MARIZA- TRANSPARENTE (2005)


TRANSPARENTE (2005)

1. Há Uma Música Do Povo / 2. Meu Fado Meu / 3. Recusa / 4. Quando Me Sinto Só / 5. Montras / 6. Há Palavras Que Nos Beijam / 7. Transparente / 8. Fado Português De Nós / 9. Malmequer / 10. Medo / 11. Toada Do Desengano / 12. Fado Tordo / 13. Duas Lágrimas De Orvalho / 14. Desejos Vãos / 

Há uma música do povo 

Há uma música do povo / Nem sei dizer se é um Fado / Que ouvindo-a há um ritmo novo / No ser que tenho guardado / Ouvindo-a sou quem seria / Se desejar fosse ser / É uma simples melodia / Das que se aprendem a viver / Mas é tão consoladora / A vaga e triste canção / Que a minha alma já não chora / Nem eu tenho coração / Sou uma emoção estrangeira / Um erro de sonho ido / Canto de qualquer maneira / E acabo com um sentido

Hay una música del pueblo 

Hay una música del pueblo / No sé decir si es un fado / Que al oírla hay un ritmo nuevo / En el ser que tengo guardado / Si desear fuese ser / Es una simple melodía / de las que se aprenden al vivir / Pero es tan consoladora / La vaga y triste canción / Que mi alma ya no llora / Ni yo tengo corazón / Soy una emoción extranjera / Un error del sueño ido / Canto de cualquier manera / Y acabo con un sentido

Meu Fado Meu 

Trago um fado no meu canto / Canto a noite até ser dia / Do meu povo trago o pranto / No meu canto a Mouraria / Tenho saudades de mim / Do meu amor mais amado / Eu canto um país sem fim / O mar, a terra, o meu fado / Meu fado meu / De mim só me falto eu / Senhora da minha vida / Do sonho, digo que é meu / E dou por mim já nascida / Trago um fado no meu canto / Na minh'alma vem guardado / Vem por dentro do meu espanto / Á procura do meu fado / Meu fado meu

Mi fado mío 

Traigo un fado en mi canto / Canto de noche hasta que es día / De mi pueblo traigo el llanto / En mi canto la Mouraria / Tengo saudades de mí / De mi amor más amado / Yo canto a un país sin fin / El mar, la tierra y mi fado / Mi fado mío / De mí sólo me falto yo / Señora de mi vida / Del sueño digo que es mío / Y me entrego ya nacida / Traigo un fado en mi canto / En mi alma viene guardado / Vienen por dentro de mi espanto / En busca de mi fado / Mi fado mío

Recusa

Se ser fadista é ser lua / É perder o sol de vista / Ser estátua que se insinua / Então eu não sou fadista / Se ser fadista é ser triste / É ser lágrima prevista / Se por mágoa o fado existe / Então eu não sou fadista / Se ser fadista é, no fundo / Uma palavra trocista / Roçando as bocas do mundo / Então eu não sou fadista / Mas se é partir à conquista / De tanto verso ignorado / Então eu não sou fadista / Eu sou mesmo o próprio fado!

Renuncia

Si ser fadista es ser luna / Es perder el sol de vista / Ser estatua que se insinúa / Entonces yo no soy fadista / Si ser fadista es ser triste / Es ser lágrima prevista / Si por amargura el fado existe / Entonces yo no soy fadista / Si ser fadista, en el fondo / Una palabra burlona / Rozando las bocas del mundo / Entonces yo no soy fadista / Pero si es partir a la conquista / De tanto verso ignorado / Entonces yo no soy fadista / ¡Yo soy propiamente el fado!

Quando me sinto só

Quando me sinto só / Como tu me deixaste / Mais só que um vagabundo / Num banco de jardim / É quando tenho dó / De mim e por contraste / Eu tenho ódio ao mundo / Que nos separa assim / Quando me sinto só / Sabe-me a boca a fado / Lamento de quem chora / A sua triste mágoa / Rastejando no pó / Meu coração cansado / Lembra uma velha nora / Morrendo à sede de água / P'ra que não façam pouco / Procuro não gritar / A quem pergunta minto / Não quero que tenham dó / Num egoísmo louco / Eu chego a desejar / Que sintas o que sinto / Quando me sinto só

Cuando me siento solo

Cuando me siento solo / Como tú me dejaste / Más solo que un vagabundo / En un banco del parque / Es cuando tengo dolor / De mí y por contraste / Yo tengo odio al mundo / Que nos separa así / Cuando me siento solo / Me sabe la boca a fado / Lamento de quien llora / Su triste amargura / Arrastrando en el polvo / Mi corazón cansado / Me recuerda una vieja noria / Muriendo de sed de agua / Para que nadie se burle / Procuro no gritar / A quien pregunta, miento / No quiero que tengan dolor / En un egoísmo loco / Yo llego a desear / Que sientas lo que siento / Cuando me siento solo

