Mísia - Para Amália (2015)

Para Amália (2005)
CD1: / 01. Tive um coração, perdi-o / 02. Solidão (Canção do mar) / 03. Amor sem casa (con Rogério Samora) / 04. Espelho quebrado / 05. Prece / 06. Romance / 07. Vagamundo / 08. Rasga o passado / 09. Lisboa antiga
CD2: / 01. Amália sempre e agora (con Maria Bethânia) / 02. Madrinha de nossas horas / 03. Flor de lua / 04. Amália que não existo / 05. À janela do meu peito / 06. Maria la portuguesa (con Martirio) / 07. Uma lágrima por engano / 08. Rosinha da Serra d'Arga / 09. Fado Amália
Tive um coração, perdi-o
Tive um coração, perdi-o / Ai quem mo dera encontrar / Preso no lodo dum rio / Ou afogado no mar / Quem me dera ir embora / Ir embora e não voltar / A morte que me namora / Já me pode vir buscar / Tive um coração, perdi-o / Ainda o hei-de encontrar / Preso no lodo dum rio / Ou afogado no mar
Tuve un corazón, lo perdí
Tuve un corazón, lo perdí / Ay, ojalá lo encontrara / Preso en el lodo de un río / O ahogado en el mar / Ojalá pudiera ir lejos / Ir lejos y no volver / La muerte que me enamora / Ya puede venir a buscarme / Tuve un corazón, lo perdí / Aún he de encontrarlo / Preso en el lodo de un río / O ahogado en el mar
Solidão (Canção Do Mar)
Fui bailar... no meu batel / Além do mar cruel / E o mar bramindo / Diz que eu fui roubar / A luz sem par / Do teu olhar tão lindo / Vem saber / Se o mar terá razão / Vem cá ver / Bailar meu coração / Se eu bailar no meu batel / Não vou ao mar cruel / E nem lhe digo / Aonde eu fui cantar, sorrir, bailar / viver, sonhar contigo
Soledad (Canción Del Mar)
Fui a bailar... en mi canoa / Más allá del mar cruel / Y el mar bramando / Dice que fui a robar / La luz sin par / De tu mirar tan lindo / Ven a saber / Si el mar tendrá razón / Ven a ver / Bailar mi corazón / Si yo bailase en mi canoa / No voy al mar cruel / Y no le digo / Dónde fui a cantar, sonreír, bailar / Vivir, soñar contigo
Amor Sem Casa
O amor sem rosto, o amor sem casa
/ Pássaro pequeno de asa tão leve / De asa tão leve p'ra onde me levas / O amor
sem casa, o amor sem tréguas / O amor sem tréguas, o amor sem guerras / Asa sem
destino, p'ra onde me levas / P'ra onde me levas, deixai-me ficar / Não quero
amanhã / Não quero amanhã, hora de chegar / Hora de chegar a lugar nenhum / Não
sou de ninguém, deixai-me ficar / Deixai-me ficar, não sei porque vim / Deixai-me
partir, não sei porque vou / Não sei porque vou, que vento me leva / O amor sem
rosto, o amor sem tréguas / Não sei onde vou, que sopro me arrasta / O amor sem
rosto / O amor sem rosto, o amor sem casa
Amor sin casa
Amor sin rostro, amor sin casa / Pájaro
pequeño de ala tan leve / De ala tan leve para dónde me llevas / Amor sin casa,
amor sin treguas / Amor sin treguas, amor sin guerras / Ala sin destino, para
dónde me llevas / Para dónde me llevas, déjame quedar / No quiero mañana / No
quiero mañana, hora de llegar / Hora de llegar a ningún lugar / No soy de
nadie, déjame quedar / Déjame quedar, no sé por qué vine / Déjame partir, no sé
por qué voy / No sé por qué voy, que el viento me lleva / Amor sin rostro, amor
sin treguas / No sé dónde voy, qué soplo me arrastra / Amor sin rostro / Amor
sin rostro, amor sin casa
Espelho Quebrado
Com o seu chicote o vento / Quebra o espelho do lago / Em mim foi mais violento o estrago / Porque o vento ao passar / Murmurava o teu nome / Depois de o murmurar, deixou-me / Tão rápido passou / Nem soube destruír-me / As mágoas em que sou tão firme / Mas a sua passagem / Em vidro recortava / No lago a minha imagem de escrava / Ó líquido cristal / Dos meus olhos sem ti / Em vão o vendaval pedi / Para que se quebrasse / O espelho que me enluta / E me ficasse a face enxuta / Ai meus olhos sem ti sem ti / Em mim foi mais violento, o vento
