Mísia - Paixões diagonais (1999)


Paixões diagonais (1999)


1. Paixões diagonais / 2. Ainda que / 3. Triste sina / 4. O corvo / 5. Fado triste / 6. A palavra dos lugares / 7. Se soubesse o que sentias / 8. Minha alma de amor sedenta, sequiosa / 9. Nascimento de Venus / 10. Par reve / 11. Liberdade poeticas / 12. Paixões diagonais 

Paixões diagonais

Do que fala a madrugada / O murmúrio na calçada / Os silêncios de licor / Do que fala a nostalgia / De uma estrela fugidia / Falam de nós, meu amor / Do que sabem as vielas / E a memória das janelas / Ancoradas no sol-pôr / Do que sabem os cristais / Das paixões diagonais / Sabem de nós, meu amor / Porque volta esta tristeza / O destino à nossa mesa / O silêncio de um andor / Porque volta tudo ao mar / Mesmo sem ter de voltar / Voltam por nós, meu amor / Porque parte tudo um dia / O que nos lábios ardia / Até não sermos ninguém / Tudo é água que corre / De cada vez que nos morre / Nasce um pouco mais além

Pasiones diagonales

De lo que habla la madrugada / El murmullo en la calle / Los silencios del licor / De lo que habla la nostalgia / De una estrella fugaz / Hablan de nosotros, mi amor / De lo que saben las callejuelas / Y la memoria de las ventanas / Ancladas al sol poniente / De lo que saben los cristales / De las pasiones diagonales / Saben de nosotros, mi amor / Porque vuelve esta tristeza / El destino a nuestra mesa / El silencio de una procesión / Porque todo vuelve al mar / Aunque no tenga que volver / Vuelven por nosotros, mi amor / Porque todo parte un día / Lo que en los labios ardía / Hasta que no somos nadie / Todo es agua que corre / Y cada vez que se nos muere / Nace un poco más allá

 Ainda que

Ainda que mal perguntes / Ainda que mal respondas / Ainda que mal te entenda / Ainda que mal repitas / Ainda que mal insistas / Ainda que mal desculpes / Ainda que mal me exprimas / Ainda que mal me julgues / Ainda que mal me mostre / Ainda que mal me vejas / Ainda que mal te encare / Ainda que mal te furte / Ainda que mal te siga / Ainda que mal te voltes / Ainda que mal te ame / Ainda que mal o saibas / Ainda que mal te agarre / Ainda que mal te mates / Ainda assim te pergunto / E me queimando em teu seio / Me salvo e me dano: amor

Aunque 

Aunque apenas pregunte / Aunque apenas respondas / Aunque apenas te entienda / Aunque apenas repitas / Aunque apenas insistas / Aunque apenas disculpes / Aunque apenas me exprimas / Aunque apenas me juzgues / Aunque apenas me muestre / Aunque apenas me veas / Aunque apenas te encare / Aunque apenas te esquive / Aunque apenas te siga / Aunque apenas te vuelvas / Aunque apenas te ame / Aunque apenas lo sepas / Aunque apenas te atrape / Aunque apenas te mates / Aun así te pregunto / Y me voy quemando en tu seno / Me salvo y me daño: amor

Triste sina

Mar de mágoas sem marés / Onde não há sinal de qualquer porto / De lés a lés o céu é cor de cinza / E o mundo desconforto / No quadrante deste mar que vai rasgando / Horizontes sempre iguais à minha frente / Há um sonho agonizando / Lentamente, tristemente / Mãos e braços para quê / E para quê os meus cinco sentidos / Se a gente não se abraça não se vê / Ambos perdidos / Nau da vida que me leva / Naufragando em mar de trevas / Com meus sonhos de menina / Triste sina / Pelas rochas se quebrou / E se perdeu a onda deste sonho / Depois ficou uma franja de espuma / A desfazer-se em bruma / No meu jeito de sorrir ficou vincada / A tristeza de por ti não ser beijada / Meu senhor de todo o sempre / Sendo tudo não és nada

Triste sino

Mar de amarguras sin mareas / Donde no hay señal de ningún puerto / De un extremo a otro el cielo es color ceniza / Y el mundo desaliento / En el cuadrante de este mar que va rasgando / Horizontes siempre iguales frente a mí /Hay un sueño agonizando / Lentamente, tristemente / manos y brazos para qué / Y para qué mis cinco sentidos / Si la gente no se abraza, no se ve / Ambos perdidos / Nave de la vida que me lleva / Naufragando en mar de oscuridades / Con mis ojos de niña / Triste sino / Por las rocas se quebró / Y se perdió la ola de este sueño / Después quedó una franja de espuma / Que se deshacía en bruma / En mi costumbre de sonreír quedó plegada / La tristeza de no ser besada por ti / Mi señor de todo el siempre / Siendo todo no eres nada

