Mísia (1991)

Mísia, 1991
01. Ai Que Pena / 02. Ponto Final / 03. Mulher-Mágoa / 04. Porto Sentido / 05. A Cidade / 06. O Vendaval / 07. Samba Em Preludio / 08. Velha Inimiga / 09. Partir Não É Morrer / 10. Teu Lindo Nome / 11. Loucura / 12. Rua Dos Meus Ciúmes
Ai que pena
Só uma pena me assiste / Só uma pena me assiste / E me alaga de tristeza / Não ser toalha de linho / Não ser loalha de linho / A cobrir a tua mesa / Não ser o jarro de vinho / Não ser o jarro de vinho / Não ser a fruta ou o pão / Nem ser o talher de prata / Nem ser o talher de prata / No calor da tua mão / Só uma pena me assiste / Que pena, que pena / Não ser o pão que tu comes / Que pena, que pena / Com esse trigo amassado / Mataria duas fomes / Ai que pena / Só uma pena me assiste / Que pena, que pena / Não ser convidado à mesa / Que pena, que pena / P'ra te encher de coisas doces / O prato da sobremesa / Ai que pena / As penas são os cristais / As penas são os cristais / Desta ceia cintilante / Mesmo amando-te demais / Mesmo amando-te demais / Nunca o amor é bastante /Nunca se morre de fome / Nunca se morre de fome / A mingua o amor resiste / Mordo com raiva o teu nome / Mordo com raiva o teu nome / Só esta pena me assiste.
Ay, qué pena
Sólo una pena me acompaña / Sólo una pena me acompaña / Y me empapa de tristeza / No ser el mantel de lino / No ser el mantel de lino / Para cubrir tu mesa / No ser el jarro de vino / No ser el jarro de vino / No ser la fruta o el pan / Ni ser el cuchillo de plata / Ni ser el cuchillo de plata / Al calor de tu mano / Sólo una pena me acompaña / Qué pena, qué pena / No ser el pan que tú comes / Qué pena, qué pena / Con ese trigo amasado / Mataría dos hambre / Ay, qué pena / Sólo una pena me acompaña / Qué pena, qué pena / No ser convidado en la mesa / Qúé pena, qué pena / Para colmarte de cosas dulces / El plato del postre / Ay, qué pena / Las penas son los cristales / Las penas son los cristales / De esta cena brillante / Incluso amándote de más / Incluso amándote de más / Nunca el amor es suficiente / Nunca se muere de hambre / Nunca se muere de hambre / El amor resiste la escasez / Muerdo con rabia tu nombre / Muerdo con rabia tu nombre / Sólo esta pena me acompaña.
Ponto final
Beijo a beijo aprendi a tua boca / Tarde a tarde preparei a tua
chegada / Noite a noite pendurei a tua roupa / Numa estrela que anuncia a
madrugada / De memória eu sorri o teu sorriso / Copo a copo festejei nossa
alegria / Navegar navegar ainda é preciso / Noite a noite mar a mar até ser dia
/ Pedra a pedra foi erguida a nossa casa / Geste a geste foi talhada a nossa
mesa / Corpo a corpo foi moldada a nossa cama / Cabra-cega dos refúgios da
tristeza / Passo a passo vai passando a nossa vida / Nota a nota verso a verso
esta canção / Gota a gota da cicuta mal bebida / Golpe a golpe no bater do
coração.
Punto final
Beso a beso me aprendí tu boca / Tarde a tarde preparé tu llegada
/ Noche a noche colgué tu ropa / En una estrella que anuncia la madrugada / De
memoria yo sonreí tu sonrisa / Vaso a vaso festejé nuestra alegría / Navegar,
navegar es aún necesario / Noche a noche, mar a mar hasta ser día / Piedra a
piedra fue levantada nuestra casa / Gesto a gesto fue tallada nuestra mesa /
Cuerpo a cuerpo fue amoldada nuestra cama / Escondite de los refugios de la
tristeza / Paso a paso va pasando nuestra vida / Nota a nota y verso a verso
esta canción / Gota a gota de cicuta mal bebida / Golpe a golpe en el latir del
corazón.
