MARIZA - FADO CURVO (2003)

FADO CURVO (2003)
1. O
Silêncio da Guitarra / 2. Cavaleiro monge / 3. Feira de Castro / 4. Vielas de
Alfama / 5. Retrato / 6. Fado Curvo / 7. Menino do Bairro Negro / 8. Caravelas
/ 9. Entre o Rio e Razão / 10. O deserto / 11. Primavera / 12. Anéis Do Meu
Cabelo /
O silêncio da guitarra
O silêncio da guitarra / Que à minha alma se agarra / Como se fora de fogo / Em meu peito se demora / Qu'a alegria também chora / E apaga tanto desgosto / Em meu peito se demora / Qu'a alegria também chora / E apaga tanto desgosto / Este silêncio do Tejo / Sem ter boca para um beijo / Nem olhos para chorar / Gaivota presa no vento / Um barco de sofrimento / Que teima sempre em voltar / Gaivota presa no vento / Um barco de sofrimento / Que teima sempre em voltar / Lisboa, cais de saudade / Onde uma guitarra há-de / Tocar-nos um triste fado / Quando a alma se agiganta / A tristeza também canta / Num pranto quase parado
El silencio de la guitarra
El silencio de la guitarra / Que a mi alma se agarra / Como si fuera de fuego / En mi pecho se demora / Que la alegría también llora / Y apaga tanto disgusto / En mi pecho se demora / Que la alegría también llora / Y apaga tanto disgusto / Este silencio del Tajo / Sin tener boca para un beso / Ni ojos para llorar / Gaviota presa en el viento / Un barco de sufrimiento / Que se empeña en regresar / Gaviota presa en el viento / Un barco de sufrimiento / Que se empeña en regresar / Lisboa, puerto de saudade / Donde una guitarra ha de / Tocar un triste fado / Cuando el alma se agiganta / La tristeza también canta / En un llanto casi detenido
Cavaleiro monge
Do vale à montanha / Da montanha ao monte / Cavalo de sombra / Cavaleiro monge / Por casas, por prados / Por quinta e por fonte / Caminhais aliados / Do vale à montanha / Da montanha ao monte / Cavalo de sombra / Cavaleiro monge / Por penhascos pretos / Atrás e defronte / Caminhais secretos / Do vale à montanha / Da montanha ao monte / Cavalo de sombra / Cavaleiro monge / Por plainos desertos / Sem ter horizontes / Caminhais libertos / Do vale à montanha / Da montanha ao monte / Cavalo de sombra / Cavaleiro monge / Por ínvios caminhos / Por rios sem ponte / Caminhos sozinhos / Do vale à montanha / Da montanha ao monte / Cavalo de sombra / Cavaleiro monge / Por quanto é sem fim / Sem ninguém que o conte / Caminhais em mim
Caballero monje
Del valle a la montaña / De la montaña al monte / Caballo de sombra / Caballero monje / Por casas, por prados / Por quinta, por fuente / Camináis aliados / Del valle a la montaña / De la montaña al monte / Caballo de sombra / Caballero monje / Por peñascos negros / Detrás y de frente / Camináis secretos / Del valle a la montaña / De la montaña al monte / Caballo de sombra / Caballero monje / Por planicies desiertas / Sin tener horizontes / Camináis libertos / Del valle a la montaña / De la montaña al monte / Caballo de sombra / Caballero monje / Por inviables caminos / Por ríos sin puente / Caminos solitarios / Del valle a la montaña / De la montaña al monte / Caballo de sombra / Caballero monje / Por cuanto no tiene fin / Sin nadie que lo cuente / Camináis en mí
Feira de Castro
Eu fui a Feira de Castro / P'ra comprar um par de meias / Vim de lá cumas chanatas / E dois brincos nas orelhas / As minhas ricas tamancas / Pediam traje a rigor / Vestido curto e decote / Por vias deste calor / Quem vai a Feira de Castro / E se apronta tão bonito / Não pode acabar a Feira / Sem entrar no bailarico / Sem entrar no bailarico / A modos que bailação / Ai que me deu um fanico / Nos braços de um maganão / Vai acima, vai abaixo / Mais beijinho, mais bejeca / E lá se foi o capacho / Deixando o velho careca / Todo o testo tem um tacho / Mas como recordação / Apenas trouxe a capacho / Que iludiu meu coração / Eu fui à Feira de Castro / Eu vim da Feira de Castro / E jurei para mais não
Feria de Castro
