Mísia - Fado (1993)



Fado (1993)

1. Liberdades Poéticas / 2. Nasci Para Morrer Contigo / 3. Fado Adivinha / 4. Noite / 5. Tragédia da Rua das Gáveas / 6. Velhos Amantes / 7. Lágrima / 8. Nome De Rua / 9. Fado Quimera / 10. Canção Do Mar /

Liberdades poéticas

Perdoai-me se este fado é feito com / Liberdades poéticas / Não é tanto pela rima ou pelo som / Nem pelas frases assimétricas / É apenas que o ciúme violento / Que tanta vez o fado canta / Neste fado é só um lume / Bem mais lento, bem mais brando / Aveludando a garganta / Eu não quis pôr neste fado um novo som / Nem liberdades poéticas / Dá-me a entrada, guitarrista, dá-me o tom / Teu estilo é minha estética / Não porei na minha voz nem um lamento / Se soubessem do meu fado / Meu amor deixou-me um dia / Pus a mão na laje fria / Dei-o assim por enterrado / Mas não há fado que não seja feito com / Liberdades poéticas / Sem buscar na diferença o mesmo som / E o sentir numa outra métrica / E por isso ainda que triste esta alegria / Acompanha o meu trinado / Bate as horas ao meio dia / Faz-me boa companhia / Pr'á noite cantar o fado / Perdoai-me se este fado é feito com / Liberdades poéticas / Não é tanto pela rima ou pelo som / Nem pelas frases assimétricas / Meu ouvido corre aberto pelas ruas / Que será do meu amado / Não me deixa esta amargura / É mais leve que a loucura / E só por isso canto o fado

Libertades poéticas

Perdonadme si este fado está hecho con / Libertades poéticas / No es tanto por la rima o por el sonido / Ni por las frases asimétricas / Es apenas que los celos violentos / Que tantas veces el fado canta / En este fado son sólo lumbre / Aunque más lenta, aunque más blanda / Aterciopelando la garganta / Yo no quise poner en este fado un nuevo sonido / Ni libertades poéticas / Dame la entrada, guitarra, dame el tono / Tu estilo es mi estética / No pondré en mi voz ni un lamento / Si supiesen de mi fado / Mi amor me dejó un día / Puse la mano en la lápida fría / Y lo di por enterrado / Pero no hay fado que no esté hecho con / Libertades poéticas / Sin buscar en la diferencia el mismo sonido / Y el sentirlo en otra métrica / Y por eso aunque sea triste esta alegría / Acompaña mi cantar / Anuncia las horas al medio día / Me hace buena compañía / Para de noche cantar el fado / Perdonadme si este fado está hecho con / Libertades poéticas / No es tanto por la rima o por el sonido / Ni por las frases asimétricas / Mi oído corre abierto por las calles / Qué será de mi amado / No me deja esta amargura / Es más leve que la locura / Y sólo por eso canto fado

Nasci para morrer contigo 

Nasci para morrer contigo / A cama que tenho dou-te / Meu amante, meu amigo / Não te vás, fica comigo / Nasci para morrer contigo / Esta noite, toda a noite / Quero que a pele seja trigo / A ondular ao açoite / Dos gemidos que te digo / Meu amante, meu amigo / Nasci para morrer contigo / Esta noite, toda a noite / A gaivota dos meus braços / Foi feita para o teu rio / Tuas pernas são meus laços / A tua boca dois traços / Na boca que o espelho viu

Nací para morir contigo 

Nací para morir contigo / La cama que tengo te doy / Mi amante, mi amigo / No te vayas, quédate conmigo / Nací para morir contigo / Esta noche, toda la noche / Quiero que la piel sea trigo / Que ondule con el azote / De los gemidos que pronuncio / Mi amante, mi amigo / Nací para morir contigo / Esta noche, toda la noche / La gaviota de mis brazos / Fue hecha para tu río / Tus piernas son mis lazos / Tu boca dos trazos / En la boca que el espejo vio

