberdade / Mas não serei o navio / Que se verga à tempestade

Llanto del amor ausente

Yo quiero morir de amores / Como los ríos mueren en el mar / Campos enteros de flores / No bastan para que me acueste / Yo quiero morir de amores / Como los ríos mueren en el mar / Yo quiero el llanto de las rosas / En las bocas que deshojé / Perdí todas las demoras / Me perdí y no me encontré / Yo quiero el llanto de las rosas / En las bocas que deshojé / Mi gran amor, mi sonrisa de amargura / Nace la luz en la noche oscura / Cuando vienes a abrazarme / Ay, mi amor; rasga este dolor y sonríe / Yo no sé vivir sin ti / Y sólo vivo para amarte / Yo quiero más que nadie / El silencio, la soledad / Yo quería ser más allá / Sabor amargo a limón / Yo quiero más que nadie / El silencio, la soledad / Pero no seré el navío / Que se somete a la tempestad / En las orillas de un nuevo río / Cantaré la libertad / Pero no seré el navío / Que se somete a la tempestad

A voz da poesia

​Eu dei a minha voz à poesia / E ao fado asas p'ra eu voar / Encontrei no teu amor a alegria / Que me dá esta coragem p'ra cantar / Tens sonho, tens cor e liberdade / Tens tudo o que eu queria p'ra viver / És ternura e conforto, és verdade / Sou mais forte, mais segura, mais mulher / Veio a vida ensinar-me que o destino / É traçado em cada passo que eu der / E que o fado não é mais do que um caminho / Que os poetas traçam ao escrever / No meu fado sinto todo o nosso amor / P'ra ti canto, e solto a minha voz / Sou gaivota, mas contigo sou maior / No poema, somos mais, nós somos nós

La voz de la poesía

Yo di mi voz a la poesía / Y alas al fado para que yo volase / Encontré en tu amor la alegría / Que me da este coraje para cantar / Tienes sueño, tienes color y libertad / Tienes todo lo que yo quería para vivir / Eres ternura y consuelo, eres verdad / Soy más fuerte, más segura, más mujer / Vino la vida a enseñarme que el destino / Está trazado en cada paso que yo dé / Y que el fado no es más que un camino / Que los poetas trazan al escribir / En mi fado siento todo nuestro amor / Para ti canté y suelto mi voz / Soy gaviota, pero contigo soy mayor / En el poema somos más, nosotros somos nosotros

Ponham flores na mesa

​Encham a casa de rosas / Mas de rosas naturais / Dessas que trepam viçosas / Pelos muros dos quintais / Rosas de todas as cores / Que me tragam alegria / Que têm todas as flores / Abertas à luz do dia / E que sejam macias / Para as ter ao pé de mim / Mas não sejam rosas frias / Como essas de cetim / E seja tudo surpresa / Como se fosse a sonhar / Ponham, ponham flores na mesa / Que hoje não quero chorar

Pongan flores en la mesa

Llenen la casa de rosas / Pero de rosas naturales / De esas que trepan con fuerza / Por los muros de las quintas / Rosas de todos los colores / Que me traigan la alegría / Que tienen todas las flores / Abiertas a la luz del día / Y que sean suaves / Para tenerlas junto a mí / Pero que no sean rosas frías / Como esas de satén / Y que sea todo por sorpresa / Como si fuese en un sueño / Pongan, pongan flores en la mesa / Que hoy no quiero llorar

Estranha paixão

​Descanso nos teus braços / Como se estivesse cansada / E engano os meus desejos / Olhando a madrugada / Desfaço a cama onde nada acontece / E beijo a almofada onde dorme a solidão / Vejo que a saudade já quase arrefece / E espero pelo nada, sem qualquer razão / Ando p'la noite sem caminho certo / Fecho de novo o livro, finjo adormecer / O sentimento louco de não te sentir perto / E volto a beijar-te até desaparecer / É nesta loucura, de te amar sozinha / Que me encontro perdida, esperando por ti / E procuro descobrir se será só minha / Esta estranha paixão onde me perdi

Extraña pasión

Descanso en tus brazos / Como si estuviese cansada / Y engaño a mis deseos / Mirando la madrugada / Deshago la cama donde nada sucede / Y beso la almohada donde duerme la soledad / Veo que la saudade ya casi se enfría / Y espero por nada, sin ninguna razón / Ando por la noche, sin camino concreto / Cierro de nuevo el libro, finjo adormecer / El loco sentimiento de no tenerte cerca / Y vuelvo a besarte hasta desaparecer / Y en esta locura de amarte tan sola / Que me encuentro perdida, esperando por ti / Y procuro descubrir si será sólo mía / Esta extraña pasión donde me perdí