Montras

Ando na berma / Tropeço na confusão / Desço a avenida / E toda a cidade estende-me a mão / Sigo na rua, a pé, e a gente passa / Apressada, falando, o rio defronte / Voam gaivotas no horizonte / Só o teu amor é tão real / Só o teu amor... / São montras, ruas / E o trânsito não pára ao sinal / São mil pessoas / Atravessando na vida real / Os desenganos, emigrantes, ciganos / Um dia normal / Como a brisa que sopra do rio / Ao fim da tarde / Em Lisboa afinal / Só o teu amor é tão real / Só o teu amor... / Gente que passa / A quem se rouba o sossego / Gente que engrossa / As filas do desemprego / São vendedores, polícias, bancas, jornais / Como os barcos que passam tão perto / Tão cheios / Partindo do cais / Só o teu amor é tão real / Só o teu amor... 

Escaparates

Camino por la acera / Tropiezo en la confusión / Bajo por la avenida / Y toda la ciudad me tiende la mano / Sigo la calle a pie, y la gente pasa / Apresurada, hablando, un río de frente / Vuelan gaviotas en el horizonte / Sólo tu amor es tan real / Sólo tu amor... / Hay escaparates, calles / Y el tráfico no para en el semáforo / Hay mil personas / Atravesando una vida real / Los desengaños, inmigrantes, gitanos / Un día normal / Como la brisa que sopla del río / Al fin de la tarde / En Lisboa al final / Sólo tu amor es tan real / Sólo tu amor... / Gente que pasa / A quien se robó el sosiego / Gente que engrosa / Las filas del desempleo / Hay vendedores, policías, bancos, periódicos / Como los barcos que pasan tan cerca / Tan llenos / Partiendo del muelle / Sólo tu amor es tan real / Sólo tu amor...

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam / Como se tivessem boca / Palavras de amor, de esperança / De imenso amor, de esperança louca / Palavras nuas que beijas / Quando a noite perde o rosto / Palavras que se recusam / Aos muros do teu desgosto / De repente coloridas / Entre palavras sem cor / Esperadas, inesperadas / Como a poesia ou o amor / (O nome de quem se ama / Letra a letra revelado / No mármore distraído / No papel abandonado) / Palavras que nos transportam / Aonde a noite é mais forte / Ao silêncio dos amantes / Abraçados contra a morte

Hay palabras que nos besan

Hay palabras que nos besan / Como si tuviesen boca / Palabras de amor, de esperanza / De inmenso amor, de esperanza loca / Palabras denudas que besas / Cuando la noche pierde el rostro / Palabras que se pegan / A los muros de tu disgusto / De repente coloreadas / Entre palabras sin color / Esperadas, inesperadas / Como la poesía o el amor / (El nombre de quien se ama / Letra a letra revelado / En el mármol distraído / En el papel abandonado) / Palabras que nos transportan / Donde la noche es más fuerte / Al silencio de los amantes / Abrazados contra la muerte

Transparente

Com o a água da nascente / Minha mão é transparente / Aos olhos da minha avó / Entre a terra e o divino / Minha avó negra sabia / Essas coisas do destino / Desagua o mar que vejo / Nos rios desse desejo / De quem nasceu para cantar / Um Zambéze feito Tejo / De tão cantado q'invejo / Lisboa, por lá morar / Vejo um cabelo entrançado / E o canto morno do fado / Num xaile de caracóis / Como num conto de fadas / Os batuques são guitarras / E os coqueiros, girassóis / Minha avó negra sabia / Ler as coisas do destino / Na palma de cada olhar / Queira a vida ou que não queira / Disse deus à feiticeira / Que nasci para cantar

Transparente

Como el agua del manantial / Mi mano es transparente / A los ojos de mi abuela / Entre la tierra y lo divino / Mi abuela negra sabía / Esas cosas del destino / Desagua el mar que veo / En los ríos de ese deseo / De quien nació para cantar / Un Zambeze hecho Tajo / De tan cantado que envidio / Lisboa para vivir allí / Veo un cabello trenzado / Yo canto al modo del fado / En un chal de caracoles / Como en un cuento de hadas / Los tambores son guitarras / Y los cocoteros girasoles / Mi abuela negra sabía / Leer la cosas del destino / En la palma de una sola mirada / Quiera la vida o no quiera / Le dijo Dios a la hechicera / Que nací para cantar