Mulher-mágoa
Ando na rua da noite / Bebo vinho de saudade / Cada esquina é um
açoite / Fustigando a claridade / Vou de noite pela noite / De uma vida sem
idade / Não há corpo onde me acoite / Não há casas na cidade / Vou de noite
pelo ventre / De ruas mal assombradas / Levo uma alma doente / Nas minhas mãos
desfasadas / Vou de noite pela noite / De uma vida sem idade / No há corpo onde
me acoite / Não há casa na cidade / No rio vejo um navio / Rumando rumo à
infância / Tenho frio, tenho frio / Morro do mal da distância / Corro as ruas
da vida / Sempre à procura de mim / Mas ela não tem piedade / E nunca mais
chego ao fim / Ando na rua da vida / Bebo sumo de tristeza / Deitando contras à
vida / Sinto apenas a pobreza / Ando na rua da vida / Bebo sumo de tristeza /
Quem andar assim perdida / Não se encontra concerteza / Vou de noite pelo
ventre / De ruas mal assombradas / Levo uma alma doente / Nas minhas mãos
desfasadas / Na cama só vejo lama / Na rua só piso água / Quem me fala? Quem me
chama / O nome de Mulher-Mágoa? / Corro as ruas da cidade / Sempre à procura de
mim / Mas ela não tem piedade / E nunca mais chego ao fim !
Mujer-amargura
Camino por la calle de noche / Bebo vino de saudade / Cada esquina
es un azote / Fustigando la claridad / Voy de noche por la noche / De una vida
sin edad / No hay cuerpo en que me refugie / No hay casas en la ciudad / Voy de
noche por el vientre / De calles mal sombreadas / Llevo un alma doliente / En
mis manos desfasadas / Voy de noche por la noche / De una vida sin edad / No
hay cuerpo en que me refugie / No hay casas en la ciudad / En el río veo un
navío / Poniendo rumbo a la infancia / Tengo frío, tengo frío / Muero del mal
de la distancia / Corro por las calles de la vida / Siempre buscándome a mí /
Pero ella no tiene piedad / Y jamás llego hasta el fin / Camino por la calle de
la vida / Bebo zumo de tristeza / Poniendo trabas a la vida / Siento apenas la
pobreza / Camino por la calle de la vida / Bebo zumo de tristeza / Quien camina
así perdida / Con seguridad no se encuentra / Voy de noche por el vientre / De
calles mal sombreadas / Llevo un alma doliente / En mis manos desfasadas / En
la cama sólo veo lodo / En la calle sólo piso agua / ¿Quién me habla? ¿Quién me
llama / el nombre de Mujer-Amargura / Corro por las calles de la ciudad /
Siempre buscándome a mí / Pero ella no tiene piedad / ¡Y jamás llego hasta el
fin!
Porto sentido
Quem vem e atravessa o rio / junto à serra do Pilar / vê um velho casario / que se estende ate ao mar / Quem te vê ao vir da ponte / és cascata, são-joanina / dirigida sobre um monte / no meio da neblina. / Por ruelas e calçadas / da Ribeira até à Foz / por pedras sujas e gastas / e lampiões tristes e sós. / E esse teu ar grave e sério / dum rosto e cantaria / que nos oculta o mistério / dessa luz bela e sombria / Ver-te assim abandonada / nesse timbre pardacento / nesse teu jeito fechado / de quem mói um sentimento / E é sempre a primeira vez / em cada regresso a casa / rever-te nessa altivez / de milhafre ferido na asa.
Porto sentido
Quien viene y atraviesa el río / junto a la sierra de Pilar / ve un viejo caserío / que se extiende hasta el mar. / Quien te ve al venir por el puente / te cree cascada de San Juan / dada la vuelta sobre un monte / en medio de la neblina. / Por callejones y calzadas / desde Ribeira hasta Foz / por piedras sucias y gastadas / y farolas tristes y solas. / Y ese aire tuyo, grave y serio / de rostro y cantera / que nos oculta el misterio / de esa luz bella y sombría / Verte así, abandonada / con esas galas pardas / con ese gesto cerrado / de quien muele un sentimiento. / Y es siempre la primera vez / en cada regreso a casa / volver a verte con esa altivez / de halcón herido en el ala.
