Mísia -Garras dos Sentidos (1998)


Garras dos sentidos (1998)

​1. Garras Dos Sentidos / 2. Dança de Mágoas / 3. Estátua Falsa / 4. Fado Do Retorno I / 5. Nenhuma Estrela Caiu / 6. Litania / 7. Não Me Chamem Pelo Nome / 8. Sete Luas / 9. Sou De Vidro / 10. Fado Do Retorno II / 11. Da Vida Quero Os Sinais

Garras dos sentidos

Não quero cantar amores / Amores são passos perdidos / São frios raios solares / Verdes garras dos sentidos / São cavalos corredores / Com asas de ferro e chumbo / Caídos nas águas fundas / Não quero cantar amores / Paraísos proibidos / Contentamentos injustos / Feliz adversidade / Amores são passos perdidos / São demência dos olhares / Alegre festa de pranto / São furor obediente / São frios raios solares / Da má sorte defendidos / Os homens de bom juízo / Têm nas mãos prodigiosas / Verdes garras dos sentidos / Não quero cantar amores / Nem falar dos seus motivos.

Garras de los sentidos

No quiero cantara amores / Amores son pasos perdidos / Son fríos rayos solares / Verdes garras de los sentidos / Son caballos corredores / Con alas de hierro y plomo / Caídos en aguas profundas / No quiero cantar amores / Paraísos prohibidos / Contentamientos injustos / Feliz adversidad / Amores son pasos perdidos / Son demencia de las miradas / Alegre fiesta del llanto / Son furor obediente / Son fríos rayos solares / De la mala suerte defendidos / Los hombres de buen juicio / Tienen en las manos prodigiosas / Verdes garras de los sentidos / No quiero cantar amores / Ni hablar de sus motivos

Dança de mágoas

Como inútil taça cheia / Que ninguém ergue da mesa / Transborda de dor alheia / Meu coração sem tristeza / Sonhos de mágoa figura / Só para ter que sentir / E assim não tem a amargura / Que se temeu a fingir / Ficção num palco sem tábuas / Vestida de papel seda / Mima uma dança de mágoas / Para que nada suceda

Danza de amarguras 

Como inútil copa llena / Que nadie levanta de la mesa / Rebosa de dolor ajeno / Mi corazón sin tristeza / Sueños de amarga figura / Sólo para tener que sentir / Y así no tiene la amargura / Que se temió al fingirla / Ficción en un escenario sin tablas / Vestida de papel seda / Imita una danza de amarguras / Para que nada suceda

Estátua falsa

Só de ouro falso os meus olhos se douram / Sou esfinge sem mistério no poente / A tristeza das coisas que não foram / Na minh'alma desceu veladamente / Na minha dor quebram-se espadas de ânsia / Gomos de luz em treva se misturam / As sombras que eu dimano não perduram / Como ontem, para mim, hoje é distância / Já não estremeço em face do segredo / Nada me aloira já, nada me aterra / A vida corre sobre mim em guerra / E nem sequer um arrepio de medo! / Sou estrela ébria que perdeu os céus / Sereia louca que deixou o mar / Sou templo prestes a ruir sem deus / Estátua falsa ainda erguida ao ar...

Estatua falsa 

Sólo de oro falso mis ojos se doran / Soy esfinge sin misterio en el ocaso / La tristeza de las cosas que no fueron / En mi alma descendió veladamente / En mi dolor se quiebran espadas de ansia / Yemas de luz en niebla se mezclan / Las sombras que produzco no perduran / Como ayer, para mí, hoy es distancia / Ya no me estremezco ante el rostro del secreto / Nada me dora ya, nada me aterra / La vida corre sobre mí en guerra / ¡Y ni siquiera hay un estremecimiento de miedo! / Soy estrella ebria que perdió los cielos / Sirena loca que dejó el mar / Soy templo presto a derrumbarse sin dios / Estatua falsa aún erguida en el altar...

Fado do retorno I

Amor, é muito cedo / E tarde uma palavra / A noite uma lembrança / Que não escurece nada / Voltaste, já voltaste / Já entras como sempre / Abrandas os teus passos / E páras no tapete / Então que uma luz arda / E assim o fogo aqueça / Os dedos bem unidos / Movidos pela pressa / Amor, é muito cedo / E tarde uma palavra / A noite uma lembrança / Que não escurece nada / Voltaste, já voltei / Também cheia de pressa / De dar-te, na parede / O beijo que me peças / Então que a sombra agite / E assim a imagem faça / Os rostos de nós dois / Tocados pela graça / Amor, é muito cedo / E tarde uma palavra / A noite uma lembrança / Que não escurece nada / Amor, o que será / Mais certo que o futuro / Se nele é para habitar / A escolha do mais puro / Já fuma o nosso fumo / Já sobra a nossa manta / Já veio o nosso sono / Fechar-nos a garganta / Então que os cílios olhem / E assim a casa seja / A árvore do Outono / Coberta de cereja