Espejo quebrado
Con su látigo el viento / Quiebra el espejo del lago / Y en mí fue más violento el estrago / Porque el viento el pasar / Murmuraba tu nombre / Después de murmurarlo, me dejó / Tan rápido pasó / Ni supo destruirme / Las amarguras en que estoy tan firme / Pero su paso / En vidrio recortaba / En el lago mi imagen de esclava / Oh, líquido cristal / De mis ojos sin ti / En vano un vendaval pedí / Para que se quebrase / El espejo que me enluta / Y dejase seco mi rostro / Ay, mis ojos sin ti, sin ti / En mí fue más violento, el viento
Prece
Talvez que eu morra
na praia / Cercada em pérfido banho / Por toda a espuma da praia / Como um
pastor que desmaia / No meio do seu rebanho / Talvez que eu morra na rua / E dê
por mim de repente / Em noite fria e sem luar / Irmã das pedras da rua / Pisadas
por toda a gente / Talvez que eu morra entre grades / No meio de uma prisão / E
que o mundo além das grades / Venha esquecer as saudades / Que roem meu coração
/ Talvez que eu morra no leito / Onde a morte é natural / As mãos em cruz sobre
o peito / Das mãos de Deus tudo aceito / Mas que eu morra em Portugal
Súplica
Tal vez yo muera en la playa / Cercada en pérfido baño / Por toda la espuma de la playa / Como un pastor que se desmaya / En medio de su rebaño / Tal vez yo muera en la calle / Y me muera de repente / En noche fría y sin luna / Hermana de las piedras de la calle / Pisadas por toda la gente / Tal vez yo muera entre rejas / En medio de una prisión / Y el mundo más allá de las rejas / Se olvide de las saudades / Que corroen mi corazón / Tal vez yo muera en el lecho / Donde la muerte es natural / Las manos en cruz sobre el pecho / De manos de Dios todo lo acepto / Pero que muera en Portugal
Romance
Por noite dera
truz-truz, bateram à minha porta: / -Donde vens, ó minha alma? / -Venho morta,
quase morta! / Já eu mal a conhecia de tão mudada que vinha, / Trazia todas
quebradas suas asas andorinhas. / Mandei lhe fazer a ceia do melhor manjar que
havia. / -Donde vens, ó minha amada, que já mal te conhecia? / Mas a minha
alma, calada, olhava e não respondia. / E nos seus formosos olhos, quantas
tristezas havia. / Mandei lhe fazer a cama, da melhor roupa que tinha: / Por
cima, damasco roxo; por baixo, cambraia fina. / -Dorme, dorme, ó minha alma.
Dorme para te embalar. / A boca me está cantando, com vontade de chorar...
Romance
Noche cerrada, toc toc, están llamando a mi puerta / -¿De dónde vienes, alma mía? / -¡Vengo muerta, casi muerta! / Yo apenas la conocía de tan cambiada que venía / Traía todas quebradas sus alas de golondrina. / Mandé hacerle la cena del mejor manjar que había. / -¿De dónde vienes, mi amada, que apenas te conocía? / Pero mi alma, callada, miraba y no respondía / Y en sus ojos hermosos, cuántas tristezas había. / Mandé hacerle la cama con la mejor ropa que tenía: / Por encima, damasco rojo; por debajo, seda fina. / -Duerme, duerme, oh, alma mía. Que yo te pueda acunar. / La boca me está cantando, con deseos de llorar...
Vagamundo
Já disse adeus a
tanta terra, a tanta gente! / Nunca senti meu coração tão magoado, / Inquieto
por saber que o tempo vai passar / E tu vais esquecer o nosso fado! / Partida
cada vez mais sombria! / Cansada! / São nuvens negras em céu azul, / São ondas
de naufrágio em mar fundo! / No meu deserto não vejo abrigo / Sem ter o amor
neste mundo! / Mas se eu voltar e, como penso, esqueceste! / Troco por outro o
coração amargurado! / Tentarei não fazer mais castelos no ar / E nunca mais
viver um outro fado!