Yo fui a la Feria de Castro / Para comprar un par de medias / Vine de allí con unas alpargatas / Y dos pendientes en las orejas / Mis ricas zuecos / Pedían un traje a la altura / Vestido corto y escote / Por culpa de este calor / Quien va a la Feria de Castro / Y se pone tan hermoso / No puede acabar la Feria / Sin entrar en el baile / Sin entrar en el baile / Según parece hay que bailar / Ay, que me da un desmayo / En brazos de un chulito / Voy para arriba, voy abajo / Más besito, más cerveza / El capacho se fue al garete / Dejando al viejo sin peluca / Cada cual tiene su tacha / Pero como recuerdo / En cuanto recuperé el capacho / Que ilusionó mi corazón / Yo fui a la Feria de Castro / Yo vine de la Feria de Castro / Y juré que nunca más
Vielas de Alfama
Horas mortas, noite escura / Uma guitarra a trinar / Uma mulher a cantar / O seu fado de amargura / E através da vidraça / Enegrecida e quebrada / A sua voz magoada / Entristece quem lá passa / Vielas de Alfama / Ruas de Lisboa antiga / Não há fado que não diga / Coisas do vosso passado / Vielas de Alfama / Beijadas pelo luar / Quem me dera lá morar / Pra viver junto do fado / A lua às vezes desperta / E apanha desprevenidas / Duas bocas muito unidas / Numa porta entreaberta / Então a lua corada / Ciente da sua culpa / Como quem pede desculpa / Esconde-se envergonhada / Vielas de Alfama / Ruas de Lisboa antiga / Não há fado que não diga / Coisas do vosso passado / Vielas de Alfama / Beijadas pelo luar / Quem me dera lá morar / Pra viver junto do fado
Callejuelas de Alfama
Horas muertas, noche oscura / Una guitarra que suena / Una mujer que canta / Su fado de amargura / Y a través del ventanal / Ennegrecido y quebrado / Aquella voz dolorida / Entristece a quien por allí pasa / Callejuelas de Alfama / Calles de Lisboa antigua / No hay fado que no diga / Cosas de vuestro pasado / Callejuelas de Alfama / Besadas por la luz de la luna / Ojalá pudiera morar allí / Para vivir junto al fado / La luna a veces despierta / Y sorprende desprevenidas / A dos bocas muy unidas / En una puerta entreabierta / Entonces la luna ruborizada / Sabedora de su culpa / Como quien pide disculpas / Se esconde avergonzada / Callejuelas de Alfama / Calles de Lisboa antigua / No hay fado que no diga / Cosas de vuestro pasado / Callejuelas de Alfama / Besadas por la luz de la luna / Ojalá pudiera morar allí / Para vivir junto al fado
Retrato
No teu rosto começa a madrugada / Luz abrindo / De rosa em rosa / Transparente e molhada / Melodia / Distante mas segura / Irrompendo da terra / Quente, redonda, madura / Mar imenso / Praia deserta, horizontal e calma / Sabor agreste / Rosto da minha alma / Mar imenso / Praia deserta, horizontal e calma / Sabor agreste / Rosto da minha alma
Retrato
En tu rostro comienza la madrugada / Luz abriéndose / De rosa en rosa / Transparente y mojada / Melodía / Distante pero segura / Irrumpiendo de la tierra / Caliente, redonda, madura / Mar inmenso / Playa desierta, horizontal y en calma / Sabor agreste / Rostro de mi alma / Mar inmenso / Playa desierta, horizontal y en calma / Sabor agreste / Rostro de mi alma
Fado curvo
No templo que é só do fado / A alma é como um jardim / Onde as flores dançam de lado / Na ventania sem fim / Aguentarão, pobrezinhas, / As fúrias da natureza? / Paixão não é linha recta / Nem fado é a certeza / O fado é como um jogo / Que deus inventou inspirado / Se nos pôs cá nesta vida / Foi para jogar o fado / Na mesa dos sentimentos / O coração é um dado / E rola com as guitarras / E dá um número que é fado / O um, o dois e o três / Faces da mesma verdade / O quatro e o cinco já são / O jogo da felicidade / O número seis é saudade / Por ela venho cantar / Abriram-me as portas à alma / E agora é vê-la dançar
Fado curvo
