Raquel Tavares - Bairro (2008)


Bairro (2008)

1 Lisboa, Meu Amor, Lisboa / 2 Outra Boa Noite / 3 Rosa Da Madragoa / 4 Saída (Fim Do Fim) / 5 Madrugadas Serenas / 6 Sofrendo Da Alma / 7 A Nudez Do Meu Fado / 8 Lua De Maio / 9 Ouve Lisboa / 10 Tia Dolores / 11 Que Seja Amor / 12 Fala Da Mulher Sozinha / 13 Lisboa Garrida / 14 Ardinita

Lisboa, Meu Amor, Lisboa

Descanso o fim do dia neste canto / Deixando o meu olhar ás mãos do Tejo / E canta o Tejo em mim, quando te canto / E desce ao meu olhar quando te vejo / Sinto ainda no cais as silhuetas / Do jeito e do bailada das varinas / E o dizer mais fadista dos poetas / Nas sombras das vielas, nas esquinas / Desfez as cores garridas da cidade / O sol que diz adeus do outro lado / E assim como eu, amor da minha idade / A cidade vestiu-se em tons de fado / E a voz duma saudade então ecoa / P'las ruas que o luar anoiteceu / Não sei se me perdi nesta Lisboa / Ou foi Lisboa em mim que se perdeu

Lisboa, mi amor, Lisboa 

Descanso el fin del día en este canto / Dejando mi mirar en manos del Tajo / Y canta el Tajo en mí, cuando te canto / Y baja a mi mirar cuando te veo / Siento aún en el muelle las siluetas / Del gesto y la danza de las pescaderas / Y el decir más fadista de los poetas / En las sombras de las callejuelas, en las esquinas / Deshace los colores llamativos de la ciudad / El sol que dice adiós del otro lado / Y así, como yo, amor de mi edad / La ciudad se vistió en tonos de fado / Y la voz de una saudade entonces resuena / Por las calles que la luz de la luna anocheció / No sé si me perdí en esta Lisboa / O fue Lisboa en mí quien se perdió

Outra Boa Noite

Boa noite à solidão / Disse um dia quem me disse / Que a saudade é uma espera / Dava o tempo e a razão / Pra que a vida me despisse / A saudade que me dera / Porque mais do que a vontade / Mais que a sede dos meus dedos / De hoje em ti me perder / São os braços da saudade / Que se perdem nos meus medos / No meu corpo a anoitecer / Que a cada beijo que a vida / Me faz dar à solidão / Como um amor que não conheço / Deu-me a voz da despedida / Que é muita mais que a razão / E que é voz de que me esqueço / Boa noite, noite fria / Digo às horas de amargura / Que se estendem noite fora / Boa noite: disse um dia / Quem sentiu da noite escura / A tristeza dessa hora

Otra buena noche 

Buenas noches a la soledad / Dijo un día quien me dijo / Que la saudade es una espera / Le daría tiempo y la razón / Para que la vida me desnudase / De la saudade que me diera / Porque más que el deseo / Más que la sed de mis dedos / De perderme hoy en ti / Son los brazos de la saudade / Que se pierden en mis dedos / En mi cuerpo al anochecer / Que a cada beso que la vida / Me hace dar a la soledad / Como un amor que no conozco / Me dio la voz de la despedida / Que es mucha más que la razón / Y que es voz de la que me olvido / Buenas noches, noche fría / Digo a las horas de amargura / Que se extienden fuera de noche / Buenas noches, dije un día / A quien sintió de la noche oscura / La tristeza de esa hora

Rosa Da Madragoa

No Bairro da Madragoa / À janela de Lisboa / Nasceu a Rosa Maria / Filha de gente vareira / Foi criada na ribeira / Entre peixe e maresia / Flor, mulher aquela rosa / Era a moça mais airosa / Que a malta já conheceu / E toda a malta do mar / Suspira ao vê-la passar / De chinela e perna ao léu / Lá vai a Rosa Maria / Que é a alegria desta ribeira / Ouvia e ria à gargalhada qualquer piada por mais brejeira / Vai bugiar meu menino! / Não deites barro à parede / Que esta rosa é peixe fino para as malhas da tua rede / O jovem Chico Fateixa / Já jurou que não a deixa / Pois a paixão é teimosa / E é de tal modo cegueira / Que deu a sua traineira / O nome daquela rosa / E a Rosa da Madragoa / Ao ver escrito na proa / Seu nome Rosa Maria / Ergueu os braços ao Chico / Começou o namorico / E vão casar qualquer dia / Lá vai a Rosa Maria / Que é a alegria desta ribeira / Ouvia e ria à gargalhada qualquer piada por mais brejeira / Vai bugiar meu menino! / Não deites barro à parede / Que esta rosa é peixe fino para as malhas da tua rede