Fado del retorno I 

Amor, es muy temprano / Y la tarde una palabra / La noche un recuerdo / Que no oscurece nada / Volviste, ya volviste / Ya entras como siempre / Atemperas tus pasos / Te detienes en el felpudo / Que entonces arda una luz / Y que así el fuego caliente / Los dedos bien unidos / Movidos por la prisa / Amor, es muy temprano / Y la tarde una palabra / La noche un recuerdo / Que no oscurece nada / Volviste, ya volví / También llena de prisa / De darte, en la pared / El beso que me pidas / Entonces que la sombra se agite / Y así la imagen haga / El rostro de nosotros dos / Tocados por la gracia / Amor, es muy temprano / Y la tarde una palabra / La noche un recuerdo / Que no oscurece nada / Amor, lo que será / Más cierto que el futuro / Si en él está para que habite / La elección de lo más puro / Ya fuma nuestro humo / Ya sobra nuestra manta / Ya veo nuestro sueño / Cerrarnos la garganta / Entonces que las pestañas miren / Y que así la casa sea / El árbol del otoño / Cubierto de cerezas

Nenhuma estrela caiu

Janelas que me separam / Do vento frio da tarde / Num recanto de silêncio / Onde os gestos do pensar / São as traves duma ponte / Que não paro de lançar / Venha a noite e o seu recado / Sua negra natureza / Talvez a lua não falte / Ou venha a chuva de estrelas / Basta que o sono desperte / O sonho que deixa vê-las / Abro as janelas por fim / E o frio vento se esquece / Nenhuma estrela caiu / Nem a lua me ajudou / Mas a ruiva madrugada / Por trás da ponte aparece

Ninguna estrella cayó 

Ventanas que me separan / Del viento frío de la tarde / En un escondrijo de silencio / Donde los gestos del pensamiento / Son las vigas de un puente / Que no dejo de lanzar / Que venga la noche con su recado / Su negra naturaleza / Tal vez la luna no falte / O venga la lluvia de estrellas / basta que el sueño despierte / El sueño que deja verlas / Abro las ventanas por fin / Y el viento frío se olvida / Ninguna estrella cayó / Ni la luna me ayudó / Pero la rojiza madrugada / Por detrás del puente aparece

Litania

Seria a noite transida / Seria um grito na rua / Seria a porta da vida / Fechada ao rasto da lua / Seria a chaga do lado / Seria o espelho do rio / Seria um xaile rasgado / Que nos guardasse do frio / Seria a voz que resume / Seria a sombra da face / Seria um cravo de lume / Que no vinho se afogasse / Seria uma vela acesa / Seria a estrela polar / Seria um lenço ou uma reza / Que nos viesse matar

Letanía 

Sería la noche transida / Sería un grito en la calle / Sería la puerta de la vida / Cerrada al rastro de la luna / Sería la llaga del costado / Sería el espejo del río / Sería un chal rasgado / Que nos guardase del frío / Sería la voz que resume / Sería la sombra del rostro / Sería un clavel de fuego / Que en el vino se ahogase / Sería una vela encendida / Sería la estrella polar / Sería un pañuelo o una oración / Que nos viniese a matar

Não me chamem pelo nome

Quem é que abraça o meu corpo / Na penumbra do meu leito? / Quem é que beija o meu rosto / Quem é que morde o meu peito? / Quem é que fala da morte / Docemente ao meu ouvido? / És tu, senhor dos meus olhos / E sempre no meu sentido / A tudo quanto me pedes / Porque obedeço não sei / Quiseste que eu cantasse / Pus-me a cantar, e chorei / Não me peças mais canções / Porque a cantar vou sofrendo / Sou como as velas do altar / Que dão luz e vão morrendo / Não me chamem pelo nome / Que me deram ao nascer / Sou como a folha caída / Que não chegou a viver / Meus olhos que por alguém / Deram lágrimas sem fim / Já não choram por ninguém / Basta que chorem por mim / O que é que a fonte murmura? / O que é que a fonte dirá? / Ai, amor, se houver ventura / Não me digas onde está

