Mafalda Arnauth - Esta voz que me atravessa (2001)


Esta voz que me atravessa (2001)


1. Esta voz que me atravessa / 2. O instante dos sentidos / 3. De não saber ser loucura / 4. Coisa assim / 5. Este silêncio que me corta / 6. Até logo, meu amor / 7. Não há Fado que te resista / 8. Lusitana / 9. Há noite aqui / 10. Ai do vento / 11. Ora vai / 12. A casa e o mundo /  

Esta voz que me atravessa

Esta voz que me atravessa / Sem que eu queira, sem que eu peça / Não mora dentro de mim / Vive na sombra a meu lado / Dando ao meu fado outro fado / Que me faz cantar assim / Trago cravado no peito / Um resto de amor desfeito / Que quando eu canto me dói / Que me deixa a voz em ferida / Pelo pranto de outra vida / Que eu não sei que vida foi / E quando canto há quem diga / Que esta voz de rapariga / É mais antiga do que eu / Estava aqui à minha espera / Não morreu com a Severa / Quando a Severa morreu! / Estava aqui à minha espera / Não morreu com a Severa / Quando a Severa morreu

Esta voz que me atraviesa

Esta voz que me atraviesa / Sin que yo lo quiera, sin que yo lo pida / No vive dentro de mí / Vive en la sombra a mi lado / Dando a mi fado otro fado / Que me hace cantar así / Traigo clavado en el pecho / Un resto de amor deshecho / Que cuando canto me duele / Que me deja la voz herida / Por el llanto de otra vida / Que no sé qué vida fue / Y cuando canto hay quien diga / Que esta voz de muchacha / Es más antigua que yo / Estaba aquí a mi espera / No se murió con la Severa / Cuando la Severa murió / Estaba aquí a mi espera / No se murió con la Severa / Cuando la Severa murió

O instante dos sentidos

Aqui mora o instante dos sentidos / Aqui somos momento abençoado / Em que a vida revela a cada ouvido / Um sentido que nos sabe mais a fado / Aqui cada palavra é oração / É reza da coragem de sentir / O quanto é divino o coração / Que agora faz chorar, logo mais rir / E, que nunca em nós este condão / Que nos transforma a alma poesia / Varina, no eterno de um pregão / Assim como é eterna a maresia / Aqui cantando ao fado despertamos / Novo corpo, nova alma nesta hora / Brindando em cada copo que tomamos / A vida que acontece aqui e agora / Aqui se acordam notas que mantêm / A rima entre a dor e alegria / Pois se ontem houve fado e hoje há também / É porque o fado vem do dia-a-dia

El instante de los sentidos

Aquí vive el instante de los sentidos / Aquí somos momento bendito / En que la vida rebela a cada oído / Un sentido que nos sabe más a fado / Aquí cada palabra es oración / Es oración del coraje de sentir / Cuanto es divino el corazón / Que ahora hace llorar, luego reír más / Y, que nunca en nosotros este don / Que nos transforma el alma en poesía / Pescadera en un eterno pregón / Así como es eterna la marejada / Aquí cantando al fado despertamos / Nuevo cuerpo, nueva alma en esta hora / Brindando en cada vaso que tomamos / La vida que sucede aquí y ahora / Aquí se despiertan notas que mantienen / La rima entre el dolor y la alegría / Pues si ayer hubo fado y hoy también / Es porque el fado viene de día en día

De não saber ser locura

Vou desvendando sentidos / P´ra descobrir o que é meu / Será que os dias vividos / Me vão dizer quem sou eu / Vou desbravando este nada / Eterna em mim a procura / Já tenho a alma cansada / De não saber ser loucura / Vou numa ânsia de morte / Correr aquilo que sou / Quem sabe se um dia a sorte / Não me dirá ao que vou / E se chegar, não sei onde / Ao onde vou perguntar / Se o que dentro em mim se esconde / É p´ra esquecer ou ficar