Rosa de Madragoa 

En el barrio de Madragoa / La ventana de Lisboa / Nació Rosa María / Hija de gente de mar / Fue criada en la ribera / Entre peces y mareas / Flor, mujer aquella rosa / Era la moza más airosa / Que la gente conoció / Y toda la gente del mar / Suspira al verla pasar / Con chancla y pierna desnuda / Ahí va la Rosa María / Que es la alegría de esta ribera / Escuchaba y se reía de cualquier gracia aunque fuese pícara / ¡Anda y lárgate, chaval! / Que no vas a tener suerte / Que esta rosa es un pez fino para la malla de tu red / El joven Chico Arpón / Ha jurado que no la deja / Pues la pasión es obstinada / Y es en tal modo ceguera / Que le ha dado a su trainera / El nombre de aquella rosa / Y Rosa de Madragoa / Al ver escrito en la proa / Su nombre Rosa María / Irguió los brazos hacia Chico / Comenzó el romance / Y se van a casar cualquier día / Ahí va la Rosa María / Que es la alegría de esta ribera / Escuchaba y se reía de cualquier gracia aunque fuese pícara / ¡Anda y lárgate, chaval! / Que no vas a tener suerte / Que esta rosa es un pez fino para la malla de tu red

Saída (Fim Do Fim)

Sempre que ao sabor dos dedos / As palavras se desmaiam / Numa folha amarrotada / Deixo as horas e os segredos / Nestes versos que me enleiam / Deixo tudo e quase nada / Trago as noites de Setembro / No meu corpo de mulher / Nesta vida que anoiteço / Já da vida não me lembro / Nem se a esqueço por te ver / Ou por ver que não te esqueço / Sempre que esse madrugar / Dispa os olhos magoados / E a saudade em mim insista / Deixo à voz este penar / Sou um fado doutros fados / Em que a noite é mais fadista

Salida (Fin del fin) 

Siempre que al sabor de los dedos / Las palabras se desmayan / En una hoja arrugada / Dejo las horas y los secretos / En estos versos que me enredan / Dejo todo y casi nada / Traigo las noche de septiembre / En mi cuerpo de mujer / En esta vida que anochezco / Ya de la vida no me acuerdo / Ni la olvido por verte / O por ver que no te olvido / Siempre que ese madrugar / Desnude los ojos heridos / Y la saudade en mí insista / Dejo a la voz este pensar / Soy un fado de otros fados / En que la noche es más fadista

Madrugadas Serenas

Os meus olhos que se perdem / Na cor das ondas do mar / São dois sonhos que se encontram / Nos sonhos do meu olhar / Tua boca, rosa agreste / Rosa negra dos caminhos / Que de amor por mim se veste / Quando ficamos sozinhos / Tua voz é Primavera / Que me acorda neste Outono / Ai meu amos, quem me dera / Nunca na vida ter sono / Os meus olhos são apenas / Duas estrelas nos céus / Que em madrugadas serenas / Rezam p´los olhos teus

Madrugadas serenas 

Mis ojos que se pierden / En el color de las olas del mar / Son dos sueños que se encuentran / En los sueños de mi mirar / Tu boca, rosa agreste / Rosa negra de los caminos / Que de amor por mí se viste / Cuando nos quedamos solos / Tu voz es primavera / Que me despierta en este otoño / Ay, amor mío, ojala / Nunca en la vida tuviera sueño / Mis ojos son apenas / Dos estrellas en el cielo / Que en madrugadas serenas / Rezan por tus ojos