O vendaval
O Vendaval passou, nada mais resta / A nau do meu amor tem novo rumo / Igual a tudo aquilo que não presta / O amor que me prendeu, desfez-se em fumo / Navego agora em mar de calmaria / Ao sabor das marés, em verdes águas / Ao leme o esquecimento, e a alegria / Vai deixando para trás, as minhas mágoas / Para onde vou? / Não sei... / O que farei? / Sei lá... / Só sei que me encontrei / E que eu, sou eu enfim / E sei que ninguém mais rirá de mim / Longe no cais, ficou a tua imagem / Mal a distingo já esmaecida / Comigo a alegrar-me a viagem / Vão andorinhas de paz - de nova vida / Sigo tranquilo o rumo de Esperança / Buscando aquela paz apetecida / P'ra ti eu fui um lago de bonança / E tu, um Vendaval, na minha vida.
El vendaval
El vendaval pasó, nada más queda / La nave de mi amor tiene nuevo rumbo / Igual a todo aquello que no se adapta / El amor que me apresó, se deshace en humo / Navego ahora en un mar en calma / Al sabor de las mareas, en verdes aguas / Al timón el olvido y la alegría / Va dejando atrás mis amarguras / ¿Hacia dónde voy ? / No sé.../ ¿Qué haré? / A saber... / Sólo sé que me encontré / Y que yo soy yo por fin / Yo sé que nadie más se reirá de mí / Lejos, en el puerto, quedó tu imagen / Mal la distingo ya desvanecida / Conmigo, para alegrarme el viaje / Van golondrinas de paz, de nueva vida / Sigo tranquilo el rumbo de la esperanza / Buscando aquella paz deseada / Para ti yo fui un lago de bonanza / Y tú un vendaval en mi vida.
A cidade
Em Lisboa não morro mas espero / O Tejo, a água, a Ponte e o
Rossio / Em Lisboa não morro mas espero / Um pouco menos Tejo, menos frio / Em
Lisboa vendendo a minha fruta / De azeite mel e ódio de saudade / E dentro de
mim própria que eu tropeço / Num degrau de ternura da cidade / Em Lisboa
gaivota que navega / No Terreiro do Paço por acaso / Encontro a dimensão da
minha entrega / No aterro onde me enterro a curto prazo / Limoeiro limão do mar
da Palha / Pahla podre de tédio rio surpresa / Desta Lisboa de água que só
falha / Quando do céu azul sobra tristeza / Lisboa meu amor minha aventura / Em
cada beco só há uma saída / Alfama meu mirante de lonjura / Má fama que a nós
todos dás guarida / Em Lisboa gaivota que navega / No Terreiro do Paço por
acaso / Encontro a dimensão da minha entrega / No aterro onde me enterro a
curto prazo / Mas nesta angústia que eu canto / Lisboa, Lisboa / Não vem ao
acaso.
La ciudad
En Lisboa no muero pero espero / El Tajo, el agua, el Puente y
Rossio / En Lisboa no muero pero espero / Un poco menos Tajo, menos frío / En
Lisboa vendiendo mi fruta / De aceite, miel y odio de saudade / Y dentro de mí
misma tropezando / En un peldaño de ternura por la ciudad / En Lisboa gaviota
que navega / Casualmente en el Terreiro do Paço / Encuentro la dimensión de mi
entrega / No tomo tierra donde me entierro a corto plazo / Limonero limón del
Mar de Paja / Paja putrefacta por el tedio del río sorprendida / De esta Lisboa
de agua que sólo falla / Cuando del cielo azul sobra la tristeza / Lisboa mi
amor, mi aventura / En cada callejón hay sólo una salida / Alfama mi mirador de
lontananza / Mala fama que a todos nosotros das guarida / En Lisboa gaviota que
navega / Casualmente en el Terreiro do Paço / Encuentro la dimensión de mi
entrega / No tomo tierra donde me entierro a corto plazo / Pero en esta
angustia que yo canto / Lisboa, Lisboa / No viene al caso.
Samba em prelúdio
Eu sem você / Não tenho porquê / Porque sem você / Não sei nem
chorar / Sou chama sem luz / Jardim sem luar / Luar sem amor / Amor sem se dar
/ E eu sem você / Sou só desamor / Um barco sem mar / Um campo sem flor /
Tristeza que vai / Tristeza que vem / Sem você meu amor / Eu não sou ninguém /
Ah que saudade / Que vontade de ver renascer / Nossa vida / Volta querido /
Teus abraços precisam dos meus / Os meus braços precisam dos teus / Estou tão
sózinha / Tenho os olhos cansados de olhar / Para o além / Vem ver a vida / Sem
você meu amor / Eu não sou ninguém.