Fado Adivinha

Quem se dá, quem se recusa / Quem procura, quem alcança / Quem defende, quem acusa / Quem se gasta, quem / Descansa / Quem faz nós, quem os desata / Quem morre, quem ressusita / Quem dá a vida, quem mata / Quem duvida / E acredita / Quem afirma, quem desdiz / Quem se arrepende, quem não / Quem é feliz, infeliz / Quem é, quem é / Coração

Fado Adivina

Quién se da, quién se niega / Quién busca, quién alcanza / Quién defiende, quién acusa / Quién se gasta, quién / Descansa / Quién hace nudos, quién los desata / Quién muere, quién resucita / Quién da la vida, quién mata / Quién duda / Y cree / Quién afirma, quién desdice / Quién se arrepiente, quién no / Quién es feliz, infeliz / Quién es, quién es / Corazón

Noite 

Sou, da noite, um filho noite / Trago ruas nos meus dedos / De contarem os segredos / Aos altos campos do amor / E canto, porque é preciso / Raiar a dor que me impele / E gravar na minha pele / As fontes da minha dor / Noite / Companheira dos meus gritos / Rio de sonhos aflitos / Das aves que abandonei / Noite / Céu dos meus casos perdidos / Vêm de longe os sentidos / Das canções que eu entreguei / Ò minha mãe de arvoredo / Que penteias a saudade / Em que eu via a humanidade / Na minha voz soluçar / Dei-te um corpo de segredo / Onde arrisquei minha mágoa / E onde bebi essa água / Que se prendia no ar

Noche 

Soy, de la noche, un hijo de noche / Traigo calles en mis dedos / Para contar los secretos / A los altos campos del amor / Y canto, porque es necesario / Que brille el dolor que me empuja / Y grabar en mi piel / Las fuentes de mi dolor / Noche / Compañera de mis gritos / Río de sueños afligidos / De las aves que abandoné / Noche / Cielo de mis casos perdidos / Vienen de lejos los sentidos / De las canciones que entregué / Ay, madre mía de arboleda / Que peinas la saudade / En que vi a la humanidad / Susurrando en mi voz / Te di un cuerpo de secreto / Donde arriesgué mi amargura / Y donde bebí esa agua / Que se prendía en el aire

Tragédia da Rua das Gáveas 

De rosa ao peito / Sobe a rua airoso / Com a cruz ao pescoço / Que a Rosinha lhe ofereceu / Contra o enguiço / De voltas mal dadas / Vermelhinha, às tantas / Vai parar ao invejoso... / Bate um fadinho / Na rua dos Mouros / Mas silêncio é ouro / Quando a autoridade aperta / Rua das Gáveas vai / (Passo apressado) / Bom dia alegre dá / Pra todo o lado / Rosinha amante / Ai se não te encontro / Desta vez não busco / Os beijos de outra mulher / Sinto os teus passos / A fugir ao canto / Teu coração travo / A tiro de revólver

Tragedia de la Rua das Gáveas  

Con una rosa en el pecho / Sube la calle airoso / Con la cruz al cuello / Que Rosinha le ofreció / Contra la maldición / De vueltas mal dadas / Rojita, a las tantas / Va hacia el envidioso... / Baila un fadito / En la calle dos Mouros / Pero el silencio es oro / Cuando la autoridad se acerca / Va a la Rua das Gáveas / (El paso apresurado) / Da un buenos días alegre / Para todos lados / Rosinha amante / Ay, si no te encuentro / Esta vez no busco / Los besos de otra mujer / Siento tus pasos / Al huir por la esquina / Tu corazón detengo / A tiro de revólver