Por no saber ser locura

Voy desvelando sentidos / Para descubrir lo que es mío / Será que los días vividos / Me van a decir quién soy yo / Voy amansando esta nada / Eterna en mí la búsqueda / Ya tengo el alma cansada / Por no saber ser locura / Voy en un ansia de muerte / Transcurre aquello que soy / Quién sabe si un día la suerte / No me dirá a lo que voy / Y si llegara, no sé dónde / Donde voy a preguntar / Si lo que dentro de mí se esconde / Es para olvidar o quedarse

Coisa assim

S'eu morrer de amor por ti / Ai leva-me a enterrar / Dentro daquela careta / Que fizeste numa hora / Em que me estavas a olhar / E a rir te foste embora / E eu quase vi o meu fim / Se eu morrer ou coisa assim / Faz desse riso um cantar / Para te lembrares de mim / Neste corpo dimensão / Que volume tem a crença / Qual a forma da diferença / A altura da paixão / A medida do valor / A largura da razão / A proporção do amor / Qual o tamanho do medo / A geometria da mão / O que é que nos mede a dor / Disse-te adeus quem diria / Eu até nem dei por nada / E digo mais nem sabia / De história tão mal contada / Nem mentira nem verdade / Mas como é que isto se sente / É como se o tempo um dia / Descobrisse a realidade / E aprendesse de repente / A ficar eternidade

Cosa así

Si yo muriera de amor por ti / Ay, llévame a enterrar / Dentro de aquella careta / Que hiciste en una hora / Mientras me estabas mirando / Y te fuiste lejos a reír / Y yo casi vi mi fin / Si muriera o algo así / Haz de esa risa un cantar / Para que te acuerdes de mí / En este cuerpo dimensión / Qué volumen tiene la creencia / Como la forma de la diferencia / La altura de la pasión / La medida del valor / La largura de la razón / La proporción del amor / Como el tamaño del miedo / La geometría de la mano / Que es lo que nos mide el dolor / Te dije adiós, quién diría / Yo ni me di cuenta de nada / Y digo más, ni sabía / De esa historia tan mal contada / Ni mentira ni verdad / Pero cómo es que esto se siente / Y como si el tiempo un día / Descubriese la realidad / Y aprendiese de memoria / A quedarse en eternidad

Este silêncio que me corta

Não tenho nem vergonha nem pudores / Da lágrima sincera que me embarga / É sal de que alimento os meus amores / E rio que afoga a pena mais amarga / Num mar que é de revolta e de calmia / Navega assim a vida em todos nós / Porquê fugir à dor e à nostalgia / São ondas descobrindo a nossa voz / Não quero este silêncio que me corta / Que enfrento de sentidos acordados / Não quero a indiferença, a alma morta / Às quais assim andamos condenados / Não quero ser o drama insatisfeito / De quem não esteve ali p´ra não sofrer / Morrer por algo, ainda que imperfeito / É tudo quanto basta ao meu viver / Não tenho ainda o medo de acordar / Mas sinto já a pressa dos mortais / Que sonham ser eternos ao amar / E temem não ter tempo de dar mais

Este silêncio que me corta

No tengo ni vergüenza ni pudores / De la lágrima sincera que me embarga / De la sal que alimento mis amores / Del río que ahoga la pena más amarga / En un mar que es de revueltas y de bonanza / Navega así la vida en todos nosotros / Porque huir del dolor y la nostalgia / Son olas descubriendo nuestra voz / No quiero este silencio que me corta / Que enfrento de sentidos despiertos / No quiero la indiferencia, el alma muerta / A las cuales andamos, así, condenados / No quiero ser el drama insatisfecho / De quien no estuvo allí para no sufrir / Morir por algo, aunque sea imperfecto / Es todo cuanto le basta a mi vivir / No tengo aún el miedo de despertar / Pero siento ya la prisa de los mortales / Que sueñan ser eternos al amar / Y temen no tener tiempo de dar más

Até logo, meu amor

Ando cansada das horas que não vivo / De calar dentro de mim a solidão / Das promessas e demoras sem motivo / E de sempre dizer sim em vez de não / Morro em cada despedida ao abandono / Paro o tempo à tua espera nos desejos / A estação da minha vida é o Outono / Não existe primavera sem teus beijos / Ergo a minha voz aos céus teimosamente / E depois deste meu rogo ao Deus Senhor / Não sei se te diga adeus ou, simplesmente / Deva dizer-te até logo, meu amor