No me llamen por el nombre 

¿Quién es quien abraza mi cuerpo / En la penumbra de mi lecho? / ¿Quién es quien besa mi rostro / Quién es quien muerde mi pecho? / ¿Quién es quien habla de la muerte / Dulcemente a mi oído? / Eres tú, señor de mis ojos / Y siempre en mi sentido / A todo cuanto me pides / ¿Por qué obedezco? No sé / Quisiste que te cantase / Me puse a cantar y lloré / No me pidas más canciones / Porque al cantar voy sufriendo / Soy como las velas del altar / Que dan luz y van muriendo / No me llamen por el nombre / Que me dieron al nacer / Soy como hoja caída / Que no llegó a vivir / Mis ojos que por alguien / Dieron lágrimas sin fin / Ya no lloran por nadie / Basta que lloren por mí / ¿Qué es lo que la fuente murmura? / Qué es lo que la fuente dirá? / Ay, amor, si existiese ventura / No me digas dónde está

Sete luas

Há noites que são feitas dos meus braços / E um silencio comum às violetas / E há sete luas que são sete traços / De sete noites que nunca foram feitas / Há noites que levamos à cintura / Como um cinto de grandes borboletas / E um risco a sangue na nossa carne escura / Duma espada à bainha de um cometa / Há noites que nos deixam para trás / Enrolados no nosso desencanto / E cisnes brancos que só são iguais / À mais longínqua onda do seu canto / Há noites que nos levam para onde / O fantasma de nós fica mais perto / E é sempre a nossa voz que nos responde / E só o nosso nome estava certo

Siete lunas 

Hay noches que están hechas con mis brazos / Y un silencio común a las violetas / Y hay lunas que son siete trazos / De siete noches que nunca fueron hechas / Hay noches que llevamos a la cintura / Como un cinturón de grandes mariposas / Y un riesgo de sangre en nuestra carne oscura / De una espada envainada en un cometa / Hay noches que nos dejan atrás / Enredándose en nuestro desencanto / Y cisnes blancos que sólo son iguales / A la más lejana onda de su canto / Hay noches que nos llevan para donde / El fantasma de nosotros queda más cerca / Y es siempre nuestra voz la que nos responde / Y sólo nuestro nombre era algo cierto

Sou de vidro

Meus amigos sou de vidro / Sou de vidro escurecido / Encubro a luz que me habita / Não por ser feia ou bonita / Mas por ter assim nascido / Sou de vidro escurecido / Mas por ter assim nascido / Não me atinjam não me toquem / Meus amigos sou de vidro / Sou de vidro escurecido / Tenho um fumo por vestido / E um cinto de escuridão / Mas trago a transparência / Envolvida no que digo / Meus amigos sou de vidro / Por isso não me maltratem / Não me quebrem não me partam / Sou de vidro escurecido / Tenho um fumo por vestido / Mas por ter assim nascido / Não por ser feia ou bonita / Envolvida no que digo / Encubro a luz que me habita / Meus amigos sou de vidro / Não por ser feia ou bonita / Mas por ter assim nascido / Tenho um fumo por vestido / Não me quebrem não me partam / Não me atinjam não me toquem / Meus amigos sou de vidro

Soy de vidrio 

Mis amigos, soy de vidrio / Soy de vidrio oscurecido / Encubro la luz que me habita / No por ser fea o bonita / Sino por haber nacido así / Soy de vidrio oscurecido / Pues por haber así nacido / No me alcancen, no me toquen / Mis amigos, soy de vidrio / Soy de vidrio oscurecido / Tengo el humo por vestido / Y un cinturón de oscuridad / Pero traigo la transparencia / Envuelta en lo que digo / Mis amigos, soy de vidrio / Por eso no me maltraten / No me rompan, no me partan / Soy de vidrio oscurecido / Tengo el humo por vestido / Pero por haber nacido así / No por ser fea o bonita / Envuelta en lo que digo / Encubro la luz que me habita / Mis amigos, soy de vidrio / No por ser fea o bonita / Sino por haber nacido así / Tengo un humo por vestido / No me quiebren, no me partan / No me alcancen, no me toquen / Mis amigos, soy de vidrio

Fado do retorno II

Letra del «"Fado do retorno I» 

Da vida quero os sinais

Ó Deus do fado menor / Que reinas dentro de mim / Faz com que a taça da dor / Se encha de um vinho em flor / Me mate a sede do fim / Da vida quero os sinais / De uma gaivota na areia / O aroma dos laranjais / E a morte em que durar mais / O amor sem eira nem beira / No espelho nu que me encante / Que fique um sopro de neve / Que uma estrela se levante / Quando este fado se cante / E a terra me seja leve

De la vida quiero las huellas 

Ay, Dios del fado menor / Que reinas dentro de mí / Haz que la copa del dolor / Se llene de un vino en flor / Me mate la sed de fin / De la vida quiero las huellas / De una gaviota en la arena / El aroma de los naranjos / Y la muerte en que dure más / El amor sin bienes / En el espejo desnudo que me encante / Que se quede un soplo de nieve / Que una estrella se levante / Cuando este fado se cante / Y la tierra me sea leve

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