Ricardo Ribeiro (2004)
Ricardo Ribeiro (2004)
1. Deixem-Me Ser / 2. Esta Voz / 3. Rezando Pedi Por Ti / 4. Ainda Se Soubesses / 5. A Lua E O Corpo / 6. Quero Tanto Aos Olhos Teus / 7. Alma Rasa / 8. Fado Ricardo / 9. Aniversário / 10. Mas Porquê De Eu Ser Assim / 11. Balada Das Mãos Ausentes
Deixem-me ser
Aqui, onde me vês, não me conheces / Em vão persistirás num tal intento / Pois raro é ser alguém o que parece / E eu já não sou quem era há pouco tempo / Constante a mutação que em nós ocorre / Na qual nos encontramos e perdemos / Ficamos sem saber quando alguém morre / Se não seremos nós que então nascemos / Aqui, onde me vês, eu sou a ponte / Abrindo aos amanhãs, tudo o que seja / E sonho o que há para lá do horizonte / O que por não se ter mais se deseja / Se a vida é o desafio onde envelheço / E ao qual é por inteiro que me dou / Às vezes nem eu próprio me conheço / Só peço que me deixem ser quem sou.
Dejenme ser
Aquí, donde me ves, no me conoces / En vano persistirás en tal intento / Pues es raro que alguien sea lo que parece / Y yo ya no soy quien era hace poco tiempo / Constantemente la mutación que en nosotros ocurre / En la cual nos encontramos y perdemos / Nos quedamos sin saber cuando alguien muere / Si no seremos nosotros los que entonces nacemos / Aquí, donde me ves, yo soy el puente / Abriendo a los mañanas, todo lo que sea / Y sueño lo que hay más allá del horizonte / Lo que por no tenerse más se desea / Si la vida es el desafío en que envejezco / Y es a este al que me doy por entero / A veces ni yo mismo me conozco / Sólo pido que me dejen ser quien soy.
Esta voz
Esta voz que canta em mim / É um rio que se desata / Ao beijar o teu jardim / Com sete fontes de prata / Quando choro e quando canto / É com prazer e tristeza / Sou como a erva do campo / Presa ao chão da natureza / Olho a papoila que baila / Nos teus lábios rubra cor / E há uma voz que me cala / Nos teus olhos, meu amor / Há milhões de pensamentos / Que são teus todos os dias / E há sete espadas de ventos / Golpeando as ventanias.
Esta voz
Esta voz que canta en mí / Es un río que se desata / Al besar tu jardín / Con siete fuentes de plata / Cuando lloro y cuando canto / Hay como un placer y una tristeza / Soy como la hierba del campo / Presa en el suelo de la naturaleza / Miro la amapola que bala / en tus labios de color roja / Y hay una voz que me calla / En tus ojos, mi amor / Hay millones de pensamientos / Que son tuyos todos los días / Y hay siete espadas de vientos / Golpeando los ventanales.
Rezando pedi por ti
Rezas que outrora aprendi / Troquei-as por
beijos teus / Quem fôr beijado por ti / Até se esquece de Deus / Julgas que não
sei rezar / E pedir a Deus por ti / Mais 'inda te hei-de ensinar / Rezas que
outrora aprendi / O meu pecado é amar-te / Porque ao beijar-te, senti / Que
nunca pode deixar-te / Quem fôr beijado por ti / E a Deus peço mil perdões /
Erguendo os braçaos aos céus / Porque as minha orações / Troquei-as por beijos
teus / E Deus vai-me perdoar / Os grandes pecados meus / Pois quem peca por
amar / Até se esquece de Deus
Rezando pedí por ti
Rezos que otrora aprendí / Los cambié por besos tuyos / Quien fuese besado por ti / Hasta se olvida de Dios / Juzgas que no sé rezar / Y pedir a Dios por ti / Pues aún te he de enseñar / Rezos que otrora aprendí / Mi pecado es amarte / Porque al besarte sentí / Que nunca puede dejarte / Quien fuese besado por ti / Y a Dios pido mil perdones / Irguiendo los brazos a los cielos / Porque mis oraciones / Las cambié por besos tuyos / Y Dios me va a perdonar / Mis grandes pecados / Pues quien peca por amar / Hasta se olvida de Dios.