Sofrendo Da Alma

Mais do que o corpo é a alma / É a alma que me doi / Que foi sofrendo da alma / Que a minha vida se foi / Que foi sofrendo da alma / Que a minha vida se foi / Mais do que o corpo é a alma / É a alma que me doi / À muito que não sonhava / E esta noite sonhei / Sonhei hoje que te amava / Deus, o que eu hoje sonhei / Longe do meu pensamento / Nem ideia de te amar / Amei-te em sonho um momento / Vê lá o que eu fui sonhar / Mais do que o corpo é a alma / É a alma que me doi / Que foi sofrendo da alma / Que a minha vida se foi / Que foi sofrendo da alma / Que a minha vida se foi / Mais do que o corpo é a alma / É a alma que me doi / Foi sonho que não esperava / Sonho que me deslumbrou / Não sabia que te amava / E hoje não sei quem sou / Mais do que o corpo é a alma / É a alma que me doi / Que foi sofrendo da alma / Que a minha vida se foi / Que foi sofrendo da alma / Que a minha vida se foi / Mais do que o corpo é a alma / É a alma que me doi

Sofriendo del alma 

Más que el cuerpo es el alma / Es el alma la que me duele / Que fue sufriendo del alma / Como mi vida se fue / Que fue sufriendo del alma / Como mi vida se fue / Más que el cuerpo es el alma / Es el alma la que me duele / Hace mucho que no soñaba / Y esta noche soñé / Soñé hoy que te amaba / Dios, lo que hoy yo soñé / Lejos de mi pensamiento / Ni la idea de amarte / Te amé en sueños un momento / Mira lo que fui a soñar / Más que el cuerpo es el alma / Es el alma la que me duele / Que fue sufriendo del alma / Como mi vida se fue / Que fue sufriendo del alma / Como mi vida se fue / Más que el cuerpo es el alma / Es el alma la que me duele / Fue un sueño que no esperaba / Sueño que me deslumbró / No sabía que te amaba / Y hoy no sé quien soy / Más que el cuerpo es el alma / Es el alma la que me duele / Que fue sufriendo del alma / Como mi vida se fue / Que fue sufriendo del alma / Como mi vida se fue / Más que el cuerpo es el alma / Es el alma la que me duele

O Nudez Do Meu Fado

Como asa de andorinha / Ou como um negro manto / Nos meus ombros, discreta / A noite se debruça... / Tão logo se adivinha / A hora de ser canto / E a rima dum poeta / Na minha voz soluça / Por estranho que pareça / Saio dentro de mim / E deixo exposta à lua / A nudez do meu fado... / Para que o céu não esqueça / Que já me viu assim: / Despida, d'alma nua / Sem sombra de pecado / Se a noite me procura / Com estrelas no sorriso / Se dentro em mim cravou / O amor que me conquista... / Deixai-me esta loucura / Que tanto me é preciso / Pois sem noite não sou / Nem fado, nem fadista!

La desnudez de mi fado

¡Como ala de golondrina! / O como un negro manto / En mis hombros, discreta / La noche se apoya... / Inmediatamente se adivina / La hora de ser canto / Y la rima de un poeta / En mi voz susurra / Por extraño que parezca / Salió de dentro de mí / Y dejó expuesta a la luz / La desnudez de mi fado... / Para que el cielo no olvide / Que ya me vio así: / Desvestida, de alma desnuda / Sin sombra de pecado / Si la noche me busca / Con estrellas en la sonrisa / Si dentro de mí clavó / El amor que me conquista... / Déjame esta locura / Que me es tan necesaria / Pues sin noche no soy / ¡Ni fado, ni fadista!

Lua De Maio

Amor meu, que meu não seja / O destino de perder-te / Outro amor, cego te traz / Que o meu olhar, te não veja / Quando penso merecer-te / E sei que a outra te dás / Lua de Maio / Servida em taça de luz / Como um cigano andaluz / Cantando as mágoas dum fado / Lua de Maio / Entristeceu meu olhar / Breve lembrança, ao lembrar / Um grande amor, acabado / Por amor, só por amor / Faz-nos a vida aceitar / O sal que as lágrimas dão / Mas quando dói, é dor / Que ao ser que somos vem dar / A tristeza ao coração