Até logo, meu amor

Estoy cansada de las horas que no vivo / De callar dentro de mí la soledad / De las promesas y las horas sin motivo / Y de decir siempre sí en vez de no / Muero en cada despedida al abandono / Paro el tiempo a tu espera en los deseos / La estación de mi vida es el otoño / No existe la primavera sin tus besos / Elevo mi voz a los cielos obstinadamente / Y después de este ruego mío a Dios Señor / No sé si decirte adiós o, simplemente / Deba decirte: hasta luego, mi amor

Não há fado que te resista

Como eu gostava de ser saudade / Para estar sempre à tua beira / Como eu gostava de ser tristeza / Como eu gostava de ser tristeza / Atrás de ti a vida inteira / Cantando assim eu canto o fado / Cantando ao fado canto por ti / Eu já não sei estar a teu lado / Eu já não sei estar a teu lado / Já és um fado já estás em mim / E se há um medo que não se entende / Se há uma sombra que não se vê / Tu és fado que me defende / E a quem me entrego e eu sei porquê / Pode a malícia ser tão fadista / Quando te vejo penso que sim / E não há fado que te resista / E não há fado que te resista / Quando tu olhas assim pr'a mim / Cantando assim eu vou morrendo / E ao morrer eu sinto em mim / Que até o fado gosta de ter / Que até o fado gosta de ter / Amor que o oiça e o saiba ver

No hay fado que te resista

Cómo me gustaba ser saudade / Para estar siempre a tu vera / Cómo me gustaba ser tristeza / Cómo me gustaba ser tristeza / Detrás de ti la vida entera / Cantando así yo canto el fado / cantando fado canto por ti / Yo ya no sé estar a tu lado / Yo ya no sé estar a tu lado / Ya eres un fado, ya estás en mí / Y si hay un miedo que no se entiende / Si hay una sombra que no se ve / Tú eres el fado que me defiende / Y es a quien me entrego y yo sé por qué / Puede la malicia ser tan fadista / Cuando te veo pienso que sí / Y no hay fado que te resista / Y no hay fado que te resista / Cuando tú miras así hacia mí / Cantando así yo voy muriendo / Y al morir yo siento en mí / Que hasta al fado le gusta tener / Que hasta al fado le gusta tener / Amor que lo escuche y los sepa ver

Lusitania

Doce e salgada / Ó minha amada / Ó minha ideia / Faz-me grego e romano / Tu gingas à africano / Como a sereia / Ó bailarina / Ó columbina / És a nossa predilecta / De prosadores e poetas / Dos visionários / Quem te vê ama de vez / Nómadas e sedentários / Ó pátria lusa / Ó minha musa / O teu génio é português / Doce e salgada / Ó minha amada / Das epopeias / Tu és toda em latim / E a mais mulata sim / Das europeias / Ó bailarina / Ó columbina / Do profano matrimónio / "nas andanças do demónio" / Bela e roliça / Ai dança a chula requebrada / A minha canção é mestiça / Ó pátria lusa / Ó minha musa / O teu génio é português / Teu génio meigo e profundo / É deste tamanho do mundo / Sentimental como eu / Dois corações pagãos / São de apolo e de orfeu / Guarda-nos bem fraternais / No teu chão / No teu colo / De sonhos universais / És o nosso almirante / Terna mãe de crioulos / Cuida da nossa alma errante / Nós só queremos teu consolo / Doce e salgada / Ó minha amada / Da companhia / És um caso bicudo / Tu és o-mais-que-tudo / Da confraria / Ó bailarina / Ó columbina / Tu és a nossa doidice / Meiga "amante de meiguices" / Eu te proclamo / Quem te vê ama de vez / E a verdade é que eu te amo / Ó pátria lusa / Ó minha musa / O teu génio é português.