Ainda se soubesses
Ainda se soubesses que te quero / Sentisses a vontade de me querer / A noite não seria desespero / Feita desta vontade de te ver / Ainda se soubesses crer em mim / Sentir amor em tantas emoções / E ver-me num qualquer sentir assim / Em vez de um coração, dois corações / Ainda se soubesses que é verdade / O desejo de amor que a noite traz / Sabias que só tenho esta saudade / Que é feita da saudade que me dás.
Si aún supieses
Si aún supieses que te quiero / Sintieses el anhelo de quererme / La noche no sería desesperación / Hecha de este anhelo de verte / Si aún supieses creer en mí / Sentir amor en tantas emociones / Y verme en cualquier forma de sentir así / En vez de un corazón, dos corazones / Si aún supieses que es verdad / El deseo de amor que trae la noche / Sabrías que sólo tengo esta saudade / Que está hecha de la saudade que me das.
A lua e o corpo
Eis que a lua devagar te
vai despindo / Atrevendo uma carícia em cada gesto, / De igual modo é que a
nudez te vai vestindo / E o teu corpo condescende sem protesto. / Mal os ombros
se desnudam, surge o peito / Logo o ventre no desenho da cintura / Cada músculo
detém o mais perfeito / Movimento, em sincronia com a ternura / Já as ancas se
arredondam e projectam / Sobre as coxas, sobre os vales, sobre os montes / Onde
as vidas, noutras vidas se completam / Quando o tempo é um sorriso, ou uma
fonte / Fica a roupa amontoada junto aos pés / Quer dos teus, quer dos da cama
que sou eu / Estendo a mão, apago a lua, que a nudez / Do teu corpo, fica
acesa, sobre o meu.
La luna y el cuerpo
De repente la una despacio te va desnudando / Atreviéndose a una caricia en cada gesto, / De igual manera que la desnudez te va vistiendo / Y tu cuerpo obedece sin quejarse. / En cuanto los hombros se desnudan, surge el pecho / Luego el vientre en el dibujo de la cintura / Cada músculo posee lo más perfecto / Movimiento en sincronía con la ternura / Ya las caderas se redondean y proyectan / Sobre los muslos, los valles y los montes / Donde las vidas en otras vidas se completan / Cuando el tiempo es una sonrisa o una fuente / Queda la ropa amontonada junto a los pies / Sea de los tuyos, o de la cama que soy yo / Extiendo la mano, apago la luz, pues la desnudez / De tu cuerpo queda encendida sobre el mío.
Quero tanto aos olhos teus
Quero tanto aos olhos teus / Como o céu quer ás estrelas / Adoro essa feições belas / Como um crente adora Deus / Desde a hora em que te vi / Minh'alma anda presa á tua / Como eu ando atrás de ti / Anda o sol atrás da lua / Se um dia o sol se apagar / No infinito dos céus / Quero a luz do teu olhar / E o calor dos lábios teus / Por te querer tanto, afinal / Ando a triste, a perguntar / Como é possível gostar / De quem nos faz tanto mal.
Quiero tanto a tus ojos
Quiero tanto a tus ojos / Como el cielo quiere a las estrellas / Adoro esas facciones bellas / Como un creyente adora a Dios / Desde la hora en que te vi / Mi alma está presa de la tuya / Como yo voy detrás de ti / Va el sol detrás de la luna / Si un día el sol se apagara / En lo infinito del cielo / Quiero la luz de tu mirada / Y el calor de tus labios / Por quererte tanto, al final / estoy triste y me pregunto / Cómo es posible que guste / Quien nos hace tanto mal.
Fado Ricardo
Porque apareces sempre em
meu caminho / Como furtiva sombra a mim pegada / Porque apareces sempre /
Quando estou sozinho / E em mim não há mais nada do que nada / Porque te
arrastas dentro da memória / E te demoras dentro do meu ser / Porque te
arrastas dentro da memória / E te demoras dentro do meu ser / Porque não sais
de vez da minha história / E deixas outra história acontecer / Porque me dói no
peito o frio açoite / Da solidão, rondando ao ver-me assim / E de repente
aqueces / Aqueces minha noite / Porque esta dor és tu dentro de mim.