Vagabundo
Ya dije adiós a tanta tierra, ¡a tanta gente! / Nunca sentí mi corazón tan herido / Inquieto por saber que el tiempo va a pasar / ¡Y tú vas a olvidarte de nuestro fado! / ¡Partida cada vez más sombría! / ¡Cansada! / Son nubes negras en cielo azul, / ¡Son olas de naufragio en mar profundo! / En mi desierto no veo abrigo / ¡Sin tener el amor en este mundo! / ¡Pero si yo volviese y, como pienso, te olvidaste! / ¡Cambio por otro el corazón amargado! / Intentaré no hacer más castillos en el aire / ¡Y no volver a vivir otro fado!
Rasga o passado
Tu fizeste... do meu viver um
sonho agreste / E a minha mocidade / P'la tua maldade em troca eu te dei / Querias
mais... mais que o corpo e a alma / Mais que a paz e a calma / Que em ti nunca
encontrei / Dia a dia... em vez do amor, a nostalgia / E ao fim de tantos anos
/ Queres mais desenganos de novo a meu lado / Não posso esquecer... que é já
tarde demais p'ra te querer / Como carta que rasgas sem ler / Rasga o passado /
O passado... não deve nunca ser guardado / Quer em cada momento / Se viva um
lamento ou um sorriso fugaz / Pois mais tarde, numa carta esquecida / Encontrámos
a vida / Que já ficou p'ra trás / É diferente... o sol feito de luz ardente / Do
mesmo sol poente / Que arrasta consigo um dia acabado / Já basta saber... que
há em nós a saudade a doer / Se afinal recordar é sofrer / Rasga o passado
Rompe el pasado
Tú hiciste... de mi vivir un sueño agreste / Y mi juventud / A cambio de tu maldad yo te di / Querías más... más que el cuerpo y el alma / Más que la paz y la calma / Que en ti nunca encontré / Día a día... en vez de amor, la nostalgia / Y al cabo de tantos años / Quieres más desengaños de nuevo a mi lado / No puedo olvidar... que es ya demasiado tarde para quererte / Como la carta que rompes sin leer / Rompe el pasado / El pasado no debe nunca ser guardado / Aunque en cada momento / Se viva un lamento o una sonrisa fugaz / Pues más tarde, en una carta olvidada / Encontramos la vida / Que ya quedó atrás / Es diferente... el sol hecho de luz ardiente / Del mismo sol poniente / Que arrastra consigo un día acabado / Ya basta con saber... que hay en nosotros una saudade que duele / Si al final recordar es sufrir / Rompe el pasado
Lisboa Antiga
Lisboa velha cidade cheia de encanto e beleza / Sempre a sorrir tão formosa e no vestir sempre airosa / O branco véu da saudade / cobre o teu rosto, linda princesa / Olhai senhores / Esta Lisboa doutras eras / Dos cruzados, das esperas, e das toiradas reais / Das festas, das seculares procissões / Dos populares pregões matinais / Que já não voltam mais / Lisboa de oiro e de prata, outra mais linda não vejo / Eternamente a cantar e a dançar de contente / O teu semblante se retrata / no azul cristalino do Tejo
Lisboa antigua
Lisboa, vieja ciudad, llena de encanto y belleza / Siempre sonriendo tan hermosa y en el vestir siempre airosa / El blanco velo de la saudade / Cubre tu rostro, linda princesa / Miren, señores / Esta Lisboa de otras eras / De los cruzados, de las emboscadas, y de las capeas reales / De fiestas, de seculares procesiones / De populares pregones matinales / Que ya no vuelven más / Lisboa de oro y de plata, otra más linda no veo / Eternamente cantando y danzando contenta / Tu semblante se retrata / En el azul cristalino del Tajo
Amália, sempre e agora
Voz ancestral, de bacante / De grega sacerdotisa / De pitonisa, de musa / Dos cantos à deusa Iris / E das rezas a Maria / Do lamento à luz do dia / De sereia em nevoeiro / Que o próprio canto namora / Amália sempre e agora / Voz de jasmim de Djerba / De passarinho na noite / Da savana africana / De raga em Katmandu / De índia velha no Peru / Dos ventos da Anatólia / Das fontes dos Pirinéus / Uivo na estepe que chora / Amália sempre e agora / Voz de Afrodite brilhando / Qual estrela da manhã / Velando na madrugada / Voz de uma moira encantada / De uma rosa no deserto / De um trovão em céu aberto / Que vem de fora p'ra dentro / Que sai de dentro p'ra fora / Amália sempre e agora / Voz daqui, de todo o lado / Levando a casa do fado / Aos quatros cantos do mundo / Como se a vida encontrasse / Neste canto tão profundo / O próprio início de tudo / Que vem de fora p'ra dentro / Que sai de dentro p'ra fora / Amália sempre e agora