Lusitania

Dulce y salada / Ay, mi amada / Ay, mi idea / Hazme griego y romano / Tú remas como africano / Como la sirena / Ay, bailarina / Ay, colombina / Eres nuestra predilecta / De prosistas y poetas / De visionarios / Quien te ve te ama de una vez / Nómadas y sedentarios / Ay, patria lusa / Ay, mi musa / Tu genio es portugués / Dulce y salada / Ay, mi amada / De las epopeyas / Tú estás toda en latín / Y la más mulata, sí / De las europeas / Ay, bailarina / Ay, colombina / De profano matrimonio / en las andanzas del demonio / Bella y lustrosa / Ay, baila una danza requebrada / Mi canción es mestiza / Ay, patria lusa / Ay, mi musa / Tu genio es portugués / Tu genio tierno y profundo / Eres del tamaño del mundo / Sentimental como yo / Dos corazones paganos / Son de Apolo y de Orfeo / Guárdanos bien afectuosos / En tu suelo / En tu regazo / de sueños universales / Eres nuestro almirante / Tierna madre de criollos / Cuida de nuestra alma errante / Nosotros sólo queremos tu consuelo / Dulce y salada / Ay, mi amada / De la compañía / Eres un caso complejo / Tú eres el más-que-todo / De la hermandad / Ay, bailarina / Ay, colombina / Tú eres nuestra locura / Tierna amante de ternuras / Yo te proclamo / Quien te ve te ama de una vez / Y la verdad es que yo te amo / Ay, patria lusa / Ay, mi musa / Tu genio es portugués

Há noite aqui

Escutem os ecos da noite / Onde o que é fado acontece / Nas mil palavras, olhares / Nos mil desejos, esgares / De quem mil mágoas padece / Escutem vestígios do medo / No riso inquieto e sozinho / E que diz muito em segredo: / de noite é sempre tão cedo / Aonde estás tu, carinho? / E cada copo é revolta / E cada trago é um grito / Súplica de alguém aflito / Num bar com um copo à solta / Vai-se bebendo o incerto / E tudo mais, tudo mais é deserto / Escutem as pragas de quem / Vai mendigando atenção / Dorme nos bancos que moem / Por muito louco que o tomem / Loucura tem seu perdão / Escutem os sons que balançam / Soam mais alto e tão forte / Mas já as horas avançam / E as poucas palavras se cansam / Já ninguém há que se importe

Hay noche aquí

Escuchen los ecos de la noche / Donde lo que es fado sucede / En las mil palabras, miradas / En los mil deseos, gestos / De quien mil dolores padece / Escuchen vestigios del miedo / En la risa inquieta y sola / Que dice tan en secreto: / De noche es siempre tan temprano / ¿Dónde estás tú, cariño? / Cada vaso es una revuelta / Y cada trago es un grito / Súplica de alguien afligido / En un bar con un vaso en libertad / Se va bebiendo lo incierto / Y todo lo demás, todo lo demás es desierto / Escuchen las imprecaciones de quien / Va suplicando atención / Duerme en los bancos que afligen / Aunque lo tomen por loco / La locura tiene su perdón / Escuchen los sueños que oscilan / Suenan más alto y más fuerte / Pero ya avanzan las horas / Y las pocas palabras se cansan / Ya no hay a quién le importe

Ai do vento

São as saudades que nos trazem as tristezas / É o passado que nos dá nostalgia / E é o mar, que tem sempre as marés presas / Àquela praia onde inventámos a alegria / São os meus olhos que não guardam o cansaço / De querer sempre, sempre amar até ao fim / E toda a vida é um poema que não faço / Que se pressente na paixão que trago em mim / Ai do vento, ai do vento / Que transparece lamentos / Da minha voz sem te ver / Ai do mar, seja qual for / Que me recorda um amor / E não mo deixa esquecer / É sempre calma, ou quase sempre a despedida / É sempre breve, ou quase sempre, a solidão / E é esta calma que destrói a nossa vida / E nada é breve nas coisas do coração / Ai do vento, ai do mar e tudo o mais / Que assim me arrasta e que me faz viver na margem / De um rio grande onde navegam os meus ais / E onde a vida não é mais que uma viagem