O corvo

Tenho um corvo à flor da pele / Vive de uma ferida aberta / Acorda quando me deito / Levanta voo do meu peito / Sempre, sempre à hora certa / Passa por aquela casa / Onde resta uma roseira / Dá contigo junto ao mar / Beija-te sem te acordar / Depois fica a noite inteira / Entra pela minha vida / Como a lua no jardim / Pendura tudo o que valha / No gume de uma navalha / Traz-me pedaços de mim / Tenho um corvo à flor da pele / Um irmão da minha idade / Acorda quando me deito / Levanta voo do meu peito / Diz que se chama Saudade

El cuervo 

Tengo un cuervo a flor de piel / Vive de una herida abierta / Se despierta cuando me acuesto / Levanta vuelo desde mi pecho / Siempre, siempre en la hora exacta / Pasa por aquella casa / Donde queda un rosal / Te encuentra ajunto al mar / Te besa sin despertarte / Después se queda la noche entera / Entra en mi vida / Como la luna en el jardín / Sobrevuela todo lo que vale / Del filo de una navaja / Trae pedazos de mí / Tengo un cuervo a flor de piel / Un hermano de mi edad / Se despierta cuando me acuesto / Levanta vuelo desde mi pecho / Dice que se llama Saudade

Fado triste

Vai ó sol poente / Vai e não voltes / Sem trazer no primeiro raio / Notícias de quem se foi / Numa madrugada amarga e triste / Um navio de proa em riste / Levou tudo o que eu guardei / Na caixa escondida dos afectos / No lembrar dos objectos / Que enfeitavam o meu quarto / Tudo perde a cor a forma o cheiro / Ficaram só coisas esquecidas / Da importância que tiveram / Volto sempre ao rio / Às sextas feiras p'ra lembrar / Dias descuidados noites à toa / Éspero que o navio sempre queira / Trazer de volta o sussurro / Dos teus passos / Numa rua de Lisboa

Fado triste 

Vete, sol poniente / Vete y no vuelvas / Sin traer en el primer rayo / Noticias de quien se fue / En una madrugada amarga y triste / Un navío de proa erguida / Se llevó todo lo que guardé / En la caja escondida de los afectos / En el recordar de los objetos / Que adornaban mi cuarto / Todo pierde el color, la forma, el olor / Quedaron sólo las cosas olvidadas / De la importancia que tuvieron / Vuelvo siempre al río / Los viernes para recordar / Días descuidados, noches excesivas / Espero que el navío siempre quiera / Traer de vuelta el susurro / De tus pasos / En una calle de Lisboa

A palavra dos lugares

Aqui estou na mesma esquina / Antes mulher, já menina / Por artes dos teus amores / Só à espera que apareças / Que eu consiga e tu mereças / Dois beijos reparadores / Foi na cidade do Porto / (Se a nomeio, é que me importo / Com a palavra dos lugares) / Que eu te amei p'lo rio abaixo / Rio Douro o que é que eu acho? / Fazes bem em desaguares / Sei que algures na cidade / (Tenho o mapa e a liberdade) / Vou achar quem mais me abraça / (Mas) tudo aquilo que me resta / É espreitar por esta fresta / Donde vejo a tua casa / Depois descubro que a vida / Em paixões fica esculpida / E em amores remodelada / Sou uma estátua na avenida / Qual o gesto desta ferida? / Onde enterro a minha espada / Se te espero, é porque queria / Ter do bronze, a teimosia / De te ter por confidente / O granito estrela e espelha / A razão porque avermelha / À tarde nosso amor do sol poente / Foi na cidade do Porto / (se a nomeio, é que me importo / Com a palavra dos lugares) / Que te amarei, rio abaixo / Rio Douro, o que é que eu acho? / Fazes bem em desaguares

La palabra de los lugares 

Aquí estoy, en la misma esquina / Antes mujer, ya niña / Por artes de tus amores / Sólo a la espera de que aparezcas / Que consigo que merezcas / Dos besos reparadores / Fue en la ciudad de Porto / (Si la nombro es que me importo / Con la palabra de los lugares) / Que yo te amé río abajo / Rio Duero, ¿qué es lo que creo? / Que haces bien en desembocar / Sé que en alguna parte de la ciudad / (Tengo el mapa y la libertad) / Voy a encontrar a quien más me abraza / (Pero) todo aquello que me queda / Es atisbar por esta rendija / Desde donde veo tu casa / Después descubro que la vida / En pasiones queda esculpida / Y en amores remodelada / Soy una estatua en la avenida / ¿Cuál es el gesto de esta herida? / Donde entierro mi espada / Si te espero es porque quería / Tener de bronce el empeño / De tenerte por confidente / El granito estalla y dispersa / La razón porque enrojece / Por la tarde nuestro amor de sol poniente / Fue en la ciudad de Porto / (Si la nombro es que me importo / Con la palabra de los lugares) / Que yo te amé río abajo / Rio Duero, ¿qué es lo que creo? / Que haces bien en desembocar