Luz de mayo

Amor mío, que mío no sea / El destino de perderte / Otro amor, ciego te trae / Que mi mirada no te vea / Cuando pienso merecerte / Y sé que te das a otra / Luna de mayo / Servida en copa de luz / Como un gitano andaluz / fado / Luna de mayo / Entristeció mi mirada / Breve recuerdo, al recordar / Un gran amor acabado / Por amor, sólo por amor / La vida nos hace aceptar / La sal que las lágrimas dan / Pero cuando duele, es dolor / Que al ser lo que somos viene a dar / La tristeza al corazón

Ouve Lisboa

Cheguei um dia a Lisboa com malas feitas de vento / Que pesavam as palavras que trago no pensamento / Fui de colina em colina ver o céu de que se gosta / E tu ficaste, Lisboa, vestida de mar e encosta / Ouve Lisboa... cais de fome marinheira / Se a minha voz tu consentes, ouve Lisboa / Naquela onda, naquela onda primeira / Canto o fado que tu sentes por seres Lisboa / Ouve Lisboa... raíz dos barcos perdidos / Onde o mar dos meus sentidos voa, se voa / E lá por teres bebido o sal doutras paragens / Em noites de frias rotas / Poderás ver que eu sou o fado em viagem / Sobre o dorso das gaivotas / Todos os dias me prendem esses voos feitos de água / Onde as velas sem caminho navegam por minha mágoa / Mas qualquer resto de vida murmura p´ra qualquer lado / Nesta distãncia perdida que faz distãncia do fado

Escucha Lisboa 

Llegué un día a Lisboa con malas rachas de viento / Que pesaban las palabras que traigo en el pensamiento / Fui de colina en colina a ver el cielo que gusta / Y tú quedaste, Lisboa, vestida de mar y laderas / Escucha, Lisboa... puerto de hambre marinera / Si consientes mi voz, escucha, Lisboa / En aquella ola, en aquella ola primera / Canto el fado que tú sientes por ser Lisboa / Escucha, Lisboa... raíz de los barcos perdidos / Donde el mar de mis sentidos vuela, se vuela / Y porque has bebido la sal de otras paradas / En noches de frías rutas / Podrás ver que yo soy el fado en viaje / Sobre el dorso de las gaviotas / Todos los días me prenden esos vuelos hechos de agua / Donde las velas sin camino navegan por mi amargura / Pero cualquier resto de vida murmura hacia cualquier lado / En esta distancia perdida que hace distancia del fado

Tia Dolores

Vi hoje a Tia Diolores / Veio falar-me dos filhos / Cheia dum prazer profundo / Porque esses seus dois amores / São os únicos atilhos / Que a trazem segura ao mundo / O João é marinheiro / Um rapagão denodado / Que anda sempre a navegar / É um moço prazenteiro / No seu olhar esverdeado / Andam vestígios do mar / De olhos azuis, o segundo / Mais novo do que o João / É um cabeça no ar / Nunca se prendeu ao mundo / Quis ir para a aviação / E leva a vida a voar / Assim, a Tia Dolores / Conta, não escondendo as mágoas / Que a envolvem como um véu / Os olhos dos seus amores / Um é verde côr do mar / Outro, azul da côr do céu / Ela procede aos amanhos / Duma casinha na serra / Aonde espera morrer / Velhinha de olhos castanhos / Castanhos, da côr da serra / Da terra que a viu nascer / Um, tem olhos côr do mar / Outro, olhar azul divino / No céu, no mar, andam escolhos / Eu então fico a pensar / Se a gente segue o destino / Que diz bem á côr dos olhos  

Tía Dolores 

Vi hoy a la tía Dolores / Vino a hablarme de los hijos / Llena de un placer profundo / Porque esos, sus dos amores / Son las únicas amarras / Que la atan segura al mundo / João es marinero / Un chavalote intrépido / Que siempre está navegando / Es un muchacho alegre / En su mirada verdosa / Hay vestigios de mar / De ojos azules, el segundo / Más joven que João / Con la cabeza en las nubes / Nunca se agarró al mundo / Quiso irse a la aviación / Y pasa la vida volando / Así, la tía Dolores / Habla sin esconder sus penas / Que la envuelven como un velo / De los ojos de sus amores / Unos verdes como el mar / Otros, azules como el cielo / Ella procede del campo / De una casita en la sierra / Donde espera morir / Viejita de ojos castaños / Castaños del color de la sierra / De la tierra que la vio nacer / Uno tiene ojos del color del mar / Otro, mirar azul divino / En el cielo, en el mar, hay peligros / Yo entonces empiezo a pensar / Si la gente sigue el destino / Que dice bien el color de sus ojos