Ay del viento

Son las saudades que nos traen tristeza / Es el pasado que nos da nostalgia / Y es el mar, que tiene siempre las mareas presas / Aquella playa en que inventamos la alegría / Son mis ojos que no guardan el cansancio / De querer siempre, siempre amar hasta el fin / Y toda la vida es un poema que no hago / Que se presenta en la pasión que traigo en mí / Ay del viento, ay del viento / Que transmite lamentos / De mi voz que no te ve / Ay del mar, sea el que sea / Que me recuerda un amor / Y no me deja olvidar / Es siempre tranquila, o casi siempre, la despedida / Es siempre breve, o casi siempre, la soledad / Y es esta calma la que destruye nuestra vida / Y nada es breve en las cosas del corazón / Ay del viento, ay del mar y de todo lo demás / Que me arrastra así y me hace vivir en la orilla / De un río grande por donde navegan mis ays / Y donde la vida no es más que un viaje

Ora vai

Quem põe o pé na rua, manhãzinha / Tropeça após um curto passo dado / Na estafa que nos dá esta vidinha / Que corre, sabe Deus para que lado / E logo é ver quem vai mais apressado / Veloz, que o autocarro passa cheio / E sempre o fim do mês chega atrasado / Ao bolso que já está menos de meio / O homem do quiosque dos jornais / Não fia nem noticias nem bons dias / Que o pouco que hoje leu já é demais / E há muito que não vai em lotarias / O crime vai mudando de estatuto / Vagueia entre o temido e o banal / Enquanto não nos toca ele é só furto / Assim que nos ataca ele é fatal / Lá p'ro meio do dia em vez da sesta / Almoça-se de pé e é se tanto / Tentando que o minuto que nos resta / Possa ainda esticar p´ra ir ao banco / Não sei se é uma bênção ou ironia / Ouvir ao fim do dia alguém dizer / A frase apressada e fugidia: / "Então até amanha se Deus quiser"!

Ahora va

Quien pone el pie en la calle de mañanita / tropieza después de haber dado un paso / En la estafa que nos da esta vidita / Que corre, sabe Dios, para qué lado / Y luego al ver quien va más apresurado / Veloz porque el autobús pasa lleno / Y siempre el fin de mes llega atrasado / Al bolso que ya está a menos de la mitad / El hombre del quiosco de periódicos / No fía ni las noticias ni los buenos días / Que lo poco que hoy leyó es ya demasiado / Y hace mucho que no juega a la lotería / El crimen va cambiando de estatuto / Deambula entre lo temido y lo banal / Mientras no nos toca es sólo hurto / Pero cuando nos toca es algo fatal / Y ya hacia el medio día en vez de siesta / Se almuerza de pie en el mejor de los casos / Intentando que el minuto que nos queda / Pueda aún alargar para ir al banco / No sé si es una bendición o una ironía / Oír al fin de del día decir a alguien / La frase retenida y huidiza: / ¡Entonces hasta mañana si Dios quiere!

A casa e o mundo

Não me basta esta areia / Não me basta esta onda / Não me basta esta praia / Não me basta este mar / Estão já os meus olhos tão longe / Longe tão longe do adeus / Quem sabe até se sou eu / Que já estou pr'a lá do mar / Que já estou pr'a lá dos céus / Quem dera que os meus olhos fossem asa / E ser gaivota que no céu parada / Olhando o cais / Vê nele o mundo, vê nele a casa / E só sente, ao partir, que é madrugada / Quantas vezes largaram / Do meu peito os navios / Se fiquei ou parti / Nem sei bem, pois andei / Sempre à volta de uma casa / Tão longe e perto daqui / Não é terra de habitar / É espaço sem ter lugar / Que eu gostava de encontrar

La casa y el mundo

No me basta esta arena / No me basta esta ola / No me basta esa playa / No me basta este mar / Están ya mis ojos tan lejos / Lejos, tan lejos del adiós / Quién sabe incluso si soy yo / Quien ya estoy junto al mar / Quien ya estoy junto a los cielos / Ojalá mis ojos fueran alas / Y ser gaviota que en el cielo detenida / Mirando hacia el puerto / Ve en él el mundo, ve en él la casa / Y sólo siente, al partir, que es madrugada / Cuantas veces zarparon / De mi pecho los navíos / Si me quedé o partí / No lo sé bien, pues estuve / Siempre regresando a una casa / Tan lejos y cerca de aquí / No hay tierra para habitar / Hay un espacio sin lugar / Que me gustaría encontrar

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