Se soubesse o que sentias

Se soubesse que sentias / O amor na minha voz / Não me importaria nada / De povoar este fado / De um sentido inacabado / De uma conversa adiada / Não me importaria nada / Ai tanto amor que assim fica / Como verso com defeito / Tanta alma que abdica / Como rima sem proveito / Se te soubesse enleado / Desta sina não fugia / Nem deste fado falhado / Se soubesse que sentias / Se soubesse que sentias / Eu não sei como mostrar / Que falo de coração / Se não digo coração / Dito assim é só tornar / Mais banal este falar / Se soubesse que sentias / Mas se assim tua atenção / Ficar presa ao meu cantar / Não me importa que este fado / Seja o que há de mais vulgar / Se te soubesse enleado / Desta sina não fugia / Nem deste fado falhado / Se soubesse que sentias / Se soubesse que sentias / Se soubesse que sentias

Si supiese qué sentías 

Si supiese qué sentías / El amor en mi voz / No me importaría nada / Poblar este fado / De un sentimiento inacabado / De una conversación añadida / No me importaría nada / Ay, tanto amor que así queda / Como verso con defecto / Tanta alma que abdica / Como rima sin provecho / Si te supiese amarrado / De este destino no huiría / Ni de este fado hablado / Si supiese qué sentías / Si supiese que sentías / Yo no sé cómo mostrar / Que hablo de corazón / Si o digo corazón / Dicho así es sólo volver / Más banal este hablar / Si supiese qué sentías / Pero si así tu atención / Queda presa en mi cantar / No me importa que este fado / Aunque tenga algo más de vulgar / Si te supiese amarrado / De este destino no huiría / Ni de este fado hablado / Si supiese qué sentías / Si supiese qué sentías

Minha alma de amor sedenta, sequiosa

Minha alma de amor sedenta, sequiosa / Barco sem rumo e sem Deus, fora do mundo / Anda à mercê da tormenta, tenebrosa / Desse mar dos olhos teus, negro e profundo / Essa dádiva total, e quase louca / Que me pedes hora a hora, a cada instante / É o que a minha alma te dá, sem nada em troca / Quando de amor por ti chora, soluçante / Se eu um dia te perder, na minha vida / Jurarei virada aos céus, ao sol e à lua / Os perdoes que Deus me der, arrependida / Meu amor são todos teus, como eu sou tua / É uma causa perdida, pois não deve / O ser proibido amar, e desejar / Quem perde um amor na vida, que é tão breve / Jamais devia cantar, e até sonhar

Mi alma de amor sedienta, reseca 

Mi alma de amor sedienta, reseca / barco sin rumbo y sin Dios, fuera del mundo / Está a merced de la tormenta, tenebrosa / De ese mar de tus ojos, negro y profundo / Esa entrega total, casi loca / Que me pides hora a hora, cada instante / Es lo que mi alma te da, sin nada a cambio / Cuando de amor por ti llora, suspirando / Si yo un día te perdiese, en mi vida / Juraré mirando al cielo, al sol y la luna / Los perdones que Dios me dé, arrepentida / Mi amor son todos tuyos, como yo soy tuya / Es una causa perdida, pues no debe / Que el amar sea prohibido, y desear / Quien pierde un amor en la vida, que es tan breve / Jamás debería cantar, incluso soñar

Nascimento de Venus

Vem devagar / Na espuma das marés / E descobre que o melhor de mim / É mais do que aqui vês / Vem muito devagar / Desvendar a nudez / Sons de mar, ressonãncias / De música nas mãos e sal nos pés / Búzio que contém / A canção dos ventos / O ventre do poema, enrolar da vaga / A memória da areia que me afaga / E se estenderes a mão / Talvez possas tocar, digo talvez / O coracão azul cobalto aladamente / O nó que enreda o sonho e tu não vês

Nacimiento de Venus 

Ven despacio / En la espuma de las mareas / Y descubre que lo mejor de mí / Es más de lo que aquí ves / Ven muy despacio / A desvelar la desnudez / Sones del mar, resonancias / De música en las manos y sal en los pies / Caracola que contiene / La canción de los vientos / El vientre del poema, el curvarse de la ola / La memoria de la arena que me acaricia / Y si extendieras la mano / Tal vez puedas tocar, digo tal vez / El corazón azul cobalto, aladamente / El nudo que enreda el sueño y tú no ves

Par reve (texto en francés)

Liberdades poéticas: en el CD «Fado»

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