Mísia - Tanto menos tanto mais (1995)
Introduce aquí el subtítular

Tanto
menos tanto mais (1995)
1. Unicórnio / 2. Mistérios Do Fado (Intro) / 3. Mistérios Do Fado / 4. Orfão de Um Sonho Suspenso / 5. Coração Bateu Três Vezes / 6. Veste De Noite Este Quarto / 7. Penélope / 8. Adeus Ao Vento / 9. Ciúmes de Um Coração Operário / 10. Algum Dia / 11. O Ás Da Sueca / 12. Só Um Fado / 13. Unicórnio [Versão Espanhola]
Unicórnio
Meu Unicórnio azul, aquele que era meu / Pastando eu o deixei e desapareceu / Qualquer informação, decerto eu vou pagar / As flores que deixou não me querem falar / Meu Unicórnio azul, ontem desapareceu / Não sei se me deixou / Nem sei se se perdeu / Mas eu não tenho mais que um Unicórnio azul / E se alguém souber dele, que dê uma informação / Cem mil ou um milhão eu pagarei / Meu Unicórnio azul / Ontem desapareceu / Adeus / Meu Unicórnio e eu, fizemos amizade / Um pouco com Amor, um pouco com Verdade / Com o seu chifre de anil, pescava uma canção / Sabê-la repartir tinha por vocação / Meu Unicórnio azul, perdi o rasto seu / E pode parecer até um "fado" meu / Mas eu não tenho mais que um Unicórnio azul / Mesmo que fossem dois, eu só queria aquele / Cem mil ou um milhão eu pagarei / Meu Unicórnio azul / Ontem desapareceu... Adeus...
Unicornio
Mi unicornio azul, aquel que era mío / Pastando lo dejé y desapareció / Cualquier información, ciertamente la pagaré / Las flores que dejó no me quieren hablar / Mi unicornio azul, ayer desapareció / No sé si me dejó / No sé si se perdió / Pero no tengo más que un unicornio azul / Y si alguien supiera de él, que dé una información / Cien mil o un millón yo pagaré / Mi unicornio azul / Ayer desapareció / Adiós / Mi unicornio y yo, hicimos amistad / Un poco con Amor, un poco con verdad / Con su cuerno de añil, pescaba una canción / Saberla repartir tenía por vocación / Mi unicornio azul, perdí su rastro / Y puede parecer incluso un fado mío / Pero no tengo más que un unicornio azul / Y aunque fuesen dos, yo sólo quería aquel / Cien mil o un millón yo pagaré / Mi unicornio azul / Ayer desapareció... Adiós
Mistérios do Fado
Andam passos na calçada / Que me acordan. Quem será? / Uma sombra na fachada / Decerto não vem por nada / Sabe Deus ao que virá / A sombra de mão em riste / Perguntou-me se sabia / Como há gente que resiste / A cantar quando está triste / E a chorar de alegria / Na teia da Criação / Alguém deu um nó errado / Eu respondi-lhe que não / Os nós da contradição / São o mistério do Fado / Tocou-me o rosto e sorriu / De um jeito que não esqueci / No mesmo passo partiu / O vento ficou mais frio / Deitei-me e adormeci
Misterios del Fado
Andan pasos por la calzada / Que me despiertan ¿Quién será? / Una sombra en la fachada / Seguramente no vienen por nada / Sabe Dios a qué vendrá / La sombra de la mano en ristre / Me preguntó si sabía / Cómo hay gente que resiste / Cantar cuando está triste / Y llorar de alegría / En el tejido de la creación / Alguien hizo un nudo errado / Yo le respondí que no / Los nudos de la contradicción / Son el misterio del fado / Me tocó el rostro y sonrió / Me dio un encanto que no olvidé / Con el mismo paso partió / El viento se hizo más frío / Me acosté y me adormecí
Orfão de um sonho suspenso
Ditosos a quem acena / Um lenço de despedida / São felizes têm pena / Eu sofro sem pena a vida / Dôo-me até onde penso / E a dor é só de pensar / Órfão de um sonho suspenso / Pela maré a vazar / E sobe até mim já farto / De improfícuas agonias / No cais de onde nunca parto / A maresia dos dias
Huérfano de un sueño suspendido
Dichoso a quien se agita / Un pañuelo de despedida / Son felices, tienen pena / Yo sufro sin pena en la vida / Me duele hasta lo que pienso / Y el dolor es sólo de pensar / Huérfano de un sueño interrumpido / Por la marea que vacía / Y sube hasta mí, ya harto / De absurdas agonías / En el puerto del que nunca parto / La marea de los días
Coração bateu três vezes