En el templo que es sólo del fado / El alma es como un jardín / Donde las flores danzan de lado / En una brisa sin fin / ¿Aguantarán, pobrecillas / Las furias de la naturaleza ? La pasión no es línea recta / Ni el fado es la certeza / El fado es como un juego / Que Dios inventó inspirado / Si nos puso en esta vida / Fue para jugar el fado / En la mesa de los sentimientos / El corazón es un dado / Y rueda con las guitarra / Y da un número que es fado / El uno, el dos, el tres / Caras de la misma verdad / El cuatro y el cinco ya son / El juego de la felicidad / El número seis es saudade / Por ella vengo a cantar / Se me abrieron las puertas al alma / Y ahora está viéndola danzar
Menino do Bairro Negro
Olha o sol que vai nascendo / Anda ver o mar / Os meninos
vão correndo / Ver o sol chegar / Menino sem condição / Irmão de todos os nus /
Tira os olhos do chão / Vem ver a luz / Menino do mal trajar / Um novo dia lá
vem / Só quem souber cantar / Virá também / Negro / Bairro negro / Bairro negro
/ Onde não há pão / Não há sossego / Menino pobre teu lar / Queira ou não
queira o papão / Há-de um dia cantar / Esta canção / Olha o sol / Que vai
nascendo... / Se até dá gosto cantar / Se toda a terra sorri / Quem te não
há-de amar / Menino a ti? / Se não é fúria a razão / Se toda a gente quiser /
Um dia hás-de aprender / Haja o que houver / Negro bairro negro / Bairro negro
/ Onde não há pão / Não há sossego / Menino pobre o teu lar / Queira ou não
queira o papão / Há-de um dia cantar / Esta canção / Olha o sol que vai
nascendo / Anda ver o mar
Niño del Barrio Negro
Mira el sol que va naciendo / Ve a ver el mar / Los niños van corriendo / A ver el sol llegar / Niño sin clase social / Hermano de todos los desnudos / Levanta los ojos del suelo / Ven a ver la luz / Niño mal vestido / Un día nuevo ya viene / Sólo quien sepa cantar / Vendrá también / Negro / Barrio negro / Barrio negro / Donde no hay pan / No hay sosiego / Niño pobre tu casa / Quiera o no lo quiera el coco / Un día cantará / Esta canción / Mira el sol / Que va naciendo... / Si hasta da gusto cantar / Si toda la tierra sonríe / ¿Quién no te habrá de amar / Mi niño, a ti? / Si no es furia la razón / Si todo el mundo quisiera / Un día habrás de aprender / Lo que tenga que ser / Negro, barrio negro / Barrio negro / Donde no hay pan / No hay sosiego / Niño pobre tu casa / Quiera o no lo quiera el coco / Un día cantará / Esta canción / Mira el sol que va naciendo / Ve a ver el mar
Caravelas
Cheguei a meio da vida já cansada / De tanto caminhar! já me perdi! / Dum estranho país que nunca vi / Sou neste mundo imenso a exilada / Tanto tenho aprendido e não sei nada / E as torres de marfim que construí / Em trágica loucura as destruí / Por minhas próprias mãos de malfadada! / Se eu sempre fui assim este mar morto / Mar sem marés, sem vagas e sem porto / Onde velas de sonhos se rasgaram! / Caravelas doiradas a bailar... / Ai quem me dera as que eu deitei ao mar! / As que eu lancei à vida, e não voltaram!...
Carabelas
Llegué al medio de la vida ya cansada / De tanto caminar, ya me perdí / De un extraño país que nunca vi / Soy en este mundo inmenso la exiliada / He aprendido tanto y no sé nada / Y las torres de marfil que construí / En trágica locura las destruí / Con mis propias manos de malfadada / Si yo siempre fui así, este mar muerto / Mar sin mareas, sin ondas y sin puerto / Donde las velas de los sueños se rasgaron / Carabelas doradas que bailan / ¡Ay, quién me daría las que dejé en el mar! / Las que lancé a la vida, y no volvieron...
Entre o rio e a razão
Eh, Lisboa da minha canção / Sinto-te perto / Num encanto mão na mão / Em Lisboa, no meu coração / Sinto-te perto / Entre o rio e a razão / Bem, num passo apressado futuro / Nem reboliço que se disse e se dirá / Geração de palavras escritas / Num desatino que o Tejo guardará / Quem dirá o que é certo ou errado / Na emoção do desvendar do teu lençol / Quanta água que passa em teu leito / Para trazer-te para sempre no meu peito / Para trazer-te para sempre no meu peito / Para trazer-te oh Lisboa, no meu peito!
