Mísia - Ritual (2001)



Ritual (2001)

1. Não guardo saudade à vida / 2. Xaile de silêncio / 3. Duas luas / 4. Desespero / 5. Decisão / 6. Cor de lua / 7. Formiga / 8. O verso em que peco / 9. Lágrima / 10. Misterio lunar / 11. Ainda assim / 12. À beira da minha rua / 13. Vivendo sem mim 

Não guardo saudade à vida

Trago a saudade esquecida / Guardada em versos passados / Quase morta, adormecida / Na rua dos meus pecados / Agora canto á coragem / De ser eu, razão de ser / Como um rio que não tem margem / Mas não pára de correr / Canto as estrelas e o mar / Canto o sol que aquece a dor / E é num leve respirar / Que não me esqueço o amor / Agora já está esquecida / Esta saudade de amar / Não guardo saudade á vida / Que me obrigou a cantar

No guardo saudades de la vida

Traigo la saudade olvidada / Guardada en versos pasados / Casi muerta, adormecida / En la calle de mis pecados / Ahora canto al coraje / De ser yo la razón de ser / Como un río que no tiene orilla / Pero no para de correr / Canto a las estrellas y el mar / Canto al sol que caldea el dolor / Y es en un leve respirar / Que no me olvido del amor / Ahora ya está olvidada / Esta saudade de amar / No guardo saudades de la vida / Que me obligó a cantar

Xaile de silêncio

Soubeste a cama estreita das varinas / A malga, o beijo, o sono das colheitas / O vulto dos amantes nas esquinas / O voo da gaivota mais perfeita / Ao anjo português, branca tormenta / Que o fado te embalou, rezaste o terço / E os barcos carregados de pimenta / Por ti se tornariam nosso berço / As mães em ti cantavam docemente / Doridas pela chama da amargura / E o urze dos pinhais, nascia rente / À terra, que lhes fôra sepultura / Que xaile de silêncio nos deixaste / Que forma tão estranha de viver / Ó voz que ardes na sombra, espinho e haste / Lenço acenando em cada entardecer

Chal de silencio 

Subiste a la cama estrecha de las pescadoras / El cuenco, el beso, el sueño de las cosechas / El rostro de los amantes en las esquinas / El vuelo de la gaviota más perfecta / Al ángel portugués, blanca tormenta / Que el fado te acunó, rezaste el tercio / Y los barcos cargados de pimienta / Por ti se convirtieron en nuestra cuna / Las madres cantaban en ti dulcemente / Doloridas por la llama de la amargura / Y el brezo de los pinares nacía al pie / Cerca de la tierra que les dio sepultura / Qué chal de silencio nos dejaste / Qué forma tan extraña de vivir / Ay, voz que ardes en la sombra, espino y mástil / Tela haciendo señales en cada atardecer

Duas luas

Eu vivo com duas luas / Delas me fiz companhia / Andam cruzadas as duas / E nenhuma me alumia / Atrás da minha janela / Nos lençóis onde me deito / Há uma lua que vela / Escondida no meu peito / A outra dizem que é tua / Nasceu no teu coração / É por isso que esta lua / Só brilha na tua mão / Até quando te insinuas / Quando me chamas baixinho / Eu vivo com duas luas / Cruzadas no meu caminho

Dos lunas 

Yo vivo con dos lunas / Ellas me hacen compañía / Están cruzadas las dos / Y ninguna me ilumina / Detrás de mi ventana / En las sábanas en que me acuesto / Hay una luna que vela / Escondida en mi pecho / La otra dicen que es tuya / Nació en tu corazón / Y es por eso que esa luna / Sólo brilla en tu mano / Hasta cuando te insinúas / Cuando me llamas bajito / Yo vivo con dos lunas / Cruzadas en mi camino

Desespero

Não eram os meus olhos que te olharam / Nem este corpo exausto que despi / Nem os lábios sedentos que pousaram / No mais secreto do que existe em ti / Não eram meus os dedos que tocaram / Tua falsa beleza em que não vi / Mais que os vícios que um dia me geraram / E me perseguem desde que nasci / Não fui eu que te quis, e não sou eu / Que hoje te aspiro embalo gemo e gero / Possesso desta raiva que me deu / A grande solidão que de ti espero / Neste amargo deserto do meu espanto / É a sombra do ódio que te quero / A voz com que te chamo é o desencanto / E o sémen que te dou o desespero

Desesperación

No eran mis ojos que te miraron / Ni este cuerpo exhausto que desnudé / Ni los labios sedientos que se posaron / En lo más secreto de lo que existe en mí / No eran míos los dedos que tocaron / Tu falsa belleza en la que no vi / Más que los vicios que un día me concibieron / Y me persiguen desde que nací / No fui yo quien te quiso, y no soy yo / Quien hoy te aspiro, envuelvo, lamento y concibo / Poseído por esta rabia que me dio / La gran soledad que de ti espero / En este amargo desierto de mi espanto / Es la sombra del odio que te quiero / La voz con que te llamo es el desencanto / Y la semilla que te doy, la desesperación