Eu nasci quando este fado / Que é chamado triplicado / Já andava pelo seu pé / Agora que vou cantá-lo / Transformálo, respeitá-lo / Saberei melhor quem é / Era um fado que em Alfama / Cada dama tinha a fama / De três vezes o cantar / Desciam o casario / E junto ao rio, ao desafio / Desafiavam o luar / Coração bateu três vezes / E há já meses, por revezes / Que não vêm agora ao caso / Que não batia tão forte / Muda o porte, vira a norte / E não voa já tão raso / Mas dos beijos que me deste / Logo lesto retiveste / Conclusões precipitadas / Se por ser mulher sou tua / Desce à rua continua / Que outras há p'ra ser amadas / Assim cantavam aquelas / Que às janelas, aguarelas / Penduravam numa aragem / E é por isso que este fado / Que é chamado triplicado / Segue em mim sempre viagem
El corazón latió tres veces
Yo nací cuando este fado / Que es llamado triplicado / Ya caminaba por su pie / Ahora que voy a cantarlo / Transformarlo, respetarlo / Sabré mejor quién es / Era un fado que en Alfama / Cada dama tenía la fama / De cantarlo tres veces / Bajaban del caserío / Y junto al río, en desafío / Desafiaban a la luz de la luna / El corazón latió tres veces / Y hace ya más de un mes, por reveses / Que no vienen ahora al caso / Que no latí tan fuerte / Cambia su porte, vira hacia el norte / Y ya no vuela tan bajo / Pero de los besos que me diste / Una razón ágil retuviste / Conclusiones precipitadas / Si por ser mujer soy tuya / Baja la calle, continúa / Que hay otras para que las ames / Así cantaban aquellas / Que a las ventanas, acuarelas / Se mecían a la brisa / Y es por eso que este fado / Que es llamado triplicado / Sigue en mí siempre su viaje
Veste de noite este fado
Meu amor quando eu me for / Veste de noite este quarto / Não há amor se o amor / Não há amor se o amor / For de dia porque parto / Meu amor quando eu vier / Veste de dia esta lua / Quero um corpo de mulher / Uma candeia a morrer / E um barco do mar na rua
Viste de noche este fado
Mi amor, cuando yo me vaya / Viste de noche este cuarto / No hay amor si el amor / No hay amor si el amor / Se fuera de día porque yo parto / Mi amor, cuando yo venga / Viste de día esta luna / Quiero un cuerpo de mujer / Una vela que agoniza / Y un barco de mar en la calle
Penélope
Penélope costura junto ao molhe / Pergunta por Ulisses aos marujos / Nenhum ouviu falar / Ninguém o viu no mar / Dentro da sua cesta há um novelo / De lã e de madeixas de cabelo / Do qual tece um lençol / Que desfaz ao deitar / Prometeu acabá-lo / Quando Ulisses voltar / Ulisses está perdido entre as ilhas / Prisioneiro do canto das sereias / Não encontra o caminho / Entre águas e areias / Na treva do mar / Não se acendem candeias / Penélope é mãe, irmã e noiva / Senhora do engenho da costela / De Adão até Ulisses / Nada mudou para ela / Penélope pede contas aos astros / Manda recados cifrados nos mastros / E acende luzernas do mais puro azeite / E veste-se de branco casto / Sem nenhum enfeite / Ulisses está perdido entre as ilhas / Prisioneiro do canto das sereias / Não encontra o caminho / Entre águas e areias / Na treva do mar / Não se acendem candeias / Penélope cansada do lençol / Já feito e desfeito até cansar / Decidiu partir e conhecer o mar / Penélope quebrou a tradição / Da mulher que não parte e não viaja / A Grécia já lá vai / Roma também já foi / E agora ela navega / Sozinha e sem herói / Ulisses chegou cansado e velho / Penélope não estava à sua espera / Tornou-se uma esquecida / Em busca de Odisseias / Ulisses está perdido / Não tem quem lhe coza as meias
Penélope