Os velhos amantes

Amor que grita, amor que cala / Amor que ri, amor que chora / Mil vezes que peguei na mala / Mil vezes tu te foste embora / E tanto barco a ir ao fundo / Tornava o mar da nossa casa / Em oceano de loucura / Quando oscilava o nosso mundo / Eu perdia o golpe de asa / E tu o gosto da aventura / Ai meu amor amargo doce e deslumbrante / Amor... amor à chuva, amor em sol maior / Amor demais amor eterno / Conheço bem os teus desejos / E tu as minhas fantasias / Morreste em mim todos os beijos / Nasci em ti todos os dias / Se muita vez fomos traição / E muita vez mudou o vento / E muito gesto foi insulto / Em tanta dor de mão-em-mão / Nós aprendemos o talento / De envelhecer sem ser adultos / E quanto mais o tempo passa / E quanto mais a vida flui / E quanto mais se perde a graça / Do que tu foste e da que eu fui / Mais a ternura nos aperta / Mais a palavra fica certa / Mais o amor toma lugar / Envelhecemos mais depressa / Mas nos teus olhos a promessa / Vai-se cumprindo devagar

Los viejos amantes

Amor que grita, amor que calla / Amor que ríe, amor que llora / Mil veces hice la maleta / Mil veces te fuiste lejos / Y tanto barco al irse al fondo / Transformaba el mar de nuestra casa / En un océano de locura / Cuando oscilaba nuestro mundo / Yo perdía el golpe del ala / Y tú el gusto de la aventura / Ay, mi amor, amargo dulce y deslumbrante / Amor... amor a la lluvia, amor en sol mayor / Amor de más, amor eterno / Conozco bien tus deseos / Y tú mis fantasías / Moriste en mí todos los besos / Nací en ti todos los días / Si muchas veces fuimos traición / Y muchas veces cambió el viento / Y muchos gestos fueron insulto / En tanto dolor de mano en mano / Nosotros aprendemos el talento / De envejecer sin ser adultos / Y cuanto más pasa el tiempo / Y cuanto más fluye la vida / Y cuanto más se pierde la gracia / Del que fuiste y de la que fui / Más nos aprieta la ternura / Más cierta resulta la palabra / Más lugar ocupa el amor / Envejecemos más deprisa / Pero en tus ojos la promesa / Se va cumpliendo lentamente

Lágrima

Cheia de penas... cheia de penas me deito / E com mais penas... com mais penas me levanto / No meu peito... já me ficou no meu peito / Este jeito... o jeito de te querer tanto / Desespero... tenho p'ra meu desespero / Dentro de mim... dentro de mim o castigo / Não te quero... eu digo que te não quero / E de noite... de noite sonho contigo / Se considero... que um dia hei-de morrer / No desespero... que tenho de te não ver / Estendo o meu xaile... estendo o meu xaile no chão / Estendo o meu xaile... e deixo-me adormecer / Se eu soubesse... / Se eu soubesse que morrendo / Tu me havias... tu me havias de chorar / Por uma lágrima... por uma lágrima tua / Que alegria... me deixaria matar

Lágrima

Llena de penas / Llena de penas me acuesto / Y con más penas / Con más penas me levanto / En mi pecho / Ya se ha quedado en mi pecho / Esta forma / Esta forma de quererte tanto / Desesperación / Tengo como desesperación / Dentro de mí / Dentro de mí el castigo / Yo no te quiero / Yo digo que no te quiero / Y de noche / De noche sueño contigo / Si considero / Que un día he de morir / Mi desesperación / Es no volver a verte / Extiendo mi chal / Extiendo mi chal en el suelo / Extiendo mi chal / Y me dejo adormecer / Si yo supiese / Si yo supiese que muriendo / Tú me habías / Tú me habías de llorar / Por una lágrima / Por una lágrima tuya / Qué alegría / Me dejaría matar