Decisão

Amamos e perdemos, sem saber / Se o que amamos merece tanta dôr / Ou se amar é apenas aprender / Que perder é uma das formas de amar / Morremos para os mortos que nos matam / Vivemos a tentar ressuscitar / E aprendemos nas mão que se desatam / Que permanecer não quer dizer ficar / Já sabemos, em tudo que tentamos / Que não sabemos de amor senão tentar / E aprendemos que quando desprezamos / Estamos apenas a renunciar / Entre tanta tentativa e tentação / Cegos de luz e cheios de pavor / Só nos resta tomar a decisão / A morte rápida ou o longo amor

Decisão 

Amamos y perdemos, sin saber / Si lo que amamos merece tanto dolor / O si amar es apenas aprender / Que perder es una de las formas de amar / Morimos para los muertos que nos matan / Vivimos intentando resucitar / Y aprendemos en las manos que se desatan / Que permanecer no quiere decir quedarse / Ya sabemos, en todo lo que intentamos / Que del amor no sabemos sino intentar / Y aprendemos que cuando despreciamos / Estamos apenas renunciando / Entre tanta tentativa y tentación / Ciegos de luz y llenos de pavor / Sólo nos queda tomar la decisión / La muerte rápida o el largo amor

Cor de lua

Sem fados que me ensinem a viver / Sem xaile que me abrace neste frio / Sem mar para chorar até esquecer / Sem casa com janelas e navios / Vou andando parada pelas ruas / Não sou nenhum dos nomes que me chamam / Sou só um pano escuro cor de lua / Um fado triste quando alguém me ama / Sem fundo este lago de Saudade / Sem fim esta vertigem repetida / Sem velas no altar da realidade / Sem cruzes que me salvem desta vida

Color de luna 

Sin fados que me enseñen a vivir / Sin chal que me abrace en este frío / Sin mar para llorar hasta olvidar / Sin casa con ventanas y navíos / Voy andando parada por las calles / No soy ninguno de los nombres que me llaman / Soy sólo un paño oscuro color de luna / Un fado triste cuando alguien me ama / Sin fondo este lago de Saudade / Sin fin este deseo repetido / Sin velas en el altar de la realidad / Sin cruces que me salven de esta vida

Formiga

Os pés teimando caminhos / As mãos quebrados do esforço / Fui colhendo outros destinos / Outros sons outros carinhos / E a carregá-los no dorso / Cheguei a meio do monte / Arrastando a minha casa / Pude então beber na fonte / Pressentir o horizonte / Lavar o negro da asa / Acendi os projectores / Mandei trinar a guitarra / Para mostrar aos senhores / Que esqueço todas as dores / Quando a formiga é cigarra

Hormiga

Los pies intentando caminos / Las manos quebradas por el esfuerzo / Fui alcanzando otros destinos / Otros sonidos, otros cariños / Y a cargarlos a la espalda / Llegué al medio del monte / Arrastrando mi casa / Entonces pude beber en la fuente / Presentir el horizonte / Lavar el negro del ala / Encendí los proyectores / Mandé que tocase la guitarra / Para mostrar a los señores / Que olvido todos los dolores / Cuando la hormiga es cigarra

O verso en que peco

Encontrei-me perdida / No céu da noite escura / Aonde te inventei / Nas estrelas que não vi / A noite adormecida / Entornava ternura / No meu corpo sem lei / Nos braços sem ti / Enlaçou-me num afago / A sua imensidão / De silêncio maior / Que a nudez dos mortais / Como este que em mim trago / Feito de solidão / Onde sobeja a dor / Por te não saber mais / Gritei então o teu nome / Rompendo com o meu grito / O vácuo espelhado / Nas águas em quietude / O som desenterrou-me / O meu amor aflito / Há muito sufocado / Cantou em voz mais rude / Amor vem libertar-me / Nesta noite sem eco / Onde estou a sós / Com ela e com meu fado / Antes de amortalhar-me / Traz o verso em que peco / Na tua doce voz / Que abençoa o pecado

El verso en que peco

Me encontré perdida / En el cielo de la noche oscura / Donde te inventé / En las estrellas que no vi / La noche adormecida / Entornaba ternura / En mi cuerpo sin ley / En los brazos sin ti / Me enlazó en una caricia / Su inmensidad / De silencio mayor / Que la desnudez de los mortales / Como este que traigo en mí / Hecho de soledad / Donde sobra el dolor / Por no saber más de ti / Entonces grité tu nombre / Rompiendo con mi grito / El espejo vacuo / En las aguas en calma / El sonido me desenterró / Mi amor afligido / Hay mucho sofocado / Cantó en voz más ruda / Amor, ven a liberarme / En esta noche sin eco / Donde estoy a solas / Con ella y con mi fado / Antes de amortajarme / Trae el verso en que peco / En tu dulce voz / Que bendice el pecado