Fado Ricardo
Porque apareces siempre en mi camino / Como furtiva sombra a mí pegada / Porque apareces siempre / Cuando estoy solo / Y en mí no hay nada más que nada / Porque te arrastras dentro de la memoria / Y te demoras dentro de mi ser / Porque no sales de una vez de mi historia / Y dejas otra historia suceder / Porque me duele en el pecho el frío azote / De la soledad rondando al verme así / Y de repente caldeas / Caldeas mi noche / Porque este dolor eres tú dentro de mí.
Mas porquê de eu ser assim
Mas porquê de eu ser assim / Porque trago dentro em mim / Tanta morte e tanta vida / Esta fogueira inconstante / Ora chama crepitante / Ora cinza arrefecida / Quase sempre esta descrença / Este estado de indiferença / Pela verdade ultrajada / E de repente, esta fé / Esta ânsia de pôr de pé / Cada ilusão derrubada / Quase sempre a cobardia / Com que enterro no dia a dia / Meus velhos sonhos perdidos / E logo a fúria incontida / Com que esbofeteio a vida / Quando ela humilha os vencidos / Ai quem me dera ter paz / Quem me dera ser capaz, / De vos negar minha mão, / Atraiçoar um amigo, / Libertar-me do castigo , / De te sentir meu irmão.
El porqué de ser yo así
El porqué de que yo sea así / Porque traigo dentro de mí / Tanta muerte y tanta vida / Esta hoguera inconstante / Ahora llama crepitante / Ahora ceniza fría / Casi siempre este descreimiento/ Este estado de indiferencia / Por la verdad ultrajada / Y de repente, esta fe / Este ansia de poner en pie / Cada ilusión derrumbada / Casi siempre la cobardía / Con que entierro en el día a día / Mis viejos sueños perdidos / Y luego la furia no contenida / Con la que bofeteo la vida / Cuando ella humilla a los vencidos / Ay, quién me concediera tener paz / Quién me concediera ser capaz, / De negaros mi mano / Traicionar a un amigo, / Liberarme del castigo, / De sentirte mi hermano.
Balada das mãos ausentes
Este poema, quisera que fosse grito / Para lá do infinito, além do
tempo / Que o próprio vento o levasse em seu rumor / Como mensagem de amor,
este poema; / Que minha voz fosse a voz da própria terra / Ecoando de serra em
serra gritos de paz / Gestos de pão sagrados são, gestos de amor / Por cada um
nasce uma flor em cada mão / Semi-deuses conquistam a lua / Outros planetas,
todo o universo / E na terra, tu criança nua / Que triste vegestas sem pão e
sem berço / E ás mãos que trocaram arados / Por gestos sagrados de redes e
remos / Por gestos de morte, blasfemo / Gritarei no meu fado... o herói está
errado / Quisera ser a força do mar revolto / Neste grito que ora solto em alta
voz / E que esse canto fosse a voz de todos vós / O pranto do vosso pranto,
qusira ser; / Para dizer; mão sublimes, mãos ausentes / Na distância das
sementes, voltem á terra / Ela vos quer de novo no seio sagrado / Pois há
lamentos de prado na voz da terra
Balada de las manos ausentes
Este poema, quise que fuese grito / Más allá del infinito, más allá del tiempo / Que el propio viento lo llevase en su rumor / Como mensaje de amor, este poema; / Que mi voz fuese la voz de la propia tierra / Resonando de sierra en sierra gritos de paz / Los gestos del pan son sagrados, gestos de amor / Por cada uno nace una flor en cada mano / Semidioses que conquistan la luna / Otros planetas, todo el universo / Y en tu tierra, tu criatura desnuda / Que triste crías sin pan y sin cuna / Y a las manos que tocaron arados / Por gestos sagrados de redes y remos / Por gestos de muerte, blasfemo / Gritaré en mi fado... el héroe está equivocado / Quisiera ser la fuerza del mar revuelto / En este grito que ahora suelto en voz alta / Y que ese canto fuese la voz de todos vosotros / El llanto de vuestro llanto, quisiera ser; / Para decir; mano sublime, manos ausentes / En la distancia de las simientes, vuelvan a la tierra / Ella os quiere de nuevo en el seno sagrado / Después hay lamentos sagrados en la voz de la tierra