Nome de rua 

Deste-me um nome de rua, duma rua de Lisboa / Muito mais nome de rua, do que nome de pessoa / Um desses nomes de rua, que são nomes de canoa / Nome de rua quieta / Onde à noite ninguém passa / Onde o ciúme é uma seta / Onde o amor é uma taça / Nome de rua secreta / Onde à noite ninguém passa / Onde a sombra dum poeta / De repente nos abraça / Com um pouco de amargura, com muito da Madragoa / Com a ruga de quem procura e o riso de quem perdoa / Deste-me um nome de rua, duma rua de Lisboa

Nombre de calle

Me diste el nombre de una calle, de una calle de Lisboa / Mucho más nombre de calle que nombre de persona / Uno de esos nombres de calle que son nombres de canoa / Nombre de calle tranquila / Donde los celos son una aguja / Donde el amor es una copa / Nombre de calle secreta / Donde por la noche no pasa nadie / Donde la sombra de un poeta / De repente nos abraza / Con un poco de ternura, con mucho de Madragoa / Como la arruga de quien busca y la risa de quien perdona / Me diste el nombre de una calle, de una calle de Lisboa

Fado quimera

Eu quis um violino no telhado / E uma arara exótica no banho / Eu quis uma toalha de brocado / E um pavão real do meu tamanho / Eu quis todos os cheiros do pecado / E toda a santidade que não tenho / Eu quis uma pintura aos pés da cama / Infinita de azul e perspectiva / Eu quis ouvir as Cármina Burana / Na hora da orgia prometida / Eu quis / Uma opulência de sultana / E a miséria amarga da mendiga / Eu quis um viho feito de medronho / De veneno, de beijos, de suspiros / Eu quis a morte de viver dum sonho / Eu quis a sorte de morrer dum tiro / Eu quis chorar por ti / Durante o sono / Eu quis ao acordar fugir contigo / Mas tudo o que é excessivo é muito pouco / Por isso fiquei só / Com o meu corpo

Fado quimera 

Yo quise un violín en el tejado / Y un papagayo exótico en el baño / Yo quise una toalla de brocado / Y un pavo real de mi tamaño / Yo quise todos los olores del pecado / Y toda la santidad que no tengo / Yo quise una pintura a los pies de la cama / Infinita de azul y perspectiva / Yo quise oír los Carmina Burana / En la hora de la orgía prometida / Yo quise / Una opulencia de sultana / Y la miseria amarga de la mendiga / Yo quise un vino hecho de madroño / De veneno, de besos, de suspiros / Yo quise la muerte de vivir de un sueño / Yo quise la muerte de morir de un tiro / Yo quise llorar por ti / Durante el sueño / Yo quise al despertar huir contigo / Pero todo lo que es excesivo es muy poco / Por eso me quedé sola / Con mi cuerpo

Canção do mar

Fui bailar no meu batel / Além do mar cruel / E o mar bramindo / Diz que eu fui roubar / A luz sem par / Do teu olhar tão lindo / Vem saber se o mar terá razão / Vem cá ver bailar meu coração / Se eu bailar no meu batel / Não vou ao mar cruel / E nem lhe digo aonde eu fui cantar / Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo / Vem saber se o mar terá razão / Vem cá ver bailar meu coração / Se eu bailar no meu batel / Não vou ao mar cruel / E nem lhe digo aonde eu fui cantar / Sorrir, bailar, viver, sonhar contigo

Canción del mar

Fui a bailar en mi canoa / Más allá del mar cruel / Y el mar bramando / Dice que fui a robar / La luz sin par / De tu mirar tan lindo / Ve a saber si el mar tendrá razón / Ven a ver bailar a mi corazón / Si yo bailase en mi canoa / No voy al mar cruel / Y no le digo ni donde fui a cantar / Sonreír, bailar, vivir, soñar contigo / Ve a saber si el mar tendrá razón / Ven a ver bailar a mi corazón / Si yo bailase en mi canoa / No voy al mar cruel / Y no le digo ni donde fui a cantar / Sonreír, bailar, vivir, soñar contigo

¡Crea tu página web gratis! Esta página web fue creada con Webnode. Crea tu propia web gratis hoy mismo! Comenzar