Amália, siempre y ahora
Voz ancestral, de bacante / De griega sacerdotisa / De pitonisa, de musa / De los cantos a la diosa Iris / De los rezos a María / Del lamento a la luz del día / De sirena en la neblina / Que el propio canto enamora / Amália siempre y ahora / Voz de jazmín de Djerba / De pajarillo en la noche / De la sabana africana / De raga en Katmandú / De india vieja en Perú / De los vientos de Anatolia / De las fuentes de los Pirineos / Aullido en la estepa que llora / Amália siempre y ahora / Voz de Afrodita brillando / Como estrella de la mañana / Velando en la madrugada / Voz de una mora encantada / De una rosa en el desierto / De un trueno en cielo abierto / Que viene de fuera a dentro / Que sale de dentro a fuera / Amália siempre y ahora / Voz de aquí, de todos lados / Llevando la casa del fado / A las cuatro esquinas del mundo / Como si la vida encontrase / En este canto tan profundo / El propio inicio de todo / Que viene de fuera a dentro / Que sale de dentro a fuera / Amália siempre y ahora
Madrinha de nossas horas
Vendedeira de laranjas, / Fadista no outro dia, / Um mesmo xaile de franjas / Os ombros te cingiria / Momentos de despedida, / Ou de regresso à lareira, / Estranha forma de vida / A vida da cantadeira / Na penumbra de um menor / A noite te abrigaria / Ou no sopro do calor / Da letra de um mouraria / Tão pequenina que foras, / Tão imensa te farias / Madrinha de nossas horas / De confusas nostalgias / E o vento que vem do mar, / Amigo da tua voz, / Leva-te a alma a chorar / No beijo de todos nós
Madrina de nuestras horas
Vendedora de naranjas / Fadista al otro día, / Un mismo chal de flecos / Los hombros te ceñiría / Momentos de despedida, / O de regreso al hogar, / Estraña forma de vida / La vida de la cantante / En la penumbra de un menor / La noche te abrigaría / O en el soplo del calor / De la letra de un mouraria / Tan pequeñita que fuiste / Tan inmensa como te harías / Madrina de nuestras horas / De confusas nostalgias / Y el viento que viene del mar, / Amigo de tu voz, / Llévate el alma a llorar / En el beso de todos nosotros
Flor de Lua
Solidão, campo aberto / Campo chão, tão deserto / Meu verão, ansiedade / Meu irmão, de saudade / Campo sol, girassol, branco lírio / Ilusão, solidão, meu martírio / Torna a flor, minha flor, campo chão / Torna a dor, minha dor, solidão / Vai no vento a passar / Um lamento a gritar / Dó ré mi, mi fá sol / Dó ré mi, Girassol / Velho cardo, esguio nardo, flor de lua / Mi fá sol, Girassol, eu sou tua / Torna a dor, minha flor, campo chão / Torna a dor, minha flor, solidão / Grita o mar, geme o vento / Teu olhar, meu tormento / Chora a lua, flor dourada / Madressilva, madrugada / Canta a lua, semi-nua, flor mimosa / Sargaçal, roseiral, minha rosa / Chora a fonte, reza o monte, branca asa / Canta a flor, chora a flor, campa rasa
Flor de luna
Soledad, campo abierto / Campo llano, tan desierto / Mi verano, ansiedad / Mi hermano, de saudade / Campo sol, girasol, blanco lirio / Ilusión, soledad, mi martirio / Vuelve la flor, mi flor, campo llano / Vuelve el dolor, mi dolor, soledad / Va en el viento, al pasar / Un lamento gritando / Do re mi, mi fa sol / Do re mi, girasol / Viejo cardo, nardo grácil, flor de luna / Mi fa sol, girasol, yo soy tuya / Vuelve el dolor, mi flor, campo llano / Vuelve el dolor, mi flor, soledad / Grita el mar, gime el viento / Tu mirada, mi tormento / Llora la luna, flor dorada / Madreselva, madrugada / Canta la luna, semidesnuda, flor mimosa / Campo de espinos, rosaleda, mi rosa / Llora la fuente, reza el monte, ala blanca / Canta la flor, llora la flor, losa plana.