Casa da colina

​Havias de chegar ao fim da tarde / Misturado na doçura do poente / Quando as horas sabem já a eternidade / E as águias vão voando lentamente! / Eu havia de esperar-te assim sentada / Na soleira da porta entreaberta / À espera de te ver subir a estrada / Da casa da colina já deserta! / E quando o velho trem, subindo a linha / Cansado como nós, depois do amor / Lembrar que a madrugada se avizinha / Por detrás da cortina já sem côr / De novo tão perdida e tão sozinha / Chorando cantarei a mesma dor!

Casa de la colina

Tenías que llegar al final de la tarde / Mezclado con la dulzura del ocaso / Cuando las horas ya saben a eternidad / ¡Y las águilas van volando lentamente! / Yo tenía que esperarte así, sentada / En el quicio de la puerta entreabierta / A la espera de verte subir la calle / ¡Desde la casa de la colina ya desierta! / Y cuando el viejo tren, subiendo por su ruta / Cansado como nosotros, después del amor / Recuerde que la madrugada se avecina / Por detrás de la cortina ya sin color / De nuevo tan perdida y tan sola / ¡Llorando cantaré el mismo dolor!

A cidade saudade

​Quando as pedras do caminho / Vão chorando de mansinho / Por te ver já de partida / E a cidade estende os braços / Com a saudade dos teus passos / Pro fundo de uma avenida / Fica tudo tão de frente / Para o tempo e derrepente / Toda a cidade é só minha / Presa na margem do rio / Sou como um barco vazio / Rumo ao futuro sozinha / E as palavras que eu invento / Da tristeza do momento / De te ver partir agora / São palavras são carinhos / São os restos dos espinhos / Do nosso amor que demora / E a cidade entristecida / Dorme a noite recolhida / Porque a lembrança é sorrir / Como quem espera em ternura / Que um dia a nossa procura / Possas voltar sempre aqui / Como quem espera em ternura / Que um dia a nossa procura / Possas voltar sempre aquí

La ciudad saudade

Cuando las piedras del camino / Van llorando despacito / Por verte ya partir / Y la ciudad extiende los brazos / Con la saudade de tus pasos / Al fondo de una avenida / Queda todo tan de frente / Para el tiempo y de repente / Toda la ciudad es sólo mía / Presa en la orilla del río / Soy como un barco vacío / Rumbo al futuro sola / Y las palabras que invento / De la tristeza del momento / De verte partir ahora / Son palabras, son cariños / Son restos de los espinos / De nuestro amor que demora / Y la ciudad entristecida / Duerme de noche recogida / Porque el recuerdo es sonreír / Como quien espera en la ternura / Que un día nuestra búsqueda / Puedas volver siempre aquí / Como quien espera en la ternura / Que un día nuestra búsqueda / Puedas volver siempre aquí

A nossa gente, o nosso fado

​Quando o silêncio cai por fim sobre o meu corpo / E um gesto simples ilumina o universo / Toda a loucura que acompanha o meu desgosto / Se faz em nada e desse nada se faz verso / Palavras soltas vão ganhando firmamento / Ideias loucas se desprendem como vagas / Toda a revolta que de nós era alimento / Se faz ausente e eu estou só com as palabras / E os versos crescem pelas longas melodias / E a dor que farta fica assim de mim despida / E nas palavras em que eu canto o novo dia / Encontro o sal que mata a fome à própria vida / E no momento em que as palavras resgatadas / P'la minha voz saem do corpo já cansado / Levanto os olhos e descubro em meu caminho / Toda esta gente, e em cada um o nosso Fado

Nuestra gente, nuestro fado

Cuando el silencio cae por fin sobre mi cuerpo / Y un gesto simple ilumina el universo / Toda la locura que acompaña mi disgusto / Se hace en nada y de esa nada se hace verso / Palabras sueltas van ganando el firmamento / Ideas locas se desprenden como olas / Toda la revuelta que era nuestro alimento / Se hace ausente y yo estoy sólo con las palabras / Y los versos crecen por las largas melodías / Y el dolor que cansa queda así desnudo de mí / Y en las palabras en que yo canto el nuevo día / Encuentro la sal que mata el hambre de la propia vida / Y en el momento en que las palabras rescatadas / Por mi voz salen del cuerpo ya cansado / Levanto los ojos y descubro en mi camino / A toda esta gente, y en cada uno nuestro Fado