Fado português de nós

Nasceu de ser Português / Fez-se à vida pelo mundo / Foi p'lo sonho vagabundo / Foi pela terra abraçado / Bem querido ou mal amado / O Fado / Viveu de ser Português / Foi alegre e foi gingão / Por ser um fado é canção / Por ser futuro é passado / Mal querido ou bem amado / O Fado / Cada vez mais Português / Anda nas asas do vento / Ás vezes solta um lamento / E pede p'ra ser achado / Ele é querido, ele é amado / O Fado

Fado português de nós

Nació de ser portugués / Se hizo a la vida por el mundo / Fue por el sueño vagabundo / Fue por la tierra abrazado / Bien querido o mal amado / El Fado / Vivió de ser portugués / Fue alegre y fue pendenciero / Por ser un fado es canción / Por ser futuro es pasado / Mal querido o bien amado / El Fado / Cada vez más portugués / Va por las alas del viento / A veces suelta un lamento / Y pide ser encontrado / Él es querido, él es amado / El Fado

Malmequer

Mal me quer a solidão / Bem me quer a tempestade / Mal me quer a ilusão / Bem me quer a liberdade / Mal me quer a voz vazia / Bem me quer o corpo quente / Mal me quer a alma fria / Bem me quer o sol nascente / Mal me quer a casa escura / Bem me quer o céu aberto / Bem me quer o mar incerto / Mal me quer a terra impura / Mal me quer a solidão / Entre o fogo e a madrugada / Mal me quer ou bem me quer / Muito, pouco, tudo ou nada...

(Margarita) Mal me quiere

Mal me quiere la soledad / Bien me quiere la tempestad / Mal me quiere la ilusión / Bien me quiere la libertad / Mal me quiere la voz vacía / Bien me quiere el cuerpo caliente / Mal me quiere el alma fría / Bien me quiere el sol naciente / Mal me quiere la casa oscura / Bien me quiere el cielo abierto / Bien me quiere el mar incierto / Mal me quiere la tierra impura / Mal me quiere la soledad / Entre el fuego y la madrugada / Mal me quiere o bien me quiere / Mucho, poco, todo o nada...

Medo

Quem dorme à noite comigo / É meu segredo / Mas se insistirem, lhes digo / O medo mora comigo / Mas só o medo, mas só o medo. / E cedo porque me embala / Num vai-vem de solidão / É com silêncio que fala / Com voz de móvel que estala / E nos perturba a razão. / Gritar quem pode salvar-me / Do que está dentro de mim / Gostava até de matar-me / Mas eu sei que ele há-de esperar-me / Ao pé da ponte do fim

Miedo 

Quien duerme por la noche conmigo / Es mi secreto / Pero si insisten, les digo / El miedo vive conmigo / pero sólo el miedo, pero sólo el miedo. / Y cedo porque me acuna / En un vaivén de soledad / Y es con silencio que me habla / Con voz de mueble que cruje / Y nos perturba la razón. / Gritar quién puede salvarme / De lo que está dentro de mí / Quisiera incluso matarme / Pero sé que él ha de esperarme / Al pie del puente del fin

Toada do desengano

Este amor, este meu fado / Tão vivido e magoada / Entre o sim e o todavia / Este amor desgovernado / Marcado a fogo e calcado / Em funda melancolia / Este amor dilacerado / Este amor que noite e dia / Me arrebata e me agonia / Este amor desenganado / De saudades macerado / A encher-me a vida vazia / Este amor alucinado / Este amor que desvaria / Entre o luto e a alegria / Sendo assim desencontrado / Meu amor desesperado / Que outro amor eu cantaria?

Toanda del desengaño

Este amor, este fado mío / Tan vivido y dolorido / Entre el sí y el todavía / Este amor desgobernado / Marcado a fuego y calcado / En honda melancolía / Este amor atormentado / Este amor que de noche y de día / Me arrebata y me aflige / Este amor desengañado / En saudades macerado / llena i vida vacía / Este amor alucinado / Este amor que desvaría / Entre el luto y la alegría / Siendo así desencontrado / Mi amor desesperado / ¿A qué otro amor yo cantaría?