 Que Seja Amor

Chegaste como sempre ao fim da tarde / E como sempre ouvi pelas vizinhas / Dizer, que o nosso amor ainda arde / Que ainda passas por saudades minhas / Passaste e eu bem sei que no meu peito / Não há sequer pergunta nem resposta / Em mim passa o silêncio do teu jeito / Como é próprio do peito de quem gosta jeito / Chamei amor aos dias tristes que o luar me deu aqui / Que o fim do amor, dizem ser mais que um beijo sem adeus / Que trago em mim a luz dos olhos teus / Pois tanto melhor, que seja amor o que me dói, que seja amor / Colhi algumas rosas no caminho / Talvez me contem hoje os teus cuidados / Na espera eu vou cantando baixinho / Os versos que te prendem nos meus fados / E sento-me com as flores no regaço / Não há melhor remédio do que a vida / P'ra dar de vez um fim ao embraço / P'ra dar lugar ao fim da despedida

Que sea amor 

Llegaste como siempre al fin de la tarde / Y como siempre oí a las vecinas / Decir que nuestro amor aún arde / Que aún sientes saudades por mí / Sentiste y yo sé bien que en mi pecho / No hay siquiera pregunta ni respuesta / En mí pasa el silencio de tu carácter / Como es propio del pecho de quien gusta de un carácter / Llamé amor a los días triste que la luz de luna me trajo aquí / Que el fin del amor, dicen que es más que un beso sin adiós / Que traigo en mí la luz de tus ojos / Pues tanto mejor que sea amor lo que me duele, que sea amor / Cogí algunas rosas en el camino / Tal vez me cuenten hoy tus preocupaciones / En la espera yo voy cantando bajito / Los veros que te unen a mis fados / Y me siento con las flores en el regazo / No hay mejor remedio que la vida / Para dar de una vez fin a un obstáculo / Para dar lugar al fin de una despedida

Fala Da Mulher Sozinha

Já estou farta de estar só / Acompanhada de nada / Já estou louca de ser rua / Tão corrida tão pisada / Já estou prenhe de amizade / Tão barriga de saudade / Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão / E nela entrelaçar / O olhar de uma canção / Chegar ao cume, ao cimo, ao alto / Mais longe e mais além / Mas a saber que sou alguém / Na cidade sou loucura / Sou begónia sou ciúme / E eu que sonhava ser rua / Caminho atalho lonjura / Não tenho assento na festa / Sou a migalha que resta / Ai eu ainda um dia irei rasgar a solidão / E nela entrelaçar / O olhar de uma canção / Chegar ao cume, ao cimo, ao alto / Mais longe e mais além / Mas a saber que sou alguém

Monólogo de la mujer sola 

Ya estoy harta de estar sola / Acompañada de nada / Ya estoy loca de ser calle / Tan recorrida y pisada / Ya estoy llena de amistad / Tan repleta de saudade / Ay, un día iré a rasgar la soledad / Y en ella entrelazar / La mirada de una canción / Llegar a la cumbre, a la cima, a lo alto / Más lejos y más allá / Sabiendo que soy alguien / En la ciudad soy locura / Soy begonia, soy celos / Y yo que soñaba ser calle / Camino, atajo, lejanía / No tengo asiento en la fiesta / Soy la migaja que queda / Ay, un día iré a rasgar la soledad / Y en ella entrelazar / La mirada de una canción / Llegar a la cumbre, a la cima, a lo alto / Más lejos y más allá / Sabiendo que soy alguien

Lisboa Garrida

Lisboa, os bairros a teus pés / Dão forma ao que tu és, mulher feita cidade / Lisboa, poema do passado / Nas rimas do meu fado com alma de saudade continua / É sina tua saber ser contente / E vens pra a rua só pra vires co' a gente / Balão aceso pela tradição / Bem preso, junto ao coração / Cidade garrida / És a melhor verdade para cantares a vida / Com bênção de lua / Tens alma e coração de rua / Lisboa, tens sons de sinfonia / E gritos de alegria, promessas de verdade / Lisboa, janela aberta à vida / Numa esp'rança perdida só pra fazer saudade / É sina tua q'rer andar contente / E vens pra rua pra cantares co' a gente / Balão aceso pela tradição / Bem preso, junto ao coração