Renasce

​Renasce a cada instante / Que passa no meu pensamento / Os poentes passados contigo à beira mar / Quando as marés não mudavam / E as ondas para nós cantavam / Vezes sem conta este fado sem nunca parar... / Renasce em cada hora que passa esta enorme saudade / De te amar sempre assim, assim como agora / Pode o mundo dar as voltas que der / Que o nosso amor neste fado há-de ser / Cantado de mim para ti pela vida fora... / Beijo o teu corpo / Sabe a madrugada por acontecer / Sabe a água fresca / Sabe a flores silvestres e a renascer / Ao perfume dos dias / Sabe a tarde calma, sabe a ilusão / Sabe à tua alma, sabe a sedução... / Renasce a cada tarde que passa esta estranha ilusão / Parece sentir-te chegar ouvindo os teus passos / De repente toda a saudade / Se desvanece na claridade / No brilho dos teus olhos e dos teus abraços... / Renasce em cada noite que passa uma saudade maior / De tudo o que a vida nos deu de bom e diferente / Mas na praia ficaram na areia / Nossos beijos feitos maré-cheia / E a lua como nós ficou em quarto crescente... / Beijo o teu corpo / Sabe a madrugada por acontecer / Sabe a água fresca / Sabe a flores silvestres e a renascer / Ao perfume dos dias / Sabe a tarde calma, sabe a ilusão / Sabe à tua alma, sabe a sedução...

Renasce

Renace a cada instante / Que pasa en mi pensamiento / Los atardeceres pasados contigo a orilla del mar / Cuando las mareas no cambiaban / Y las olas cantaban para nosotros / Infinitas veces este fado para no parar nunca... / renace en cada hora que pasa esta enorme saudade / De amarte siempre así, así, como ahora / Puede dar el mundo las vueltas que dé / Que nuestro amor en este fado ha de ser / Cantado de mí hacia ti más allá de la vida... / Beso tu cuerpo / Sabe a madrugada por suceder / Sabe a agua fresca / Sabe a flores silvestres y a renacer / Al perfume de los días / Sabe a tarde en calma, sabe a ilusión / Sabe a tu alma, sabe a seducción... / Renace cada tarde que pasa esta extraña ilusión / Parece que te siente llegar escuchando tus pasos / de repente toda la saudade / Se desvanece en la claridad / En el brillo de tus ojos y de tus abrazos... / Renace en cada noche que pasa una saudade mayor / De todo lo que la vida nos dio de bueno y diferente / Pero en la playa se quedaron en la arena / Nuestros besos hechos marea alta / Y la luna como nosotros quedó en cuarto creciente... / Beso tu cuerpo / Sabe a madrugada por suceder / Sabe a agua fresca / Sabe a flores silvestres y a renacer / Al perfume de los días / Sabe a tarde en calma, sabe a ilusión / Sabe a tu alma, sabe a seducción...

Lírio roxo

Viajei por toda a terra / Desde o norte até ao sul / Em toda a parte do mundo / Vi mar verde e céu azul / Em toda a parte vi flores / Romperem do pó do chão / Universais, como as dores do mundo / Que em toda a parte se dão / Vi sempre estrelas serenas / E as ondas morrendo em espuma / Todo o sol, um sol apenas / E a lua sempre só uma / Diferente de quanto existe / Só a dor que me reparte / Enquanto em mim morro triste / Nasço alegre em toda a parte

Lirio rojo

Viajé por toda la tierra / Desde el norte hasta el sur / En todas las partes del mundo / Vi mar verde y cielo azul / En todas partes vi flores / Abriéndose desde el polvo del suelo / Universales, como los dolores del mundo / Que en todas partes se dan / Vi siempre estrellas serenas / Y las olas muriendo en espuma / Todo el sol, un sol apenas / Y la luna siempre sólo una / Distinta de cuanto existe / Sólo el dolor que me corresponde / Cuando muero triste en mí / Nazco alegre en todas las partes