Amália, que não existo
És mãe do que não existe / e ser mãe do que não há / é o que sei de mais triste / do que esta vida nos dá / A lágrima que evapora / antes de a gente a saber / e só porque não se chora / nem lágrima chega a ser / Se eu creio ou não creio nisto / ninguém vai saber porquê / Amália, que não existo / senão no que não se vê / E se a tua voz me habita / na sorte de ser ninguém / nada de mim ressuscita / sem que renasças também
Amália, que no existo
Eres madre de lo que no existe / y ser madre de lo que no hay / es lo que creo más triste / de lo que esta vida nos da / La lágrima que se evapora / antes que la gente lo sepa / es sólo porque no se llora / y ni lágrima llega a ser / Si yo creo o no creo en esto / nadie va a saber porqué / Amália, que no existo / si no en lo que no se ve / Y si tu voz me habita / en la suerte de ser nadie / nada de mí resicita / sin que renazcas también
À janela do meu peito
Lá vai brincando, pela mão de uma quimera / Essa garota que fui eu, sempre a sorrir / Como se a vida fosse eterna primavera / E não houvesse dores no mundo p'ra sentir / As gargalhadas vêm poisar na janela / E ao ouvi-las tenho mais pena de mim / Ai quem me dera rir ainda como ela / Mas quando rio, eu já não sei rir assim / Tenho a janela do peito / Aberta para o passado / Todo feito de fadistas e de fado / Espreita a alma na janela / Vai o passado a passar / E ao ver-se nela, a alma fica a chorar / Neste desfile que passa / Fica a saudade sózinha / Até a graça, perdeu a graça que tinha / Desilusões as que tive / Enchem a rua...lá estão / E a gente vive dos tempos que já lá vão / Lá vem gingando nesse seu passo miúdo / Melena preta, calça justa afiambrada / Como mudamos, tu que foste para mim tudo / Hoje a meus olhos pouco mais és do que nada / / Tuas chalaças de graçola e ironia / Eram da rua, andavam de boca em boca / Eu, era ver-te não sei o que sentia / Talvez loucura, que por ti andava louca
A la ventana de mi pecho
Ahí va saltando, de mano de una quimera / Esa muchacha que fui yo, siempre sonriendo / Como si la vida fuese eterna primavera / Y no hubiese en el mundo dolores que sentir / Las carcajadas vienen a posarse en la ventana / Y al oírlas siento más pena por mí / Ay, ojalá pudiera reír aún como ella / Pero cuando río, ya no sé reír así / Tengo la ventana del pecho / Abierta hacia el pasado / Todo hecho de fadistas y de fado / Mira el alma desde la ventana / El pasado va a pasar / Y al verse en ella, el alma empieza a llorar / En este desfile que pasa / Se queda sola la saudade / Hasta la gracia perdió la gracia que tenía / Las desilusiones que tuve / Llenan la calle... ahí están / Y la gente vive de los tiempos que ya se van / Ahí viene bamboleándose en ese paso pequeño / Melena negra, pantalón ajustado elegante / Cómo hemos cambiado, tú que fuiste todo para mí / Hoy a mis ojos eres poco más que nada / Tus bromas con gracia e ironía / eran de la calle, andaban de boca en boca / Yo, era verte y no sé lo que sentía / Tal vez locura, que por ti andaba loca
Uma lágrima por engano
Nasceu sem ti a cidade / Lisboa ficou tão pequena / Nesta Fria Claridade / Levanto-me cheia de penas / Amália nossa Senhora, / Luz deste cego caminho, / Na tua Prece redentora / Erros Meus choro baixinho, / E foi só por vontade de Deus / que de nós foste levada / num Barco Negro p'los céus / Triste Sina Conta Errada / Vagamundo por ti trago / O meu coração cigano / E roubam-me as cordas do Fado / Uma Lágrima por engano!