Entre el río y la razón
Llegué al medio de la vida ya cansada / De tanto caminar, ya me perdí / De un extraño país que nunca vi / Soy en este mundo inmenso la exiliada / He aprendido tanto y no sé nada / Y las torres de marfil que construí / En trágica locura las destruí / Con mis propias manos de malfadada / Si yo siempre fui así, este mar muerto / Mar sin mareas, sin ondas y sin puerto / Donde las velas de los sueños se rasgaron / Carabelas doradas que bailan / ¡Ay, quién me daría las que dejé en el mar! / Las que lancé a la vida, y no volvieron...
O deserto
Deserto / Império do Sol / Tão perto / Império do Sol / Prova dos nove / Da solidão / Cega miragem / Largo clarão / Livre prisão / Sem a menor aragem / Sem a menor aragem / Que grande mar / De ondas paradas / Que grande areal / De formas veladas / Vitória do espaço / Imensidão / Ponto de fuga / Ampliação / Livre prisão / Anfitrião selvagem / Anfitrião selvagem / No deserto / Ouço o fundo da alma / E, se a areia está calma / O bater do coração / É que tanto deserto / Tão de repente / Faz-me pensar / Que o deserto sou eu / Se não me vieres buscar
El desierto
Desierto / Imperio del sol / Tan cerca / Imperio del sol / Prueba de los nueves / De la soledad / Ciego espejo / Largo resplandor / Libre prisión / Sin la menor brisa / Sin la menor brisa / Qué gran mar / De olas paradas / Qué gran arenal / De formas veladas / Victoria del espacio / Inmensidad / Punto de fuga / Ampliación / Libre prisión / Anfitrión salvaje / Anfitrión salvaje / En el desierto / Oigo el fondo del alma / Y, si la arena está en calma / El latir del corazón / Es que tanto desierto / Tan de repente / Me hace pensar / Que el desierto soy yo / Si no me vinieras a buscar
Primavera
Todo o amor que nos prendera / Como se fôra de cera / Se quebrava e desfazia / Ai funesta primavera / Quem me dera, quem nos dera / Ter morrido nesse dia / E condenaram-me a tanto / Viver comigo o meu pranto / Viver, viver e sem ti / Vivendo, sem no entanto / Eu me esquecer desse encanto / Que nesse dia perdi / Pão duro da solidão / É somente o que me dão / O que me dão a comer / Que importa que o coração / Diga que sim ou que não / Se continua a viver / Todo o amor que nos prendera / Se quebrara e desfizera / Em pavor se convertia / Ninguém fale em primavera / Quem me dera, quem nos dera / Ter morrido nesse dia
Primavera
Todo el amor que nos unía / Como si fuera de cera / Se quebraba y deshacía / Ay, funesta primavera / Quién me concediera, quién nos concediera / Haber muerto en ese día / Y me condenaron a tanto / Vivir conmigo y mi llanto / Vivir, pero vivir sin ti / Viviendo sin que entretanto / Pueda olvidar ese encanto / Que en ese día perdí / Pan duro de soledad / Es solamente lo que me dan / Lo que me dan a comer / Qué importa que el corazón / Diga que sí o que no / Si continúa viviendo / Todo el amor que nos unía / Al quebrarse y deshacerse / En pavor se convertía / Nadie hable en primavera / Quién me concediera, quién nos concediera / Haber muerto en ese día
Os anéis do meu cabelo
Se passares pelo adro / No dia do meu enterro / Diz a terra, que não coma / Os anéis do meu cabelo / Já não digo que viesses / Cobrir de rosas meu rosto / Ou que num choro dissesses / A qualquer do teu desgosto / Nem te lembro que beijasses / Meu corpo delgado e belo / Mas que sempre me guardasses / Os anéis do meu cabelo
Los rizos de mi cabello
Si pasaras por la capilla / En el día de mi entierro / Di a la tierra que no se coma / Los rizos de mi cabello / Ya no digo que vinieras / A cubrir de rosas mi rostro / O que llorando hablases / A todos de tu disgusto / Ni te recuerdo que beses / Mi cuerpo delgado y bello / Pero que siempre guardaras / Los rizos de mi cabello