Penélope cose junto al rompeolas / Pregunta por Ulises a los marineros / Nadie escuchó hablar / Nadie lo vio en el mar / Dentro de su cesta hay un ovillo / De lana y de madejas de cabello / Del que teje un lienzo / Que deshace al acostarse / Prometió acabarlo / Cuando Ulises volviera / Ulises está perdido entre las islas / Prisionero del canto de las sirenas / No encuentra el camino / Entre aguas y arenas / Ni niebla de mar / Ni se encienden candelas / Penélope es madre, hermana y novia / Señora del engaño de la costura / De Adán hasta Ulises / Nada cambió para ella / Penélope suplica a los astros / Manda recados cifrados a los mástiles / Y enciende lucernas del más puro aceite / Y se viste de un blanco casto / Sin ningún adorno / Ulises está perdido entre las islas / Prisionero del canto de las sirenas / No encuentra el camino / Entre aguas y arenas / Ni niebla de mar / Ni se encienden candelas / Penélope cansada del lienzo / Hecho y deshecho ya hasta agotarse / Decidió partir y conocer el mar / Penélope rompió la tradición / De la mujer que no parte y no viaja / Ya ha ido a Grecia / A Roma ya fue también / Y ahora ella navega / Sola y sin héroe / Ulises llegó cansado y viejo / Penélope no estaba a su espera / Se convirtió en una olvidada / En busca de Odiseas / Ulises está perdido / No tiene quien le cosa las medias
Adeus ao vento
Vi-te passar apressado / E nem olhaste p'ro lado / Quando o lenço te acenei / Tinhas no andar firmeza / De quem encontra as certezas / Que eu procuro e não achei / Sei que vais partir do cais / Nunca sabes onde vais / Mas voltas sempre a Lisboa / Estou cansada desta rua / E não sei quando voltares / Se sou doutro ou ainda tua / Doutro não serei / Talvez / Vou esperar mais uma vez / P'la primavera das flores / Para decidir se parto / Ou se fico no meu quarto / À espera dos teus amores / Ao sol-pôr todas as tardes / Quando tocam as trindades / Chega-me um pressentimento / Irme embora com a noite / Encontrar a minha sorte / Depois voltar com o vento
Adiós al viento
Te vi pasar apresurado / Y ni miraste hacia el lado / Cuando sacudí el pañuelo / Tenías en el andar la firmeza / De quien encuentra las certezas / Que yo busco y no encontré / Sé que vas a partir desde el puerto / Nunca sabes dónde vas / Pero vuelves siempre a Lisboa / Estoy cansada de esta calle / Y o sé si cuando vuelvas / Seré de otro o aún tuya / De otro no seré / Tal vez / Voy a esperar otra vez más / Por la primavera de las flores / Para decidir si parto / O si me quedo en mi cuarto / A la espera de tus amores / A la puesta de sol todas las tardes / Cuando repican trinidades / Me llega un pensamiento / Irme lejos con la noche / Encontrar mi suerte / Despues volver con el viento
Ciúmes de um coração operário
Da minha vida um rosário / De queixas tenho a fazer / Subi a rua ao contrário / Do desejo de te querer / Ora te sinto a meu lado / Ou tão longe como o mar / Se coração apertado / Logo solto a esvoaçar / Não penses que vou gastar / A minha alma ao desbarato / Não é maneira gostar / Em constante desacato / Não quero ver na minha rua / A ladeira do calvário / Prefiro rasgar a ganga / Do teu coração operário
Celos de un corazón obrero
De mi vida un rosario / De quejas tengo que hacer / Subí la calle en dirección contraria / Por el deseo de quererte / Ahora te siento a mi lado / O tan lejos como el mar / Si el corazón encogido / Se suelta luego a revolotear / No pienses que voy a gastar / Mi alma a un bajo precio / No hay manera de que gustes / En contante ofensa / No quiero ver en mi calle / La ladera del Calvario / Prefiero romper la garganta / De tu corazón obrero
Algum dia
Trazes pressa no olhar / Trazes rugas junto à lua / Promessas de não faltar / Naquela esquina da rua / És um homem perseguido / Pelo medo que te apavora / Hora a hora mais sentido / No amor que te devora / Aprendi a amar-te assim / És meu fado hoje e sempre / Querido à beira do fim / Quase a tempo atentamente / E damos voltas no chão / Até que a luz fica fria / De não em sim, de sim em não / Hás-de ser meu algum dia
Algún día
Traes prisa en la mirada / Traes arugas junto a la luz de la luna / Promesas de no faltar / En aquella esquina de la calle / Eres un hombre perseguido / Por el miedo que te aterra / Hora a hora más sentido / En el amor que te devora / Aprendí a amarte así / Es mi destino hoy y siempre / Querido a orillas del fin / Casi a tiempo, atentamente / Y damos vueltas por el suelo / Hasta que la luz se hace fría / De no en sí, de sí en no / Serás mío algún día