Una lágrima por engaño
Nació sin ti la ciudad / Lisboa se hizo tan pequeña / En Esta Fría Claridad / Me levanto llena de penas / Amália nuestra Señora / Luz de este ciego camino / En tu Oración protectora / Mis Yerros lloro bajito, / Y fue sólo por voluntad de Dios / Que de entre nosotros fuiste llevada / En un Barco Negro por los cielos / Triste Sino, Cuenta Errada / Vagabundo por ti traigo / Mi corazón gitano / Y me robaron las cuerdas del Fado / ¡Una lágrima por engaño!
Rosinha da Serra d'Arga
Ao sair de "dei" perdi um dedal, / Com letras que dizem: "viva Portugal" / Viva Portugal! Viva Portugal! / Ao sair de "dei" perdi um dedal! / Oh, minha Rosinha, eu hei de te amar, / De dia ao sol, de noite ao luar! / De noite ao luar, de noite ao luar, / Oh, minha Rosinha, eu hei de te amar! / Oh, minha Rosinha, estrela do mar, / Tu vais pra Lisboa, deixas-me ficar! / Deixas-me ficar, deixas-me ficar, / Oh, minha Rosinha, estrela do mar! / Oh, minha Rosinha, do meu coração, / Tu vais pra Lisboa, não levas paixão! / Não levas paixão, não levas paixão, / Oh, minha Rosinha, do meu coração! / Oh, minha Rosinha, eu hei de ir, hei de ir, / Jurar a verdade, que eu não sei mentir! / Que eu não sei mentir, que eu não sei mentir, / Oh, minha Rosinha, eu hei de ir, hei de ir!
Rosinha de la Sierra d'Arga
Al salir de "dei" perdí un dedal, / Con letras que dicen: "viva Portugal" / ¡Viva Portugal! ¡Viva Portugal! / ¡Al salir de "dei" perdí un dedal! / Oh, Rosinha mía, yo te he de amar, / ¡De día al sol, de noche a la luz lunar! / De noche a la luz lunar, de noche a la luz lunar, / ¡Oh, Rosinha mía, yo te he de amar! / Oh, Rosinha mía, estrella de mar, / ¡Te vas a Lisboa y me dejas quedar! / Me dejas quedar, me dejas quedar, / ¡Oh, Rosinha mía, estrella de mar! / Oh, Rosinha mía, de mi corazón, / ¡Te vas a Lisboa, no llevas pasión! / No llevas pasión, no llevas pasión, / ¡Oh, Rosinha mía, de mi corazón! / Oh, Rosinha mía, yo he de ir, he de ir, / ¡A jurar la verdad, que no sé mentir! / Que no sé mentir, que no sé mentir, / ¡Oh, Rosinha mía, yo he de ir, he de ir!
Fado Amália
Amália, quis Deus que fosse o meu nome / Amália, e acho-lhe um jeito engraçado / Bem nosso e popular quando oiço alguém gritar / Amália, canta-me um fado / Amália, esta palavra ensinou-me / Amália, tu tens na vida que amar / São ordens do Senhor / E Amália sem amor não liga, tens de gostar / E como até morrer amar é padecer / Amália chora a cantar / Amália, disse-me alguém com ternura / Amália, da mais bonita maneira / E eu, toda coração, julguei ouvir então / Amália, pela vez primeira / Amália, andas agora à procura / Amália, daquele amor, mas sem fé / Alguém já mo tirou / Alguém o encontrou na rua, com a outra ao pé / E a quem lhe fala em mim, já só responde assim / Amália?.. nao sei quem.
Fado Amália
Amália, quiso Dios que fuese mi nombre / Amália, le encuentro un algo gracioso / Bien nuestro y popular cuando oigo a alguien gritar / Amália, cántame un fado / Amália, esta palabra me enseñó / Amália, tú tienes que amar en la vida / Son órdenes del Señor / Y Amália sin amor no combina, te ha de gustar / Y como hasta morir amar es padecer / Amália, llora al cantar / Amália, me dijo alguien con ternura / Amália, de la más bella manera / Y yo, toda corazón, creí oír entonces / Amália, por vez primera / Amália, estás ahora buscando / Amália, aquel amor, pero sin fe / Alguien ya me lo quitó / Alguien lo encontró en la calle, con la otra al lado / Y a quien le habla en mí, ya sólo responde así / Amália?... Yo sé quién es.