Poema da malta das naus

Lancei ao mar um madeiro / Espetei-lhe um pau e um lençol / Com palpite marinheiro / Medi a altura do Sol... / Deu-me o vento de feição / Levou-me ao cabo do mundo / Pelote de vagabundo / Rebotalho de gibão... / Dormi no dorso das vagas / Pasmei na orla das praias / Arreneguei, roguei pragas / Mordi pelouros e zagaias... / Chamusquei o pêlo hirsuto / Tive o corpo em chagas vivas / Estalaram-me a gengivas / Apodreci de escorbuto... / Com a mão esquerda benzi-me / Com a direita esganei / Mil vezes no chão, bati-me / Outras mil me levantei... / Meu riso de dentes podres / Ecoou nas sete partidas / Fundei cidades e vidas / Rompi as arcas e os odres... / Tremi no escuro da selva / Alambique de suores / Estendi na areia e na relva / Mulheres de todas as cores... / Moldei as chaves do mundo / A que outros chamaram seu / Mas quem mergulhou no fundo / Do sonho, esse, fui eu... / O meu sabor é diferente / Provo-me e saibo-me a sal / Não se nasce impunemente / Nas praias de Portugal...

Poema de las gentes de mar

Lancé al mar un madero / Le clavé un palo y un pañuelo / Con intuición marinera / Medí la altura del sol... / Me dio el viento de hecho / me llevo al extremo del mundo / Sayones de vagabundo / Desecho de casaca / Dormí en el dorso de las olas / Desfallecí en la orilla de las playas / renegué, maldije / Mordí guijarros y camarones / Me quemé el pelo hirsuto / Tuve el cuerpo en llagas vivas / Me estallaron las encías / Me pudrió el escorbuto... / Con la mano izquierda me santigüé / Con la derecha estrangulé / Mil veces caí al suelo / Otras mil me levanté / Mi risa de dientes podridos / Resonó en las siete partidas / Fundé ciudades y vidas / Rompí las arcas y los odres / Temblé en la oscuridad de la selva / Destilé sudores / Extendí en la arena y la hierba / Mujeres de todos los colores / Moldeé las llaves del mundo / Al que otros llamaron suyo / Pero quien se zambulló en el fondo / Del sueño, ese, fui yo / Mi sabor es diferente / Me pruebo y sé a sal / No se nace impunemente / En las playas de Portugal...

Mundo

Eu quis num gesto só abrir-te o mundo / Deixar no teu olhar a cor da esperança / Toda a vida é eterna num segundo / Num segundo porém nada se alcança / Um dia descobrimos o mistério / De viver dia-a-dia de mão dada / Dos sentidos fizemos um império / Do qual não resta hoje quase nada / De manhã acendemos as estrelas / Sendo um do outro escravos mas heróis / Inventámos países cidadelas / Agora tu e eu apenas dois / Mastros ainda erguidos mas sem velas / À espera do que vem sempre depois

Mundo

Yo quise en un gesto abrirte sólo el mundo / Dejar en tu mirada el color de la esperanza / Toda la vida es eterna en un secreto / En un segundo, en cambio, nada se alcanza / Un día descubrimos el misterio / De vivir día a día con la mano entregada / De los sentidos hicimos un imperio / Del cual hoy no queda casi nada / Por la mañana encendemos las estrellas / Siendo esclavos uno de otro, también héroes / Inventamos países y ciudadelas / Ahora tú y yo, apenas dos / Mástiles aún erguidos, pero sin velas / A la espera de lo que siempre viene después

Lisboa (texto en francés)

Eu queria cantar-te um fado

Eu queria cantar-te um fado / Que toda a gente ao ouvi-lo / Visse que o fado era teu/ Fado estranho e magoado / Mas que pudesses senti-lo / Tão na alma, como eu / E seria tão diferente / Que ao ouvi-lo, toda a gente / Dissesse quem o cantava / Quem o escreveu, não importa / Que eu andei de porta em porta / Para ver se te encontrava / Eu hei-de pôr nalguns versos / O fado que há nos teus olhos / O fado da tua voz / Nossos fados, são diversos / Tu tens um fado, eu tenho outro / Triste fado temos nós

Yo quería cantarte un fado 

Yo quería cantarte un fado / Que toda la gente al oírlo / Viese que el fado era tuyo / Fado extraño y dolorido / Pero que pudieses sentirlo / Tan en el alma, como yo / Y sería tan diferente / Que al oírlo, toda la gente / Dijese quien lo cantaba / Quién lo escribió, no importa / Que yo fui de puerta en puerta / Para ver si te encontraba / He de poner en algunos versos / El fado que hay en tus ojos / El fado de tu voz / Nuestros fados son diferentes / Tú tienes un fado, yo tengo otro / Tristes fados tenemos nosotros

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