Samba en preludio
Yo sin ti / No tengo un porqué / Porque sin ti / No sé ni llorar / Soy llama sin luz / Jardín sin luz de luna / Luz de luna sin amor / Amor que no se entrega / Yo sin ti / Soy sólo desamor / Un barco sin mar / Un campo sin flor / Tristeza que va / Tristeza que viene / Sin ti, mi amor / Yo no soy nadie / Ay, qué saudade / Qué deseo de ver renacer / Nuestra vida / Vuelve, amado / Tus abrazos necesitan de los míos / Mis brazos necesitan de los tuyos / Estoy tan sola / Tengo los ojos cansados de mirar / Hacia adelante / Ven a ver la vida / Sin ti, mi amor / Yo no soy nadie.
Velha inimiga
Povo que esperas a hora / Que és
tronco, seiva e raiz / Que és vida e sonho pungente / O povo do meu país /
Manda esta saudade embora / Correm os rios parra o mar / Não voltam mais à
nascente / Trago esta saudade antiga / Antiga como um brazão / É uma velha
inimiga / Dentro do meu coração / Porque mistério se me invoca / Este passado
cinzento / Tão longe que nem me toca / Tão perto em meu pensamento / Povo que
esperas a hora / Que és tronco, seiva e raiz / Que és vida e sonho pungente / O
povo do meu país / Manda esta saudade embora / Correm os rios parra o mar / Não
voltam mais à nascente / Esta saudade que importa / Tem o seu lugar marcado /
Por detrás daquela porta / Com que se fecha o passado / E quem procure o seu
norte / Na manhã de nevoeiro / Não deve render-se à sorte / Sem haver luta
primeiro.
Vieja enemiga
Pueblo que esperas la hora / Que eres tronco, savia y raíz / Que
eres vida y sueño doloroso / Oh pueblo de mi país / Echa fuera esta saudade /
Los ríos corren para morir / No vuelven nunca al manantial / Traigo esta
saudade antigua / Antigua como un blasón / Es una vieja enemiga / Dentro de mi
corazón / Por qué misterio se me invoca / este pasado ceniciento / Tan lejano
que ni me toca / Tan cercano en mi pensamiento / Pueblo que esperas la hora /
Que eres tronco, savia y raíz / Que eres vida y sueño doloroso / Oh pueblo de
mi país / Echa fuera esta saudade / Los ríos corren para morir / No vuelven
nunca al manantial / esta saudade qué importa / Tiene su lugar marcado / Por
detrás de aquella puerta / Con que se cierra el pasado / Y quien busque su
suerte / En una mañana de nieve / No debe rendirse a la suerte / Sin haber
luchado primero.
Partir não é morrer
Partir é levar consigo / A sombra duma saudade / Perfis dum amor
antigo / Na prisão da liberdade / Pertir é levar p'ra longe / Distâncias que
nos habitam / Se vai connosco a memória / De tantas coisas que ficam / Mas
partir não é morrer / E só mudar de lugar / Quando o passado persiste / Em não
nos abandonar / Parti, levei-te comigo / Mas quando cheguei, cheguei e senti /
Que tinha deixado parte / Do que sou junto de ti / Se partir fosse partir / Ao
meio todo o passado / Talvez quem parta fugisse / De tudo o que fez errado / Há
partir por não estar bem / Há partir p'ra estar melhor / Há quem fuja de si
mesmo / Há quem parta por amor.
Partir no es morir
Partir es llevar consigo / La sombra de una saudade / Perfiles de
un amor antiguo / En la prisión de la libertad / Partir es llevarse lejos /
Distancias que nos habitan / Se va con nosotros la memoria / De tantas cosas
que se quedan / Pero partir no es morir / Es sólo cambiar de lugar / Cuando el
pasado persiste / En no abandonarnos / Partí, te llevé conmigo / Pero cuando
llegué, llegué y sentí / Que había dejado parte / De lo que soy junto a ti / Si
partir fuese partir / Por la mitad el pasado / Tal vez quien parta huyese / De
todo lo que hizo errado / Hay partir por no estar bien / Hay partir para estar
mejor / Hay quien huye de sí mismo / Hay quien parte por amor.