Fado tordo

Por mais que eu queira ou não queira / Salta-me a voz para a cantiga / Por mais que eu faça ou não faça / Quem manda é ela, por mais que eu diga / Por mais que eu sofra ou não sofra / Ela é quem diz por onde vou / Por mais que eu peça ou não peça / Não tenho mão na voz que sou / Mesmo que eu diga que não quero / Ser escrava dela e deste fado / Mesmo que fuja em desespero / Ela aparece em qualquer lado / Mesmo que vista algum disfarce / Ela descobre-me a seguir / Mesmo que eu chore ou não chore / A voz que eu sou desata a rir / Por mais que eu quisesse ter / Só um minuto de descanso / Por muito que eu lhe prometesse / Voltar a ela e ao seu canto / Por muito que eu fizesses juras / A esta voz que não me deixa / Perguntou sempre tresloucada: / Eu já te dei razão de queixa? / Por muito que eu apague a chama / Ela renasce ainda maior / Por muito que eu me afaste dela / Fica mais perto e até melhor / Por mais que eu queira entender / A voz que tenho é tão teimosa / Por mais que eu lhe tire a letra / Faz por esquecer e canta em prosa

Fado tordo

Por más que yo quiera o no quiera / Me salta la voz para el canto / Por más que haga o no haga / Quien manda es ella, por más que yo diga / Por más que yo sufra o no sufra / Ella es quien dice por donde voy / Por más que yo pida o no pida / No tengo mano en la voz que soy / Aunque yo diga que no quiero / Ser esclava de ella y de este fado / Aunque yo huya desesperada / Ella aparece en cualquier lado / Aunque me ponga algún disfraz / Ella me descubre enseguida / Aunque yo llore o no llore / La voz que soy se desata en risas / Por más que yo quisiera tener / Solo un minuto de descanso / Por mucho que yo le prometiese / Volver a ella y a su canto / Por mucho que hiciese juramentos / A esta voz que no me deja / Me pregunta siempre enloquecida: / ¿Te he dado motivo de quejas? / Por mucho que yo apague la llama / Ella renace aún mayor / Por mucho que me aleje de ella / Viene más cerca y hasta mejor / Por más que yo quiera entender / La voz que tengo tan obstinada / Por más que yo le quite la letra / Hace que se olvida y canta en prosa

Duas lágrimas de orvalho

Duas lágrimas de orvalho / Caíram nas minhas mãos / Quando te afaguei o rosto / Pobre de mim, pouco valho / P'ra te acudir na desgraça / P'ra te valer no desgosto / Porque choras não me dizes / Não é preciso dizê-lo / Não dizes, eu adivinho / Os amantes infelizes / Deveriam ter coragem / Para mudar de caminho / Por amor, damos a alma / Damos corpo, damos tudo / Até cansarmos na jornada / Mas quando a vida se acalma / O que era amor, é saudade / E a vida já não é nada / Se estás a tempo, recua / Amordaça o coração / Mata o passado e sorri / Mas se não estás, continua / Disse isto minha mãe / Ao ver-me chorar por ti

Dos lágrimas de orvallo

Dos lágrimas de orvallo / Cayeron en mis manos / Cuando te acaricié el rostro / Pobre de mí, poco valgo / Para ayudarte en la desgracia / Para servirte en tu disgusto / Por qué lloras no me dices / No es preciso decirlo / No lo dices, yo lo adivino / Los amantes infelices / deberían tener coraje / Para cambiar su camino / Por amor damos el alma / Damos el cuerpo, lo damos todo / Hasta cansarnos en la jornada / Pero cuando la vida se serena / Lo que era amor, es saudade / Y la vida ya no es nada / Si estás a tiempo, retrocede / Amordaza el corazón / Mata el pasado y sonríe / Pero si no estás, continúa / Esto me dijo mi madre / Al verme llorar por ti

Desejos vãos

Eu queria ser o Mar de altivo porte / Que ri e canta, a vastidão imensa! / Eu queria ser a Pedra que não pensa / A pedra do caminho, rude e forte! / Eu queria ser o Sol, a luz intensa / O bem do que é humilde e não tem sorte! / Eu queria ser a árvore tosca e densa / Que ri do mundo vão e até da morte! / Mas o Mar também chora de tristeza / As árvores também, como quem reza / Abrem, aos Céus, os braços, como um crente! / E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia / Tem lágrimas de sangue na agonia! / E as Pedras... essas... pisa-as toda a gente

Deseos vanos

Yo quería ser el Mar de altivo porte / ¡Que ríe y canta, la vastedad inmensa! / Yo quería ser la Piedra que no piensa / ¡La piedra del camino, ruda y fuerte! / Yo quería ser el Sol, la luz intensa / ¡El bien de lo que es humilde y no tiene suerte! / Yo quería ser el árbol tosco y denso / ¡Que se ríe del mundo vano y hasta de la muerte! / Pero el Mar también llora de tristeza / Los árboles también, como quien reza / ¡Abren, a los Cielos, los brazos como un creyente! / Y el Sol altivo y fuerte, al fin del día / ¡Tiene lágrimas de sangre en la agonía! / Y las Piedras... a esas... ¡las pisa toda la gente!

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