Lágrima: en el CD «Fado»

Mistério lunar

Não me entristece a solidão quando me deito / Como se houvesse outra razão dentro do peito / Que alguém deixasse o azul do mar entre nós dois / E me levasse para te encontar, dias depois / Mas deixa lá / Dizem que há na nossa solidão / Uma esperança qualquer / Um mistério lunar / Mas deixa lá / Mesmo que um dia a paixão / Passe à porta sem bater / Deixa a promessa ao passar / Não me entristece todo este céu para encontrar-te / Como se houvesse algo de teu em toda a parte / Não sei de quem um dia amou, sem se doer / Mas ai de quem nunca sonhou para não sofrer

Misterio lunar 

No me entristece la soledad cuando me acuesto / Como si tuviese otra razón dentro del pecho / Que alguien dejase el azul del mar entre nosotros dos / Y me llevase para encontrarte días después / Pero déjalo / Dicen que hay en nuestra soledad / Una esperanza cualquiera / Un misterio lunar / Pero déjala / Aunque un día la pasión / Pase por la puerta sin llamar / Como si hubiese algo tuyo en todas partes / No se de alguien que amase un día sin dolerse / Pero, ay de quién nunca soñó para no sufrir

 Ainda assim

Ainda não era a dor e era a mágoa / Ainda não era a esperança e era a fé / Ainda não era a barca e era a tábua / Ainda não era e já era o que é / Ainda não era a voz e era a saudade / Ainda não era o mar e era o canto / Antes ainda de ser a vontade / Ainda não era nada e era tanto / Ainda era de noite e era a partida / Ainda não era amor e tu sorriste / Ainda não era nada e era a vida / Ainda não era sonho e já existe

Aún así 

Aún no era el dolor y era la amargura / Aún no era la esperanza y era la fe / Aún no era la barca y era la tabla / Aún no era y ya era lo que es / Aún no era la voz y era la saudade / Aún no era el mar y era el canto / Antes aún de ser el deseo / Aún no era nada y era tanto / Aún era de noche y era la partida / Aún no era amor y tú sonreíste / Aún no era nada y era la vida / Aún no era sueño y ya existe

À beira da minha rua

À beira da minha rua / Bateu um mar pequenino / Era o regaço da Lua / À beira do meu destino / Dobrei a voz com as mágoas / E dela fiz um barquinho / São águas, Senhor, são águas / Deixai este meu caminho / Fechei os olhos ao mar / Que ele me leve a perder / Este jeito de cantar / Tem esta forma de ver / Tão longe vai o barquinho / Que até o mar continua / Parte e regressa sozinho / À beira da minha rua

Muy cerca de mi calle 

Muy cerca de mi calle / Batió un mar pequeñito / Era el regazo de la luna / Muy cerca de mi destino / Doblé la voz con las amarguras / Y de ella hice un barquito / Son aguas, Señor, son aguas / Deja este camino mío / Cerré los ojos al mar / Que el me lleva a perder / Esta forma de cantar / Tiene esta forma de ver / Tan lejos va el barquito / Que hasta el mar continúa / Parte y regresa solito / Muy cerca de mi calle

Vivendo sem mim

Ai vida que dura / Vivendo sem mim / Deixai-me que cante / Vou chorando assim / Vou entre sargaços / Estendendo meus braços / Pelos areais ficaram meus passos / E dos meus cabelos cairam os laços / No meu coração ficaram cansaços / Perdi meus abraços / Entre a solidão / Disseram-me estrelas / E desejei tê-las / Disseram-me o céu / E o céu era meu / Disseram-me amor / Conheci a dor / Disseram-me irmão / E era traição / Disseram-me lua / E dormi na rua / Disseram-me Deus / Ai pecados meus / Menina, menina / Flor de Primavera / Quem te deu a sina / Que tua já era / O meu coração / Na palma da mão / Deixei-o ficar / Caiu-me no chão / Caiu-me no chão / Deixei-o ficar / Pois sem coração / Não se pode amar

Viviendo sin mí 

Ay, vida que dura / Viviendo sin mí / Dejadme que cante / Voy llorando así / Voy entre sargazos / Extendiendo mis brazos / Por los arenas se quedaron mis paso / Y de mis cabellos se cayeron los lazos / Y en mi corazón se quedaron los cansancios / Perdí mis abrazos / entre la soledad / Me llamaron estrellas / Y deseé tenerlas / Me llamaron cielo / Y el cielo era mío / Me llamaron amor / Conocí el dolor / Me llamaron hermano / Y era traición / Me llamaron luna / Y dormí en la calle / Me llamaron Dios / Ay, pecados míos / Pequeña, pequeña / Flor de primavera / Quién te dio el destino / Que tuyo ya era / Mi corazón / En la palma de la mano / Lo dejé quedarse / Se me cayó al suelo / Se me cayó al suelo Lo dejé quedarse / Pues sin corazón / No se puede amar

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