Teu lindo nome
Teu lindo nome é Lisboa / Flor de lis / Céu de Lisboa / Onde a saudade esvoaça / Numa gaivota que voa / Há todo o tempo que passa / Entre Camões e Pessoa / Posso chamar-te Saudade / Miragem de um barco ao longe / Como a tristeza que foge / Das marés do coração / Podes ter nome de Estrela / Ou de amor ou de Ilusão / De um sonho a que não se chega / Por mais que se estenda a mão / Posso chamar-te Alegria / Do pão do vinho e canções / Pão nosso de cada dia / Com fermento de ilusões / Há um apelo do mar / E no Tejo uma algazarra / Há sempre um barco a partir / Das cordas de uma guitarra / Lisboa / De noite e dia / Finge tão completamente / Que chega a ser alegria / A dor que deveras sente
Tu lindo nombre
Tu lindo nombre es Lisboa / Flor de lis / Cielo de Lisboa / Donde la saudade revolotea / En una gaviota que vuela / Hay todo un tiempo que pasa / Entre Camões y Pessoa / Puedo llamarte Saudade / Espejismo de un barco a lo lejos / Como la tristeza que huye / De las mareas del corazón / Puedes tener nombre de estrella / O de amor o de ilusión / De un sueño al que no se llega / Por más que se extienda la mano /Puedo llamarte alegría / De pan, de vino y canciones / Pan nuestro de cada día / Con fermentos de ilusiones / Hay una invocación del mar / Y en el Tajo una algazara / hay siempre un barco que parte / De las cuerdas de una guitarra / Lisboa / De noche y de día / Finge tan completamente ue llega a ser alegría / El dolor que de veras siente
Locura
Sou do fado / Como sei / Vivo uma pena cantando / De um fado que eu inventei / A falar / Não posso dar-me / Mas ponho a alma a cantar / E as almas sabem escutar-me / Chorai, chorai / Poetas do meu país / Troncos da mesma raiz / Da vida que nos juntou / E se vocês / Não estivessem a meu lado / Então não havia fado / Nem fadistas como eu sou / Esta voz / Tão dolorida / E culpa de todos vós / Poetas da minha vida / É loucura / Ouço dizer / Mas bendita esta loucura / De cantar e de sofrer.
Locura
Soy del fado / Como sé / Vivo un poema cantado / De un fado que yo inventé / Al hablar / No puedo darme / Pero pongo el alma al cantar / Y las almas saben escucharme / llorad, llorad / Poetas de mi país / Troncos de la misma raíz / De la vida que nos juntó / Y si vosotros / No estuvieseis a mi lado / Entonces no habría fado / No fadistas como yo / Esta voz / Tan dolorida / Es culpa de todos vosotros / Poetas de mi vida / Es locura / Escucho decir / Pero bendita esta locura / De cantar y de sufrir.
Rua dos meus ciúmes
Na rua dos meus ciúmes / Onde eu morei e tu moras / Vi-te passar fora de horas / Com a tua nova paixão / De mim não esperes queixumes / Quer seja desta ou daquela / Pois sinto só pena dela / E até lhe dou o meu perdão / Na rua dos meus ciúmes / Deixei o meu coração / Saudades são fé perdida / São folhas mortas ao vento / E eu piso sem um lamento / Na tua rua ao passar / E ainda que me custe a vida / Não há-de-ver-me chorar / Na rua dos meus ciúmes / Deixei o meu coração.
Calle de mis celos
En la calle de mis celos / Donde yo viví y tú vives / Te vi pasar fuera de hora / Con tu nueva pasión / De mí no esperes lamentos / Sea por esta o aquella / Pues sólo siento pena de ella / Y hasta le doy mi perdón / En la calle de mis celos / Dejé mi corazón / Saudades son fe perdida / Son hojas muertas al viento / Y yo piso sin un lamento / Al pasar por tu calle / Y aunque me cueste la vida / No vas a verme llorar / En la calle de mis celos / Yo dejé mi corazón.