Lisboa Garrida 

Lisboa, los barrios a tus pies / Dan forma a lo que tú eres, mujer hecha ciudad / Lisboa, poema del pasado / En las rimas de mi fado con alma de saudade continúa / Es destino que tú sepas estar contenta / Y vengas a la calle sólo para venir con la gente / Globo hinchado por la tradición / Bien atado junto al corazón / Ciudad llamativa / Eres la mejor ciudad para cantar a la vida / Con bendición de luna / Tienes alma y corazón de calle / Lisboa, tienes sonidos de sinfonía / Y gritos de alegría, promesas de verdad / Lisboa, ventana abierta a la vida / En una esperanza perdida sólo para provocar saudades / Es destino que tú sepas estar contenta / Y vengas a la calle sólo para venir con la gente / Globo hinchado por la tradición / Bien atado junto al corazón 

O Ardinita

Ó minha mãe minha mãe / Ó minha mãe minha amada / Ó minha mãe minha mãe / Ó minha mãe minha amada / Quem tem uma mãe tem tudo / Quem não tem mãe não tem nada / O Ardinita, o João, levantou-se num toledo / Porque tinha que estar cedo / Á porta da redação / Trincou um naco de pão / Que lhe soube muito bem / Antes de partir porém / Beija a mãe adormecida / Dizendo cá vou á vida / Ó minha mãe minha mãe / A mãe com todo carinho / Deitou-lhe a benção beijou-o / E depois aconselhou-o / Sempre muito juizinho / Toma conta no caminho / Não fumes não jogues nada / Pode ficar descançada / Que pra a sua saúde vim / E tornou-se a despedir / Ó minha mãe minha amada / Cruzou toda Madragoa / Satisfeito assobiar / Uma marcha popular / Do São João em Lisboa / Nisto pensou / É tão boa minha mãe e contudo / Como a engano e a iludo / E de mim muito coitadinha / Amo tanto essa velhilha / Quem tem uma mãe tem tudo / Nesse calão repelente / Da giria da malandragem / Existe o que uma homenagem / Nessa boquita inocente / Marcha pro jornal contente / Sempre de alma levantada / E como calão lhe agrada / Repete como eu a gramo / Tanto lhe quero e tanto a amo / Quem não tem mãe não tem nada / Tanto lhe quero e tanto a amo / Quem não tem mãe não tem nada

El periodista

Ay, madre mía, madre mía / Ay, madre mía querida / Ay, madre mía, madre mía / Ay, madre mía querida / Quien tiene una madre lo tiene todo / Quien no tiene madre no tiene nada / El periodista, João, se levantó despistado / Porque tenía que estar pronto / En la puerta de la redacción / Cogió un pedazo de pan / Que le supo muy bien / Pero antes de partir / Besa a la madre adormecida / Diciendo voy a ganarme la vida / Ay, madre mía, madre mía / La madre con todo el cariño / Le dio la bendición besándolo / Y después le aconsejó / Sé siempre muy juicioso / Y estate atento al camino / No fumes, no te juegues nada / Puedes quedar tranquila / Que vine por tu salud / Y se volvió a despedir / Ay, madre mía querida / Cruzó toda Madragoa / Silbando satisfecho / Una marcha popular / De san Juan en Lisboa / En esto pensó / Es tan buena mi madre y sin embargo / Coma la miento y engaño / Hay que ver, pobrecita / Amo tanto a esa viejita / Quien tienen una madre tiene todo / En ese lenguaje grosero / La jerga de la calle / Hay un algo de homenaje / En esa boca inocente / Va al periódico contento / Siempre con alma dispuesta / Y como la jerga le gusta / repite: Cómo a "gramo" / Tanto la quiero y la amo / Quien no tienen madre no tiene nada / Tanto la quiero y la amo / Quien no tienen madre no tiene nada

¡Crea tu página web gratis! Esta página web fue creada con Webnode. Crea tu propia web gratis hoy mismo! Comenzar