O ás de sueca
Era um mago, da sueca era doutor / Tinha as manhas do encarte no olhar / Não havia em seca e meca e ao redor / Quem o batesse na arte de encartar / Às vezes com a "mão morna" disparava: / Aposto de uma só vez por um tostão / O lumbago e a reforma que esticava / Mais a estátua do Marquês com o leão / Era assim que entardecia no jardim / O baralho já marcado de aventura / Punham-se as cartas em dia e mais no fim / Baralhava-se o passado com ternura / Um dia desapareceu sem avisar / Cumpra-se a sua vontade tem de ser / Deve andar lá pelo Céu a baralhar / Siga o jogo ao fim da tarde e a doer
As de sueca
Era un mago, de la brisca era un doctor / Tenía las manchas de las cartas en la mirada / Mo había de la ceca a la meca ni alrededor / Quien lo batiera en el arte de encartar / A veces, con la mano primera disparaba / Apostando de una sola vez por un duro / El lumbago y la reforma que extendía / Más que la estatua del Marqués con el león / Era así que atardecía en el jardín / La baraja ya marcada de aventura / Pónganse las cartas al día hasta el fin / Se barajaban las cartas con la ternura / Un día desapareció sin avisar / Que se cumpla su voluntad como ha de ser / Debe andar allá por el cielo barajando / Siga el juego al fin de la tarde y al doler
Só um fado
Escrevi esta canção durante as noites de insónia / Mãos geladas nos relentos, ourado pela calentura / Se dobrasse os meus tormentos, jurei cantar a aventura / Estou de volta a este cais que me viu ir e voltar / Daqui já não parto mais, só cá venho recordar / Está-me na melancolia que meu coração invade / Está na dobra da melodia por onde pinga a saudade / Está nas trovas do Bandarra está nos trinos da guitarra / Pode alguém conter em si tanto menos tanto mais / Só um fado é que podia falar por mim neste cais / Sou um castrenho do Norte, sou moçárabe e judeu / Porque trina é a fonte onde meu coração bebeu / Sonhei que Deus me sorriu e de mim fez seu eleito / Esse ouro me seduziu e eu parti de cruz ao peito / E assim verti meus sais, pela Ásia das monções / Perdi-me nos temporais, fiquei louco nos sertões / Imprimi a minha marca nos quatro cantos do Mundo / Pena foi que a minha barca tivesse que ir ao fundo / Está nas trovas do Bandarra, está nos trinos da guitarra / Ninguém foge ao seu destino, quando o fadinho nos chama / Só um fado é que podia ilustrar bem o meu drama / Nas tabernas da ribeira, cantei a minha canção / E achei-a na fogueira da sagrada inquisição / Por denúncia ou por desgraça, meu coração se perdeu / Fugiu, ardeu pela praça, e triste se envileceu
Sólo un fado
Escribí esta canción durante las noches de insomnio / Manos heladas en la humedad, embotada por la fiebre / Si doblase los tormentos, juré cantar la aventura / Estoy de vuelta a este puerto que me vio ir y volver / De aquí ya no parto más, sólo aquí vengo a recordar / Me está en la melancolía que mi corazón invade / Está en la doblez de la melodía por donde gotea la saudade / Está en las trovas de Bandarra, en los trinos de la guitarra / Puede alguien contener en sí tanto menos, tanto más / Sólo un fado podría hablar de mí en este puerto / Soy un castreño del norte, un mozárabe y judío / Porque triple es la fuente de que mi corazón bebió / Soñé que Dios me sonrió y me eligió / Ese oro me sedujo y yo partí con la cruz en el pecho / Y así vertí mis sales, por la Asia de los monzones / Me perdí en los temporales, enloquecí en los campos / Imprimí mi marca en los cuatro extremos del mundo / Fue una pena que mi barca se tuviese que ir al fondo / Está en las trovas de Bandarra, en los trinos de la guitarra / Nadie huye de su destino cuando el fadito nos llama / Sólo un fado podría ilustrar bien mi drama / En las tabernas del puerto canté mi canción / Y la encontré en la hoguera de la Santa Inquisición / Por denuncia o por desgracia mi corazón se perdió / Huyó, arde por la plaza y triste se envileció